ELEIÇÕES NO MARANHÃO

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Entrevista com Bruno Rogens

ARTESQUERDA- Fale um pouco da sua história militante?
Sou o Bruno Rogens. Comecei a minha militância política no curso de ciências sociais da universidade federal do maranhão. Nessa época lançamos uma chapa em que dizíamos “não ser nem direita, nem de esquerda; nem da traseira nem da dianteira...” era uma forma irreverente de criticarmos os chamados dinossauros do curso que com seu palavreado engessado não conseguiam um diálogo direto com as novas turmas que entravam e nem com os novos desafios impostos pela realidade. Conquistamos o Cento Acadêmico e continuamos militando na política estudantil universitária. Me formei em 2004 e terminei o mestrado em ciências sociais em 2007. Atuo desde então como professor universitário. Contudo, no período eleitoral de 2006, com as grandes passeatas estudantis de repúdio às mentiras de roseana sarney e seu grupo de comunicação, tomei a decisão de me filiar formalmente ao PT. Dentro do PT iniciei a militância pela juventude foi quando conheci os camaradas da JAE do qual me identifiquei prontamente com as formulações e com a posição política dentro do coletivo de juventude do PT. Tal identificação aconteceu também com as políticas da AE em relação ao conjunto do PT.

ARTESQUERDA- O que significaria para os maranhenses e a esquerda mais uma vitória dos Sarney?
Seria uma tragédia de proporções catastróficas, tanto do ponto de vista político quando do ponto de vista social. O estado do maranhão simplesmente está estagnado há quase duas décadas. Se observarmos o resultado prático das medidas tomadas por josé sarney e seus aliados frente do governo do estado tomaremos uma dimensão rápida da tragédia social maranhense: em 1966 sarney editou a chamada lei sarney de terras que facilitou a grilagem e cessão de grandes propriedades de terras à empresas ligadas ao grande capital. O resultado social é que os pequenos produtores rurais tivereram que migrar para a cidade ou para outras localidades, incentivando o inchaço urbano e/ou os conflitos agrários. O desenvolvimento econômico do estado foi sabotado durante esse período. O estado não produz alimentos, produtos industrializados, conhecimento e tecnologia. Tudo vem de fora. Os chamados grandes empreedimentos como o projeto Carajás da Vale que tem um porto em São Luís e uma ferrovia que corta o Maranhão ou a própria Alumar não geram cadeias produtivas locais e não induzem o crescimento sustentável da economia maranhense, pelo contrário o resultado desses grandes empreendimentos têm sido a degradação ambiental, a migração e a submissão da força de trabalho dos maranhense à condições degradantes de trabalho como se observa em Açailândia em que até crianças trabalham nos fornos de produção de carvão vegetal usado para a fundição das guserias instaladas na região. A vitória de roseana sarney nessas eleições significaria a continuidade do atraso e da miséria do povo maranhense e o aprofundamento de um modelo de política patrimonial que funciona exclusivamente para garantir os interesses políticos e econômicos da família sarney. Eu diria que o modelo político e social vigente no maranhão é medieval, apesar de ser exercido legalmente por instituições da chamada república moderna.

ARTESQUERDA- Como está o PT do Maranhão após a decisão do Diretório Nacional do PT em apoio aliança do partido com Roseana Sarney?
O PT no estado sempre foi dividido. Aqui nunca se conseguiu superar as disputas políticas de certos grupo ou de certas lideranças e constituir uma unidade mínima em torno de um projeto partidário e eleitoral para o estado. A antiga articulação e atual cnb usa o espaço político criado pelas instâncias do partidos para guerras estatutárias contra correntes contrárias e sempre consegue o que quer nas instâncias superiores do partido. Talvez o exemplo mais dramático tenha sido a recente intervenção branca do diretório nacional que interveio à favor da família sarney após a realização de um encontro estadual de dois dias com debates e votação aberta e nominal, que contou com a presença de presidente nacional josé eduardo dutra e do secretário nacional de organização paulo frateschi, e que decidiu por maioria rejeitar a aliança com a família sarney. Após expedientes como esse o PT do estado se encontra ainda mais dividido e maioria da militância absolutamente contrariada com a incoerência histórica do neo-campo majoritário. Não se imaginou que o pragmatismo eleitoral e político chagasse à esse ponto dentro do chamado neo-campo majoritário do PT. É lamentável que a democracia interna do PT seja exercida através dos mesmos mecanismos de exercício da democracia formal burguesa. A decisão do DN está amparada na resolução 4º congresso do partido que por sua vez foi resultado do que surgiu das urnas do PED de 2009. Ou seja, o que ampara em última instância a decisão do PT de apoiar a oligarquia sarney no Maranhão é o voto desqualificado de filiados-eleitores 'petistas' que em nada se diferenciam do eleitor comum que vende seu voto em troca de meia duzias de telhas ou por alguma dezenas de reais. Enquanto isso a opinião de militantes que dedicam parte de suas vida para a construção do PT é jogada na lata do lixo.
A divisão interna no PT maranhense fez com que o partido em 30 anos não conseguisse formular e apresentar à sociedade um projeto político para o estado do maranhão e oferecê-lo ao eleitorado como alternativa ao sarneismos e aos ditos projetos da oposição ao sarneismo. Se o PT até então havia sido força auxiliar dessa oposição ao sarneismo, agora poderá ser força auxiliar do sarneyzismo no estado e poderá servir para perpetuar a miséria do estado e do povo maranhense.

ARTESQUERDA- Qual a posição da AE-MA e a participação em todo esse processo?
Obviamente que somos contra a entrega do patrimônio político do PT às oligarquias do Brasil. O PT foi construído com o sangue e o suor do militantes que em nome de suas memórias não deveriam ver o que está se passando com o PT hoje. Aqui no Maranhão não há como você colocar na cabeça de militantes que conhecem a história de Manoel da Conceição que, para continuar, o projeto nacional nos temos que apoiar a oligarquia sarney. A questão é que não há projeto nacional sem projeto local. Nós da AE defendemos que caso haja uma vitória eleitoral da oposição de esquerda, representada pela candidatura de Flávio Dino, contra a oligarquias, e vitória de setores petistas anti-oligarquia nas eleições de outubro é imprescindível a formulação de um projeto tático de apoio ao novo governo contra as investidas golpistas da oligarquia, bem como de um projeto político estratégico do PT para a sociedade maranhense.

ARTESQUERDA- Quais as perspectivas quanto a uma vitória de Flávio Dino (maranhão e PT)?
As perspectivas são as melhores. Flávio Dino nunca foi candidato ao governo estadual e larga com percentuais em torno de 20%. Pesquisas qualitativas indicam que 65% do eleitorado maranhense querem renovação na política do estado. Dos candidatos com chances reais de se eleger Flávio Dino é o único que é ficha limpa. É o que tem a menor índice de rejeição. Flávio Dino é um deputado brilhante em brasília e tem um histórico profissional e político invejáveis. Sempre apoiou os projetos do governo Lula. A campanha de Flávio Dino têm se notabilizado até agora por seu caráter mobilizador. A vitória de Flávio Dino é fundamental para o Maranhão encontrar um caminho de desenvolvimento econômico, distribuição de renda, republicanizar e democratizar as relações políticas no estado, combater a corrupção, para construir uma nova era histórica em que o povo do maranhense volte à ter orgulho de sua terra.

ARTESQUERDA- Qual seu comentário final?
Agradeço a oportunidade de tratar nesta entrevista de assuntos tão importantes como os que tratamos aqui. Gostaria de finalizar lembrando o bom e velho Marx que dizia que a roda da história gira à favor dos interesses da classe trabalhadora organizada e consciente de seu papel. A história recente do Maranhão têm sido marcada pela longa experiência do falso, em que há a mentira mas não o mentiroso, há o crime mas não o criminoso, em que a miséria e a pobreza do Maranhão são um espetáculo à ser devorado pela opinião pública brasileira, mas, como uma sociedade constituída de sombras que perderam seus corpos, não se faz a pergunta básica: quem é o responsável por tamanha barbárie? Quem tem responsabilidade política direta sobre o que aconteceu com o Maranhão?por que o projeto nacional do Lula passa por consolidar o apoio político das altas esferas da república à esses criminosos reais que condenaram todo um estado à barbárie?
A História é sábia e haverá de fazer seu julgamento.
O poeta maranhense Gonçalves Dias declamou: a vida é combate que aos fracos abate, mas que aos fortes e aos bravos só pode exaltar.

Tenho certeza que a História exaltará a bravura do povo maranhense.


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