Além do balanço do processo eleitoral e da orientação sobre mandatos e governos, a direção nacional da AE aprovou também um plano de trabalho para 2011, cujas diretrizes reproduzimos a seguir.
Concluída a eleição presidencial de 2010, tem início uma nova etapa na luta política no Brasil. Uma caracterização mais profunda a respeito será feita pelo 1º Congresso da Articulação de Esquerda, cuja plenária final será realizada nos dias 8 a 10 de julho de 2011, no estado de São Paulo.
Apresentamos uma caracterização inicial desta nova etapa e algumas das tarefas políticas e organizativas decorrentes, em duas resoluções aprovadas pela direção nacional da AE, em reunião realizada no dia 4 de novembro. As resoluções têm como título: “Mandatos e governos” e “Balanço do processo eleitoral e desafios do próximo período”.
A partir desta caracterização inicial, apontamos a seguir as diretrizes de nosso Plano de Trabalho, das quais decorre uma lista de Tarefas para a direção nacional, cujo mandato expira em 10 de julho de 2011.
Diretrizes
1. Para continuar mudando o Brasil, disputar os rumos do governo Dilma
A eleição de Dilma Roussef não encerra a luta contra a influência do neoliberalismo no Brasil; tampouco encerra a disputa a disputa entre a via conservadora e a via democrática de desenvolvimento.
Ao contrário, ambas as disputas tendem a se aprofundar ao longo da gestão Dilma, por iniciativa da oposição de direita, da esquerda político-social ou do próprio governo.
A coligação governista possui uma ala esquerda, que deve ser encabeçada pelo PT. Esta ala esquerda deve continuar a luta contra o neoliberalismo e em favor do desenvolvimento com soberania, integração continental, aprofundamento da democracia e ampliação das políticas sociais.
A ala esquerda da coligação governista também deve impulsionar a luta por reformas estruturais, articulando isto com nossa luta pelo socialismo. Bem como travar a disputa em favor de uma cultura de esquerda.
Nossos mandatos parlamentares, assim como a influência que tivermos nos governos federal, estaduais e municipais, devem estar à serviço destes objetivos.
Se tivermos êxito neste conjunto de frentes, o governo Dilma será superior ao governo Lula, assim como o segundo governo Lula foi superior ao primeiro governo Lula.
2. Para disputar os rumos do governo, organizar, mobilizar e conscientizar as classes trabalhadoras
Vencemos em 2010 graças ao voto dos setores populares, cuja vida melhorou ao longo dos nossos oito anos de governo federal.
Mas a diferença entre a popularidade do governo e a votação de nossas candidaturas em todos os níveis confirma algo que sempre dissemos: a melhoria das condições materiais, ocorrida nos últimos anos, não foi acompanhada de uma elevação correspondente da cultura política.
Motivo pelo qual é preciso investir muito mais na consciência, organização e mobilização das classes trabalhadoras. Inclusive porque será a ação autônoma, espontânea e consciente das classes trabalhadoras que criará o ambiente necessário para que o governo Dilma seja superior ao governo Lula. O que deve se traduzir em três grandes mudanças: a reforma tributária, a reforma política e a democratização da comunicação.
3. O fortalecimento das classes trabalhadoras será potencializado pela unidade da esquerda
A derrota eleitoral da coligação encabeçada por Serra não deve nos fazer menosprezar a hegemonia política e social da burguesia e a força da oposição de direita.
A oposição de direita continua forte e atuante, através de suas bancadas parlamentares, dos governos estaduais e municipais que controla, dos principais meios de comunicação e através da influência que possui sobre diversas instituições, entre elas as Igrejas. O conservadorismo e o reacionarismo ideológicos se expandiram. Além disso, as idéias neoliberais seguem influentes em setores da coligação governista, e mesmo dentro do PT possuem representantes.
Para enfrentar o Estado Maior da direita, é preciso unidade da esquerda, ou seja, das forças democrático-populares e socialistas: partidos, movimentos sociais e intelectualidade democrática.
A unidade das esquerdas é essencial, ademais, para garantir que o governo Dilma seja hegemonizado pelas forças comprometidas com um desenvolvimento de tipo democrático e popular. E para bloquear a presença, em postos-chave da nova administração, de personagens vinculados as idéias do “ajuste fiscal”.
A unidade das esquerdas, por fim, colabora na conscientização, organização e mobilização das classes trabalhadoras.
4. A unidade da esquerda passa por superar as debilidades do PT
O PT sai fortalecido do processo eleitoral. Mas suas debilidades ideológicas, programáticas, políticas e organizativas ficaram mais uma vez evidenciadas.
Cabe às lideranças partidárias identificar nossas debilidades e aprovar as medidas necessárias para superá-las. Tendo claro, desde o princípio, que as debilidades organizativas têm raízes político-ideológicas.
Atualizar nosso programa e nossa estratégia, reformar nosso estatuto e aprovar um plano de ação para o período, são os principais objetivos do Congresso extraordinário que o PT realizará em 2011, com os mesmos delegados e delegadas que participaram do 4º Congresso Nacional.
5. Para melhorar o PT, fortalecer a esquerda socialista
As debilidades do PT possuem diversas causas, entre as quais se destaca a legislação eleitoral, que privilegia as carreiras individuais e o financiamento privado de campanhas.
Um dos subprodutos disto é o fortalecimento, no interior do Partido, do social-liberalismo e do pragmatismo.
Reverter esta situação exigirá um conjunto de ações externas e internas, entre as quais destacamos a reforma política, introduzindo o voto em lista e o financiamento público.
Vinculado a isto, está a criação de mecanismos de comunicação de massa; a retomada da prática do trabalho de base em períodos não eleitorais; e o reestabelecimento de uma hegemonia democrático-popular e socialista no interior do Partido.
Debater o programa, a estratégia e a organização do petismo, para enfrentar o novo período da luta de classes aberto com a eleição de 2010, será um dos temas centrais do 1º Congresso da Articulação de Esquerda.
6. Para fortalecer a esquerda, ampliar nossa influência intelectual, nossa força social e institucional
A força que a direita demonstrou, nas eleições de 2010, confirma mais uma vez que é preciso ampliar a força institucional da esquerda brasileira, nossa organização partidária e social, bem como nosso trabalho cultural-político-ideológico junto às camadas populares.
A oposição de direita já se prepara para nos enfrentar, na oposição parlamentar e midiática, bem como nas eleições de 2012 e 2014.
De nossa parte, é preciso ampliar nossa presença no debate de idéias; multiplicar nossa força junto aos setores organizados; e iniciar desde já a preparação do Partido para as eleições municipais de 2012, para eleger o maior número possível de prefeitos e prefeitas, vereadores e vereadoras.
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