1. Acertamos
ao prever que a eleição seria muito provavelmente resolvida no segundo turno e
que seria duríssima. Hoje parece desnecessário insistir nisto, mas é bom
lembrar que a subestimação dos adversários (“são anões políticos”) e o salto
alto (vitória no primeiro turno) prevaleceu até 13 de agosto. Estes erros
não podem repetir-se no segundo turno.
2. Os
resultados do primeiro turno confirmam: embora Dilma saia com vantagem, o
resultado da eleição presidencial não está garantido.
3. A
candidatura Aécio Neves conta com o apoio da extrema-direita, do
oligopólio da mídia, da especulação financeira e de potências estrangeiras. A
frente reacionária em torno de Aécio vocalizará os interesses dos setores
hegemônicos do grande capital, nacional e internacional. Contará, também,
com o apoio de setores que apoiaram outras candidaturas presidenciais, como é o
caso do PV, do Pastor Everaldo e do PSB. Aécio fará de tudo, legal ou
ilegal, para tentar nos derrotar. Portanto, precisamos estar política,
organizativa e psicologicamente preparados para três semanas de guerra.
4. Mas
tampouco devemos temer os adversários. O único que devemos temer são os
“ufanistas-de-primeiro-turno” que agora se convertem em “derrotistas-de-segundo-turno”.
Os números abaixo dão elementos importantes para nossa reflexão:
1º turno
de 2014
|
1º turno
de 2010
|
||||
Dilma
|
41,59%
|
43.267.478
|
Dilma
|
46,91%
|
47.651.434
|
Aécio
|
33,55%
|
34.897.206
|
Serra
|
32,61%
|
33.132.283
|
Marina
|
21,32%
|
22.176.613
|
Marina
|
19,33%
|
19.636.359
|
5. Os
números do primeiro turno de 2014 (acima) são semelhantes aos do primeiro turno
de 2010. Quem ficou impactado com os 33,55% de Aécio é porque acreditou nas
pesquisas, mas esqueceu que em 2010 Serra já havia obtido 32,61%. O
fundamental não são os índices, mas o movimento: Aécio vai ao segundo turno
numa curva ascendente, o que pode favorecê-lo nas pesquisas iniciais do segundo
turno, mas que pode ser revertida nas próximas semanas com a ampliação da
mobilização social e demarcação programática de nossa parte.
6. Marina,
por sua vez, aumentou tanto percentualmente quanto em votação absoluta, em
relação ao resultado que teve em 2010. Mas o movimento é oposto: ela saiu
politicamente menor. Apesar disto, o apoio dela, do PSB e do PV no segundo
turno tem mais relevância política que estritamente eleitoral, pois com este
apoio Aécio pretende tornar sua candidatura mais palatável a setores contrários
às políticas tucanas.
7. Por
isto mesmo, devemos dar especial atenção para os mais de 4 milhões de
votos que nós perdemos, em relação as eleições de 2010. Neste sentido, nossas
prioridades são: a) recuperar os eleitores que perdemos; b) atrair a parcela
progressista do eleitorado de Marina; c) atrair parcela dos votos não válidos
do primeiro turno; d) tentar manter neutros os demais segmentos.
8. Tomando
como base as pesquisas de primeiro turno, consideramos que estes votos que
perdemos são, no fundamental: a) socialmente, de jovens trabalhadores; b)
residem nos grandes centros urbanos; c) politicamente são pessoas com simpatias
à esquerda.
9. Para
ganhar estes setores, será preciso manter a linha geral de campanha. A
saber: mobilização máxima, politização máxima e máxima polarização
programática. Mas não basta a comparação de governos. Será preciso
apresentar propostas programáticas claras, que apontem o sentido geral do novo
ciclo que se pretende abrir no segundo mandato Dilma com “mais mudança”. Entre
estas propostas, destacamos:
a) reforma
política, através de uma Constituinte exclusiva;
b)
democratização da comunicação;
c) reforma
tributária progressiva, com imposto sobre grandes fortunas;
d) 40 horas
de jornada;
e) revisão
do fator previdenciário;
f)
criminalização da homofobia;
g) revisão
dos índices de produtividade agrária.
h) revisão
da Lei da Anistia, para punição dos torturadores e sequestradores.
10. Sem
prejuízo das ações no sentido de neutralizar ou ganhar outros setores políticos
e sociais, o esforço fundamental deve ser o de manter e ampliar o voto junto à
classe trabalhadora, em especial a juventude trabalhadora.
11. Do ponto
de vista geográfico, é preciso manter e ampliar os resultados obtidos; mas cabe
atenção especial para a Grande São Paulo, bem como para alguns estados, como é
claro São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia, Pernambuco e Rio Grande
do Sul, onde ademais temos uma candidatura petista disputando o segundo turno.
12. A linha
geral é: frente única contra a direita neoliberal. Neste sentido, a
decisão da direção nacional do PSOL para o segundo turno, recomendando seus
eleitores a não votar em Aécio e tomar livremente sua decisão, deve servir
para que nós eleitores da Dilma peçamos o voto dos eleitores da Luciana Genro.
Por outro lado, devemos buscar os votos dos eleitores progressistas e populares
de Marina e de Eduardo Jorge. Para que esta frente única tenha êxito,
reiteramos ser fundamental dar continuidade à correta guinada à esquerda dada
pela campanha depois de 13 de agosto, assumindo fortemente os pontos
programáticos que elencamos acima e explicando de forma didática para a
população as consequências práticas da opção neoliberal do tucanato.
13. A
ampliação da campanha é fundamental para neutralizar o “programa mínimo” da
oposição, que será o anti-petismo. E é preciso perceber que, em estados
como o São Paulo, o anti-petismo contaminou também setores populares.
14. Para
enfrentar o ódio e a desinformação, será preciso aliar a firmeza no combate aos
inimigos com a paciência no diálogo com os setores populares e aliados que tem
críticas a nós. Por isto é fundamental realizar mutirões, visitas de casa
em casa, atividades nos bairros populares onde possamos não apenas falar, mas
também ouvir.
15. Será
necessário, também, estar especialmente atento para as agressões, armações e
manipulações, a começar pelas pesquisas.
16. A
experiência do primeiro turno mostrou que as pesquisas continuam sendo um
instrumento fundamental no ânimo e motivação da militância. Mas as
eleições também mostraram que as pesquisas estão sendo manipuladas e/ou contém
falhas metodológicas gravíssimas, motivos pelos quais elas não podem substituir
nunca a análise política.
17. As
direções estaduais, municipais, setoriais, núcleos, comitês de candidaturas,
devem convocar ao longo das próximas semanas várias plenárias de
mobilização com petistas, simpatizantes e eleitores.
18. Devemos
convidar para estas plenárias toda a esquerda, todas as forças democráticas e
populares, todos os setores progressistas, todos aqueles que não participam ou
são oposição ao governo encabeçado por nós, mas que não desejam uma restauração
neoliberal.
19.Certamente
será necessário um profundo balanço da situação geral do Partido, debilidades e
diferenças. Mas o momento para fazer isto é depois de concluída a batalha
presidencial e as batalhas pelos governos onde estivermos no segundo turno.
20. O povo
brasileiro, a classe trabalhadora e a esquerda socialista estão muito
perto de conquistar mais uma importante vitória, reelegendo a presidenta Dilma
Rousseff e criando as condições para um segundo mandato superior, alinhado com
as reformas democráticas e populares. Mas para atingir estes objetivos será
preciso, mais do que nunca, manter a guarda alta, o salto baixo e
fazer uma defesa firme de nossas bandeiras.
08 de
outubro de 2014
A direção
nacional da Articulação de Esquerda
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