Se dependesse do Estado do Pará a
presidente Dilma estaria reeleita no primeiro turno com 2.040.696 (53,18%),
contra 1.057.860 (27,57%) de Aécio. Marina obteve 627.012 votos (16,34%). Dilma
venceu em 137 dos 144 municípios que existem no Pará. Dilma deverá ampliar, no
nosso estado, a sua percentagem de votos no segundo turno (26 de outubro). Depois
de Dilma o grande vitorioso no Pará foi o senador eleito do PT Paulo Rocha com
1.566.350 (46,30%), contra 741.427 (21,92%) de Jefferson Lima (PP) e 18,46% do
atual senador do PSDB Mário Couto. Rocha obteve ainda uma outra vitória antes
das urnas ao ter sua candidatura mantida pelo TSE, por unanimidade, sob voto da
relatora que alegou em sua decisão que o “réu foi absolvido tanto na casa
política [câmara dos deputados em 2007], quanto na casa jurisdicional [STF no
caso do ‘mensalão’]” e que por isso só caberia ao Tribunal Superior Eleitoral
manter sua candidatura. Ficou para o segundo turno a escolha do governador do
Pará, disputa que ficou muito acirrada entre Hélder Barbalho (PMDB) e o atual
governador Simão Jatene (PSDB). Hélder obteve cerca de 1 milhão 880 mil votos
(49,88%) e Jatene 50 mil menos (48,48).
O PT reelegeu dois deputados federais, Beto Faro e Zé
Geraldo, e três deputados estaduais: Carlos Bordalo, Dirceu Ten Caten
(substituto de sua mãe e atual deputada estadual Bernadete, impedida pela
justiça de disputar o pleito) e Airton Faleiro. Todos eles vinculados às três
principais tendências petistas no Pará que participam da corrente nacional
Construindo um Novo Brasil (CNB). O PMDB manteve seus oito deputados na
Assembleia Legislativa e perdeu, em 2014, comparativamente a 2010, um deputado
federal.
Se a parceria entre o PT e o PMDB
foi vitoriosa em apoio às candidaturas de Paulo Rocha, Hélder e Dilma, a
coligação entre ambos partidos para os candidatos proporcionais favoreceu ao
PMDB. Resultado bastante difícil de explicar a diminuição no total de votos
obtidos por Elcione Barbalho (em 2010 obteve 209 mil votos por apenas 87 mil em
2014) e também de Priante (172 mil em 2010 por 122 mil em 2014), talvez fosse
decorrente da sua prioridade em eleger a Hélder Barbalho governador e uma forte
bancada peemedebista na Assembleia Legislativa para sustentar o futuro governo.
Seja como for, o PMDB se saiu relativamente bem ao eleger um deputado federal a
mais que o PT apesar de que os seus candidatos e legenda obtiveram 123 mil
votos a menos que os candidatos e a legenda do PT.
Assim a “estratégia eleitoral” dos
petistas da CNB que defenderam a aliança eleitoral com o PMDB “em todos os
níveis” e alimentaram a candidatura à Câmara Federal da ex-governadora Ana
Júlia, como “puxadores de votos” para tentar, pelo menos, manter os quatro deputados
federais eleitos em 2010, foi certamente derrotada nas urnas.
Miriquinho Batista, da mesma
tendência que Paulo Rocha (Unidade na Luta/CNB), por apenas 2 mil e pouco votos
não se reelegeu deputado, e a tendência petista Democracia Socialista (DS), ao
dividir seus simpatizantes e eleitores nas candidaturas de Ana Júlia e os favoráveis
à reeleição de Cláudio Puty (candidatura apoiada pela Articulação de Esquerda),
não conseguiu eleger nenhum deputado federal, ficando na quarta (Ana) e na quinta
(Puty) suplência da coligação PMDB-PT.
Tampouco foi muito favorável ao PT a coligação
com o PMDB para deputado estadual. Pois, o PMDB manteve seus oito deputados que
já possuía. Porém, caso o PT não tivesse se coligado com o PMDB, somados os
votos de todos os seus candidatos e legenda, elegeria quatro deputados
estaduais.
O PT teve desempenho muito abaixo do esperado,
principalmente, na região metropolitana de Belém, onde a candidatura apoiada
pela AE foi a que obteve melhor resultado (entre todos os proporcionais
petistas) na capital com a defensora pública e ex-deputada estadual e ex-vereadora
de Belém, Regina Barata, que obteve um total de 20.354 dos quais 13.415 em
Belém.
O atual deputado estadual e ex-prefeito
petista de Belém, Edmilson Rodrigues, hoje no PSOL, foi o campeão de votos em
Belém (17,63% dos votos válidos) sendo eleito deputado federal. A “bancada da
bala” fez três parlamentares e o candidato a deputado federal mais votado do
Pará. Outra curiosidade foi a expressiva votação do radialista Jeferson Lima,
candidato ao Senado, que obteve na capital Belém quase metade de todos os votos
válidos (48,15%), onde ele já havia concorrido em 2012 ao cargo de prefeito
quando foi o 4° colocado.
Por fim, avaliamos que a disputa
ao governo do Pará está completamente indefinida e a pequena diferença de
Hélder (PMDB) sobre o governador Jatene (PSDB). Ao PT e seus candidatos cabe
não desarmar os palanques e continuar a
disputa no Pará contra os tucanos neste 2° turno e mobilizar a juventude,
os movimentos sociais, sindicatos e os diferentes setoriais do PT, como fizemos
e tentamos fazer no primeiro turno.
* Historiadores, membros da direção estadual Articulação de Esquerda no Pará.
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