"Quanto mais se encarcera, mais se fortalece o PCC. Paralelamente, fortalece-se a própria ideologia de que é importante defender o PCC para combater o Estado como inimigo. Então, quanto piores forem as condições das prisões, mais força ganha esse discurso também. Assim como quanto maior a violência policial, maior a contribuição para reforçar essa ideologia. Hoje vivemos um círculo vicioso perverso: o Estado encarcera mais e acaba reforçando o poder do PCC" (Camila Nunes Dias, autora de PCC – Hegemonia nas Prisões e Monopólio da Violência, da Editora Saraiva)
O Primeiro Comando da Capital extrapolou as fronteiras. Vinte anos depois de seu nascimento, a facção passa por um processo de nacionalização e ganha ramificações em estados como Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, Sergipe e Pernambuco. Ao mesmo tempo, o grupo hoje se mostra como força hegemônica em sua base de origem, São Paulo – o que, por uma lógica cruel, explica em parte a queda dos homicídios nas áreas de seus domínios.
Com controle sobre 90% do total de 200 mil presos e o monopólio do mercado de drogas, a facção passou a mediar e regular disputas do mundo do crime, rompendo ciclos de vingança, avalia a socióloga Camila Nunes Dias, autora de PCC – Hegemonia nas Prisões e Monopólio da Violência (Editora Saraiva), que tem lançamento nesta quarta-feira 5. Segundo ela, a facção é atualmente um “importante ator político”, uma vez que detém poder e capacidade para desestabilizar a política de segurança pública do Estado.
Para o livro, que nasceu de sua tese de doutorado, a pesquisadora do Núcleo de Estudos da Violência da USP e professora da Universidade Federal do ABC utilizou documentos oficiais, entrevistas com autoridades da área de segurança e material coletado de conversas privadas com 32 presos para contar a história da facção. Uma trajetória, ela explica a CartaCapital, fruto direto de um “círculo vicioso perverso” que tem a política de encarceramento em massa como protagonista: "Quanto mais se encarcera, mais se fortalece o PCC."
Leia os principais trechos da entrevista:
0 Response to ""A política do PSDB em SP, faz do PCC o partido que mais cresce no Brasil""
Postar um comentário