ELEIÇÕES 2014: APONTAMENTOS E REFLEXÕES SOBRE OS RUMOS DO PT NO PARÁ

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Claro está que não há unidade partidária suficiente no PT do Pará que garanta o pré-acordo com o PMDB de Jáder e Helder Barbalho, afinal, são muitas as reflexões e questões a serem realizadas e superadas para que se chegue de fato a uma posição definitiva, como por exemplo, a indisponibilidade legal de dois de seus principais nomes de maior expressão no estado, Ana Júlia e Paulo Rocha.

A situação é preocupante e põem o partido a refletir na encruzilhada que se encontra, afinal não há outros nomes com o mesmo reconhecimento eleitoral e ou interno que pudesse dotar o partido de uma “competitividade eleitoral” confortável, ao menos, com capacidade de garantir condições para manter seus atuais mandatos na Câmara Federal (quatro deputados) e na ALEPA (oito deputados).

Segue abaixo algumas questões/reflexões, elas se misturam pela natureza complexa que as cerca, que o partido deverá debruçar-se até o seu posicionamento final (ou fatal), até lá se discute, inclusive, um alinhamento e acordo com os mandatários do atual governo do PSDB, que pode ser verificado com a “presença de petistas de carteirinha no comando da Cosampa, indicados pelo ex-deputado Paulo Rocha”, conforme noticiou dias atrás o jornal da família Barbalho, e até agora não negado pelo petista.

1. Palanque para Dilma e o PMDB: - quais as maiores realizações políticas do PMDB do Pará nos últimos 20 anos: a) a derrota surpreendente nas eleições municipais da capital para o PT em 1996? b) a prisão espalhafatosa do seu maior cacique o Sen. Jáder Barbalho, em 2002, quando foi conduzido á capital do Tocantins algemado diante das câmeras de TV do país inteiro? c) contribuir fortemente para a eleição de Ana Júlia e do PT ao governo do estado em 2006? d) ser um dos maiores responsáveis pela derrota da reeleição do governo do PT no Pará, em 2010? e) o fim melancólico após oito anos de Hélder Barbalho na prefeitura de Ananindeua, com a volta de Pioneiro do PSDB, que marcou o fim de um curto ciclo de poder do partido na cidade e na região metropolitana de Belém, em 2012?

2. É falso argumento aquele que induz os incautos a acreditar que o apoio do PT à candidatura de Helder Barbalho/PMDB já no 1° turno em 2014, irá: “contribuir para consolidar a ampla aliança de partidos a nível de Brasil (sic), pró reeleição da presidenta DILMA”. Ora se isso tivesse um mínimo de verdade passaria pela análise que o PMDB atrapalhou a eleição de Dilma, no Pará, ao montar palanque próprio em 2010, somente para evitar que Ana Júlia/PT se reelegesse. O que em nenhum momento se verificou, ao contrário, fortaleceu a perspectiva que dois palanques foram melhores do que um, ao menos para Dilma, o que continua valendo para o vindouro pleito de 2014, ou não?!

3. É imprescindível analisar e esclarecer a importância vital que teve a oposição petista no parlamento frente ao governo Jatene/PSDB nesses últimos três anos, ou melhor, seria a DESIMPORTÂNCIA QUASE TOTAL DA BANCADA DE OPOSIÇÃO DO PT(?!), e que somente passa a atuar, como tal, quando da derradeira, insistimos, da DERRADEIRA saída do PMDB da base aliada do governo Jatene/PSDB, frisamos o derradeiro, quanto da saída do partido da família Barbalho para rememorar que muitos foram os ensaios, chantagens, pedidos, súplicas, até que o próprio governador Jatene/PSDB – muito diferentemente da postura de Ana Júlia e de lideranças importantes do PT em 2010 –, se decidiu, como popularmente se fala: “cortar o mal pela raiz” e ao PMDB sobrou a oposição declarada, diferente da oposição velada e conveniente de 2010 – afinal, temos o exemplo de Chicão/PMDB, homem de confiança e içado a disputar prefeitura de Ananindeua em 2012, quando foi derrotado por Pioneiro/PSDB, e que  continuava a dar as cartas na SEOB até sair, por vontade/necessidade própria, para se candidatar à ALEPA naquele ano (2010).

4. Foi, portanto, a partir daí e apenas deste instante, da ruptura entre PSDB e PMDB, que a bancada petista passou a ter cor, cheiro, cara e coragem de oposição – mesmo que muito, muito, muito distante da oposição com o “O” maiúsculo que um dia teve frente aos governos tucanos no Pará, num passado não muito distante, inclusive, o de Jatene (2003-2006), que precedeu o de Ana Júlia/PT. Ou seja, caso o PSDB não rompesse com os Barbalhos, o que fariam os oito (8), deputados petistas na ALEPA?! Afinal, como renovar o partido se suas lideranças ficam tímidas diante do (des)governo escandaloso do seu principal adversário declarado, o PSDB? Como retomar a confiança dos trabalhadores e do povo para voltar a governar o Pará, se não defende com afinco, brilhantismo e decisão os interesses da sua principal base social e eleitoral? Afinal, se o PSDB era e é o mal maior, por que governou sem ninguém a lhe morder os calcanhares? Por que tanta “civilidade” para com o inimigo que lhe apeou do poder? Ou será que não foi bem isso que ocorreu...?

5. Outra ideia com precária base na realidade é: “a possibilidade real do PT voltar ao governo do Estado a partir de 2015, num governo de coalizão com o PMDB e demais aliados.”. Ora vejam só quando o PT esteve a frente do governo do Pará, em nenhum momento apoiou candidatos do PMDB que lhe pudessem ofuscar o poder, como o caso de Priante/PMDB a prefeito de Belém, em 2008. O que se viu foi o amplo apoio, através do governo do estado, que abriu as torneiras do cofre e garantiu os recursos fundamentais usados na campanha de reeleição de Duciomar Costa, e assim “matou dois coelhos com uma só cajadada”. Ou seja, o governo do PT impediu que Mário Cardoso, representante de um grupo importante do seu partido (Unidade na Luta), governasse Belém e assim se fortalecesse, como também impediu decisivamente que o PMDB o fizesse. Dessa maneira, seguiu os ensinamentos de mestre Nicolau que indica “não fortalecer demais seus aliados da véspera”, para não correr riscos no futuro.

6. Em 2010, mesmo no iminente risco que corria, e correu de perder o governo (e perdeu), o PT, no poder, em nenhum momento cogitou, mesmo que remotamente, em apoiar um nome do PMDB a sua sucessão, que em represália lançou uma candidatura “laranja”, para dividir os votos que poderiam migrar à coligação liderada pelo PT, dando um “troco político” especialmente à Ana Júlia e seu grupo dentro do PT, a quem Jáder julgava responsável por “tratamento injusto” e “ingratidão” a si e a seu partido, durante o mandato petista no governo do estado.

7. Seguindo Nicolau, já citado anteriormente perguntamos: - caso o PMDB tenha sucesso eleitoral em 2014, qual a garantia que o PT possui que terá um tratamento diferente do que deu ao PMDB no passado? Posto de outra forma, por que o PMDB arriscaria fortalecer o PT em detrimento de seus quadros e interesses políticos? E mesmo que o PT ocupe importantes espaços num futuro governo do PMDB, em 2015, como isso pode, por exemplo, ajudar-lhe um dia a voltar a governar Belém, em 2017, pois fatalmente também atrairia para si a grande rejeição política que carrega na capital e zona metropolitana o que seria naturalmente um passo decisivo para sonhar em um dia voltar a governar o Pará, novamente, posto que atrairia para si a mesma desconfiança e antipatia que expressivos setores sociais e eleitores de Belém nutrem pelo jaderismo pemedebista, inclusive, dentro de amplos setores do próprio PT?

8. Ao buscar forçar uma eleição plebiscitária contra o PSDB, o PMDB nada tem a perder, pois independente do resultado, sai com uma enorme projeção do seu principal nome, além de praticamente enterrar as chances do PT disputar outro pleito, pois ao declinar de uma candidatura própria, e com isso do protagonismo político necessário para quem um dia sonha em voltar a governar o Pará, o PT demonstra sua imensa dificuldade em aprender com os erros, se renovar e reconstruir sua caminhada, preferindo se acomodar como coadjuvante da cena política paraense.

9. Uma outra hipótese, é a criação de um chapão PT, PSDB e PSD, com o vice-governador Helenilson/PSD na cabeça da chapa, Paulo Rocha/PT de vice e Jatene/PSDB a vaga ao senado. Essa chapa advogam alguns seria “muito melhor para Dilma que o palanque do PMDB”, afinal, as duas principais candidaturas com chances de vitória em 2014 seriam pró-Dilma, ou seja, tanto o candidato do governo, Helenilson/PSD, quanto Helder/PMDB da oposição apoiariam a reeleição da Presidenta. Entretanto, há quem questione as movimentações nesta direção questionando a legitimidade da relação de petistas no governo tucano: “se o PT não pode coligar com o PSDB nas eleições, como pode participar do primeiro escalão do seu governo?”. Para alguns “apenas detalhes, detalhes”, que com cargos e conversa se resolve, para outros faz toda a diferença.

Consideramos, finalmente, que tanto um caminho quanto o outro não satisfazem à militância petista, seus simpatizantes e eleitores, tampouco condiz com sua história, menos ainda acumula forças para o futuro. O resgate ao programa democrático-popular, a candidatura própria e a aliança com os setores de esquerda e progressistas do Pará, ainda são as melhores opções em 2014.

Marcelo Martins
Historiador e militante do PT



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