O atentado nos Estados Unidos e a radicalização no Brasil

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Balaio do Kotscho

Ainda não chegamos a tanto, mas é bom tomarmos cuidado para que o clima de radicalização política, que se acirrou na campanha presidencial, não acabe em tiros por aqui, como aconteceu nos Estados Unidos neste final de semana.
Lá também ninguém esperava que os discursos irados da oposição republicana contra o governo Obama e o seu projeto de reforma da saúde, amplificados na velha e na nova mídia por jornalistas da direita radical, cada vez mais belicosos, fosse acabar em tragédia.
Mas hoje parece ninguém mais ter dúvidas de que “a insensatez retórica que permeia nosso momento político”, na perfeita definição de Matt Bai, no New York Times, levou Jared Loughner, um jovem de 22 anos, a cometer o atentado que deixou seis mortos e feriu gravemente a deputada democrata Gabrielle Giffords, além de outras 13 pessoas, em Tucson, no Arizona.
Autoridades americanas informaram nesta segunda-feira já ter provas de que Loughner planejou a ação. Por que será que, momentos após a divulgação dos primeiros relatos sobre o atentado de Tucson, sumiu da internet o infame mapa de “mira telescópica” de Sarah Palin, que mostrava distritos como alvo de tiros, incluindo o de Giffords, segundo a denúncia de Matt Bai?
Candidata derrotada a vice na chapa republicana, uma espécie de Indio da Costa dos americanos, Palin é a voz mais estridente da oposição a Obama. Em março, logo após a votação da reforma na saúde, ela publicou propaganda colocando alvos em 20 Estados e listava Giffords entre os parlamentares democratas que deveriam ser derrotados nas eleições legislativas de novembro, segundo o relato de Álvaro Fagundes, correspondente da Folha em Nova York.
A oposição partidária por aqui está em férias, mas continua atuante na mídia, até desenterrando toda hora o passado para lembrar a participação de Dilma Rousseff na luta armada e lançando a cada dia novas denúncias contra o ex-presidente Lula.
“O PSDB que me desculpe, mas ter um presidente que vai para a Disneylândia enquanto o governo se inicia é um absurdo. Ficam os desmandos sem oposição”, chegou a se queixar no twitter o ex-secretário tucano Herbert Alqueres.
Nada contra o Sergio Guerra ir passear na Disney, onde eu também estive, mas Alqueres está sendo injusto com os bravos editores, colunistas e blogueiros que continuam dedicados a manter acesa a chama na luta contra o antigo e o atual governo.
Basta ver a grosseria e a intolerância constantes nos artigos e nos comentários dos leitores na internet para constatar que o clima por aqui não é muito diferente daquele que antecedeu o tiroteio com 20 vítimas no Arizona.
Os fundamentalistas pró e contra o governo brasileiro, o que saiu e o que entrou, continuam com o dedo no gatilho, como se a eleição de 2010 já não fizesse parte da história. Agora, caros amigos, gostemos ou não do resultado, só tem outra em 2014.
Matt Bai comparou o quadro atual com os embates ideológicos dos anos 1960, “marcados por uma série de assassinatos políticos que mudaram o rumo da história americana”, e das guerras culturais dos anos 1990, em torno do direito ao porte de armas e ao aborto, quando extremistas de direita deixaram 168 mortos em Oklahoma City.

“O que é diferente no atual momento é o surgimento de uma cultura política em blogs, no twitter e na TV a cabo que, em voz alta e sem hesitar, reforça visões sombrias de extremistas”, constata o articulista do New York Times.

Lá como cá, havia cheiro de pólvora nas palavras. Para virar tragédia, basta aparecer um maluco armado.

Do sítio Carta Capital


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