A reação de setores da esquerda brasileira, em especial de algumas pessoas do PV, ao discurso do candidato psolista Plínio de Arruda Sampaio já está passando dos limites do debate civilizado.
No Rio de Janeiro, nas mesas de bares e esquinas dos Baixos Leblon e Gávea, líderes como Alfredo Sirkis, presidente do PV carioca, ficam falando coisas assim:
Ele (Plínio) é um burguês quatrocentão que mora em um apartamento de R$ 1 milhão falando de uma menina pobre, nascida na floresta, que se alfabetizou aos 16 anos e passou fome". (Folha Online, 07-08-2010)
Vamos por partes.
Em primeiro lugar, esta história de apartamento de um milhão de reais surgiu realmente na Mídia, mas já foi desmentida numa reportagem do jornal do "O Estado de São Paulo". Foi uma "barriga", como se diz, ou contra-informação, dá no mesmo.
Mas aqui eu pergunto, qual seria o problema de um procurador aposentado de 80 anos ter conseguido adquirir um imóvel neste valor? E qual o problema de sua origem de classe?
À primeira pergunta eu respondo que não acho nada de mais que os frutos do trabalho de um vida digna e honesta proporcionem conforto a qualquer trabalhador. Ademais, em São Paulo, apê de um milhão não seria grande luxo. Mas de qualquer forma, é mentira, Plínio não possui tal imóvel.
E com relação à origem de classe, façam-me um favor. Ler uma crítica destas logo de Alfredo Sirkis, moço criado com todo o conforto no bairro do Flamengo, filho de imigrantes judeus poloneses trabalhadores e honrados, que conseguiram com muito esforço uma boa condição social. Aliás, como a maioria dos polacos, eles tinham verdadeiro horror ao comunismo, que para eles era o sinônimo do "socialismo real" que infernizava a sua pátria de origem.
E que sofreram muito, mas nunca deixaram de amar o filho bem-criado, que embora optando pelo lado certo, se deixou levar pelas táticas erradas, e acabou em "aparelhos" junto do capitão Carlos Lamarca. Isto tudo, entre uma e outra escapada para ir ao psiquiatra, caso único na esquerda brasileira de militante clandestino, mas que frequentava e abria suas angústias em sessões de psicoterapia...
Alfredo Sirkis tem a admiração do poster como escritor, pela experiência de vida, pela coragem e destemor. Mas deveria guardar sua indignação e língua ferina para questões de seu próprio partido.
Não se ouviu uma palavra dele com relação ao correligionário maranhense, o "ficha limpa" verde Zequinha Sarney... Por que lhe falta veemência neste assunto?
Mais do que qualquer outra pessoa, Sirkis deveria saber que nada, absolutamente nada, é mais pequeno-burguês do que negar a própria origem de classe.
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