“A mudança é a lei da vida.
E aqueles que apenas olham para o passado
ou para o presente irão com certeza perder o futuro.”
Penso que poucos assuntos foram (ou vem sendo) tão falados, discutidos, debatidos, nos últimos dias, em Parauapebas, quanto às aguardadas mudanças no primeiro escalão do Governo Cidadão, agora ressabiado pelo resultado das urnas de outubro próximo passado.
Em verdade, para muitos, estas mudanças já deviam ter acontecido. E por motivos os mais variados. Para alguns, cidadãos comuns, há muito o Governo Cidadão necessita de correções, de rumos e de nomes, de feitos e de fatos.
Para outros, estes mais próximos do petismo, sob efeitos da ressaca da acachapante derrota impingida à tentativa reeleitoral da governadora Ana Júlia, se está chorando sobre o leite derramado: ou, em outras palavras, se está fechando a porta depois que ela já foi arrombada.
No caso específico, para estes as mudanças, que deveriam ter sido feitas no passado, para resultar em reflexos no presente, com grandes possibilidades de alteração do futuro do governo, e de seu partido, chegam com atraso. Aliás, bastante atrasadas!
No que se refere a Parauapebas, as mágoas petistas se voltam mais diretamente a dois aliados: PTB – vereador Antonio Massud; e PDT – vereador e secretários. No primeiro caso, para a maioria dos petistas, a crise política foi gerada pelo aberto apoio do vereador petebista ao, agora governador eleito, Simão Jatene (PSDB), além de várias declarações antipetistas, durante e depois das eleições.
Estes petistas, incluindo-se entre eles parte da direção estadual do partido, entendem que o pacto político com o PTB, em nível estadual, assim como com o vereador Antonio Massud, em nível local, se tornou insustentável, com conseqüências tanto no Governo Cidadão, como na Câmara Municipal.
Avaliam eles que não se tratou apenas de franca adesão à campanha peessedebista, agravada pelo fato de o PTB ter um acordo formal com o PT tanto no estado como no município. Mas, e neste ponto se encontra o motivo maior de sua insatisfação, o parlamentar petebista usou de seu espaço político no Governo Cidadão para fazer campanha contrária aos “interesses maiores” mesmo.
Agora, com “Inês já morta”, exigem e pressionam, pelas entranhas do partido, do próprio governo e até mesmo sobre seus parlamentares mirins, uma nova relação com o PTB/Massud.
Nesta nova lógica, exigem o imediato rompimento do pacto político-administrativo Governo Cidadão/PT-PTB/Massud, com a recomposição do espaço político da SEMURB e do acordo sobre a presidência da Mesa da Câmara.
Avaliam ainda que, o rompimento unilateral do PTB/Massud com o PT é um claro indicativo de suas pretensões ao “vôo solo” (no caso, sem e longe do PT) em 2012, seja como (pretenso) candidato a prefeito, seja como vice de qualquer outro candidato que entenda ter condições de, outra vez mais, derrotar o petismo, desta feita em nível municipal.
É preciso frisar com mais ressalvas este ponto, visto que não se trata apenas de derrotar o PT. Para o parlamentar petebista, além de derrotar as pretensões petistas à continuidade governista em Parauapebas, o candidato antipetista deve ter as possibilidades/condições concretas de vitória em 2012.
Nesta estratégia, Massud/PTB vislumbram maiores perspectivas políticas, pois, se aliando a uma candidatura com viabilidade eleitoral como candidato a vice-prefeito, ou sendo o próprio este candidato a prefeito, desde que sustentado numa ampla frente partidária, teriam condições de ampliar a sua bancada em, no mínimo, dois nomes, com um deles sendo muito provavelmente sua esposa ou alguém muito ligado a ele.
É por conta dessas percepções que são cada vez mais crescentes as pressões petistas para que o Governo Cidadão, e sua base parlamentar, encaminhem urgentemente uma mudança nos acordos políticos; temem que se repita, em 2012, os resultados de 2010; desta feita com conseqüências ainda mais desastrosas para o PT.
O raciocínio, tanto de petistas quanto de não-petistas, é mais ou menos este: depois de derrotado no estado, com administrações mal-avaliadas nos municípios (ou pelo menos, na maioria dos municípios que administram), uma nova derrota eleitoral, desta vez em nível municipal, em 2012, seria (será) o “fim do petismo” no Pará.
De fato, pode/poderá até não ser “um fim definitivo”, mas, sem dúvida, será/seria um golpe muito forte; o PT ficaria/ficará, assim avaliam, petistas, aliados, ex-aliados, ex-quase-aliados e quase-ex-aliados, pretéritos, presentes e futuros, que demoraria/demorará muito tempo, talvez uma geração, para que o petismo ressuscite no estado do Pará.
É neste quadro, e com este cenário, que o PT vem trabalhando. É dentro desta lógica que petistas de todas as cores e estirpe têm cobrado do Governo Cidadão mudanças. Mudanças, que acreditam, deveriam ter sido na antevéspera das eleições 2010 e não sob o rescaldo de tão contundente derrota eleitoral.
Para estes petistas muitos sonhos e projetos estão agora em suspenso! E com um agravante, pois que consideram que, neste último quadriênio o cenário lhe foi mais favorável, vez que podiam contar com os governos federal (Lula), estadual (Ana Júlia) e municipal (Darci Lermen). E certamente o próximo não será assim.
Pois é, como diz o poeta, “não é possível fazer outro passado; mas, se pode fazer outro presente; e, por isso, talvez, outro futuro”.
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