Jornalista da Adital
Adital
Onze anos após o assassinato de seis jesuítas e de duas mulheres que atuavam na Universidade Centroamericana (Uca), em El Salvador, o juiz da Audiência Nacional da Espanha, Eloy Velasco, decretou ontem (30) a prisão imediata de 20 militares e ex-militares salvadorenhos envolvidos nos crimes. A maioria dos jesuítas era de origem espanhola e entre eles estava o reitor da Universidade, Ignacio Ellacuría.
Os crimes, conhecidos como 'massacre da Uca', aconteceram em novembro 1989, em um contexto de guerra que facilitou a violação de direitos humanos de caráter xenófobo, que teve como foco os jesuítas da Uca.
O reitor espanhol Ignacio Ellacuría tinha um papel de liderança e intermediava as negociações de paz entre a guerrilha revolucionária da Frente Farabundo Martí para a Liberação Nacional (FMLN) e o Poder Executivo, tendo por isso sido considerado uma ameaça para os setores mais reacionários do governo e do exército de El Salvador. O juiz que sentenciou o caso acredita que, para o exército, a iniciativa do religioso era uma tentativa de acabar com a influência do grupo de militares conhecido como Tandona.
Diante desta 'ameaça', o grupo Tandona, que ocupava altos cargos de responsabilidade no Exército durante a guerra no país (1982 - 1992), decidiu organizar uma campanha contra Ellacuría e outros cinco jesuítas, quatro deles espanhóis.
Ao que tudo indica, o plano para o assassinato dos jesuítas começou depois da ruptura das negociações entre o executivo e a guerrilha. O Exército teria lançado então uma 'operação psicológica' consistente em emitir ameaças contra Ellacuría, que era acusado de ser o 'cérebro do FMLN' e contra os jesuítas, chamados de ‘terroristas’.
Como parte do plano a Uca foi tida como 'centro de planejamento' e 'refúgio seguro do FMLN', então, foram enviados soldados para controlar a entrada e a saída de pessoas da universidade, dias antes dos crimes, que aconteceram em 16 de novembro de 1989.
A Comissão da Verdade acredita que existam provas de que os militares teriam dado ordem de matar Ignacio Ellacuría e que depois do crime, teriam tomado providências para ocultar o crime. A justiça nacional resistiu em investigar os responsáveis materiais deste massacre, e para oprimir ainda mais a verdade foi decretada no país uma Lei de Anistia que favoreceu os criminosos.
A investigação do caso começou depois de a ‘Associação Pro-Direitos Humanos’ da Espanha e da organização norte-americana ‘Centro para justiça e prestação de contas’ terem apresentado uma denúncia à Corte espanhola. Entre os militares acusados de serem os responsáveis do crime está o ex-ministro da Defesa do país, Rafael Humberto Larios. O presidente de El Salvador na época, Alfredo Cristiani, também foi denunciado e apontado como encobridor do massacre, mas ele não foi incluído na investigação.
Para o diretor da radio Ysuca, Carlos Ayala Ramírez, a punição dos culpados é importante para que El Salvador encontre a paz e a justiça. "O espírito que anima esta iniciativa não é voltar ao passado mais ou menos imediato com sede de vingança, senão com sede de justiça que não exclui o perdão", opinou.
Para ele, essa é a razão da expectativa em "satisfazer a necessidade coletiva de justiça como fonte primordial de redenção do mal da impunidade; particularmente em um crime que por sua natureza abominável, ofende, agrava, insulta a humanidade em seu conjunto".
Com informações da radio Ysuca e El País.
Os crimes, conhecidos como 'massacre da Uca', aconteceram em novembro 1989, em um contexto de guerra que facilitou a violação de direitos humanos de caráter xenófobo, que teve como foco os jesuítas da Uca.
O reitor espanhol Ignacio Ellacuría tinha um papel de liderança e intermediava as negociações de paz entre a guerrilha revolucionária da Frente Farabundo Martí para a Liberação Nacional (FMLN) e o Poder Executivo, tendo por isso sido considerado uma ameaça para os setores mais reacionários do governo e do exército de El Salvador. O juiz que sentenciou o caso acredita que, para o exército, a iniciativa do religioso era uma tentativa de acabar com a influência do grupo de militares conhecido como Tandona.
Diante desta 'ameaça', o grupo Tandona, que ocupava altos cargos de responsabilidade no Exército durante a guerra no país (1982 - 1992), decidiu organizar uma campanha contra Ellacuría e outros cinco jesuítas, quatro deles espanhóis.
Ao que tudo indica, o plano para o assassinato dos jesuítas começou depois da ruptura das negociações entre o executivo e a guerrilha. O Exército teria lançado então uma 'operação psicológica' consistente em emitir ameaças contra Ellacuría, que era acusado de ser o 'cérebro do FMLN' e contra os jesuítas, chamados de ‘terroristas’.
Como parte do plano a Uca foi tida como 'centro de planejamento' e 'refúgio seguro do FMLN', então, foram enviados soldados para controlar a entrada e a saída de pessoas da universidade, dias antes dos crimes, que aconteceram em 16 de novembro de 1989.
A Comissão da Verdade acredita que existam provas de que os militares teriam dado ordem de matar Ignacio Ellacuría e que depois do crime, teriam tomado providências para ocultar o crime. A justiça nacional resistiu em investigar os responsáveis materiais deste massacre, e para oprimir ainda mais a verdade foi decretada no país uma Lei de Anistia que favoreceu os criminosos.
A investigação do caso começou depois de a ‘Associação Pro-Direitos Humanos’ da Espanha e da organização norte-americana ‘Centro para justiça e prestação de contas’ terem apresentado uma denúncia à Corte espanhola. Entre os militares acusados de serem os responsáveis do crime está o ex-ministro da Defesa do país, Rafael Humberto Larios. O presidente de El Salvador na época, Alfredo Cristiani, também foi denunciado e apontado como encobridor do massacre, mas ele não foi incluído na investigação.
Para o diretor da radio Ysuca, Carlos Ayala Ramírez, a punição dos culpados é importante para que El Salvador encontre a paz e a justiça. "O espírito que anima esta iniciativa não é voltar ao passado mais ou menos imediato com sede de vingança, senão com sede de justiça que não exclui o perdão", opinou.
Para ele, essa é a razão da expectativa em "satisfazer a necessidade coletiva de justiça como fonte primordial de redenção do mal da impunidade; particularmente em um crime que por sua natureza abominável, ofende, agrava, insulta a humanidade em seu conjunto".
Com informações da radio Ysuca e El País.
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