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 Felicidade não se encontra no supermercado
Como milhões de pessoas em todo o Brasil, votarei na presidenta Dilma Rousseff.



Isto posto, não me incluo entre os dizem que "queremos continuar a ser um país de classe média".

A utopia de um "país de classe média" não é socialista, nem social-democrata, nem trabalhista.

A utopia de um "país de classe média" é parte do discurso do american way of life, que organiza a vida com base no consumo individual.

Um sonho que traz embutido uma perversidade: para que exista uma "classe média", precisa existir uma plutocracia e precisa existir o "povo do abismo", aqueles que nada tem.

Nos Estados Unidos, há dezenas de milhões que vivem assim. E nos países saqueados pelos EUA, há centenas de milhões.

Não queremos isto para nós. Queremos um Brasil onde o conjunto da classe trabalhadora tenha bem-estar, direitos políticos reais e exercite a soberania sobre as riquezas nacionais.

A utopia de "um país de classe média" é errada, porque remete ao consumo individual; e irrealizável, porque a única maneira de garantir a todos os brasileiros e brasileiras um alto padrão de vida, é através da oferta de políticas públicas, de serviços públicos, não através do consumo individual que caracteriza a chamada classe média.

Nosso projeto de país não deve ser baseado no "consumo individual". Queremos saúde pública, não planos privados. Queremos educação pública, não escolas privadas. Queremos transporte coletivo, não carros que se arrastam em avenidas lotadas. Queremos políticas públicas de cultura, não Lei Rouanet. Etc.

Claro que há muitos momentos na história, em que grande parte da classe trabalhadora tem como "sonho" ascender à classe média.

Mas nosso dever é esclarecer que o caminho para que todos tenham (e não apenas alguns tenham, não apenas parte tenha) é outro, é o do "consumo coletivo" de bens e serviços públicos.

Nos últimos anos, as políticas de nossos governos proporcionaram uma elevação no padrão de consumo de milhões de brasileiros e brasileiras.

Como este progresso material não foi acompanhada de equivalente progresso no terreno político-ideológico, o resultado foi que as novas gerações de trabalhadores não aderem ao nosso projeto da mesma forma que as "velhas" gerações.

Talvez alguém acredite que falar que "queremos continuar a ser um país de classe média" nos ajude a conectar com esta nova classe trabalhadora. Certamente precisamos conectar. Mas não desta maneira, não com este discurso.

Quem acompanhou as manifestações de 2013 sabe que há um imenso espaço para defender nosso projeto de país, com Estado e políticas públicas fortes. Apresentar nosso projeto sob a forma de "um país de classe média" só gera confusão, só fortalece o individualismo de quem acha que felicidade se encontra no supermercado.

A ênfase no discurso "classe média" é, vale dizer, totalmente coerente com a americanização das campanhas eleitorais. Que tenham americanizado as campanhas eleitorais, já é um desastre. Que americanizem nosso pensamento, é uma tragédia.

Setores da esquerda abandonaram muitas de suas idéias, nos últimos anos e décadas. Algumas vezes, fizeram bem, pois eram idéias ultrapassadas ou erradas. Outras vezes abandonaram idéias-força, compromissos sem os quais deixaram de ser de esquerda.

Uma das principais idéias-força do PT está inscrita em seu nome. Somos o partido dos trabalhadores. Um partido da classe trabalhadora.

Neste sentido, o debate sobre a "classe média" é uma das formas recentes da disputa que existe, dentro do PT, entre diferentes programas e estratégias, expressando as diferentes classes e frações de classe que disputam os rumos do Partido.

Disputa que também existe no âmbito do governo, acerca das políticas públicas e das alianças de classe, por sua vez vinculadas a diferentes tipos de desenvolvimento.

Enfatizar um "país de classe média" corresponde aos interesses dos que imaginam expandir o desenvolvimento, o bem-estar, a democracia e a soberania, apoiando-se nas "forças do mercado".

"Forças" que, como está mais do que claro, encontram-se em rota de colisão conosco.

O rumo certo é outro: enfatizar o papel do Estado, as políticas sociais e as reformas estruturais, que correspondem aos interesses da classe trabalhadora, a um desenvolvimentismo democrático-popular e ao socialismo.


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