Candidatura Serra - A confusão como tática de combate

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Yuri Soares*

No último período desta eleição presidencial o candidato José Serra tem se esforçado, com o apoio da grande mídia, em lançar o debate político no campo da discussão policial. Desde os telejornais até as redes sociais na internet há uma orquestrada campanha de difamação, confusão e rebaixamento do debate programático.

Muitos jornalistas e articulistas progressistas tem comentado sobre a trajetória "errática" ou mesmo "desesperada" do nosso adversário, chegando ao ponto de tripudiar sobre a sua posição, que estaria prestes a amargar uma derrota acachapante. Não percebem que em uma análise conjuntural de longo prazo a suposta confusão do campo reacionário cumpre um papel central na manutenção de posições estratégicas para a direita.

Ao desviar o foco do essencial em uma eleição, que deveria ser o programa político, Serra garante que seus aliados nos estados possam seguir tranquilamente em suas campanhas sem entrar no debate nacional, por vezes até mesmo se apresentando como “amigos do Lula”, enquanto os candidatos de esquerda buscam se eleger no rastro da “onda vermelha”, se apresentando como candidatos da Dilma , sem no entanto se diferenciarem de maneira clara dos “amigos da onça” que tentam surfar indevidamente nesta onda também.

Mas o pior ocorre com nossa militância virtual, sobrecarregada na tarefa de combater o Golias midiático, representado pelas Organizações Globo, Grupo Abril, dentre outros, acabamos concentrando todas as nossas pedras de Davi cibernéticas (e bem reais!) apenas na boca do gigante que vomita mentiras, esquecendo de atirar pedras também na cabeça pensante, para matá-lo de vez!

Temos que compreender que nesta eleição não está em jogo apenas a eleição de Dilma, como a cada dia parece mais provável que ocorra logo no primeiro turno. Esta campanha deve cumprir o papel histórico de aprofundarmos o debate sobre os rumos do próximo governo, do país e principalmente conseguirmos tornar a conjuntura dos próximos 4 anos mais favorável à realização das mudanças  necessárias para melhorar a vida do povo brasileiro.

Para isso, não basta apenas elegermos governadores, senadores e deputados aliados sem que haja neste momento da eleição um debate com a população sobre o programa político que pretendemos implementar democraticamente durante os próximos anos, e para que isso ocorra precisaremos de pessoas politizadas e mobilizadas cotidianamente, e este é o momento ideal para acumularmos forças para as próximas lutas que virão.

Não temos o direito de nos embiagarmos, ganhando Dilma com 51%, 60% ou 70% dos votos, com maioria no Senado e na Câmara, o outro lado não abrirá mão de suas idéias. Precisamos construir uma hegemonia política e uma consciência popular de que é necessário seguir mudando (e não apenas continuar o que tem sido feito de bom) para implementar um programa progressista no futuro governo Dilma.

Serra pode até não fazer isso de maneira consciente, mas dentro de uma estratégia maior da direita o caos em sua campanha e o rebaixamento do debate servem a um propósito maior: enquanto estivermos presos nesta arena deixamos de dialogar com o povo sobre democratização da comunicação, reforma agrária, redução da jornada de trabalho, reforma tributária dentre tantas outras pautas que certamente devem fazer parte de um programa democrático e popular!

Segue para reflexão um trecho do livro “A arte da guerra” de Sun Tzu:

"Embaralhada e turbulenta, a luta parece caótica. No tumulto de um combate pode parecer haver confusão, mas não é bem assim, entre a confusão e o caos uma formação de tropas pode parecer perdida e mesmo assim impenetrável, sua disposição é na verdade circular e não podem ser derrotadas. A confusão simulada requer uma disciplina perfeita"

* Yuri Soares é estudante de História da Universidade de Brasília e militante do PT-DF, e participa do Diretório Central dos Estudantes Gestão "Amanhã vai ser MAIOR"


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