Valter Pomar fala sobre coerência ideológica e política de alianças

COMPARTILHEM !!!




1) O que mudou no PT desde que ele era partido da oposição até hoje, após uma década no poder? Depois desse período, vê algum risco de perder sua coerência ideológica?

Num certo sentido, estamos melhores hoje do que antes. É melhor ser governo do que ser oposição, entre outros motivos porque ao estarmos no governo, podemos transformar nosso programa em realidade e, objetivamente, isto ajudou a melhorar a vida do povo. Entretanto, o caminho que escolhemos para melhorar a vida do povo –via mudanças sem reformas profundas, através de alianças com setores da direita e do grande empresariado — tem um custo organizativo, eleitoral, político e ideológico. Se o Partido não adotar imediatamente medidas corretivas, no longo prazo podemos nos converter num partido que tem um grande passado pela frente.

2)O PT chegou ao poder e tem se mantido mediante uma política de alianças com diversos setores. Você acredita que o partido precisa se aliar com partidos que não são de esquerda, como PMDB e PP? Até que ponto é viável ampliar o arco de alianças, sem que se perca a orientação programática do PT?

Nós não chegamos ao poder, chegamos ao governo. No Brasil, o poder está nas mãos da classe dominante e isto não mudou. Eles controlam amplos setores da economia, hegemonizam a mídia, grande parte dos aparatos culturais, educacionais e religiosos, assim como os governos municipais (4500 dos 5500, pelo menos), dos governos estaduais e tem grande presença na burocracia estatal, no judiciário e nas forçar armadas e de segurança.

Para mudar isto, é necessário combinar ação partidária, luta social, luta institucional e disputa de ideias. E precisamos de alianças, estratégicas e táticas. Nos últimos anos, temos feito muitas alianças táticas e deixado de lado a coesão de nosso campo de alianças estratégico. Isto, que é um problema em si, tornou-se um problema mais grave desde 2011, basicamente porque já fizemos tudo o que podia ser feito para melhorar a vida do povo, ampliar a democracia, a soberania e a integração. Dizendo melhor: basicamente tudo aquilo que podia ser feito, sem fazer mudanças estruturais no país, nós já fizemos. 

Daqui para frente, precisaremos fazer mudanças profundas, tais como a reforma tributária, a reforma política, a aprovação de uma lei da mídia democrática, a reforma agrária, a reforma urbana, a redução da jornada de trabalho para 40 horas, o fortalecimento das políticas estruturais de saúde e educação etc. E para fazer tais reformas, precisamos de aliados que defendam estas reformas, coisa que os aliados táticos, de centro-direita, não defendem. O PT terá que ir à esquerda ou perderemos, paulatinamente, capacidade de transformar o país. Este é o nó a enfrentar, quando debatemos a política de alianças.

#PED2013 – eleições 10 e 24 de novembro – Valter Pomar é candidato a presidente nacional do PT


COMPARTILHEM !!!


0 Response to "Valter Pomar fala sobre coerência ideológica e política de alianças"

Postar um comentário

Postagem mais recente Postagem mais antiga Página inicial

Revista

Revista

Seguidores