UNIFESSPA: Entrevista com o Prof. Leo Mendes

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O historiador e professor Leo Mendes[1] é um dos maiores entusiastas e articuladores do Movimento Pró Campus da UNIFFESPA (Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará) desde a primeira hora, quando em várias rodadas de debate veio à tona a necessidade do município preparar bases sólidas de alternativas à mineração e, dessa maneira, enfrentar com seriedade e decisão o que se coloca ao futuro de sociedades mineradoras ou que possuem na mineração seu limite de realização econômica e social, como é o caso de Parauapebas e região.

Junte-se a isto a dificuldade geral desses territórios em aliar os ganhos econômicos com os efeitos nefastos de várias ordens que traz a mineração, sejam eles: ambiental, social, migratório, cultural, político e etc. o que sobra é um caldeirão de problemas que acaba por transformar o futuro da sociedade que neles habitam em maldição. É neste cenário que surge a necessidade de conhecimento, pesquisa e produção científica capaz de oferecer o suporte necessário para a superação deste contexto.
É pois, nesse caminho que surgiu a luta por transformar Parauapebas numa cidade universitária e o primeiro passo foi dado com a garantia da implantação do campus da UFPA (Universidade Federal do Pará) já em 2012. Segue abaixo a entrevista:

Artesquerda: O que significa esta conquista para Parauapebas?
R.: Uma universidade pública, de qualidade, tem um significado incomensurável pra qualquer cidade. Para uma cidade como Parauapebas, então, é fundamental: será um marco para consolidação de nosso processo civilizatório; uma nova trilha para nosso futuro; uma nova perspectiva para nossos jovens, que terão uma verdadeira alternativa de formação, de qualificação. Que família não gostaria de ver seus filhos e filhas com um diploma?

Artesquerda: Como historiador, contextualize esta conquista?
R.: É uma porta aberta para o futuro! E chega num momento extremamente importante! Antes mesmo de ser oficial e definitivamente implantada já tem uma importância fundamental: veja-se quão brilhante vem sendo o movimento estudantil pró UNIFESSPA – espontâneo, organizado, transitou por todas as esferas, dialogou com todos os partidos; conseguiu adesão dos extremos de nosso espectro partidário: sob a mesma bandeira, se juntaram lideranças do PT e do PSDB! Só esse movimento, por si só, já nos dão a dimensão do que significa a universidade aqui em Parauapebas!

Artesquerda: Qual relação dessa conquista entre a implantação do campus universitário/UFPA e o desenvolvimento de novas alternativas econômicas à matriz mineradora de nossa região?
R.: A presença do campus traz uma nova alternativa! Será uma permanente possibilidade de conhecimento e produção de conhecimento em nossa região. Teremos condições de estudar nossa região e, a partir desse conhecimento, fazer fluir todas as nossas potencialidades e transitar para um novo marco econômico para além da economia mineratória, que, como sabemos tem prazo de validade; aliás, está se aproximando do seu vencimento! Precisamos, e o campus universitário, nos possibilitará criar, novas matrizes econômicas, conforme nosso potencial no setor de serviços, no turismo ecológico, nas ciências. Como disse, o campus universitário é uma porta para o futuro!

Artesquerda: Quais outras lutas considera importante e estão na ordem do dia?
R.: Entendo que o movimento estudantil pró UNIFESSPA deu uma lição às nossas lideranças políticas e sociais, digamos, adultas! Agora, precisamos levantar a bandeira da civilidade no sentido puro da palavra, isto é, a “vivência na e para a cidade”: temos que exigir uma qualidade maior e melhor de nossos líderes e mantê-los em permanente pressão para que nos representem em um nível mais alto. Como professor, educador e cidadão, penso que é o momento de forçarmos um pacto social, em nível de município, para darmos cabo ao tal turno intermediário, temos que aumentar o tempo de permanência de nossas crianças na escola, temos que ter mais e melhores escolas. Outro problema que precisamos enfrentar com urgência é a nossa guerra de todo dia no trânsito: precisamos ordená-lo, no mínimo, por uma questão de saúde pública – não é mais possível que gastemos tanto de nossos recursos para a saúde pública com atendimento de acidentados em nosso caótico e mal-educado trânsito. É importante que nos reeduquemos, pois, se não for um movimento da sociedade, os poderes públicos, por mais que façam, não darão conta de para esta espécie de guerra civil em que se transformou nosso trânsito.

[1] Leônidas Mendes de Araújo Filho, é "um Paraíba" radicado em Parauapebas, historiador de formação, professor e educador, pai de Mariah e Gracco, marido de Aninha e como dizem aqueles que o conhecem: um verdadeiro contador de histórias, seja em prosa ou em verso.


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1 Response to "UNIFESSPA: Entrevista com o Prof. Leo Mendes"

  1. Professor Léo é mesmo uma figura em extinção...
    Pessoa maravilhosa e que admiro muito! Sucesso p/ vc!

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