RICARDO MENDONÇA
MARIANA CARNEIRO
(Folha São Paulo)
O mercado financeiro, a maioria dos economistas e alguns organismos internacionais podem estar muito pessimistas com a economia do país em 2015. Mas os brasileiros em geral estão na contramão desse sentimento, o que ajuda a explicar o aumento da aprovação da presidente Dilma Rousseff (PT) e sua reação na corrida pela reeleição.
Os dados da corrida eleitoral do Datafolha desta terça são
quase idênticos aos da pesquisa da segunda, um dia antes. Em votos válidos,
Dilma registrou 52%; Aécio
Neves (PSDB), 48%. Empate técnico no limite máximo da margem de erro,
de dois pontos.
Em votos totais, Dilma oscilou de 46% para 47%, Aécio
manteve os 43%. Brancos e nulos foram de 5% para 6%; indecisos, de 6% para 4%.
O exemplo mais eloquente disso é o da inflação. Pesquisa
Datafolha realizada nesta terça (21) mostra que a expectativa de aumento dos
preços desmoronou para o patamar mais baixo da série do instituto, desde 2007.
Em abril, no momento de maior pessimismo, 64% achavam que a
inflação iria aumentar. No fim de setembro, 50% continuavam esperando o pior. Agora,
apenas 31% acreditam nisso. No sentido oposto, a esperança de queda da inflação também é
recorde. Para 21%, o índice irá diminuir. Ao opinar sobre desemprego, poder de compra, situação
econômica do país e a própria situação, a tendência é a mesma: otimismo
crescente, pessimismo cadente.
A explicação para o aumento do otimismo pode ser a própria
campanha eleitoral. Inclusive a de Aécio. Isso porque tanto a maioria dos eleitores da petista quanto
a maioria dos adeptos do tucano apostam que seus respectivos candidatos irão
vencer. Então, naturalmente, todos tendem a crer que o próximo presidente terá
condições de promover melhorias.
Entre os que votam em Dilma, 82% acham que ela será
reeleita. No grupo dos que votam em Aécio, 78% acham que o vencedor será ele. O descompasso com as perspectivas econômicas parece grande.
Depois de entrar em recessão entre janeiro e junho, a economia teve leve
recuperação em julho e agosto, mas nada que altere a previsão de que o PIB deve
crescer perto de 0,3% neste ano.
Já a inflação, que havia perdido fôlego entre junho e
agosto, voltou a acelerar em setembro, com aumento dos preços dos alimentos. O
aumento do custo de vida superou o limite fixado pelo próprio governo e está em
6,75%.
Nos segmentos sociais, a pesquisa confirmou avanços de Dilma
entre as mulheres (de 42% para 47% desde o dia 9), no grupo dos que recebem
entre dois e cinco salários mínimos (de 39% para 45% desde o dia 15) e no
Sudeste (de 34% para 40% desde o dia 9).
Também detectou um forte aumento do interesse pela disputa:
50% dizem ter "grande interesse" pela eleição (no fim de agosto, eram
39%).
Combinado com o acirramento da disputa, isso torna o último
debate ainda mais importante. O encontro da TV Globo será na próxima sexta.
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