por Olavo B. Carneiro
Membro da Executiva Estadual do PT-RJ
Membro da Direção Nacional da Articulação de Esquerda – tendência interna do PT
A divulgação dos rendimentos milionários do então ministro Palocci com “consultorias” obriga aos militantes petistas socialistas a realizarem pelo menos duas reflexões. Uma reflexão é porque foi feito alarde tão grande com uma prática comum e aparentemente legal na sociedade brasileira – ocupar cargos públicos e ficar rico. A outra reflexão é a correção de um quadro de esquerda e importante integrante das gestões do poder público ficar literalmente milionário.
Não é possível negar o fato de que Palocci se firmou como um dos assessores mais próximos e importantes da presidenta Dilma na condução inicial do governo. Na função de ministro da Casa Civil ele é responsável, entre outras coisas, pela interlocução com o empresariado, com o capital financeiro, com o Congresso Nacional, por articular as nomeações do governo.
Apesar de ser considerado um porta-voz dos banqueiros dentro do PT e receber elogios da oposição de direita (a grande imprensa e os partidos PSDB, DEM e PPS) por suas posições e feitos na macroeconomia, seu papel central no governo Dilma e as insatisfações com as nomeações o tornaram um alvo político da oposição, e talvez de fogo “amigo”.
O problema é que os fatos justificam o grau de fragilização política em que se encontra Palocci, pois mesmo em nosso capitalismo não é encarado com naturalidade um político “ganhar” milhões em tão curto prazo e sem clareza da origem dos recursos.
A partir daí é que entramos na necessária reflexão sobre se é ético e coerente com um projeto de construção do socialismo, um militante de um partido de esquerda acumular riqueza. Não é essa sociedade que as resoluções do PT defendem, nosso projeto é de por fim às desigualdades. Numa sociedade onde a alegria de milhões é poder comer 3 vezes ao dia e a alegria de alguns é ganhar milhões de reais, o enriquecimento milionário de um militante não pode ser ético.
Deste modo, para os petistas e militantes de esquerda, o caso Palocci não se resume a legalidade e a luta política contra os nossos maiores adversários – a imprensa golpista e o bloco PSDB/DEM/PPS com a sua hipocrisia – mas também e principalmente quais práticas definimos como condizentes com o nosso projeto de sociedade. Com certeza não são práticas de enriquecimento individual, mesmo quando não tenham no trafico de influencia e no lobby a sua origem.
0 Response to "Alguns significados do caso Palocci"
Postar um comentário