LUTA SOCIAL EM MOSQUEIRO. RELATOS DE UMA TRAGÉDIA ANUNCIADA.

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Fábio Pessoa


Quem consegue esquecer? No dia 08 de junho de 2010, centenas de ativistas dos movimentos sociais em Mosqueiro, distrito de Belém, protagonizaram mais um momento da luta de classes na ilha. Reivindicando o retorno do serviço de Urgência e Emergência no posto de saúde do bairro do Maracajá, um dos mais populosos de Mosqueiro, os moradores do bairro organizaram uma grande manifestação em protesto contra a decisão do prefeito Duciomar Costa (PTB) em abandonar a saúde pública municipal na ilha e na cidade como um todo.

Aos moradores do Maracajá juntaram-se lutadores de outros bairros, além de trabalhadores dos Assentamentos Doroty Stang, do Mártires de Abril e do Paulo Fonteles. Também participaram lideranças do SINTEPP em Mosqueiro, da CUT (Central Única dos Trabalhadores) do MST e do Partido dos Trabalhadores, além de grêmios estudantis . Após meses de espera e de inúmeras tentativas de diálogo com as autoridades municipais, sem nenhum resultado prático, os lutadores resolveram radicalizar. Realizou-se uma manifestação próximo à Ponte Sebastião Oliveira (Belém-Mosqueiro), resultando no fechamento do acesso à ilha.

Dessa vez, além da grande quantidade de ativistas, houve a ampliação da demanda social apresentada pela população, indignada com anos de abandono. Reivindicava-se não apenas saúde pública, mas também transporte, construção de creches, iluminação pública, limpeza e manutenção de vias, direitos garantidos constitucionalmente. A pista foi fechada e seria desobstruída quando da chegada de uma autoridade do município para conversar com a população e resolver as angústias. Mas na Belém de DUDU, questão social é caso de polícia. Ao invés vez disso, apareceram a guarda municipal, a polícia militar e uma guarnição da ROTAM (Ronda “Tática” Metropolitana)

A ROTAM chegou com o único propósito de desobstruir a rua, a qualquer custo, o que nos remete ao fatídico 17 de abril de 1996, quando os policiais tinham ordens para desobstrução da “curva do S” resultando no assassinato de 19 trabalhadores rurais sem-terra. Dizem que “a história se repete, por assim dizer duas vezes”. A eleição de DUDU foi a farsa. Sua política, a tragédia!

Os manifestantes se comprometeram a desobstruir a via quando da chegada da autoridade da saúde municipal, já contactada e a caminho. Às 14:00 horas, os ativistas começaram a desobstruir parte da pista, mas a polícia não queria diálogo. Mais uma vez a nossa história foi manchada com o sangue desarmado da pobreza. Tiros de borracha foram disparados à queima roupa em trabalhadores. Dois deles, um funcionário municipal, outro caseiro, foram submetidos a cirurgia tamanho a gravidade dos ferimentos. Bombas de “efeito (i)moral” foram lançadas. Não satisfeitos, os policiais, comandados pelo capitão Éricles, levaram os dois trabalhadores gravemente feridos para transformá-los de vítimas em bandidos. Ambos, além do professor Aldo Rodrigues, dirigente do SINTEPP, foram autuados como formadores de quadrilha, entre outros crimes.

Para nós esse é mais um exemplo da criminalização dos movimentos sociais em nossa cidade e no estado. A direita conservadora avança na tentativa de criminalizar os movimentos, transformando lutas sociais como crime hediondo. Para nós, hediondo é a violência praticada a cada ano contra os trabalhadores. Mas se pensam que a luta acabou estão muito enganados. Ela está mais forte do que nunca porque A LUTA NÃO PÁRA!


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1 Response to "LUTA SOCIAL EM MOSQUEIRO. RELATOS DE UMA TRAGÉDIA ANUNCIADA."

  1. A criminalização dos movimentos sociais é uma arma usada para nos reprimir, para nos fazer desistir da luta. Nossa formação nos deixará fortes.

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