Coligação de Edmilson requisita informações sobre pesquisa da Vox Populi. A suspeita é de manipulação da pesquisa divulgada ontem, que aponta empate técnico entre Edmilson e Zenaldo. Entre as pessoas ouvidas pelo blog ninguém acredita nos números da Vox. Ministério Público precisa agir, dizem entrevistados pela Perereca.
A Assessoria Jurídica da campanha de Edmilson
Rodrigues (PSOL) à prefeitura de Belém requereu, ontem, à Justiça
Eleitoral, que o Vox Populi deposite em juízo os questionários e dados técnicos
da pesquisa realizada pelo instituto e divulgada ontem, 30, pelo jornal O
Liberal.
Na pesquisa, Edmilson aparece tecnicamente empatado com Zenaldo Coutinho, com apenas 2% das intenções de voto a mais que o tucano.
Isso porque Edmilson teria despencado de 39% para 27%, nos levantamentos da Vox realizados entre 12 e 26 de setembro. Já Zenaldo teria subido de 16% para 25%.
A suspeita da equipe de Edmilson é que tenha havido manipulação dos números, já que eles contrastam com todos os resultados divulgados até agora, por todos os institutos de pesquisa.
Mesmo o levantamento do cientista político Edir Veiga, divulgado há apenas dois dias e alvo de críticas na internet, também apontou uma ampla vantagem de Edmilson em relação à Zenaldo.
Na pesquisa de Veiga, o candidato do PSOL aparece com praticamente o dobro das intenções de voto do tucano: 32% a 16% na espontânea; 33,8% a 17,7%, na estimulada.
Os números da Vox também provocaram descrença entre vários profissionais que atuam nas áreas de pesquisa e marketing eleitoral, ouvidos ontem pela Perereca.
Eles foram unânimes em considerar praticamente impossível uma queda tão alta e acelerada como a registrada por Edmilson no levantamento da Vox (mais de 10% em menos de duas semanas), sem a existência de um fato novo e devastador.
No entanto, consideraram ainda mais improvável o grande e súbito crescimento de Zenaldo, que, pelos números da Vox, parece capitalizar a queda ou estagnação de todos os demais candidatos, independentemente dos partidos a que pertençam.
MP deveria controlar
No requerimento à Justiça Eleitoral, a advogada Ângela Salles, da Assessoria Jurídica de Edmilson, pede que a Vox Populi deposite em juízo, além dos questionários, informações como os percentuais de entrevistados por sexo, idade e bairros de Belém, num prazo de 24 horas, a contar da notificação.
Ângela diz que não possui qualificação técnica para afirmar a manipulação dos números. E explica: “O requerimento se destina a permitir que os partidos tenham acesso à coleta de dados e sistema interno de controle, para verificar se os resultados são fiéis ao que foi coletado”.
Ela considera, aliás, que a análise da documentação de todas as pesquisas deveria fazer parte da rotina dos candidatos e, especialmente, do Ministério Público Eleitoral, já que os prejuízos causados pela eventual manipulação desses levantamentos não se restringem aos partidos, mas atingem a própria lisura do pleito.
“A divulgação de uma pesquisa que não guarda fidelidade com o apurado, induz o eleitor. É a natureza humana. E não é por outra razão que elas se tornaram tão importantes”, observa.
Salienta que não há como sanar os prejuízos causados por levantamentos fraudulentos, ou pela divulgação fraudulenta deles, especialmente, às proximidades de uma eleição.
“Não há como apagar a divulgação, os efeitos são incontroláveis. E quando isso acontece às proximidades do pleito, aí é que os prejuízos são grandes e definitivos, mesmo que se adote tudo o que está na Lei e que a Justiça aja com brevidade. Então, o que é preciso é evitar que isso ocorra. E é por isso que ainda está para ser regulamentada com decência essa história de pesquisa eleitoral”, comenta.
Caso seja constatado que houve manipulação na pesquisa da Vox, informa a advogada, a coligação de Edmilson vai impugnar o levantamento.
Em tal caso – e dependendo da decisão da Justiça – as punições previstas são a detenção de 6 meses a um ano dos responsáveis pela fraude; multa de R$ 53 mil a R$ 106 mil e obrigação de retificar publicamente os dados, em espaço igual ao usado na divulgação.
A advogada reconhece, no entanto, que não tem conhecimento de ninguém que já tenha sido preso por fraudar pesquisas no Brasil e que mesmo os valores das multas são “uma ninharia para os objetivos inconfessáveis que as pessoas podem ter”.
“Até os jornaleiros riam”
Bem mais enfático do que Ângela é o publicitário Chico Cavalcante, que coordena o marketing da campanha de Edmilson Rodrigues.
“Esses números (da Vox) não batem com nenhuma pesquisa, de nenhum instituto de Belém. Ou todos estão errados e só eles estão certos, ou eles estão passando um recibo de venalidade como nunca vi”, diz o marqueteiro.
Cavalcante observa que para que Edmilson caísse mais de 10% em menos de duas semanas, como o apontado pela pesquisa da Vox, seria preciso que ocorresse um caso muito grave, como a descoberta do envolvimento do Psolista em um escândalo como o do “mensalão”, por exemplo.
Reconhece que o crescimento de Zenaldo existe, mas afirma que, além de concentrado entre os eleitores de maior poder aquisitivo, estaria “longe de chegar a 20%”.
“Nós fazemos um acompanhamento diário dos números das eleições. E ele (Zenaldo) pode até ter chegado, um dia, a 21%. Mas, na média, tem ficado em 18%”, sustenta.
Diz que conversou com pessoas que trabalham nas campanhas de outros candidatos e que elas teriam sido unânimes em informar que as pesquisas internas que possuem “nunca deram número parecido”.
E ironizou: “Teve gente que até me disse, brincando, que até os jornaleiros estavam rindo quando entregavam o jornal”.
Ele disse que tomou conhecimento dos números da pesquisa por volta das 14 horas de anteontem, sábado, “mas não acreditei que tivessem coragem de fazer uma coisa dessas. É jogar no lixo a credibilidade de um órgão de imprensa, em troca de uma eleição, um episódio”.
Segundo ele, uns 5% dos eleitores ainda se deixam influenciar por pesquisas, optando por votar nos candidatos que aparecem mais bem colocados.
“Instrumento de arrecadação”
Formado em Letras, com especialização em Maketing e em vias de concluir o Mestrado em Ciência Política, o diretor da empresa de pesquisa Doxa Comunicação, Dornélio Silva, que atua em campanhas eleitorais do Pará e de outros estados, também questiona os números da Vox.
“Isso é simplesmente um absurdo, um escárnio ao eleitor. E é uma coisa orquestrada, porque a Vox já registrou outra pesquisa, que deve ser publicada na quarta ou quinta-feira”, afirma.
E arrisca: “Na próxima pesquisa da Vox, é possível que o Zenaldo apareça até à frente do Edmilson, para entrar em vantagem no segundo turno. Porque se o Edmilson tivesse uns 30% de vantagem sobre o Zenaldo, haveria dificuldades para ele (Zenaldo) articular alianças no segundo turno”.
Segundo Dornélio, “estão usando a pesquisa como instrumento de marketing e arrecadação de campanha e isso desvirtua o objetivo dela. Para nós que trabalhamos com pesquisa, isso é muito ruim”.
Dornélio conta que tem feito algumas pesquisas para consumo interno da área de estratégia da campanha de Edmilson.
Mas também presta serviços a vários partidos, em campanhas dos principais municípios paraenses, e até no Amapá e Maranhão. Além disso, realiza pesquisas em Santarém e Marabá, em parceria com os blogueiros Jeso Carneiro e Hiroshy Bogéa.
Segundo ele, é fato que a pesquisa da Vox ajuda a mobilizar os militantes da campanha de Zenaldo, mas, acredita, os eleitores podem começar a duvidar dessa dança de números.
E afirma que seria preciso um fato novo (e grave) para justificar uma queda tão acentuada de Edmilson, em prazo tão curto. No entanto, mais difícil ainda seria uma subida vertiginosa, como a apresentada por Zenaldo, pelos números da Vox.
“O que justificaria uma queda assim de um candidato? A descoberta, por exemplo, de um caso de corrupção, que provocasse uma grande decepção do eleitor. Já para a subida não existe apenas um fato, mas vários elementos. Os candidatos começarem a se digladiar, as pessoas começarem a ter simpatia por um determinado sujeito e o discurso dele ir atendendo às expectativas das pessoas, por exemplo. Por isso, não existe subida vertiginosa. Ela é sempre gradativa, devagar”, comenta.
Dornélio afirma desconhecer, nos 20 anos em que trabalha com pesquisas, alterações tão rápidas no quadro eleitoral de Belém, como as apontadas pela Vox.
Lembra que em 1996, quando Edmilson foi eleito prefeito pela primeira vez (um caso que se tornou pedagógico entre os que trabalham em campanhas eleitorais), o que ocorreu foi também uma subida gradativa, diante das dimensões do fogo cruzado entre Elcione Barbalho e Ramiro Bentes.
Além disso, salienta, naquela eleição a diversidade de candidaturas era bem menor do que hoje, quando há 10 concorrentes ao pleito.
E essa quantidade de candidatos é outro fator a dificultar mudanças bruscas nos números, já que ajuda a diluir ainda mais os lucros de uns, em decorrência das quedas de outros.
Lembra que na última pesquisa da Doxa, divulgada há uns 15 dias, Edmilson tinha 43% das intenções de voto e Zenaldo apenas 15%.
Hoje, calcula, Edmilson deve ter caído para 38% a 40% e Zenaldo deve ter crescido para 18% a 20% - e os dois devem estar no segundo turno.
Para Dornélio – que deve divulgar nova pesquisa da Doxa na próxima quinta-feira – o fato de a Vox apontar Zenaldo com 25% de intenções de voto significa apenas que essa é a meta de campanha do tucano, nesta reta final.
“Eles querem chegar nesse patamar de 25% porque ainda têm uma semana de trabalho. É uma estratégia que pode até funcionar, já que dispõem de estrutura para isso”, observa.
“Será que o paraense paulistou?”
A Perereca também ouviu outras duas pessoas com ampla experiência de campanha eleitoral, mas que pediram para não se identificar.
Ambas também não acreditam nos números da Vox.
“É uma pesquisa meio maluca. É como se todo mundo tivesse acordado pensando: não vou mais votar neste candidato, mas no outro”, disse uma pessoa, com 30 anos de experiência nessa área.
Lembra que a pesquisa recentemente divulgada pelo cientista político Edir Veiga aponta uma diferença de 17% entre Edmilson e Zenaldo e que, em pesquisas anteriores, essa distância era ainda maior.
E comenta: “Nunca vi uma eleição com tanta diferença de número; nunca vi uma variação dessas, em termos de números de pesquisas. E eu estou aguardando a de sábado, para ver o resultado”.
A fonte estranha especialmente o fato de Zenaldo parecer o único beneficiário da queda de vários candidatos, inclusive de Edmilson.
“Tenho dúvidas em relação a essa pesquisa (da Vox), a não ser que o eleitor tenha até modificado seus conceitos. Você pode perder votos, mas só para um? Até porque são propostas opostas, o PSOL e o PSDB; não tem nada a ver o perfil do eleitor de um e de outro”, observa.
E acrescenta, brincando: “Vai ver que o eleitor paraense resolveu paulistar”, referindo-se à eleição, para a Prefeitura de São Paulo, de candidatos tão diferentes quanto Jânio Quadros, Luiza Erundina, Paulo Maluf e Marta Suplicy, em pleitos sucessivos.
A fonte também afirma desconhecer oscilações tão abruptas, para mais ou para menos, em campanhas eleitorais, como essas apontadas pela Vox.
E brinca, novamente: “Se o Anivaldo aparecer ganhando no primeiro turno, eu nem estranho, não”.
A seu ver, o Ministério Público Eleitoral deveria entrar em campo, para investigar tais fatos. E diz que a culpa nem é do veículo de comunicação que divulgou a pesquisa, “mas do instituto que se presta a essa manipulação”.
E arrisca: “Talvez façam isso porque sabem que, passada a eleição, ninguém vai se lembrar. Hoje, todo mundo só se lembra da história da Valéria (Pires Franco), porque foi muito escandalosa, já que as pesquisas diziam que ela estava em segundo, mas ela acabou em quarto lugar”.
Disse que devido a essa oscilação, até mesmo as pessoas que desconhecem o funcionamento de pesquisas e campanhas, acabam com a sensação de que há algo errado com esses números.
No entanto, admite, as pesquisas influenciam, sim, aquela parcela do eleitorado formada por indecisos, pessoas desinformadas e até aqueles que, por incrível que pareça, “não querem perder o voto”.
A outra fonte ouvida pelo blog, também com décadas de atuação em eleições, lembrou a boa estrutura da campanha de Zenaldo e o fato de a maioria dos candidatos a prefeito de Belém ter escolhido Edmilson Rodrigues como alvo preferencial.
“Há algumas coisas que não levam a nada, e que acabam até vitimizando o sujeito, aos olhos do eleitor. Mas há ataques que funcionam, como aquele dos R$ 52 milhões da Saúde, um processo que não foi em frente, mas que foi usado na campanha, a partir de manchetes de jornais. Isso funciona, porque atinge o cara na moral”, observa.
Mesmo assim, a fonte também não acredita nos números da Vox: “Penso que o Edmilson pode estar até com 36% ou 37%, mas jamais com 27%”.
Diz que já ouviu um boato que, “na próxima pesquisa, Zenaldo Coutinho aparecerá em primeiro lugar”.
Por isso, acredita que o Ministério Público já deveria ter entrado em campo, para investigar essa dança de números, já que pode agir de ofício.
E arremata: “Se eu fosse a Justiça Eleitoral, aliás, já teria suspendido a divulgação de pesquisas desde a semana passada, porque não há como justificar a existência de 4,5 ou 6 pesquisas cada uma de um jeito, cada uma com números tão diferentes, quando a pesquisada é uma só: a população de Belém”.
repostadado de: http://pererecadavizinha.blogspot.com.br/
Na pesquisa, Edmilson aparece tecnicamente empatado com Zenaldo Coutinho, com apenas 2% das intenções de voto a mais que o tucano.
Isso porque Edmilson teria despencado de 39% para 27%, nos levantamentos da Vox realizados entre 12 e 26 de setembro. Já Zenaldo teria subido de 16% para 25%.
A suspeita da equipe de Edmilson é que tenha havido manipulação dos números, já que eles contrastam com todos os resultados divulgados até agora, por todos os institutos de pesquisa.
Mesmo o levantamento do cientista político Edir Veiga, divulgado há apenas dois dias e alvo de críticas na internet, também apontou uma ampla vantagem de Edmilson em relação à Zenaldo.
Na pesquisa de Veiga, o candidato do PSOL aparece com praticamente o dobro das intenções de voto do tucano: 32% a 16% na espontânea; 33,8% a 17,7%, na estimulada.
Os números da Vox também provocaram descrença entre vários profissionais que atuam nas áreas de pesquisa e marketing eleitoral, ouvidos ontem pela Perereca.
Eles foram unânimes em considerar praticamente impossível uma queda tão alta e acelerada como a registrada por Edmilson no levantamento da Vox (mais de 10% em menos de duas semanas), sem a existência de um fato novo e devastador.
No entanto, consideraram ainda mais improvável o grande e súbito crescimento de Zenaldo, que, pelos números da Vox, parece capitalizar a queda ou estagnação de todos os demais candidatos, independentemente dos partidos a que pertençam.
MP deveria controlar
No requerimento à Justiça Eleitoral, a advogada Ângela Salles, da Assessoria Jurídica de Edmilson, pede que a Vox Populi deposite em juízo, além dos questionários, informações como os percentuais de entrevistados por sexo, idade e bairros de Belém, num prazo de 24 horas, a contar da notificação.
Ângela diz que não possui qualificação técnica para afirmar a manipulação dos números. E explica: “O requerimento se destina a permitir que os partidos tenham acesso à coleta de dados e sistema interno de controle, para verificar se os resultados são fiéis ao que foi coletado”.
Ela considera, aliás, que a análise da documentação de todas as pesquisas deveria fazer parte da rotina dos candidatos e, especialmente, do Ministério Público Eleitoral, já que os prejuízos causados pela eventual manipulação desses levantamentos não se restringem aos partidos, mas atingem a própria lisura do pleito.
“A divulgação de uma pesquisa que não guarda fidelidade com o apurado, induz o eleitor. É a natureza humana. E não é por outra razão que elas se tornaram tão importantes”, observa.
Salienta que não há como sanar os prejuízos causados por levantamentos fraudulentos, ou pela divulgação fraudulenta deles, especialmente, às proximidades de uma eleição.
“Não há como apagar a divulgação, os efeitos são incontroláveis. E quando isso acontece às proximidades do pleito, aí é que os prejuízos são grandes e definitivos, mesmo que se adote tudo o que está na Lei e que a Justiça aja com brevidade. Então, o que é preciso é evitar que isso ocorra. E é por isso que ainda está para ser regulamentada com decência essa história de pesquisa eleitoral”, comenta.
Caso seja constatado que houve manipulação na pesquisa da Vox, informa a advogada, a coligação de Edmilson vai impugnar o levantamento.
Em tal caso – e dependendo da decisão da Justiça – as punições previstas são a detenção de 6 meses a um ano dos responsáveis pela fraude; multa de R$ 53 mil a R$ 106 mil e obrigação de retificar publicamente os dados, em espaço igual ao usado na divulgação.
A advogada reconhece, no entanto, que não tem conhecimento de ninguém que já tenha sido preso por fraudar pesquisas no Brasil e que mesmo os valores das multas são “uma ninharia para os objetivos inconfessáveis que as pessoas podem ter”.
“Até os jornaleiros riam”
Bem mais enfático do que Ângela é o publicitário Chico Cavalcante, que coordena o marketing da campanha de Edmilson Rodrigues.
“Esses números (da Vox) não batem com nenhuma pesquisa, de nenhum instituto de Belém. Ou todos estão errados e só eles estão certos, ou eles estão passando um recibo de venalidade como nunca vi”, diz o marqueteiro.
Cavalcante observa que para que Edmilson caísse mais de 10% em menos de duas semanas, como o apontado pela pesquisa da Vox, seria preciso que ocorresse um caso muito grave, como a descoberta do envolvimento do Psolista em um escândalo como o do “mensalão”, por exemplo.
Reconhece que o crescimento de Zenaldo existe, mas afirma que, além de concentrado entre os eleitores de maior poder aquisitivo, estaria “longe de chegar a 20%”.
“Nós fazemos um acompanhamento diário dos números das eleições. E ele (Zenaldo) pode até ter chegado, um dia, a 21%. Mas, na média, tem ficado em 18%”, sustenta.
Diz que conversou com pessoas que trabalham nas campanhas de outros candidatos e que elas teriam sido unânimes em informar que as pesquisas internas que possuem “nunca deram número parecido”.
E ironizou: “Teve gente que até me disse, brincando, que até os jornaleiros estavam rindo quando entregavam o jornal”.
Ele disse que tomou conhecimento dos números da pesquisa por volta das 14 horas de anteontem, sábado, “mas não acreditei que tivessem coragem de fazer uma coisa dessas. É jogar no lixo a credibilidade de um órgão de imprensa, em troca de uma eleição, um episódio”.
Segundo ele, uns 5% dos eleitores ainda se deixam influenciar por pesquisas, optando por votar nos candidatos que aparecem mais bem colocados.
“Instrumento de arrecadação”
Formado em Letras, com especialização em Maketing e em vias de concluir o Mestrado em Ciência Política, o diretor da empresa de pesquisa Doxa Comunicação, Dornélio Silva, que atua em campanhas eleitorais do Pará e de outros estados, também questiona os números da Vox.
“Isso é simplesmente um absurdo, um escárnio ao eleitor. E é uma coisa orquestrada, porque a Vox já registrou outra pesquisa, que deve ser publicada na quarta ou quinta-feira”, afirma.
E arrisca: “Na próxima pesquisa da Vox, é possível que o Zenaldo apareça até à frente do Edmilson, para entrar em vantagem no segundo turno. Porque se o Edmilson tivesse uns 30% de vantagem sobre o Zenaldo, haveria dificuldades para ele (Zenaldo) articular alianças no segundo turno”.
Segundo Dornélio, “estão usando a pesquisa como instrumento de marketing e arrecadação de campanha e isso desvirtua o objetivo dela. Para nós que trabalhamos com pesquisa, isso é muito ruim”.
Dornélio conta que tem feito algumas pesquisas para consumo interno da área de estratégia da campanha de Edmilson.
Mas também presta serviços a vários partidos, em campanhas dos principais municípios paraenses, e até no Amapá e Maranhão. Além disso, realiza pesquisas em Santarém e Marabá, em parceria com os blogueiros Jeso Carneiro e Hiroshy Bogéa.
Segundo ele, é fato que a pesquisa da Vox ajuda a mobilizar os militantes da campanha de Zenaldo, mas, acredita, os eleitores podem começar a duvidar dessa dança de números.
E afirma que seria preciso um fato novo (e grave) para justificar uma queda tão acentuada de Edmilson, em prazo tão curto. No entanto, mais difícil ainda seria uma subida vertiginosa, como a apresentada por Zenaldo, pelos números da Vox.
“O que justificaria uma queda assim de um candidato? A descoberta, por exemplo, de um caso de corrupção, que provocasse uma grande decepção do eleitor. Já para a subida não existe apenas um fato, mas vários elementos. Os candidatos começarem a se digladiar, as pessoas começarem a ter simpatia por um determinado sujeito e o discurso dele ir atendendo às expectativas das pessoas, por exemplo. Por isso, não existe subida vertiginosa. Ela é sempre gradativa, devagar”, comenta.
Dornélio afirma desconhecer, nos 20 anos em que trabalha com pesquisas, alterações tão rápidas no quadro eleitoral de Belém, como as apontadas pela Vox.
Lembra que em 1996, quando Edmilson foi eleito prefeito pela primeira vez (um caso que se tornou pedagógico entre os que trabalham em campanhas eleitorais), o que ocorreu foi também uma subida gradativa, diante das dimensões do fogo cruzado entre Elcione Barbalho e Ramiro Bentes.
Além disso, salienta, naquela eleição a diversidade de candidaturas era bem menor do que hoje, quando há 10 concorrentes ao pleito.
E essa quantidade de candidatos é outro fator a dificultar mudanças bruscas nos números, já que ajuda a diluir ainda mais os lucros de uns, em decorrência das quedas de outros.
Lembra que na última pesquisa da Doxa, divulgada há uns 15 dias, Edmilson tinha 43% das intenções de voto e Zenaldo apenas 15%.
Hoje, calcula, Edmilson deve ter caído para 38% a 40% e Zenaldo deve ter crescido para 18% a 20% - e os dois devem estar no segundo turno.
Para Dornélio – que deve divulgar nova pesquisa da Doxa na próxima quinta-feira – o fato de a Vox apontar Zenaldo com 25% de intenções de voto significa apenas que essa é a meta de campanha do tucano, nesta reta final.
“Eles querem chegar nesse patamar de 25% porque ainda têm uma semana de trabalho. É uma estratégia que pode até funcionar, já que dispõem de estrutura para isso”, observa.
“Será que o paraense paulistou?”
A Perereca também ouviu outras duas pessoas com ampla experiência de campanha eleitoral, mas que pediram para não se identificar.
Ambas também não acreditam nos números da Vox.
“É uma pesquisa meio maluca. É como se todo mundo tivesse acordado pensando: não vou mais votar neste candidato, mas no outro”, disse uma pessoa, com 30 anos de experiência nessa área.
Lembra que a pesquisa recentemente divulgada pelo cientista político Edir Veiga aponta uma diferença de 17% entre Edmilson e Zenaldo e que, em pesquisas anteriores, essa distância era ainda maior.
E comenta: “Nunca vi uma eleição com tanta diferença de número; nunca vi uma variação dessas, em termos de números de pesquisas. E eu estou aguardando a de sábado, para ver o resultado”.
A fonte estranha especialmente o fato de Zenaldo parecer o único beneficiário da queda de vários candidatos, inclusive de Edmilson.
“Tenho dúvidas em relação a essa pesquisa (da Vox), a não ser que o eleitor tenha até modificado seus conceitos. Você pode perder votos, mas só para um? Até porque são propostas opostas, o PSOL e o PSDB; não tem nada a ver o perfil do eleitor de um e de outro”, observa.
E acrescenta, brincando: “Vai ver que o eleitor paraense resolveu paulistar”, referindo-se à eleição, para a Prefeitura de São Paulo, de candidatos tão diferentes quanto Jânio Quadros, Luiza Erundina, Paulo Maluf e Marta Suplicy, em pleitos sucessivos.
A fonte também afirma desconhecer oscilações tão abruptas, para mais ou para menos, em campanhas eleitorais, como essas apontadas pela Vox.
E brinca, novamente: “Se o Anivaldo aparecer ganhando no primeiro turno, eu nem estranho, não”.
A seu ver, o Ministério Público Eleitoral deveria entrar em campo, para investigar tais fatos. E diz que a culpa nem é do veículo de comunicação que divulgou a pesquisa, “mas do instituto que se presta a essa manipulação”.
E arrisca: “Talvez façam isso porque sabem que, passada a eleição, ninguém vai se lembrar. Hoje, todo mundo só se lembra da história da Valéria (Pires Franco), porque foi muito escandalosa, já que as pesquisas diziam que ela estava em segundo, mas ela acabou em quarto lugar”.
Disse que devido a essa oscilação, até mesmo as pessoas que desconhecem o funcionamento de pesquisas e campanhas, acabam com a sensação de que há algo errado com esses números.
No entanto, admite, as pesquisas influenciam, sim, aquela parcela do eleitorado formada por indecisos, pessoas desinformadas e até aqueles que, por incrível que pareça, “não querem perder o voto”.
A outra fonte ouvida pelo blog, também com décadas de atuação em eleições, lembrou a boa estrutura da campanha de Zenaldo e o fato de a maioria dos candidatos a prefeito de Belém ter escolhido Edmilson Rodrigues como alvo preferencial.
“Há algumas coisas que não levam a nada, e que acabam até vitimizando o sujeito, aos olhos do eleitor. Mas há ataques que funcionam, como aquele dos R$ 52 milhões da Saúde, um processo que não foi em frente, mas que foi usado na campanha, a partir de manchetes de jornais. Isso funciona, porque atinge o cara na moral”, observa.
Mesmo assim, a fonte também não acredita nos números da Vox: “Penso que o Edmilson pode estar até com 36% ou 37%, mas jamais com 27%”.
Diz que já ouviu um boato que, “na próxima pesquisa, Zenaldo Coutinho aparecerá em primeiro lugar”.
Por isso, acredita que o Ministério Público já deveria ter entrado em campo, para investigar essa dança de números, já que pode agir de ofício.
E arremata: “Se eu fosse a Justiça Eleitoral, aliás, já teria suspendido a divulgação de pesquisas desde a semana passada, porque não há como justificar a existência de 4,5 ou 6 pesquisas cada uma de um jeito, cada uma com números tão diferentes, quando a pesquisada é uma só: a população de Belém”.
repostadado de: http://pererecadavizinha.blogspot.com.br/
Liberal e suas pesquisas, sempre a favor de Zenaldo, um candidato contra as politicas socias do governo federal, sempre fez oposição ao governo Lula e seus programas. Ser Zenaldo for eleito ele vai acabar com programas com Bolsa-Família e Minha Casa Minha Vida.E agora Gente?
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