Sem Vergonha... do nosso país

Sem Vergonha... do nosso país

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por Marcelo Zero

Ao contrário de alguns, não sinto nenhuma vergonha do meu país
 

Não sinto vergonha dos 36 milhões de brasileiros que conseguiram sair da pobreza extrema, graças a programas sociais como o Bolsa Família. Na realidade, me alegro muito disso. Sei que eles se libertaram daquilo que Gandhi chamava de a “pior forma de violência”, a miséria. Agora, eles podem sonhar mais e fazer mais. Tornaram-se cidadãos mais livres e críticos. Isso é muito bom para eles e muito melhor para o Brasil, que fica mais justo e fortalecido. E isso é também muito bom para mim, embora eu não me beneficie diretamente desses programas. Me agrada viver em um país que hoje é um pouco mais justo do que era no passado.

Também não sinto vergonha dos 42 milhões de brasileiros que, nos últimos 10 anos, ascenderam à classe média, ou à nova classe trabalhadora, como queiram. Eles dinamizaram o mercado de consumo de massa brasileiro e fortaleceram bastante a nossa economia. Graças a eles, o Brasil enfrenta, em condições bem melhores que no passado, a pior crise mundial desde 1929. Graças a eles, o Brasil está mais próspero, mais sólido e menos desigual. Ao contrário de alguns, não me ressinto dessa extraordinária ascensão social. Sinto-me feliz em tê-los ao meu lado nos aeroportos e em outros lugares antes reservados a uma pequena minoria. Sei que, com eles, o Brasil pode voar mais alto.

Não tenho vergonha nenhuma das obras da Copa, mesmo que algumas tenham atrasado. Em sua maioria, são obras que apenas foram aceleradas pela Copa. São, na realidade, obras de mobilidade urbana e de aperfeiçoamento geral da infraestrutura que melhorarão a vida de milhões de brasileiros. Estive no aeroporto de Brasília e fiquei muito bem impressionado com os novos terminais e com a nova facilidade de acesso ao local. Mesmo os novos estádios, que não consumiram um centavo sequer do orçamento, impressionam. Lembro-me de velhos estádios imundos, inseguros, desconfortáveis e caindo aos pedaços. Me agrada saber que, agora, os torcedores vão ter a sua disposição estádios decentes. Acho que eles merecem. Me agrada ainda mais saber que tido isso vem sendo construído com um gasto efetivo que representa somente uma pequena fração do que é investido em Saúde e Educação. Gostaria, é claro, que todas as obras do Brasil fossem muito bem planejadas e executadas. Que não houvesse aditivos, atrasos, superfaturamentos e goteiras. Prefiro, no entanto, ver o Brasil em obras que voltar ao passado do país que não tinha obras estruturantes, e tampouco perspectivas de melhorar.

Tranquiliza-me saber que o Brasil tem um sistema de saúde público, ainda que falho e com grandes limitações. Já usei hospitais públicos e, mesmo com todas as deficiências do atendimento, sai de lá curado e sem ter gasto um centavo. Centenas de milhares de brasileiros fazem a mesma coisa todos os anos. Cerca de 50 milhões de norte-americanos, habitantes da maior economia do planeta e que não têm plano de saúde, não podem fazer a mesma coisa, pois lá não há saúde pública. Obama, a muito custo, está encontrando uma solução para essa vergonha. Gostaria, é óbvio, que o SUS fosse igual ao sistema de saúde pública da França ou de Cuba. Porém, sinto muito orgulho do Mais Médicos, um programa que vem levando atendimento básico à saúde a milhões de brasileiros que vivem em regiões pobres e muito isoladas. Sinto alívio em saber que, na hora da dor e da doença, agora eles vão ter a quem recorrer. Sinto orgulho, mas muito orgulho mesmo, desses médicos que colocam a solidariedade acima da mercantilização da medicina.  

Estou também muito orgulhoso de programas como o Prouni, o Reuni, o Fies, o Enem e os das cotas, que estão abrindo as portas das universidades para os mais pobres, os afrodescendentes e os egressos da escola pública. Tenho uma sobrinha extremamente talentosa que mora no EUA e que conseguiu a façanha de ser aceita, com facilidade, nas três melhores universidades daquele país.  Mas ela vai ter de estudar numa universidade de segunda linha, pois a família, muito afetada pela recessão, não tem condição de pagar os custos escorchantes de uma universidade de ponta. Acho isso uma vergonha. Não quero isso para o meu país. Alfabetizei-me e fiz minha graduação e meu mestrado em instituições públicas brasileiras. Quero que todos os brasileiros possam ter as oportunidades que eu tive. Por isso, aplaudo a duplicação das vagas nas universidades federais, a triplicação do número de institutos e escolas técnicas, o Pronatec, o maior programa de ensino profissionalizante do país, o programa de creches e pré-escolas e o Ciência Sem Fronteiras. Gostaria, é claro, que a nossa educação pública já fosse igual à da Finlândia, mas reconheço que esses programas estão, aos poucos, construindo um sistema de educação universal e de qualidade.

Tenho imenso orgulho da Petrobras, a maior e mais bem-sucedida empresa brasileira, que agora é vergonhosamente atacada por motivos eleitoreiros e pelos interesses daqueles que querem botar a mão no pré-sal. Nos últimos 10 anos, a Petrobras, que fora muito fragilizada e ameaçada de privatização, se fortaleceu bastante, passando de um valor de cerca de R$ 30 bilhões para R$ 184 bilhões. Não bastasse, descobriu o pré-sal, nosso passaporte para o futuro. Isso seria motivo de orgulho para qualquer empresa e para qualquer país. Orgulha ainda mais, porém, o fato de que agora, ao contrário do que acontecia no passado, a Petrobras dinamiza a indústria naval e toda a cadeia de petróleo, demandando bens e serviços no Brasil e gerando emprego e renda aqui; não em Cingapura. Vergonha era a Petrobrax. Pasadena pode ter sido um erro de cálculo, mas a Petrobrax era um crime premeditado.

Vejo, com satisfação, que hoje a Polícia Federal, o Ministério Público, a CGU e outros órgãos de controle estão bastante fortalecidos e atuam com muita desenvoltura contra a corrupção e outros desmandos administrativos. Sei que hoje posso, com base na Lei da Transparência, demandar qualquer informação a todo órgão público. Isso me faz sentir mais cidadão. Estamos já muito longe da vergonha dos tempos do “engavetador-geral”. Um tempo constrangedor e opaco em que se engavetavam milhares processos e não se investigava nada de significativo.

Também já se foram os idos vergonhosos em que tínhamos que mendigar dinheiro ao FMI, o qual nos impunha um receituário indigesto que aumentava o desemprego e diminuía salários. Hoje, somos credores do FMI e um país muito respeitado e cortejado em nível mundial. E nenhum represtante nosso se submete mais à humilhação de ficar tirando sapatos em aeroportos. Sinto orgulho desse país mais forte e soberano.

Um país que, mesmo em meio à pior recessão mundial desde 1929, consegue alcançar as suas menores taxas de desemprego, aumentar o salário mínimo em 72% e prosseguir firme na redução de suas desigualdades e na eliminação da pobreza extrema. Sinto alegria com esse Brasil que não mais sacrifica seus trabalhadores para combater as crises econômicas.

Acho que não dá para deixar de se orgulhar desse novo país mais justo igualitário e forte que está surgindo. Não é ainda o país dos meus sonhos, nem o país dos sonhos de ninguém. Mas já é um país que já nos permite sonhar com dias bem melhores para todos os brasileiros. Um país que está no rumo correto do desenvolvimento com distribuição de renda e eliminação da pobreza. Um país que não quer mais a volta dos pesadelos do passado.

Esse novo país mal começou. Sei bem que ainda há muito porque se indignar no Brasil. E é bom manter essa chama da indignação acessa. Foi ela que nos trouxe até aqui e é ela que nos vai levar a tempos bem melhores. Enquanto houver um só brasileiro injustiçado e tolhido em seus direitos, todos temos de nos indignar.

Mas sentir vergonha do próprio país, nunca. Isso é coisa de gente sem-vergonha.

 

 

 

 

 

 

 


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O pavor dos abastados: a desigualdade e a taxação das riquezas

O pavor dos abastados: a desigualdade e a taxação das riquezas

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Leonardo Boff

Está causando furor entre os leitores de assuntos econômicos, economistas e principalmente pânico entre os muito ricos um livro de 700 páginas escrito em 2013 e publicado em muitos países em 2014. Tranasformou-se num verdadeiro best-seller. Trata-se de uma obra de investigação, cobrindo 250 anos, de um dos mais jovens (43 anos) e brilhantes economistas franceses, Thomas Piketty. O livro se intitula O capital no século XXI (Seuil, Paris 2013). Aborda fundamentalmente a relação de desigualdade social produzida por heranças, rendas e principalmente pelo processo de acumulação capitalista, tendo como material de análise particularmente a Europa e os USA.

         A tese de base que sustenta é: a desigualdade não é acidental mas o traço característico do capitalismo. Se a desigualdade persisitir e aumentar, a ordem democrática estará fortemente ameaçada. Desde 1960, o comparecimento dos eleitores nos USA diminuiu de 64% (1960) para pouco mais de 50% (1996), embora tenha aumentado ultimamente. Tal fato deixa perceceber que é uma democracia mais formal que real.

         Esta tese sempre sustentada pelos melhores analistas sociais e repetida muitas vezes pelo autor destas linhas, se confirma: democracia e capitalismo não convivem. E se ela se instaura dentro da ordem capitalista, assume formas distorcidas e até traços de farça. Onde ela entra, estabelece imediatamente relações de desigualdade que, no dialeto da ética, significa relações de exploração e de injustiça. A democracia tem por pressuposto básico a igualdade de direitos dos cidadãos e o combate aos privilégios. Quando a desigualdade é ferida, abre-se espaço para o conflito de classes, a criação de elites privilegiadas, a subordinação de grupos, a corrupção, fenômenos visíveis em nossas democracias de baixíssima intensidade.

         Piketty vê nos USA e na Gran Bretanha, onde o capitalismo é triunfante, os países mais desiguais, o que é atestado também por um dos maiores especialistas em desiguldade Richard Wilkinson. Nos USA executivos ganham 331 vezes mais que um trabalhador médio. Eric Hobsbown, numa de suas últimas intervenções antes de sua morte, diz claramente que a economia política ocidental do neoliberalismo “subordinou propositalmenet o bem-estar e a justiça social à tirania do PIB, o maior crescimento econômico possível, deliberadamente inequalitário”.    

         Em termos globais, citemos o corajoso documento da Oxfam intermón, enviado aos opulentos empresários e banqueiros reunidos em Davos nos janeiro deste ano como conclusão de seu “Relatório Governar para as Elites, Sequestro democrático e Desigualdade econômica”: 85 ricos têm dinheiro igual a 3,57 bihões de pobres do mundo.

         O disurso ideológico aventado por esses plutocratas é que tal riqueza é fruto de ativos, de heranças e da meritocracia; as fortunas são conquistas merecidas, como recompensa pelos bons serviços prestados. Ofendem-se quando são apontados como o 1% de ricos contra os 99% dos demais cidadãos, pois se imaginam os grandes geradores de emprego.

         Os prêmios Nobeis J. Stiglitz e P. Krugman tem mostrado que o dinheiro que receberam do Governo para salvarem seus bancos e empresas mal foram empregados na geração de empregos. Entraram logo na ciranda financeira mundial que rende sempre muito mais sem precisar trabalhar. E ainda há 21 trilhões de dólares nos paraísos fiscais de 91 mil pessoas.

         Como é possível estabelecer relações mínimas de equidade, de participação, de cooperação e de real democracia quando se revelam estas excrecências humanas que se fazem surdas aos gritos que sobem da Terra e cegas sobre as chagas de milhões de co-semelhantes?

         Voltemos à situação da desigualdade no Brasil. Orienta-nos o nosso melhor especialista na área, Márcio Pochmann (veja também Atlas da exclusão social – os ricos no Brasil, Cortez, 2004): 20 mil famílias vivem da aplicação de suas riquezas no circuito da financeirização, portanto, ganham através da especulação. Continua Poschmann: os 10% mais ricos da população impõem, historicamente, a ditadura da concentração, pois chegam a responder por quase 75% de toda riqueza nacional. Enquanto os 90% mais pobres ficam com apenas 25%”(Le Monde Diplomatique, outubro 2007).

         Segundo dados de organismos econômicos da ONU de 2005, o Brasil era o oitavo país mais desigual do mundo. Mas graças às políticas sociais dos últimos dois governos, diga-se honrosamente, o índice de Geni (que mede as desigualdades) passou de 0,58 para 0,52. Em outras palavras, a desigualdade que continua enorme, caiu 17%.

         Piketty não vê caminho mais curto para diminuir as desigualdades do que a severa intervenção do Estado e da taxação progressiva da riqueza, até 80%, o que apavora os super-ricos. Sábias são as palavras de Eric Hobsbown: “O objetivo da economia não é o ganho mas sim o bem-estar de toda a população; o crescimento econômico não é um fim em si mesmo, mas um meio para dar vida a sociedades boas, humanas e justas”.

         E como um gran finale a frase de Robert F. Kennedy:”o PIB inclui tudo; exceto o que faz a vida valer a pena.”


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Por que a elite brasileira odeia tanto o salário mínimo

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Por João Sicsú

A partir de 2004/05, houve uma grande melhora a favor dos trabalhadores no perfil distributivo da renda. O Brasil mudou a sua estrutura econômica. Construiu um enorme mercado de consumo para as massas trabalhadoras. Mais de 40 milhões de trabalhadores se tornaram consumidores regulares.

Os principais responsáveis por essa mudança distributiva e pela ampliação da democracia econômica foram: o aumento do salário mínimo e a redução do desemprego. Nos últimos anos, o salário mínimo foi valorizado em mais de 70% em termos reais e o desemprego foi reduzido em mais de 50%.

A elite brasileira não suportou. Seu DNA é de direita e conservador. Inventaram dois argumentos, um para cada objetivo, mas ambos conectados na narrativa da oposição – seja aquela representada pela mídia das famílias (Globo, Veja, Folha de S. Paulo e Estadão), seja aquela representada pelo seu braço político, os partidos de oposição (o PSDB e o PSB/Rede).

Para combater a valorização do salário mínimo, argumentam que estaria alto demais e que o custo da folha salarial estaria retirando competitividade da economia, isto é, retiraria capacidade de investir das empresas. É uma visão interessada e ideológica, não tem base nas relações econômicas reais e nas experiências históricas.

Salários não representam apenas custo, representam principalmente demanda, capacidade de compra, que é o que estimula o investimento. Sem a pressão do consumo “batendo na porta” e a tensão da baixa de estoques, os empresários não investem.

Em verdade, o que os empresários não suportam não é a ausência de possibilidades de investimento (que, aliás, existem) – de fato, o que a elite não suporta é enfrentar engarrafamentos onde suas BMW’s ficam paradas por horas ao lado de milhares de carros populares… ao mesmo tempo, suas empregadas domésticas viajam no mesmo avião que viajam as senhoras esposas dos empresários.

Para combater a redução do desemprego, levantam a bandeira do combate à inflação, que estaria descontrolada. Argumentam que há muito consumo e que isso estaria estimulando reajustes de preços. Novamente, um argumento desconectado da vida real. A inflação de hoje está no mesmo patamar dos últimos dez anos. Aliás, ao final de 2013, o Brasil completou a marca de dez anos de inflação dentro das metas estabelecidas. Querem mais desemprego simplesmente para colocar os trabalhadores de joelho nas negociações salariais. Esta é a verdade – nada a ver com combate à inflação.

O investimento não tem crescido de forma satisfatória devido ao clima geral de pessimismo econômico criado pela mídia das famílias e por erros de política econômica cometidos pelo governo. Não tem nada a ver com o valor do salário mínimo. Aliás, existe financiamento abundante e com taxas de juros reais irrisórias no BNDES para a compra de máquinas, equipamentos e construção empresarial. E, para além disso, a inflação que é moderada está sob controle e tem sido resultado de pressões que vem basicamente de variações de preços dos alimentos – decorrentes de choques climáticos. Não há um excesso de compras generalizado, apesar da democratização do acesso a bens de consumo.

O que é cristalino é que as elites (empresarial, banqueira e midiática) não aceitam que a participação das rendas do trabalho tenha, nos últimos anos, aumentado tanto na composição do PIB, tal como mostra o gráfico abaixo. O gráfico é da tese de doutorado de João Hallak Neto, defendida recentemente no Instituto de Economia da UFRJ, intitulada A Distribuição Funcional da Renda e a Economia não Observada no Âmbito do Sistema de Contas Nacionais do Brasil.

Participacao Renda do Trabalho no PIB
A consequência direta é que a participação no PIB das rendas do capital tem diminuído. Contudo, devemos reconhecer que o nível de participação das rendas do trabalho ainda é baixo. Mas o que assusta a elite é a trajetória constituída a partir de 2004-05. Assusta sim porque a elite é conservadora e de direita. É de direita porque quer manter privilégios a partir da concentração da renda e da injustiça social. A elite também é mentirosa e perigosa porque inventa argumentos relacionados ao controle da inflação e à necessidade de estímulo ao crescimento/investimento que não estão conectados com o que dizem, mas sim com o que sentem: querem a manutenção do seu poderio econômico e financeiro às custas da concentração da renda.


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''O desespero, na aliança tucano-midiática, é grande...''

''O desespero, na aliança tucano-midiática, é grande...''

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O PT e a mídia: Até onde vão as ilusões?
Por Rodrigo Vianna*
fonte: http://www.pagina13.org.br/

pedra guarda chuva

O PT já deveria ter aprendido – com Lula – que os famosos “almoços” com representantes da velha mídia, em temporada pré-eleitoral, não servem pra nada. O então candidato petista foi à sede da Folha de S. Paulo, em 2002. Lá pelas tantas, o herdeiro do jornal, Otavinho Frias, fez uma insinuação de que Lula não estaria preparado para ser presidente porque não sabia falar inglês. Lula levantou-se e foi embora. O velho patriarca do jornal, conhecido como “seu” Frias (que emprestava carros para torturadores durante a ditadura, mas não era tolo a ponto de confrontar um futuro presidente) saiu andando atrás do candidato pelos corredores, tentando se desculpar pela arrogância do filho Otavinho.

Lula jamais se vingou dos Frias. Olhou pra frente. Errou?

Teve a chance, também, de enterrar a Globo – que estava tecnicamente quebrada em 2003. Não avançou nisso. Aliás, presidente eleito, Lula aceitara ir à bancada do Jornal Nacional, ao lado de Willian Bonner, comentar as notícias produzidas pela Central Globo de Jornalismo. Alguém imaginaria Leonel Brizola, depois de eleito com votação consagradora, sentado de forma bem comportada na bancada do JN? Alguns dirão: por isso que Brizola jamais foi presidente. Talvez, tenham razão…

Mas o PT seguiu apanhando e confraternizando-se com a velha mídia. Dilma foi fazer omelete com Ana Maria Braga em 2011. E disse que a questão da Comunicação no Brasil se resolvia com controle remoto.

Fernando Haddad, eleito depois de uma campanha em que meios digitais tiveram papel decisivo na capital paulista, mandou dizer pouco antes da posse que Comunicação era um assunto em que não cabia debate sobre políticas públicas. Pôs no cargo de Secretário de Comunicação um jornalista que imagina resolver todos problemas com telefonemas para as redações da Folha e do Estadão. Haddad chegou a dizer que esperava uma “normalização” das relações com a mídia. Foi cozido e fritado por ela.

O petista Alexandre Padilha, agora, começou sua campanha a governador de São Paulo com caravanas pelo interior do Estado – transmitidas pela internet. Boa novidade. Mas também adotou a “tática” (!) dos almoços em jornais, pensando em criar (quem sabe) um clima de camaradagem com personagens do quilate dos Mesquita e dos Frias. Recentemente, ouvi de um alto dirigente do PT (a conversa foi em “off”, não posso revelar os detalhes) que o partido não abre mão de “dialogar com todos os setores da imprensa” na campanha para o governo de São Paulo.

Sei… Gostaria de saber o que esse petista graúdo acha do “diálogo” estabelecido entre os jornais conservadores de São Paulo e Padilha. Há uma tentativa de envolver o candidato petista com as operações do doleiro Alberto Youssef. Sem bases concretas para acusações, parte-se para um massacre midiático contra Padilha. “Diálogo” bastante interessante…

E não se trata aqui de uma discussão puramente local, até pela importância da disputa paulista para a sobrevivência dos tucanos. O ex-ministro Padilha foi submetido a uma operação de guerra. A tentativa é de abatê-lo em pleno vôo, antes mesmo de a campanha começar oficialmente.

Os aliados midiáticos dos tucanos perceberam a fragilidade de Geraldo Alckmin, num momento em que São Paulo está na iminência de ficar sem água por falta de planejamento dos governos do PSDB. No dia em que Padilha iria pra TV falar da seca, os jornais conservadores vieram com o ataque coordenado contra o petista.

As manchetes seriam a sobremesa do almoço recente de Padilha com a família Mesquita do jornal O Estado de S. Paulo.

O desespero, na aliança tucano-midiática, é grande. Até porque há uma chance concreta de o PT derrotar o PSDB nas disputas pelos governos de Minas e São Paulo, e ainda manter o governo federal com Dilma.

Desde que Lula foi eleito pela primeira vez, em 2002, o PT jamais conquistou vitórias para o governo nos dois Estados mais populosos do Brasil – que seguem administrados pelo PSDB. Agora, Alckmin enfrenta uma disputa em que o campo conservador encontra-se dividido (há mais duas candidaturas disputando esse eleitorado: Gilberto Kassab/PSD e Paulo Skaf/PMDB). Há chance real de um segundo turno em que os tucanos poderiam ser finalmente desalojados do governo paulista.

Em Minas, o PT lidera as pesquisas com Fernando Pimentel. O candidato de Aécio, Pimenta da Veiga, foi denunciado por envolvimento com Marcos Valério. A mídia (local e nacional) segue a poupar os tucanos mineiros. Ainda assim, Aécio talvez precise trocar de candidato. Pimentel, longe de ser uma opção claramente de esquerda, significaria uma derrota dolorida para o PSDB.

Mais que isso: perder Minas e São Paulo, para os tucanos e seus aliados midiáticos, significaria um avanço das forças aliadas a Dilma e ao PT também no Congresso. No Brasil, é enorme a capacidade de atração exercida por governadores sobre as bancadas. Imagine São Paulo e Minas comandados por aliados de Dilma? O resultado, no Congresso, seria um governo federal menos dependente dos velhos caciques peemedebistas.

Por isso, o esforço brutal da velha mídia brasileira em atingir o petista Padilha em São Paulo, ao mesmo tempo em que poupa o tucano Pimenta da Veiga em Minas.

E por isso surpreende tanto que o PT (ou, pelo menos, parte significativa de sua direção) siga a legitimar o inimigo. Sim, é disso que se trata. Jornais como Folha/Estadão/O Globo e revistas como a Veja são inimigos. São parte do aparato inimigo. Mas, dia sim, dia não, lá estão corajosos ministros petistas a ocupar páginas amarelas, e a se fartar com espaços concedidos pelo inimigo.

Qual nome dar a isso? Oportunismo? Cegueira? Pragmatismo?

Essa prática serve apenas para legitimar aqueles que são hoje a principal ferramenta do campo adversário. Não há meio termo. Ou não deveria haver. Não há ilusão. Ou não deveria haver. Mas esta parte do PT segue iludida (ou a palavra seria “rendido”) à lógica do “diálogo” com Globos, Folhas e Vejas.

Na verdade, trata-se – talvez – de um sintoma de “rendição” mais grave, e mais generalizada…

O partido tem uma base imensa de militantes, setores organizados em sindicatos e movimentos sociais dispostos a um combate aberto com o projeto capitaneado pela mídia conservadora. Mas a direção petista segue na trajetória idêntica à do PS francês ou do PSOE espanhol. É caminho certo para o desastre.

Lula, numa entrevista recente a blogueiros em São Paulo, deu a senha de que há outro caminho. Mas a direção petista (com raras exceções) parece amortecida, rendida.

O que pode salvar o projeto petista – que apesar de suas limitações (até porque o PT governou sempre em coalizão, e com minoria no Congresso) trouxe avanços significativos para o país – são essas bases imensas e dispostas ao combate. Gente que nem é filiada ao PT muitas vezes. Mas sabe de que lado está. Essa gente pode pressionar uma direção que parece cada vez menos disposta ao combate.

Andre Vargas foi secretário de Comunicação do PT. Vejam só que tipo de prioridade esta parcela da direção petista dava ao tema das comunicações. Vargas tentou enganar os incautos com aquele gesto provocativo à frente de Joaquim Barbosa: punho cerrado. Provocação tola, posto que sem correspondência com ações concretas de enfrentamento. Só enganou quem não conhece os bastidores em que essa geração de “profissionais” petistas se criou.

O social-doleirismo de Vargas é parte desse mesmo quadro de rendição em que se inscrevem as tentativas tolas de “dialogar” com a velha mídia brasileira.

A eleição de 2014 é uma guerra em que não se pode ter ilusões. O outro lado não quer diálogo. Se adotar a tática do “diálogo” com a velha mídia (evitando enfrentá-la como inimigo que é), o PT – em vez de um passo à frente, com vitórias em estados importantes – pode colher uma derrota definitiva.

Os números a apontar liderança folgada de Dilma parecem criar, em alguns petistas, a ilusão de uma eleição fácil. Não será! Até porque se trava no Brasil apenas parte de uma guerra – muito maior – pelo futuro do ciclo de governos progressistas na América do Sul.

Dilma perdeu alguns pontos nas pesquisas eleitorais recentes. E o surpreendente é que não tenha perdido mais, diante do bombardeio absurdo a que foi submetida, sem esboçar reação – numa atitude incompreensível de anomia.

Ainda assim, os principais candidatos a presidente da oposição não avançaram. A conclusão mais óbvia é a de que uma parcela do eleitorado, antes disposta a votar em Dilma, migrou para posição cautelosa: em vez de mudar diretamente para Aécio Neves (PSDB) ou Eduardo Campos (PSB), preferiu fazer uma “parada técnica”, engrossando os índices de nulos/brancos e de eleitores que não sabem em quem votar. A depender do andamento da campanha, parte desse eleitorado desgarrado pode ir – sim – para Aécio e/ou Eduardo.

O tucano terá palanques fortes no Paraná, Minas, São Paulo e Bahia (e talvez no Rio Grande do Sul, apoiando a principal oponente de Tarso Genro na disputa pelo Piratini). Isso, por si só, pode garantir a Aécio um patamar superior a 20% dos votos no primeiro turno. Aécio parece ter palanques regionais mais bem amarrados do que Serra em 2010.

Eduardo, aliado de Marina, também pode ser beneficiário da migração. Não tem palanques estaduais fortes (e dificilmente terá), mas pode investir na imagem de “terceira via”, de “amigo da Marina”, que certamente ajudará a conquistar eleitores nas franjas de classe média decepcionadas com o lulismo e com os “políticos” (como se Eduardo e Marina não fossem políticos profissionais!) – especialmente no Rio, Brasília e em capitais do Nordeste. Eduardo é conhecido por cerca da metade do eleitorado. Quando for conhecido pela outra metade, o razoável é que chegue a um patamar de votos maior, em torno de 15% dos votos.

A velha mídia é sócia majoritária do projeto político conservador, que aposta em Aécio e Eduardo – até por falta de opções. Já o PT – apesar de suas fragilidades e inconsistências crescentes – é a ferramenta disponível para os que lutam por barrar a direita e por aprofundar as reformas sociais no Brasil.

A guerra será aberta e total. Sem ilusões. Sem “diálogo”. Se insistir nos “almoços”, o PT pode virar a sobremesa. Com as cabeças de Dilma/Lula/Padilha/Dirceu e de toda a esquerda servidas na bandeja, e expostas nas manchetes dos jornais e telejornais inimigos, nos dias e meses seguintes à eleição.

* Rodrigo Vianna é jornalista e responsável pelo blog Escrevinhador (www.rodrigovianna.com.br)


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GOVERNO USA DINHEIRO PÚBLICO PRA PROPAGANDA ELEITORAL EXTEMPORÂNEA PRÓ JATENE E AÉCIO

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Um verdadeiro escândalo envolvendo o Governador Simão Jatene/PSDB e suas relações promíscuas com jornalista e empresas publicidade, GRIFFO, veículos de comunicação: JN O PARANESE, O LIBERAL e a AGÊNCIA PARÁ - vinculada à Secretaria de Estado de Comunicação. Simão Jatene, através dos cofres do Governo do Pará, intermediado pela detentora do contrato milionário de publicidade GRIFFO (que fez praticamente "de graça" a campanha de 2010 para o tucano Jatene), analisa, seleciona e paga por matérias favoráveis à REELEIÇÃO de SIMÃO JATENE/PSDB ao governo e pela ELEIÇÃO DE AÉCIO NEVES/ a presidente e desfavoráveis aos seus críticos e adversários políticos. O jornalista RONALDO BRASILIENSE, então, recebe a verba ilegal para fazer PROPAGANDA ELEITORAL EXTEMPORÂNEA para o PSDB.

O escândalo foi revelado pelo blog vionorte de Paulo Leandro Leal, que recebeu de uma fonte a troca de e-mail entre BRASILIENSE e ORLY/GRIFFO, onde os dois, impunemente, arquitetam suas ações criminosas: repetindo mentiras - como fazia Joseph Goebbel,  Ministro da Propaganda do Reich na Alemanha Nazi de 1933 a 1945, para quem: "UMA MENTIRA CONTADA MIL VEZES, TORNA-SE UMA VERDADE".

Do blog: www.vionorte.com.br

BASTIDORES DO PODER: A relação nada republicana entre o Governo do Pará, o jornalista Ronaldo Brasiliense, o marqueteiro do governo e o jornal O Liberal

Orly, Brasiliense e Jatene: relação nada republicana
Governo do Pará paga grana preta à figurão da imprensa para atacar adversários políticos. Jornalista Ronaldo Brasiliense, colunista do jornal O Liberal, pede benção a marqueteiro do governo antes de publicar matérias contra políticos da oposição

Um governo sério e ético deve manter uma relação republicana com a imprensa, mantendo distância principalmente da imprensa marrom, aquela que se transforma em pena de aluguel a serviço dos poderosos. Um jornalista sério e ético deveria manter um distanciamento do governo e do poder, e nunca se transformar num serviçal do poder. No Pará, as coisas não funcionam assim. O governo do Tucano Simão Jatene repassa gordas quantias para o jornalista Ronaldo Brasiliense atacar - num panfleto denominado O Paraense – políticos da oposição. O mesmo jornalista mantém uma intensa, próxima e cúmplice relação com o marqueteiro do governo, o publicitário Orly Bezerra, chegando a submeter ao crivo do publicitário matérias antes mesmo de sua publicação, no jornal O Liberal.

Este enredo nada republicano e que tem tudo para se tornar alvo de investigação do Ministério Público foi revelado a partir de documentos que uma fonte do site VioNorte teve acesso. A fonte, que pediu anonimato, mas se prontificou a ir à Justiça confirmar a forma como acessou as informações, teve acesso às revelações graças a um descuido. De passagem pela cidade de Santarém, o jornalista Ronaldo Brasiliense fez uso dos serviços de uma lanhouse, mas não fechou seu e-mail antes de sair do local, deixando o aberto. A nossa fonte foi a pessoa seguinte a usar o computador e, ao perceber que o e-mail estava aberto e que havia um conteúdo explosivo, fez cópias de mensagens reveladoras.

O jornalista Ronaldo Brasiliense é um figurão da imprensa paraense. Recebeu várias premiações, algumas nacionais, e trabalhou em veículos com repercussão nacional. Hoje, é colunista do jornal O Liberal, onde responde pela coluna Por Dentro, publicada aos domingos. A ênfase com que Brasiliense defende o governo do tucano Simão Jatene e ataca os adversários políticos do governador já é conhecida, mas o jornalista usava uma suposta áurea de sério e ético para vender a mensagem de que era, na verdade, um defensor da ética na política. Suas vítimas seriam todos políticos malfeitores. Mas a verdade é bem diferente. Brasiliense é remunerado – e muito bem – para defender o governo e atacar seus adversários.

Ele mantém um panfleto político intitulado O Paraense, que sempre aparece em épocas de eleições. Seu “jornal”, que cantas as glórias do governo tucano e sataniza políticos da oposição, é na verdade um instrumento político-eleitoral bancado com dinheiro público. Isso mesmo. Você, leitor, que paga impostos, é quem banca o jornalzinho a serviço dos interesses do tucanato paraense. Isso fica muito claro num documento denominado Pedido de Inserção (PI), enviado pela agência de Orly, a Griffo, para o e-mail de Brasiliense.

PI da Griffo para Brasiliense: Grana preta para falar mal da oposição

O PI autoriza a publicação de duas propagandas do governo na última edição de O Paraense, que foi distribuída no final do mês de abril. A capa do jornal traz uma entrevista requentada para atacar o senador Jader Barbalho, cujo filho, Helder, disputará o governo do Estado com o tucano Simão Jatene.  Valor do pagamento: R$ 35.0000,00. Uma quantia absurda considerando a circulação do jornal, que além de irregular é irrisória. O jornalzinho de Brasiliense é quinzenal, sendo que em todas as edições constam os “anúncios” do governo, sugerindo o pagamento de R$ 70.000,00 mensal ao jornalista. Se o pagamento for mantido, em um ano são quase um milhão de reais, dinheiro público que está sendo usado pelo governo, através de supostos anúncios, para atacar adversários políticos.

É um escárnio. Um escândalo num Estado onde o governo alega não ter dinheiro para manter os serviços mais básicos. Onde as estradas estão acabando, as pontes caindo, a segurança pública um caos e onde pessoas morrem nos corredores de hospitais sem atendimento médico. Quantas vidas seriam salvas com o dinheiro usado para a politicagem rasteira, repassado à sub-imprensa?

AS BENÇÃOS DO MARQUETEIRO

O jornalista Ronaldo Brasiliense parece mesmo ter deixado seu passado de glórias de lado para se tornar um mero serviçal do governo tucano. Esta relação fica clara nos e-mails trocados entre ele e o marqueteiro do governo, o poderoso Orly Bezerra, dono da agência Griffo. Orly controla praticamente todo o orçamento publicitário do governo, é amigo pessoal e um dos principais conselheiros do governador Simão Jatene.

Brasiliense chega a submeter ao crivo do marqueteiro as notas, matérias, entrevistas e conteúdos publicados tanto no seu O Paraense quanto na sua coluna dominical Por Dentro, publicada pelo jornal O Liberal, das Organizações Rômulo Maiorana (ORM). Trata-se de um escândalo de ordem moral, pois um jornalista jamais deve submeter sua produção ao crivo de terceiros a não ser ao seu editor. Muito menos trocar figurinhas com o marqueteiro-mor do governo, o que revela como é grande a imoralidade e a fedentina nos bastidores do poder no Pará.

Brasiliense submete ao crivo de Orly matéria que publicaria no O Paraense

No dia 22 de abril, antes do seu jornal O Paraense ser publicado, Brasiliense envia um e-mail para Orly, com uma entrevista requentada que seria a capa de seu jornal, e que atacava o senador Jader Barbalho (PMDB). Orly responde no mesmo dia, questionando se Brasiliense havia mesmo entrevistado “o cara” ou feito uma montagem. O jornalista responde que se trata de uma entrevista antiga, dada a uma revista sindical. Orly, em tom galhofeiro, responde, já no dia 23 de abril: “És um artista e não um totó, como a abestada da perereca de sacaneia e o Diário reproduz”. O marqueteiro se refere ao blog A Perereca da Vizinha, que publicou denúncias contra o governo, e ao Diário do Pará, jornal da capital.


Brasiliense pede benção de Orly em matéria antes de publicá-la em sua coluna em O Liberal

No dia 1º de abril, Brasiliense envia uma mensagem a Orly, com o seguinte conteúdo:

- Orly, caro.
- Dá uma olhada ai e comenta.
- É o abre da minha coluna de domingo.
- Abraços. Ronaldo.


Abaixo disso, uma matéria analítica com o título: “Paulo Rocha pode estar inelegível”. Paulo Rocha foi confirmado pelo PT como candidato ao Senado, apoiando a candidatura de Helder Barbalho ao governo. A “reportagem” é uma reunião de juridiquês que leva o leitor a acreditar que o petista está inelegível nas próximas eleições. Aqui fica claro que Brasiliense troca figurinhas e submete ao crivo de Orly, como se pedisse sua benção, para publicar conteúdo contrário a políticos da oposição. Tudo isso num dos maiores jornais do Pará, O Liberal. E Orly dá a benção. Em resposta ao e-mail, ele manda:

- Acho que a sua análise ta correta.

Pronto, foi dada a benção.

Agência Pará – Os e-mails de Brasiliense são mesmo reveladores. Sugere inclusive que a própria estrutura da Agência Pará de Notícias, ligada à Secretaria de Comunicação do governo, esteja sendo usada para fins políticos eleitorais, e não somente informar à população sobre as ações governamentais.

É o que sugere um e-mail enviado a Brasiliense pelo jornalista santareno Alailson Muniz, correspondente da Agência Pará no oeste paraense. O assunto do e-mail já é revelador: “Manda texto contra Jader”. Na mensagem, Alailson solicita que Brasiliense mande material contra o senador da oposição, e diz que está “a disposição”. E assina como correspondente da Agência Pará. O jornalista santareno mantém um blog e edita um jornal local e foi contratado pelo governo a pedido do vice-governador, Helenilson Pontes.


Alailson, correspondente da Agência Pará, pede a brasiliense material contra Jader

veja AQUI todos os documentos ligados ao assunto

Segue abaixo a ameaça do jornalista RONALDO BRASILIENSE ameaçando do blogueiro Paulo Leandro Leal:
7 comentários:
UNKNOWN13 de maio de 2014 08:26
Paulo Leandro Leal.
Você, além de notório trambiqueiro - vide o caso das pessoas que você enganou em Santarém - também é criminoso. Como tal, pagará pelos crimes cometidos na Justiça. Violação de correspondência e danos morais. Para que não alegue desconhecimento, segue o artigo do Código Penal.

Código Penal
LIVRO II - Parte especial
TÍTULO I - Dos crimes contra as pessoas
CAPÍTULO VII - Dos crimes contra a reserva da vida privada
----------
Artigo 194.º - Violação de correspondência ou de telecomunicações
1 - Quem, sem consentimento, abrir encomenda, carta ou qualquer outro escrito que se encontre fechado e lhe não seja dirigido, ou tomar conhecimento, por processos técnicos, do seu conteúdo, ou impedir, por qualquer modo, que seja recebido pelo destinatário, é punido com pena de prisão até um ano ou com pena de multa até 240 dias.
2 - Na mesma pena incorre quem, sem consentimento, se intrometer no conteúdo de telecomunicação ou dele tomar conhecimento.
3 - Quem, sem consentimento, divulgar o conteúdo de cartas, encomendas, escritos fechados, ou telecomunicações a que se referem os números anteriores, é punido com pena de prisão até um ano ou com pena de multa até 240 dias.
Aguarde.
Ronaldo Brasiliense


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Campos X Neves: do MEL ao FEL

Campos X Neves: do MEL ao FEL

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"Campos deixou de andar de mãos dadas e agora usa os cotovelos contra Aécio"

Antonio Lassance
Eduardo Campos vive sua lua de fel com Aécio Neves


Empacado em terceiro lugar nas pesquisas de opinião; relegado pela mídia, igualmente, ao terceiro plano; Eduardo Campos resolveu dar fim à sua lua de mel com Aécio Neves.

Campos deixou de andar de mãos dadas e agora usa os cotovelos contra Aécio para disputar uma vaga no posto de candidato preferencial das oposições para o caso de uma eleição em dois turnos.

Até então, o trabalho de alfinetar os tucanos vinha sendo reservado a Marina Silva e seu grupo, a Rede.

Parecia desavença, mas não era. Campos criticava a gestão Dilma e preservava FHC, Aécio e o PSDB. Marina, por sua vez, não poupava ninguém, nem mesmo Lula, dando um tom mais antipetista à candidatura.

Não é incomum, em campanhas, o candidato a vice servir de metralhadora giratória, fazendo o papel de "policial malvado", enquanto o candidato à Presidência posa de bom moço.

Campanhas eleitorais são curtas e a tarefa de Campos se torna cada vez mais difícil. Pouco conhecido na grande maioria dos estados do país, sem palanques próprios em muitos deles, agora sem mandato, ele se vê diante de um risco, quase uma maldição que já se abateu sobre vários ex-candidatos a presidente.

Ao contrário do que se pode imaginar, uma candidatura presidencial afunda, mais do que projeta a maioria dos políticos.

Campos vê no espelho o fantasma de gente como Roberto Freire, Guilherme Afif Domingos, Anthony Garotinho, Cristovam Buarque e Heloísa Helena, que depois de terem sido candidatos a presidente, nunca mais tiveram a mesma evidência e importância.

Mais do que amargar um terceiro lugar nesta eleição, Campos pode terminar sendo apenas aquele que ajudou Aécio a ir para o segundo turno.

Foi a mesma ajuda, aliás, cumprida por Marina nas eleições de 2010, sem a qual José Serra não teria disputado contra Dilma e proporcionado um espetáculo deprimente de pregação moralista antiaborto e bolinhas de papel.

Campos e Marina passaram, de outubro de 2013 até agora, tentando se colocar como a opção preferencial de uma oposição conservadora que disputa o mesmo programa de Aécio.

O problema é que um programa baseado, fundamentalmente, em ajuste fiscal ao gosto do sistema financeiro internacional (aquele que critica gastos do governo, consumo das famílias e salário mínimo, mas se cala em relação aos juros escorchantes), que disputa adeptos no antipetismo e que usa  como estandarte o be-a-bá do moralismo conservador, a começar pela questão do aborto, é um programa estreito demais para dois candidatos.

O zigue-zague de Campos demonstra que, a essa altura, ele ainda não tem claro qual seu papel nesta campanha.

Parece disposto a cumprir qualquer tarefa que se mostre mais conveniente ao objetivo de colocar sua foto em um eventual segundo turno, doa em quem doer.

(*) Antonio Lassance é cientista político.


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SALVE MATOS! Saudades camarada!

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MATOS
Não discuto com o tempo
nem com o luto,
na luta diária
me encantei
meus cantos entoei
o verbo veloz
devorei
carregando nas costas
o peso de séculos
o sonho de ver-nos livres
destes grilhões
aprisionando meus  irmãos
no teto invisível do inimigo,
dure o tempo que precisar
até todos meus irmãos e irmãs
cantarem nosso canto
entoarem nosso hino
para juntos
ombro a ombro
tomarmos o mundo,
essa casa maior,
nossa moradia popular.



Comandante da luta pela moradia popular, o MATOS era como grifou ele mesmo em seu perfil: "MATOS DO MUNDO". Passou para o infinito do jeito que viveu: sempre na luta pela moradia popular (MNLM e  UNMP), pela igualdade, pela liberdade, pelo socialismo! Salve Matos! Grande abraço companheiro!


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Classes e luta de classes: burguesia e ditadura

Classes e luta de classes: burguesia e ditadura

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Por Wladimir Pomar


Desde antes de 1964, grande parte da burguesia e de seus representantes políticos expressava abertamente que entre um “executivo forte” e “um sistema democrático de economia fraca”, davam preferência ao primeiro. Ou seja, não tinham coragem de falar abertamente de sua preferência por uma ditadura. Mas não escondiam sua opinião de que uma democracia política só seria possível em países economicamente desenvolvidos.

Essa visão de “executivo forte” incluía a capacidade do Estado promover o crescimento econômico, apoiar a propriedade privada, evitar a interferência estatal na economia e, principalmente, impedir quaisquer movimentos de trabalhadores. Não foi por acaso, assim, que as bandeiras levantadas pelo golpe de 1964, contraditoriamente, além da luta contra o comunismo e as camadas populares, exigiam a redução do que chamavam “estatismo”. E que o empresariado, em especial o grande, apoiou ideológica, política e financeiramente não só a preparação do golpe militar, mas sua realização e sua consolidação através de um sistema ditatorial.

É isso que tem levado muitos estudiosos, mesmo de esquerda, a proclamar que o golpe e a ditadura tiveram um caráter cívico-militar. Ou seja, não teria havido uma ditadura militar, mas sim uma ditadura civil-militar. Talvez, para serem mais precisos nessa linha de raciocínio, devessem falar de uma ditadura burguesa-militar, já que a burguesia foi aquela que realmente lucrou com o regime militar, e se manteve fiel a ele até seus estertores.

Não é difícil demonstrar que os militares adotaram políticas benéficas, quase exclusivamente, a essa classe economicamente dominante. Mas é difícil comprovar que a burguesia, ou qualquer outra classe social, tenha participado politicamente da definição do presidente e dos ministros do regime, especialmente a partir de 1970, quando a escolha do presidente ficou restrita ao voto dos generais de quatro estrelas do Exército.

A partir de  então, a militarização da sociedade brasileira ficou evidente não apenas na ocupação da presidência e de vários ministérios por militares. Ela era presente nas Divisões de Segurança e Informação dos ministérios e outros órgãos públicos, que faziam o crivo dos funcionários civis de cargos de confiança e controlavam as políticas setoriais. A escolha dos governadores dos estados dependia dos comandos das regiões militares regionais e dos oficiais que serviam à presidência. As polícias militares estaduais eram controladas por um departamento do ministério da guerra, e comandadas por oficiais generais ou coronéis do exército.

A militarização chegou ao absurdo, por algum tempo, de colocar militares para o exercício da censura às atividades informativas e culturais. O ditador Médici afirmou que não aceitava contestação ao que chamou de “verdade revolucionária”, sustentada pelos militares. E, para afogar qualquer tipo de contestação, modernizou a OBAN, instituindo os DOI-CODIs.

No campo econômico, feita a limpeza monetarista, tratou de produzir o “milagre” de crescer acima de 9% ao ano, meta a que deveriam subordinar-se os empresários. E eles o fizeram prazerosamente, pelo menos até 1973, embora procurassem dar palpites para frear a estatização de empreendimentos voltados para a construção da infraestrutura industrial e de áreas de comunicação.

O “milagre econômico”, porém, fez água com a emergência da crise econômica decorrente do choque do preço do petróleo. Cresceram as cisões e disputas no interior das Forças Armadas e na burguesia. Esta aumentou suas reclamações em relação ao “estatismo”, que se apropriava de parte dos lucros. Mas continuou considerando que o mais importante consistia em manter a ordem, a tranquilidade e a segurança. Portanto, apesar das dificuldades, a burguesia não se interessou em mover sequer uma palha pela democracia.

O grupo militar que assumiu o governo em 1974, com Geisel à frente, tinha consciência de que a crise econômica não poderia ser superada apenas com a mão de ferro ditatorial. Sua “distensão” visava, então, fazer com que a burguesia participasse das decisões para superar a crise econômica. No entanto, como o “milagre” brasileiro tivera por base a associação e a subordinação ao capital estrangeiro, capital que estava no olho do furacão econômico mundial, tal superação se tornara uma missão impossível naquela conjuntura.

Além disso, o capitalismo, em especial o norte-americano, iniciara uma profunda reestruturação econômica e política. Por um lado, erigira o setor financeiro, inundado pelos petrodólares dos países da OPEP, como carro-chefe de exploração dos países periféricos. Por outro, reformulara sua estratégia de luta contra o comunismo. Recuou da onerosa guerra em toda parte, estabeleceu relações com a China para sair do Vietnã, e concentrou seu poderio econômico para derrotar a União Soviética através da corrida armamentista e da debacle econômica.

Nessas condições, a bandeira da democracia e dos direitos humanos, que mascarava essa guinada estratégica, colocou em cheque a continuidade dos regimes ditatoriais apoiados pelos Estados Unidos em todo o mundo. E a proeminência do setor financeiro teve implicações profundas na crise da dívida externa brasileira e levou a pique os novos planos de desenvolvimento econômico da ditadura.

Assim, a “distensão” do grupo  Geisel, mesmo que abrisse brechas para a participação política da burguesia no poder, dificilmente poderia resolver os problemas da crise. Talvez por isso, a principal preocupação da burguesia diante da “distensão” não foi “participar no poder”. Segundo inúmeros empresários de alto coturno, o que os preocupava eram as possíveis brechas que tal “distensão” poderia abrir para a ação dos trabalhadores contra o arrocho salarial. Se pudesse escolher, a burguesia continuaria apoiando sem vacilação as medidas de exceção.

Muitos empresários continuaram financiando os órgãos de repressão política, mesmo quando esses órgãos entraram em rebelião relativamente aberta contra a política do grupo Geisel. À burguesia não faziam mossa as praticas de tortura, assassinato e desaparecimento de opositores políticos, comunistas ou não, armados ou pacíficos. Nem a realização de atos terroristas que justificassem o endurecimento ainda maior do regime. Seu temor era o crescente repúdio dos trabalhadores e da pequena-burguesia ao regime ditatorial.

A burguesia supunha que, com a “mão forte” da ditadura, essas classes continuariam inebriadas pelo “milagre econômico” de 1969 a 1973, e pela crença de que o bolo seria dividido logo que o país voltasse a crescer. No entanto, mesmo setores burgueses médios, que sofriam mais diretamente os efeitos da crise, começavam a abandonar o barco da ditadura e a procurar saídas para o regime. Mas o máximo que se permitiam era advogar a redução do grau de arbitrariedade do regime.

Em 1975, o assassinato de Herzog colocou a “distensão”, assim como as diversas classes sociais em reestruturação na sociedade brasileira, diante de uma encruzilhada. Ou o grupo Geisel desfechava um golpe para valer no sistema repressivo do regime, ou sua retirada estratégica para salvar as Forças Armadas do opróbio seria entravada e revertida, possivelmente tornando o país ingovernável. Mesmo porque a crise econômica se intensificava. A dívida externa se tornara impagável, recrudesceram os déficits na balança comercial, o custo de vida e a inflação. E, para horror da burguesia, multiplicavam-se movimentos trabalhistas e sociais, embora ainda de baixa intensidade.

Em 1976, apesar da intervenção no II Exército e nos órgãos de repressão, as dissenções nas Forças Armadas não foram reduzidas. Os setores militares descontentes com a “distensão” intensificaram suas ações terroristas, incluindo a explosão de bombas em bancas de jornal, na ABI e na OAB. E o DOI-CODI de São Paulo, em articulação com a máfia do delegado Fleury, voltou a assassinar oposicionistas. Matou não só o operário Manoel Fiel Filho, mas também três dirigentes do PCdoB naquilo que ficou conhecido como “Massacre da Lapa”.

Com algumas raras exceções, a maior parte da burguesia continuou apoiando a continuidade da ditadura. Na melhor das hipóteses, alguns de seus representantes faziam críticas tímidas a aspectos da política econômica e atacavam o “estatismo”. Larte Setubal, um dos principais expoentes do grupo Itaú e da FIESP, chegou a apoiar o recrudescimento de medidas que lhes garantisse “segurança” no trato das reivindicações trabalhistas. Na mesma linha atual do coronel Boggo, afirmou que “todos nós estamos dentro de uma caldeira em que a pressão já alcança níveis perigosos. E pode explodir em breve, caso não haja uma definição geral”.

Embora diante de uma situação que só poderia ser resolvida por métodos democráticos, mesmo limitados, ganharam supremacia, como notou Rezende, “os representantes do grande capital nacional que não hesitavam em defender o… fechamento político como forma de conter as tensões sociais”.

Assim, a maior parte da burguesia brasileira, fiel à sua particularidade histórica, jamais reconheceu e aceitou a democracia, mesmo limitada. Sempre preferiu uma ditadura, “um executivo forte”, principalmente se viesse desnudada de qualquer estatismo. Isto é algo que não se deve esquecer.


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A inédita experiência de um primeiro de maio na Bolívia

A inédita experiência de um primeiro de maio na Bolívia

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Por Daniel Araújo Valença
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Viajei à Bolívia para estudar os impasses e possibilidades de construção democrática do socialismo. Aqui chegando, por uma semana fazendo viagem turística, ao conversar com pessoas de distintas realidades e classes sociais, me aparentou que o horizonte socialista estava não apenas distante, mas, sobretudo, inexistente. Quanto à avaliação de Evo, cenário semelhante ao Brasil: em geral, as classes trabalhadoras o apoiam, enquanto os setores médios e as classes dominantes o rejeitam.
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Logo na semana seguinte, militares de baixa patente declararam-se em greve, pela “descolonização das forças armadas”, fim do preconceito e outras demandas. Após penalizações e posteriores tentativas de negociação por parte do governo e negativa dos grevistas, o governo e os principais movimentos sociais do país declararam que havia demandas legítimas que deveriam ser acolhidas, porém qualquer possibilidade de desestabilização democrática e do processo de mudança em curso seriam rechaçados.
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Coincidindo com o 1 de maio, a Confederación Sindical Única de Trabajadores Campesinos de Bolivia (CSUTCB), principal organização nacional de camponeses, e a Central Obrera Boliviana (COB), somadas a outras entidades, convocaram um ato unificado para o dia do trabalhador.

Lá cheguei as 8hrs e, logo após, teve início a marcha, liderada por Evo, com destino à plaza Murillo, sede do Palácio de Governo. Na concentração final, o presidente, o vice Álvaro Garcia Linera e representantes de movimentos sociais subiram à sacada do Palácio. Primeiro tocou o hino da Bolívia; logo após, falou o representante da CSUTCB e o da COB. Antes da fala de Evo, entoou-se a Internacional Socialista, em castelhano.

Durante sua fala, o presidente citou o reajuste do salário mínimo de 1200 para 1440 bolivianos e o reajuste de 10% para todos os servidores públicos. Disse que aquele ato de unidade da classe trabalhadora nunca antes havia sido visto num 1 de maio na plaza Murillo e que, a pesar das divergencias e demandas que o governo poderia falhar,

Este día, el día del trabajador, el 1 de mayo, siempre debe ser para hacer profundas reflexiones, en la parte económica, en la parte social, y en la parte política. Yo me di cuenta en los últimos tiempos, que podemos tener diferencias con algunos hermanos; es un derecho constitucional ser antiimperialista o proimperialista. Pero, me di cuenta, el pueblo boliviano, los distintos sectores sociales, son anticolonialistas, antiimperialistas y anticapitalistas. Quiero decir en este día hermanos y hermanas: mientras existir imperialismo y capitalismo la lucha sigue, porque hay agentes externos que quieren alejarnos y justificar cualquier invasión, mucha reflexión […]

E prosseguiu lembrando que a América Latina foi e é alvo de golpes e ditaduras militares a partir da intervenção imperialista. Após seu discurso, dezenas de milhares de camponeses, indígenas originários e trabalhadores urbanos organizados continuaram a marcha pasando frente ao Palácio e referendando o presidente, sendo que após 1h30 de desfile desisti de acompanhar o final da passagem da marcha. Foi, sem dúvidas, a maior e mais intensa manifestação popular que já presenciei.

Conheci, logo após, a partir de Giovana Vargas, presidenta da juventude do MAS (partido de Evo) a Leonida Zurita Vargas, principal liderança de mulheres camponesas desde a década de 90. Conversando, ela me colocou: “vê a imagen de Tupak Katari? Antes de ser esquartejado pelos colonizadores ele disse: ‘voltarei e serei milhões’. E aquí estamos nós” . De maneira carinhosa, me apresentava a outros militantes como “el es de nuestros, es de grupo de Lula”. Me convidaram para almoçar e, após ser parada a todo tempo por populares, chegamos a um restaurante, simples, próximo ao centro. Lá, comemos pato (a primeira vez na minha vida, também) e por coincidencia à mesa ao lado estava a ministra da justiça do governo.

Voltei para casa a pé em boa parte do trajeto e sem acreditar no que havia presenciado. Algo completamente distinto para quem é brasileiro e nasceu na década de 80, em momento de refluxo da organização e consciência popular. Lembrei-me da imensa marcha que ocorreu em 1973, em Santigo do Chile, em apoio a Allende, quando também milhares de trabalhadores organizados marchavam em frente ao Palácio em apoio às mudanças em curso. Ali, Allende diria: “Aquí estamos defendiendo nuestro derecho a un porvenir de justicia y liberdad”.

Que nossos irmãos bolivianos consigam, de forma soberana, construir seu caminho em direção à justiça e liberdade, com a superação dos quinhentos anos de espoliação e opressão sobre seu povo.

*Daniel Araújo Valença é militante da Articulação de Esquerda, tendencia interna do Partido dos Trabalhadores, professor de Direito da UFERSA e estudante de doutorado pela UFPB.


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