AVALIAÇÃO CONGRESSO DA JUVENTUDE DO PT

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Não basta ser jovem,
por Bruno Elias

Entre os dias 12 e 15 de novembro, realizou-se em Brasília, o segundo Congresso da Juventude do PT. Um balanço detido do congresso merecerá mais detalhes, mas dos vários pontos possíveis de serem avaliados, um em particular nos interessa: teria este Congresso ampliado a capacidade da Juventude do PT disputar um programa socialista e se enraizar na realidade e nas lutas da juventude brasileira?

Afinal, já é senso comum reconhecer que “novos personagens entram em cena” no atual momento político do país. As políticas sociais e econômicas dos últimos anos promoveram grande mobilidade social, retirando milhões da pobreza e ampliando a classe trabalhadora.

Estes trabalhadores, jovens em sua maioria e mal denominados nova classe média, tiveram uma elevação de suas condições materiais que não foi acompanhada por uma correspondente elevação cultural ou de valores solidários, humanistas ou mesmo das posições políticas de esquerda e progressistas.

As eleições de 2010, por exemplo, foram marcadas por esse descompasso entre os grandes avanços dos últimos anos e o conservadorismo ainda enraizado em setores da população. Ampliar e polarizar essa disputa ideológica contra a direita será uma das principais tarefas dos partidos de esquerda e dos movimentos sociais no próximo período.

É neste aspecto que as investidas de algumas denominações religiosas contra o Estado laico, a onda de ataques homofóbicos nas grandes cidades, a audiência de propostas como a pena de morte e a redução da maioridade penal, a criminalização do uso de drogas leves, entre outras ações, revelam o conteúdo reacionário e conservador da ação da direita que devemos enfrentar.


Precisamos de mais partido e luta social

Esta disputa se acentuará entre as novas gerações. O atual momento político coincide com um quadro demográfico de expressiva presença de jovens no país, conformando um quarto da população brasileira. Para uma parte expressiva destes jovens, não há memória do período neoliberal e o modo petista de governar é assimilado como exemplo de política tradicional, parte do status quo e incapaz de apresentar grandes novidades.

Superar essa percepção exigirá que o PT incorpore o tema juventude na sua agenda política e amplie as iniciativas que reforcem o caráter democrático e militante do partido. Assim, a tarefa dos jovens petistas passa a ser maior do que tratar apenas dos temas “de juventude”. Uma das principais tarefas da Juventude Petista deve ser a de MUDAR O PT, retomando sua presença nas novas marchas, redes e lutas da juventude, a formação política, o debate ideológico e a ação cultural.

Diante de tais tarefas e depois do congresso, fica claro que a nova geração do PT ainda terá uma longa caminhada para se firmar coletivamente como capaz de reencantar para a política amplos setores da juventude brasileira.

O Congresso da Juventude do PT impulsionou uma forte mobilização da juventude do partido. Convocado em mais de 1500 municípios de todos os estados do país, mobilizou em três meses quase 20 mil jovens na base do PT. Esta energia acumulada deve ser convertida em grandes atividades no próximo período, como o primeiro Encontro Nacional de Secretarias Municipais da Juventude do PT, a organização setorial, a campanha de filiação e Voto aos 16, a realização da segunda Caravana da JPT e a campanha municipal de 2012.

No entanto, o Congresso também foi pautado por visões distintas de como organizar a juventude do PT, ainda que parte dos desafios acima citados tenha sido reivindicada por grande parte das teses. Em muitos momentos, nosso Congresso combinou os mesmos vícios presentes em congressos estudantis e outras eleições partidárias. Práticas como a de artificialização de delegações municipais e estaduais e o controle centralizado da burocracia do Congresso nas mãos de apenas uma força política devem ser superadas.

Outra crítica recorrente é a de que precisamos também reformar nossos fóruns e espaços de debates. Quatro dias de mesas e uma programação vertical sem grupos de discussão entre jovens de todo o Brasil, além de um desperdício só reforça o afastamento da juventude com os espaços do PT. Aliás, reiteramos o discurso do presidente do partido, quando este disse que para atrair os jovens devemos enfrentar os burocratas. A JPT que queremos não é uma juventude institucionalizada e encastelada nos gabinetes.

Do ponto de vista da disputa do Congresso, o acordo eleitoral da chapa majoritária – Construindo um Novo Brasil e Democracia Socialista – também foi objeto de polêmica em plenário. Aqui não se trata de questionar a política de aliança de outras tendências internas do PT, mas a criação de uma secretaria-adjunta sem ter sido debatida ou proposta na comissão de sistematização serviu tão somente para acomodar o amigo do rei.

Nestes mesmos termos, ainda seria aprovada pela “nova maioria” uma emenda totalmente dispensável, incluindo o conceito de revolução democrática na resolução política do congresso. Requentada nos últimos anos, a revolução democrática ora é apresentada como as realizações dos governos Lula e Dilma, ora como plataforma pós-neoliberal. Se nem no PT os moderados aprovam mais isso nas resoluções, sua inclusão no documento da JPT serviu apenas para o conhecido argumento do “eles toparam o nosso programa”.

Apesar disso, o balanço geral do Congresso da JPT é positivo. A juventude do PT demonstrou ser muito maior que sua maioria de ocasião e mesmo com todas as adversidades, a esquerda socialista do PT permanece viva e atuante.

Celebrada nos discursos e documentos do Congresso, a idéia de pacto ou transição geracional, em si, não quer dizer nada quando descolada do conteúdo da política. Não basta ser jovem. A atuação da JPT também deve estar a serviço de uma nova política.

Nossas lutas e sonhos são de todas as cores. Nossa esperança é vermelha.

Bruno Elias
http://brunoeliasjpt.blogspot.com


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