A pesquisadora, que viveu por oito meses no país estudando as diferenças entre as populações urbanas e rurais, aponta que as mudanças radicais na economia estão provocando o aumento da má distribuição de renda. “Hoje a China só perde para o Nepal, entre os países mais desiguais da Ásia e está entre os mais desiguais do mundo caminhando para um processo chamado lá dentro de latino americanização chinesa", disse em entrevista a Luis Nassif.
Segundo Morais, o país asiático passa por um intenso boom imobiliário, que cresce sobre a especulação de terras da população rural. O resultado é o aumento vertiginoso do número de ex-camponeses a procura de trabalho nos centros urbanos. No início da abertura econômica, na década de 1980, a população urbana chinesa era de 10%, hoje alcança 50%, com estimativas de chegar 75% da massa populacional vivendo nas cidades.
A professora também explica que apesar da flexibilização com relação à migração de zonas rurais para zonas urbana, o trabalhador urbano com um hukou (Registro de Controle Migratório) rural está numa situação muito precária, "tanto do ponto de vista de rendimentos, quando de acesso à educação, pois não pode colocar o filho dele nas escolas e nem pode acessar os serviços hospitalares da cidade onde não tem registro de nascimento”, isso facilita a queda de salários de trabalhadores migrantes, que geralmente vivem nos dormitórios das fábricas tornando-se o piso do piso salarial do mercado de trabalho chinês.
Apesar desse cenário, Isabela avalia intensos esforços do governo em reduzir as disparidades sociais e aumento de investimentos em regiões menos desenvolvidas do país, como o Nordeste e Oeste, criação de seguro saúde para as populações rurais – que até então tinham que pagar por isso, e isenção das taxas que eram cobradas de familiar para manter suas crianças nas escolas.
Acompanhe a entrevista na íntegra.
http://www.advivo.com.br/materia-artigo/tese-aponta-bases-da-desigualdade-social-na-china
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