Comissão da Verdade não é revanche, diz ministra
Maria do Rosário pediu reconhecimento do Estado de crimes em "período de exceção"Agência Brasil
Maria do Rosário conversa com os ministros da Educação, Fernando Haddad, e da Defesa, Nelson Jobim, durante cerimônia de transmissão de cargo
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Com um discurso duro, mas tentando mostrar que o atual momento é de diálogo e sem espaço para revanches, a petista gaúcha Maria do Rosário assumiu nesta segunda-feira (3) a SDH (Secretaria de Direitos Humanos) da Presidência da República. A cerimônia contou com a presença do ministro da Defesa, Nelson Jobim. Nos últimos anos, as duas pastas, com Paulo Vanucchi e Jobim no comando, mantiveram embates, criando problemas políticos para o governo de Luiz Inácio Lula da Silva.
O discurso da nova ministra procurou demonstrar a diferença entre as duas gestões. Quando se referiu ao período que os militares tomaram o poder, por exemplo, Maria do Rosário preferiu usar o termo "período de exceção", ao contrário de Vanucchi, que sempre usou "ditadura".
Ao fim de sua fala, a ministra defendeu o "reconhecimento da responsabilidade do Estado pelas graves violações de direitos humanos com vista a não repetição do ocorrido" e pregou que "devemos enfrentar as questões para caracterizar a consciente virada de página do momento da história".
Em seguida, a ministra fez um apelo ao Congresso para que aprove a formação da Comissão da Verdade.
- A constituição da Comissão da Verdade não se trata, jamais, de qualquer atitude de revanche, como disse, em seu discurso, a presidente Dilma [Rousseff].
Tentando mostrar que não quer ter problemas no relacionamento com os militares, ela prosseguiu dizendo que "estamos movidos pelo entendimento e até pelo reconhecimento de que no Brasil de hoje, no Estado brasileiro, não há qualquer instituição contra a democracia". Segundo Maria do Rosário, "as Forças Armadas são parte da consolidação democrática deste Brasil e nas Forças Armadas há o desejo de trabalharmos de forma conjunta neste processo de consolidação da democracia".
Sobre a abertura de arquivos das Forças Armadas, Maria do Rosário disse que isso faz parte de um amplo debate, sem contradições.
- Hoje, no governo, não temos qualquer contradição entre setores dos Direitos Humanos e das Forças Armadas. Somos parte de um mesmo projeto nacional de democracia e as Forças Armadas contribuem para a consolidação do processo democrático.
Questionado sobre o embate entre Defesa e Direitos Humanos, o ministro Jobim, em entrevista ao fim da cerimônia, disse que está trabalhando para "virar a página". Ao comentar o pedido da ministra de reconhecimento do Estado quanto aos mortos e desaparecidos políticos, Jobim disse que "é isso que está sendo feito".
- Tudo que ela diz está sendo feito. Estamos trabalhando por isso.
Ele afirmou também que não se opõe à criação da Comissão da Verdade, justificando que participou da elaboração desse texto.
Um pouco antes, em seu discurso, o ex-ministro Paulo Vanucchi foi conciliador dizendo que existem diferentes visões sobre os temas e que o governo Lula avançou muito na questão dos direitos humanos.
- A verdade não é uma só. Pode ter muitas faces, uma vez que há diferentes formas de se olhar para ela.
O novo ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que também acompanhou a cerimônia de posse de Maria do Rosário, defendeu o entendimento entre todos os setores.
- Vamos ter uma relação harmoniosa entre Defesa, Justiça e Direitos Humanos, todos integrados e juntos sob a orientação da presidente Dilma.
País não pode ficar preso ao passado, diz ministro sobre Comissão da Verdade
Da Agência Brasil
Ao falar sobre a criação da Comissão da Verdade, que ficaria responsável por apurar violações dos direitos humanos ocorridas durante a ditadura militar (1964-1985), o novo ministro-chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), general José Elito Carvalho Siqueira, disse que o Brasil não deve “olhar para trás”.
A afirmação foi feita durante a cerimônia em que Siqueira assumiu o cargo, nesta segunda-feira (3) em Brasília.
- Não vamos ficar vendo situações do passado, pontuais, que não levam a nada. Temos que pensar para frente, na melhoria do nosso país, e podemos estar perdendo tempo, espaço e velocidade se ficarmos sendo pontuais em situações isoladas do passado.
Na manhã de hoje, quando também recebeu a pasta de seu antecessor, a nova ministra da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência, Maria do Rosário, havia defendido a criação do órgão com o argumento de que “é mais do que chegada a hora” de o país prestar esclarecimentos sobre mortes e desaparecimentos ocorridos durante a ditadura.
A proposta de criação da Comissão da Verdade foi encaminhada pelo governo ao Congresso no ano passado.
O ministro-chefe disse, por sua vez, que o dia 31 de março de 1964, quando foi dado o golpe que deu início ao regime militar, deve ser tratado como um fato histórico.
A afirmação foi feita durante a cerimônia em que Siqueira assumiu o cargo, nesta segunda-feira (3) em Brasília.
- Não vamos ficar vendo situações do passado, pontuais, que não levam a nada. Temos que pensar para frente, na melhoria do nosso país, e podemos estar perdendo tempo, espaço e velocidade se ficarmos sendo pontuais em situações isoladas do passado.
Na manhã de hoje, quando também recebeu a pasta de seu antecessor, a nova ministra da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência, Maria do Rosário, havia defendido a criação do órgão com o argumento de que “é mais do que chegada a hora” de o país prestar esclarecimentos sobre mortes e desaparecimentos ocorridos durante a ditadura.
A proposta de criação da Comissão da Verdade foi encaminhada pelo governo ao Congresso no ano passado.
O ministro-chefe disse, por sua vez, que o dia 31 de março de 1964, quando foi dado o golpe que deu início ao regime militar, deve ser tratado como um fato histórico.
- O movimento de 1964 já faz parte da história. Hoje, se nossos filhos e netos forem estudar em uma escola, vai estar lá o [dia] 31 de março como fato histórico. Temos de ver o 31 de março como um dado histórico para a nação, seja com prós e contras. Da mesma forma, os desaparecidos.
Comentário do blog: O comentário do general-ministro José Elito Carvalho Siqueira, pode ser entendido a partir do jargão popular que diz o seguinte: “quem bate (ou não seria mata) esquece, quem apanha não”
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