Chiquinho que é proprietário da agência de publicidade Vanguarda e, certamente, o mais influente marqueteiro do PT desde a vitória em Belém de Edmilson Rodrigues (ex-PT, hoje PSOL) em 1996, esclarece que não teve nenhuma participação na campanha e responsabilizou a empresa de marketing baiana Link pela derrota de Ana Júlia em entrevista a repórter Rita Soares, neste domingo ao jornal de Jáder Barbalho.
Segue abaixo algumas passagens da entrevista:
P: Quais foram os principais erros da campanha de Ana Júlia?
R: Posso apontar três erros fundamentais. O primeiro foi insistir na tese do desenvolvimento como eixo único da campanha [...] Num Estado como o Pará, com IDH historicamente deplorável, falar em desenvolvimento e alardear de maneira desmedida soa ora como escárnio, ora como discurso desprovido de sentido. O efeito colateral dessa linha desenvolvimentista e desequilibrada foi aprofundar as diferenças regionais [...] Isso explica a derrota acachapante em Santarém. Especialmente para um candidato do PT, um partido com origem no movimento social, o centro do discurso tem que ser o fator humano, que é universal; Ana teria que insistir no social. Esse é o seu reduto. De costas para ele e guiada por estranhos, se perdeu.
R: Posso apontar três erros fundamentais. O primeiro foi insistir na tese do desenvolvimento como eixo único da campanha [...] Num Estado como o Pará, com IDH historicamente deplorável, falar em desenvolvimento e alardear de maneira desmedida soa ora como escárnio, ora como discurso desprovido de sentido. O efeito colateral dessa linha desenvolvimentista e desequilibrada foi aprofundar as diferenças regionais [...] Isso explica a derrota acachapante em Santarém. Especialmente para um candidato do PT, um partido com origem no movimento social, o centro do discurso tem que ser o fator humano, que é universal; Ana teria que insistir no social. Esse é o seu reduto. De costas para ele e guiada por estranhos, se perdeu.
Já o erro de posicionamento de imagem foi o que fez consolidar a rejeição da governadora. A imagem apresentada ao eleitor aumentava a rejeição de Ana Júlia [...] Ela parecia Margaret Thatcher, a baronesa que foi primeira ministra da Inglaterra. Falava lento como se estivesse anestesiada, com estranha ênfase no final das frases.
O terceiro erro grave da campanha de petista foi o de fugir ao confronto [...] A Link fez o impensável, fez o PT calar. Extirpou a rebeldia. Domesticou o vermelho, azulou suas bandeiras. Desde o começo fez Ana Júlia e Paulo Rocha se apequenarem, falarem falas despossuídas de paixão, de vida, enquanto Jatene e Flexa Ribeiro ostentavam um vigor exemplar. A Link impôs ao PT um caráter lerdo, lento, abobalhado diante das denúncias e ataques que, por fim, foram sedimentando. Essa turma colocou na boca das principais lideranças do PT textos e falas abaixo da crítica. A reação reflexa aos ataques, tipicamente de esquerda, inexistiu na campanha da situação [...] escondendo os símbolos do partido, negando a história das campanhas passadas, a Link queria que Ana se distanciasse do PT que, por fim, acabou sendo seu abrigo.
P: É possível diferenciar o que foram erros de governo, erros da campanha e erros de comunicação?
R: Vejo que está havendo um grande esforço de atribuir a derrota de Ana Júlia a um suposto mal desempenho de governo. É um bode que estão colocando na sala. Rita, não se engane: eleição se ganha e se perde no período eleitoral. Não há resultado a priori. Dificilmente erros de governo podem impedir um candidato de ganhar eleição se sua campanha fizer o que precisa ser feito [...] Duciomar Costa tinha 70% de rejeição e uma desaprovação recorde antes do pleito em 2008 e se reelegeu. Isso prova que avaliação de governo pode ser alterada ao longo de uma campanha eleitoral, rejeições podem ser reduzidas, ambientes desfavoráveis podem ser alterados.
P: Quais os acertos o senhor apontaria na campanha de Jatene?
R: Jatene ganhou a batalha da comunicação, a batalha do argumento, da palavra, da imagem, e essa vitória de posicionamento o levou à vitória eleitoral.
Há, de fato, alguns bons argumentos que justificam a derrota da Ana Júlia, apresentados por Chico Cavalcante. no entanto, ele parece se preocupar mais em analisar os erros de marketing da agência concorrente. Diz, por exemplo, que o problema maior foi no formato publicitário da campanha. Diz também que candidatos com alta rejeição foram vitoriosos no passado. considerando isso tudo, e considerando que sua agência, a vanguarda, foi responsáveis por todas as campanhas do PT excetuando-se 2010, como justificar então a derrota do PT em campanhas anteriores?
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