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Entre a Virtude e a Fortuna: Aliança PT-PMDB (não) surpreende Parauapebas

Leo Mendes FilhoParauaebas-PA


“(...) Quem quiser que faça o velho jogo da política
Na sifilítica maneira de pensar!”
(Oswaldo Montenegro)

Há muito não me bato da pena para escrever. Creio eu, mais por conta de uma pessimista resignação, fruto da ciência de que pouco teria a acrescentar, mesmo que minimamente, e de algum modo, aos meus contemporâneos dessa grande aventura que é tentar viver e compreender a atual conjuntura política em Parauapebas.

Entretanto, agora, diante de tão inusitada, mas, não surpreendente (e talvez mesmo nem tão inovadora ou novidadeira) aliança entre PT/Darci e PMDB/Bel Mesquita para a disputa eleitoral majoritária de 2012, inclusive, pela parcimônia com que foi recebida pelos correligionários (ou deveríamos dizer companheiros?) de ambos os lados, resolvemos retornar à pena.

Não porque entendamos que nosso ato, ainda que expresso nos limites de nossa mal fadada militância política e cidadã, possa resultar em algo além que lamentos e chorumelas de quem, pela escolha que fez, nas eleições de 2008, se sinta traído ante descabida parceria política.

Não! Acredito mesmo que, nesse sentimento, não seja o único: deve, com certeza, haver quem assim se sinta em ambas as hostes. Uns por escolheram o primeiro; outros por que preferiram a segunda. E, dos dois lados, porque não os queriam juntos!

Também não se trata aqui das lamúrias dos excluídos, como alguns poderiam julgar. Inclusive, porque, como militante político, sempre tive a felicidade de estar ao lado dos derrotados, o que, aliás, admito, facilita, quando não incita, o espírito da crítica. Posso assegurar: não é esse o caso!

Em verdade, me posto hoje diante do teclado do computador, no silêncio ensurdecedor da madruga (e a frase de efeito é apenas pra reforçar a retórica), mais pra lembrar Maquiavel (sim, ele mesmo, o d’O Príncipe – vale lembrar: escrito há quase 500 anos!) e seus conceitos de virtu efortuna.

Numa simplificação, podemos dizer que o primeiro (virtu – numa tradução livre: virtude) se refere à capacidade que tem/teria “um príncipe” de manter-se e manter o poder. O segundo (fortuna – nesse caso, algo próximo a “momento apropriado”, “certas condições”), a ocasião/situação política da qual se apropria/percebe “um príncipe” para manter-se e manter o poder.

Não sei se o prefeito Darci Lermen (PT) é ledor de Maquiavel; mas, é indiscutível que, não o sendo, tem instintiva percepção de seus conceitos: ao engendrar tão desabonada aliança colocou-se acima de quaisquer resultados que dela advirem.

Ao retirar do pairo a suposta segunda colocada e submetê-la à sua nova aliança, garantiu-se vencedor mesmo na derrota. Pois, vejamos:

1) se a derrota vier no pleito de outubro vindouro, não será sua, será deles (Coutinho/PT e Bel/PMDB); e deles se terá livrado de uma vez por todas, especialmente de Bel, cuja carreira política terá definitivamente acabado (se é que já não acabou no momento que se quedou submissa e levou os seus juntos).

2) Se a escaldada aliança sagrar-se vencedora, a vitória será de Darci Lermen, que, “gênio da política”, conseguiu tornar “um poste” (Coutinho) prefeito e “ressuscitar” um “morto” (em sentido político, é claro – Bel).

Eis porque digo que o prefeito Darci Lermen soube se colocar entre a virtude e a fortuna, em sentido maquiaveliano, que não é o mesmo que maquiavélico. Maquiavélico o é, infelizmente, no meu entender, quando ele “acredita” (?) que “os fins justificam os meios”, como acabou de demonstrar ao apadrinhar insólita aliança “ptmdb”.

Entretanto, do meu ponto de vista, sou mais adepto do cancioneiro popular nordestino que brada: e “(...) estou certo que nada dá certo começando errado!”. Mas, esta é outra discussão.



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