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NOTA DA ARTICULAÇÃO DE ESQUERDA DO PARÁ SOBRE ELEIÇÕES 2014

1. “As eleições de 2014 ocorrem num contexto marcado por três grandes variáveis:
a) o aprofundamento da crise internacional e, por decorrência, maior pressão das potências imperialistas sobre a América Latina e o Brasil;
b) o acirramento da disputa entre as duas vias de desenvolvimento do Brasil, com o grande empresariado e parcela dos “setores médios”, a oposição de direita e o oligopólio da mídia deixando claro sua aversão radical a toda e qualquer medida vinculada a soberania nacional, a integração latino-americana e caribenha, a ampliação das liberdades democráticas, ao bem estar social e a igualdade;
c) a ampliação da parcela da população e do eleitorado oriundo da classe trabalhadora que mantém reservas ou até mesmo desconfiança frente ao petismo e frente ao lulismo.

2. Parcelas importantes e crescentes da base social, eleitoral e militante do Partido reclamam da direção que seja capaz de enfrentar com êxito estas eleições. Entretanto, o grupo majoritário na direção nacional do PT não revelou, não demonstra disposição, capacidade e ou vontade política para mudar os rumos e os métodos de atuação, mudança essencial para enfrentar a nova situação estratégica aberta pelos realinhamentos no empresariado e na classe trabalhadora” (ver na íntegra nota da DNAE- Direção Nacional da Articulação de Esquerda, sobre eleições 2014, e www.artesquerda.blogspot.com).

3. No caso PT no Pará a direção do campo majoritário (Articulação Socialista/AS, Unidade na Luta/UL e Construindo um Novo Pará/CNP) assumiu uma postura derrotista e pusilânime frente aos desafios desta conjuntura: por um lado capitulou à análise da ultra direita e dos oligopólios da mídia estadual/nacional sobre o desempenho da gestão do PT no comando do governo do Pará (2007-2010) e adotou a idéia equivocada de que foi “desastroso”, “repleto de erros”, uma experiência, enfim, que foi, na análise deste mesmo campo majoritário – “decisiva para não termos candidato ao governo do estado em 2014”.

4. Somado a isso, utilizou e ainda utiliza da desastrosa candidatura e campanha dirigida e representada pelo campo majoritário, por Alfredo Costa (professor e deputado estadual à época), que ganhou as prévias em 2012 para disputar à prefeitura de Belém num processo eivado de mal feitos e abuso do poder econômico. E obteve como resultado uma nanica votação de pouco mais de 23 (vinte e três) mil votos. Num cenário em que além de haver várias candidaturas trazia ainda o ex-petista e ex-prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues, como candidato do PSOL e que obteve desde o início da campanha a simpatia, o apoio e os votos da maioria dos petistas.

5. A covardia está no escapismo, ou seja, não somente não fez autocrítica dos erros que cometeu, com a postura permissiva diante dos problemas de condução política do gestão em 2007 a 2010, como repartiu a “culpa igualmente” entre todos pelos resultados desastrosos da sua estratégia de disputa interna contra a DS pelo comando do partido, que levou a fragorosa derrota do seu candidato, quanto o encolhimento da representação do PT na câmara municipal.

6. Passados dois anos do início das eleições 2012, o campo majoritário segue a aprofundar os erros na condução dos rumos do Partido, amplificando-os, ou seja, construíram na surdina um acordo de apoio à família Barbalho, selado em Brasília entre suas principais lideranças: Beto Faro (AS), Paulo Rocha (UL) e Zé Geraldo (CNP), e membros da direção nacional do CNB (Construindo um Novo Brasil), para eleger o filho e herdeiro político de Jáder Barbalho (Hélder) governador do estado do Pará.

7. Durante o Processo de Eleições Diretas do PT (PED) 2013, surrupiaram da militância e do debate das chapas e candidatos/as à direção do Partido os rumos que preparam para o PT às eleições majoritárias de 2014, escondendo o acordo a sete chaves e suas reais intenções eleitoreiras: ocupar 30% de um futuro governo de Hélder e eleger Paulo Rocha senador.

8. A esquerda do PT unificou-se em torno de uma mesma chapa: Candidatura Própria Já! (AE, DS, PTLM e Pororoca Vermelha), buscou com todas as suas forças trazer e fazer o debate sobre os rumos do Partido, escamoteado e evitado a todo custo pelas candidaturas e campanha das chapas em que se dividiu o campo majoritário no Pará, que se unificam nacionalmente no CNB.

9. Passado o PED e ainda no final de 2013, o silêncio é quebrado e lideranças da CNB escolhem os meios de comunicação do oligopólio barbalho para anunciar à sociedade como líquida e certa a aliança e o apoio a Hélder Barbalho. O que foi decisivamente questionado pela esquerda petista, por dirigentes, lideranças e militantes, tanto na questão do conteúdo, quanto pelo método utilizado, uma vez que ainda não tinha sido aberto o calendário do PT para os debates e definições dos rumos sobre eleições 2014.

10. Organizados legitimamente em torno da idéia de um PT forte, militante, de massas, socialista e dos trabalhadores/as a esquerda petista organiza-se em torno da disputa pela candidatura própria do PT, que culminou com a escolha do deputado Cláudio Puty como pré-candidato e da ex-deputada/independente Regina Barata como pré-candidata ao senado.

11. Apesar das pressões internas e externas ao PT, ameaças e tentativa de esvaziar levamos às últimas consequências essa posição, obtivemos o apoio de 30% dos delegados/as do encontro realizado em final de março, que definiu, pelo apoio a Hélder e Paulo Rocha, seguindo o argumento de que “o PMDB faz parte da base de apoio ao governo federal, e que como “não havia lideranças petistas com chances de sucesso eleitoral”, por conta do “desastre” da gestão do PT no governo do estado (2007-2010) e pelo “vergonhoso” resultado de Alfredo Costa em 2012 em Belém, sobraria como “caminho único” e “salvação” ao PT coligar-se em torno do nome de Hélder Barbalho, ao arrepio de qualquer debate programático mínimo de governo e prioridades de gestão, expediu-se verdadeiro “cheque em branco” ao representante da oligarquia barbalho.

12. O “fator DEM/Lira Maia”: é sabido por todos/as petistas a decisão do 4° Congresso do PT que veta terminantemente a aliança do PT com o PSDB, DEM e PPS. Contudo, em finis de maio, início de junho do corrente ano eis que surge o primeiro “cheque em branco” na praça eleitoral e Lira Maia deputado federal do DEM, histórico e ferrenho inimigo do PT e da esquerda social na região paraense do Tapajós, representante dos ruralistas e do agronegócio, é feito candidato a vice governador na chapa de Hélder/PMDB e Paulo Rocha/PT.

13. A reação dos petistas de Santarém, a maior e mais importante cidade da região, foi imediata, foi suscitado inclusive a ocupação do diretório municipal do Partido até que se revisse o “absurdo e descalabro” da aliança com o DEM. E no Pará inteiro surgem diariamente pedidos de desfiliação, nas redes sociais as manifestações de contrariedade, decepção, raiva e sentimento de traição do programa, da história e do respeito e confiança que à classe trabalhadora ainda deposita (ou depositava?) no PT.

14. Três questões cruciais estiveram sempre na ordem do dia de nossas preocupações e debates sobre a necessidade do PT possuir candidatura e programa próprios para disputar essas eleições como alternativa às duas opções conservadoras do tucano Jatene/PSDB e da oligarquia barbalho de Hélder/PMDB, quais sejam: 1° lembramos sempre que o PMDB foi decisivo na vitória eleitoral do PSDB em 2010 (e por conseguinte em nossa derrota nas urnas), como também o foram como base de sustentação e composição do governo Jatene/PSDB de 2011 a 2013; 2° no que diferem os programas desses dois partidos no Pará, se ambos representam os mesmos interesses sociais e políticos, defendem e aplicam o “estado mínimo”, a “política de privatizações”, o latifúndio e o agronegócio, a criminalização dos movimentos sociais, baseiam-se no apoio de oligopólios de comunicação, etc?; e 3° em que, por fim, a mudança de comando no governo que mudanças de rumo traria num possível governo barbalhos/PMDB/PT/DEM?

15. Consideramos que essas duas candidaturas conservadoras representam o que há de mais atrasado e conservador na política paraense responsáveis pelo estado de penúria e subdesenvolvimento econômico, social e ambiental. Mudar com o Hélder/PMDB ou continuar com o Jatene/PSDB não alterará em nada a condução da política conduzida há décadas pelas elites paraenses. Para os trabalhadores/as, jovens, negros, sem-terra, LGBTs, indígenas e ribeirinhos a direção do campo majoritário do Partido dos Trabalhadores comete um erro histórico desnecessário ao recuar em fazer o bom combate e enterrar o projeto democrático e popular ao abraçar despudoradamente o projeto eleitoral das elites conservadoras.

16. Esta aliança fragiliza enormemente a campanha de reeleição da presidenta Dilma Roussef em nosso estado e obviamente, deixa de ser uma alternativa transformadora para o Pará, já que aposta prioritariamente na aliança com forças políticas tradicionais do estado, responsáveis, por ação e omissão, pelas mazelas de nosso povo. Coliga com o DEM que fará campanha ao presidenciável do PSDB, além de influir negativamente em nossas candidaturas proporcionais.

17. Vale lembrar que nós petistas sabíamos de antemão o “que estará em jogo (em nível nacional) são dois projetos distintos e opostos para o Brasil. De um lado, os neoliberais representados pela aliança PSDB/DEM/PPS, derrotados em 2002 e em 2006 [e em 2010]. Eles representam a política que quebrou o Brasil três vezes, que privatizou, desempregou e desencantou o povo brasileiro” (4° Congresso do PT – Resolução sobre Tática e Política de Alianças).

18. O cenário eleitoral do Pará apontava e agora foi comprovado a grande chance de termos uma candidatura alternativa aos conservadores, senão, vejamos a seguir: 1) desarticulação da base de sustentação do PSDB; b) racha e disputa pelo controle do PSDB entre a facção de Jatene/governador e de Mário Couto/senador; c) baixa aprovação do governo Jatene; d) várias candidaturas conservadoras ao senado; e) a frágil e desconhecida candidatura do PSOL ao governo.

19. Esses elementos apontam para uma conjuntura de crise e fragilidade acentuada do projeto continuísta do PSDB no governo, oportunizando uma chance decisiva para retomarmos o governo e os rumos das transformações iniciados com o governo popular em 2007-2010, capaz, não só, de ser competitiva eleitoralmente, mas de travarmos uma disputa ideológica e programática como a melhor alternativa de governo junto aos paraenses.

20. Seja qual for o resultado eleitoral em 2014 o PT do Pará sairá menor e mais dividido do que iniciou esse ano. Somo levados, assim, a lançar mão da recusa, da rebeldia contra essa aliança do capital com o trabalho, que à revelia de qualquer interesse partidário ou coletivo de esquerda levam o Partido ao enfraquecimento programático, político, social, ideológico e a perda de rumo. Devemos apostar nosso esforço eleitoral e militante nas candidaturas a deputados/as federal e estadual que representam alternativas coerente ao servilismo oligárquico e aos tucanos.

21. Aos petistas não restou alternativa a não ser a rebeldia, diante da intransigência dos dirigentes do campo majoritário nessa aliança PMDB/PT/DEM. Lutaremos sem tréguas contra os “coveiros de sonhos” e as candidaturas conservadoras, pela reeleição da nossa presidenta, Dilma Rousseff, por um PT dos e das trabalhadoras, da juventude, de negros e negras, dos LGBTs, das mulheres trabalhadoras, dos movimentos sociais, dos sem-terra, de todos aqueles que sonham, lutam e constroem no dia a dia um Pará e um Brasil mais justo, igualitário e feliz para todos e todas. Por um PT forte, militante, de massas e socialista!!!

Direção Estadual da Articulação de Esquerda – Pará
Belém, 05 de junho de 2014.


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