Comissão Nacional da Verdade confirma versão de que Paiva foi morto no DOI-Codi

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De posse de novos documentos que esclarecem a prisão de Rubens Paiva, o coordenador da Comissão Nacional da Verdade, Cláudio Fonteles, afirmou ontem que é possível desmentir a versão oficial e afirmar "categoricamente" que o deputado foi morto nos porões do DOI-Codi.

Fonteles também negou rumores de que a presidente Dilma Rousseff estaria insatisfeita com a atividade do grupo e cogitaria inclusive substituir alguns de seus integrantes.

"Afirmo categoricamente que ele (Rubens Paiva) foi morto no DOI-Codi. Pra mim, (isso) está esclarecido, só falta pontuar agora quem foi que matou, o nome da pessoa. Quem matou foi o Estado militar, esse sistema mata, agora alguém deu um tiro, deu socos", disse Fonteles a jornalistas, após reunião da comissão em Brasília. Mas Fonteles avisou que não está com a "palavra final". (DOI-Codi era o Destacamento de Operações Internas do Centro de Operações da Defesa Interna, órgão do Exército dedicado à repressão política.)

Em novembro passado, a comissão recebeu papéis encontrados na casa do coronel reformado do Exército Júlio Miguel Molinas Dias, assassinado quando chegava a sua casa, em Porto Alegre. Segundo Fonteles, documento do próprio Exército detalha a passagem de Rubens Paiva no DOI-Codi.

"O documento demonstra, do dia 20 ao dia 25 (de janeiro de 1971), o que se passava com o Rubens Paiva. Ora, segundo a versão oficial, (ele) teria sido morto dia 22 de janeiro, esses documentos que marcam toda a sua trajetória nos porões do DOI-Codi não fazem nenhum registro à morte dele", disse Fonteles.

Um outro documento, o informe nº70 do DOI-Codi, explica como o ex-deputado foi levado de casa por agentes do Centro de Informações de Segurança da Aeronáutica (Cisa). "Fica claro que membros do Cisa, que é o serviço de informações da Aeronáutica, prendem Rubens Paiva e mais duas senhoras, e entregam essas pessoas ao DOI-Codi", afirmou Fonteles. No caso, as duas senhoras teriam desembarcado no Rio de Janeiro com cartas de exilados políticos no Chile para serem entregues a Rubens Paiva. O informe foi encontrado no Arquivo Nacional, em Brasília.

O próximo passo da comissão é tentar localizar os agentes do Cisa. A documentação "é muito forte, é prova documental que vem do próprio sistema ditatorial com a tarja de 'secreto'", disse o coordenador.

Fonteles rebateu, na entrevista, críticas de que Dilma estaria insatisfeita com o andamento dos trabalhos do grupo. "Eu acho que a crítica é válida, mas tem de provar. Se você for no nosso site, vai ver a quantidade de audiências públicas a que a gente tem ido para fomentar essa grande rede (de informação), já percorremos mais de 11 Estados", rebateu o coordenador. A comissão reúne-se com a presidente nas próximas semanas.

"Não somos caixa preta. Que a sociedade critique o trabalho, colabore, contribua", sugeriu. Segundo Fonteles, a partir do dia 15 de fevereiro o ex-ministro Paulo Sérgio Pinheiro assume a coordenação da comissão.

Entre os objetivos do grupo estão "esclarecer os fatos e as circunstâncias dos casos de graves violações de direitos humanos" entre 1946 e 1988.


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