Valter Pomar: PT precisa reeleger Dilma e fazer um segundo mandato melhor

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1 – Quais táticas devem ser adotadas para garantir a vitória de Dilma em 2014?

Não basta garantir a vitória de Dilma em 2014. É preciso reeleger Dilma criando as condições para que ela faça um segundo mandato superior ao atual. Em certo sentido, vamos precisar de uma tática que nos permita trocar de estratégia em movimento.
Explicando: desde 1995 até hoje, o PT continua tentando implementar a estratégia de centro-esquerda aprovada naquele encontro nacional, em que José Dirceu foi eleito presidente pela primeira vez. Aquela estratégia visava mudar o país sem fazer reformas estruturais. Fizemos isso, ao menos em parte. Mas, nas atuais condições nacionais e internacionais, aquela estratégia não serve mais.

Entender isso é fundamental: o máximo que podíamos fazer, através da estratégia da mudança sem reformas, já foi feito. Daqui para a frente teremos “rendimentos decrescentes”. Ou implantamos reformas estruturais, ou não conseguiremos ampliar o bem-estar social, a democracia, a soberania nacional e a integração regional.
Um sinal disso é a polarização que está ocorrendo, no país, entre nossas bases, que desejam mais do que já fizemos; e as classes ainda dominantes, que querem menos: menos emprego, menos salários, menos verbas para as políticas sociais, menos democracia, menos soberania nacional.

Para continuar mudando o país, precisamos de outra estratégia, uma estratégia que vise melhorar a vida do povo por meio das reformas estruturais. Para tornar isso possível, teremos de combinar ação de partido, ação institucional, luta social e uma grande batalha cultural, de ideias, de projetos.

Temos reservas que nos permitem vencer não apenas as eleições presidenciais de 2014, mas também a luta pelas reformas estruturais. Prova disso está nas pesquisas eleitorais e no apoio popular ao Mais Médicos.

Nossa tática eleitoral em 2014 deve estar a serviço disto: vencer, criando as condições de um segundo mandato melhor. E o ponto de partida deve ser uma inflexão na ação do partido e de nossos governos e bancadas; um amplo debate na sociedade do programa 2015-2018; a constituição de uma aliança com as organizações políticas e sociais do campo democrático-popular; e uma coligação eleitoral com partidos que tenham acordo com um segundo mandato de Dilma marcado por reformas estruturais.

2 – Como tratar os adversários secundários e possíveis alianças pontuais com eles? O que é inegociável?

No plano da análise, temos muitos inimigos. No plano da política, sempre que possível, devemos dividir os inimigos e derrotá-los pedaço a pedaço. No momento, o inimigo que precisa ser isolado e derrotado ainda é o grande capital financeiro.

Claro que o grande capital financeiro tem forte apoio nos demais setores do capital. Por isso, não devemos nos iludir nunca em relação aos reais interesses do grande empresariado. Mas no terreno da luta política é possível e necessário isolar os banqueiros, os especuladores, os financistas, os que defendem o neoliberalismo etc.
O problema é que não basta ser contra eles. É preciso deixar claro a favor do que somos, pois é isso que mobiliza nossas bases sociais.

Nesse ponto, há uma divisão no PT. Há os que defendem alternativas incorretas, como o social-liberalismo ou o neodesenvolvimentismo. Este último guarda semelhanças com aquele desenvolvimentismo conservador que caracterizou a história do Brasil.
E há os que, como nós, defendem um desenvolvimentismo democrático-popular, com reformas estruturais, protagonismo do Estado, os bens públicos como carro-chefe do desenvolvimento, grande ênfase para os mercados interno e regional.

A combinação desses dois elementos – submeter o capital financeiro e defender o desenvolvimentismo democrático-popular – exige que tenhamos uma política de alianças muito cuidadosa, que saiba diferenciar o que são alianças estratégicas e o que são alianças táticas.

Há setores do PT que priorizam o tático, o eleitoral, o pontual; e depois dizem não entender por qual motivo não temos conseguido avançar na implementação de nossos objetivos estratégicos. Aliás, certas alianças táticas nos atrapalham até mesmo a consecução de vitórias táticas.


Valter Pomar é candidato a presidente nacional do PT
(Estas perguntas foram respondidas na entrevista concedida à Teoria e Debate, da Fundação Perseu Abramo)


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