Siqueira (novo presidente do PSB) tem saudade de Meirelles!!!!

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por Valter Pomar
 
Em artigo publicado no jornal Folha de S. Paulo, o novo presidente nacional do Partido Socialista Brasileiro, o senhor Carlos Siqueira, tenta explicar o apoio de seu partido à candidatura de Aécio Neves.

Segundo Carlos Siqueira, "para que se possa compreender as razões que levaram o Partido Socialista Brasileiro a optar pelo apoio programático à candidatura de Aécio Neves é preciso partir de um elemento de realidade. Esse elemento já estava posto quando o saudoso governador Eduardo Campos decidiu protagonizar a luta pela mudança da qualidade da práxis política: as realizações do PT de Lula não são as mesmas de Dilma Rousseff".

Esperávamos que na sequência Siqueira apontasse as supostas ou reais diferenças programáticas entre os governos Lula e Dilma, e justificasse a partir daí um apoio programático a quem fez oposição tanto ao "PT de Lula" quanto a Dilma.

Mas não é isso que vem na sequência.

O que vem na sequência é uma catilinária sobre o "envelhecimento de ideais, inerente à permanência no poder. Esse processo de fadiga prática e teórica leva, não raro, à aristocratização de lideranças que, na origem, eram comprometidas com as causas populares. Ou seja, o PT que está no poder há 12 anos envelheceu e se afastou de sua base social e de seus ideais políticos".

Deixo registrado que este mesmo raciocínio não foi aplicado no estado de São Paulo, onde o PSB apoiou a reeleição do governador Geraldo Alckmin, senhor das águas e da falta de água.

Talvez os tucanos envelheçam melhor ou não envelheçam (Oscar Wilde?).

Supondo que seja verdade que há uma fadiga de material, ainda assim qual a justificativa programática para apoiar no segundo turno quem se opõe não apenas a Dilma em 2010 e 2014, mas também se opôs ao PT e a Lula em 1994, 1998, 2002 e 2006?

Siqueira argumenta o seguinte: "impunha-se, portanto, como tarefa política, criar para os brasileiros uma oportunidade concreta de alternância. Esse é um princípio básico do regime democrático, ao qual nosso partido se engajou sem qualquer ambivalência já no momento de sua fundação, em 1947".

O "portanto" aí é pura prestidigitação retórica: voce lê o portanto, acha que uma coisa leva a outra, quanto na verdade o autor está mudando de assunto, está deixando de lado qualquer debate explícito sobre o programa e passando a discutir outra coisa. A saber, a tal "alternância".

Ao tratar do tema, Siqueira confunde o direito à alternância com a natureza da alternância. 

O direito à alternância é garantido pelas liberdades democráticas, que permitem ao povo eleger e não eleger seus governantes. 

Mas qual a natureza da alternância? 

Uma pessoa ser substituída por outra? Um partido ser substituído por outro? A esquerda ser substituída pela direita? Uma desenvolvimentista por um neoliberal? Um democrata ser substituído por um fascista?

A defesa em abstrato da alternância, desconsiderando o conteúdo do projeto de cada partido/governo/governante, pode levar a opções absurdas, inaceitáveis como algumas das citadas no parágrafo acima. 

Por isto, para evitar este tipo de desfecho absurdo, é imprescindível distinguir o direito à alternância, do conteúdo concreto da alternância.

Siqueira sabe disto, penso eu, mas ele está obnubilado pelo discurso de 9 em cada 10 direitistas deste país: derrotar o PT em defesa da.... democracia, da ordem, dos bons costumes, da honestidade, do bom gosto e principalmente do direito de enriquecer sem olhar o que está acontecendo com os pobres e com os trabalhadores.

Tanto é assim que a contradição programática, para ele, vira um mero "complemento". Pois o essencial para ele, o que vem em primeiro lugar, é derrotar o PT (a tal "alternância").

Reparem na frase: "Nota-se, em complemento, que a aproximação com o PSDB não é incondicional e que está amparada por diretrizes programáticas baseadas em sugestões do PSB. Daí a nossa firme decisão de apoiar de forma entusiástica a candidatura de Aécio Neves à Presidência da República".

Divertido, não? Não é incondicional, mas é entusiástica.

E por qual motivo não é incondicional? Porque, conforme Siqueira deixa implícito, o PSDB é o partido do "favorecimento do grande capital", da "renúncia à soberania nacional" e da "aliança com o capital financeiro internacional".

E apesar disto tudo, o apoio é entusiástico!!!

A forçada de barra é tão grande, que ele é obrigado a usar uma desculpa. 

E a desculpa é a seguinte: "o petismo que chegou ao poder se valeu de um quadro ligado à banca internacional e eleito deputado federal pelo PSDB, Henrique Meirelles, para comandar o Banco Central. Sua política no BC assegurou ganhos extraordinários às instituições financeiras nacionais e internacionais".

Vamos supor que o PT chegou ao "poder".

E vamos reconhecer que especialmente entre 2003 e 2005, Henrique Meirelles teve poderes que nunca deveria ter tido, numa presidência do BC para a qual ele nunca deveria ter sido nomeado.

Mas mesmo supondo isto tudo, ainda cabe perguntar: um petista ter aceito um tucano na presidência do BC é justificativa para um socialista defender um tucano na presidência da República???

Só pode responder positivamente esta pergunta, quem gostou tanto da política do tucano na presidência do BC, que agora quer estender a tucanagem para o conjunto do governo federal.

Talvez seja este, para Siqueira, o grande defeito de Dilma: não ter Meirelles na presidência do BC!!!

Que tipo de "possibilidade libertária" isto nos traria, só Milton Friedman pode explicar.


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