POLÍTICOS SEM POLÍTICA

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Leônidas Mendes
Postado originalmente no blogo Wanterlor Bandeira (http://blogdowanterlor.blogspot.com/)

“(...) Do povo oprimido nas filas, nas vilas, favelas.
Da força da grana que ergue e destrói coisas belas (...).”
(Caetano Veloso, Sampa)

Quando, em 2005, veio à tona o chamado “Escândalo do Mensalão”, nome pelo qual ficou conhecido o esquema de financiamento de campanhas eleitorais gerido pelo ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares, e pelo publicitário mineiro, Marcos Valério, seus efeitos foram além do desnudamento da promiscuidade da política brasileira.
De fato, embora o escândalo tenha “estourado no colo” petista, sabemos hoje que ele era bem mais antigo e já era usado pelo PSDB desde início dos anos 90. Aliás, sabemos mesmo que ele foi inicialmente montado para financiar a campanha do atual senador peessedebista mineiro Eduardo Azeredo ao governo de seu Estado, pelo qual, inclusive, foi indiciado em processo judicial que está correndo no STF.
Como também sabemos, as conseqüências desse esquema foram bastante amplas. Dentre elas, e talvez a mais notável, foi a perda do discurso de “monopolizador da ética e da moralidade” então professado pelo PT. Além, é claro, do desencantamento geral que se abateu sobre grande parte de sua militância política.
Esse desencantamento, aliás, transcendeu as hostes petistas e atingiu mesmo a militância política em geral, em todos os rincões do país, perpassou por todos os partidos, mais notadamente nos que se dizem de esquerda, e chegou mesmo aos momentos sociais, principalmente por que muitos desses eram umbilicalmente ligados ao PT e não escaparam incólumes ao desgaste.
Estas conseqüências são notórias: até mesmo os mais desatentos e desinteressados por política a perceberam e a reconhecem. O que poucos parecem ter se apercebido é que aquele escândalo fez surgir, ou pelo menos evidenciou ainda mais, um novo tipo de político no Brasil: o político que não acredita e nem gosta de política!
E Parauapebas perece ter se tornado um dos ambientes mais propício para sua proliferação. Em nossa cidade, esta tem sido a marca de nossos políticos: não gostar e nem acreditar na política. Para termos a real dimensão de como este tipo de político domina nossa cena política, basta-nos observar os nomes e o comportamento de nossos candidatos locais à ALEPA.
Se observarmos bem seu comportamento, opiniões (silenciosas, é claro) e postura política veremos que, tendo talvez como única exceção Faisal Salmen (PSDB), todos os demais se mostram sem gosto ou crença pela política. Reparem que não os vemos falar, andar e/ou agir como políticos. Pelo contrário: agem como se não o fossem; querem mesmo que a população (e os eleitores) assim o vejam. Se pudessem, passariam toda a campanha eleitoral longe da cidade e de seu povo, principalmente aqueles que são ligados ao tão desorientado “governo cidadão”.
À evidência de tal desleixo, não os vemos opinar sobre nada; não sabemos suas opiniões sobre quaisquer dos temas importantes que afetam nossas vidas, nossa região ou nossa cidade. Chego mesmo a pensar que sequer as tenham! (Especialmente o candidato governista Milton Zimmer (PT): o que será que ele acha do desnorteado “governo cidadão” que ele ajudou a montar ou desmontar)?
O que pensam sobre o sonhado Estado de Carajás, além do padrão básico do “adesismo tacanho” para fingir que estão do lado do povo? O que será que lêem sobre mineração, base econômica de nossa cidade? Que projetos têm para o futuro? Quais alternativas seriam capazes de oferecer? Quem sabe? Quem os ouviu? O que será que fizeram para se tornarem candidatos? Como esperam se eleger? São perguntas elementares, mas ninguém os ouve respondê-las, justamente porque não acreditam em suas respostas!
Como não acreditam e nem gostam de política, não fazem política, não falam com o povo. O candidato governista, por exemplo, quase não é visto na cidade. Dizem que está em campanha pela região, pois é sabedor que aqui não encontraria eco ao seu discurso, se é que tem algum. Se tem, qual seria ou será? Defenderá ele o descompassado “governo cidadão”? Ou será fato, e isto parece ser comum a todos os principais candidatos, que mais uma vez, por não crer na política, se valerá da “força da grana que ergue e destrói coisas belas” para conseguir os votos?
Então, cabe-nos a pergunta: até quando continuaremos a aceitar políticos que fingem não ser políticos, que não gostam de política e nem do nosso povo? E, quanto ao nosso povo, até quando continuará a votar pensando na “recompensa” e nos “favores” imediatos, sem medir os efeitos de seu voto, sem se lembrar que “voto não tem preço, tem conseqüências”?
Às vezes, terríveis conseqüências!


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