O líder do PT na Câmara, deputado Vicentinho (SP),
repudiou ontem, em plenário, o discurso do deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ), no
qual fez apologia do estupro e ameaçou a deputada Maria do Rosário
(PT-RS). “Hoje esse senhor cometeu mais um ato torpe ao declarar que ‘não
estuprava a deputada Maria do Rosário porque ela não merece’”, disse
Vicentinho. Para ele, essa conduta deixa transparecer que a Bolsonaro é
“admissível a ideia de assumir o papel de estuprador”, condicionada a agressão
ao “merecimento” da vítima. Na opinião do líder, a conduta de Bolsonaro
evidencia “a covardia que é tão típica dos estupradores”.
Ele anunciou que a Bancada do PT vai ingressar com
representação no Conselho de Ética da Câmara, por quebra de decoro parlamentar,
e também vai tomar todas as medidas judiciais cabíveis contra Bolsonaro, que é
ex-militar e declaradamente defensor de ditaduras. “No âmbito do Parlamento e
do Judiciário, todas as iniciativas serão tomadas por nós, parlamentares da
Bancada do PT, já que as declarações – ameaças – de Bolsonaro demonstram total
desrespeito à condição de representante do povo deste País”.
Barbárie – Segundo Vicentinho, “Bolsonaro é
representante, no Parlamento, de um outro estágio civilizatório: um que a
sociedade brasileira felizmente superou, mas que não está enterrado porque tem
nesse senhor sua cria, a destilar a grosseria, o ódio, o desrespeito e a
violência próprios dos tempos de barbárie”.
O líder do PT lembrou que hoje, dia 10, comemora-se o Dia
Internacional dos Direitos Humanos, “um valor estranho a esse senhor: tudo o
que está em sua mente e em sua boca é maldade e depravação, marcas indeléveis
do regime de usurpadores e torturadores que ele tanto defende”. Vicentinho
frisou que a Constituição brasileira prevê punição para práticas
discriminatórias que atentem contra os direitos e liberdade fundamentais.
“O artigo 1º da Carta Magna fundamenta-se, entre outros
valores, na cidadania e na dignidade da pessoa humana e no pluralismo
político”, disse. “A barbárie cometida hoje no plenário da Câmara ofende a
cidadania brasileira e as consciências das pessoas que lutam por uma sociedade
civilizada, tolerante e democrática”.
Regime militar – O discurso em que o deputado
ex-militar ofendeu a deputada Maria do Rosário, ex-ministra dos Direitos
Humanos, ocorreu depois que ela ressaltou na tribuna a importância da Comissão
Nacional da Verdade – que investiga crimes políticos cometidos sobretudo
durante o regime militar que vigorou entre 1964 e 1985. Há alguns anos, como
lembrou Vicentinho, Bolsonaro ameaçou bater na deputada Maria do Rosário.
As graves ofensas de Bolsonaro contra a deputada Maria do
Rosário provocaram fortes reações de desagravo e indignação na Bancada Feminina
na Câmara. A deputada Iriny Lopes (PT-ES), vice-líder da Bancada, reiterou
que a postura de Bolsonaro será denunciada além das instâncias da Câmara dos
Deputados.
“Vamos denunciar e pedir providências à polícia, ao
Ministério Público e ao Judiciário para penalizar o deputado Bolsonaro, porque
ele extrapolou a prerrogativa parlamentar de opinião para agredir, intimidar
uma deputada. E isso o Regimento Interno não o protege. Vamos levar também para
o Conselho de Ética da Casa, mas não é suficiente. Queremos levá-lo aos
tribunais”, enfatizou.
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