As limitações de um governo de esquerda como o do PT, num país continental como o Brasil, são cantadas em verso e prosa, há quase uma década, por “pseudo-esquerdistas” de todas as cores e matizes.
Para estes, vale tudo quando o objetivo é fugir do cansativo e inglório trabalho de desmascarar o capitalismo como a verdadeira utopia inatingível, como sistema intrinsecamente injusto, desigual e primitivo que condena à sub-vida 3 bilhões de seres humanos e a outros 3 bilhões uma vida sem outra perspectiva senão de viver mais ou menos entre crises periódicas.
Para estes, vale tudo quando é preciso abandonar o exaustivo e diuturno trabalho de construir uma nova sociedade em cima da velha e ao mesmo tempo, difundir uma nova maneira de pensar o mundo, sem pedir para que ele, o mundo, pare enquanto isso.
E sem pedir que os mais pobres, os despossuídos, os enfermos e miseráveis, agüentem mais alguns poucos séculos de exploração enquanto nós, a vanguarda, brincamos de lutar outras lutas menos antigas, menos jurássicas, menos “anos vinte”, menos “século passado”.
Vale tudo e mesmo até, esquecer completamente da prioridade da “velha e desbotada” luta de classes e adotar como eixo outras lutas mais modernas e mais “fashion”, mais gostosas de lutar, como aquelas que podemos lutar sob o aconchegante abraço e estímulo da mídia burguesa, dos próceres da política burguesa, sob o pretexto de que “precisamos antes extirpar velhos preconceitos de dentro de nossas fileiras”.
E tome luta fratricida entre nós e paz celestial aos Senhores...
Celso Amorim Ministro da Defesa, mostra a principalidade da luta de classes a nível mundial.
Mostra como é correta a linha política daqueles que colocam a questão internacional como viga mestra das preocupações da esquerda brasileira.
Mostra também como é nossa tarefa central enfrentar a dura realidade do arcabouço institucional do Estado, mas não com os olhos ávidos sobre os cargos e salários que possam nos oferecer, mas com a mente e o coração fixados na difícil missão de, uma vez dentro deles, decifrar os enigmas e desarmar os verdadeiros preconceitos e procedimentos perversos que estão enraizados há séculos nesse Estado.
As forças armadas brasileiras, como do resto da América Latina, sempre foram objeto da mais completa, primária e rasteira lavagem cerebral promovida pelo império inglês e depois, pelo americano.
Nossos melhores oficiais, desde cedo, foram doutrinados com pesadíssima carga ideológica “made in USA”, que impede qualquer vacilo, qualquer sombra sequer de pensamento que questione o modelo de desenvolvimento excludente, egoísta e autoritário que vem do norte.
Daí, de dentro de nossas casernas, como de toda a América Latina, o império sempre soube que podia contar, sairiam, quando fosse necessário, os tanques de guerra, os batalhões de infantaria, os bombardeios que iriam acabar com qualquer governo que não fosse súdito, vassalo e submisso aos ditames de Washington.
Fazer isso mudar e levar aos quartéis ( e lá fazer vigorar ) o verdadeiro amor pelo destino livre do povo que paga os seus soldos e que precisa que existam forças armadas verdadeiramente brasileiras, verdadeiramente latino-americanas, é uma tarefa hercúlea.
Mas não impossível.
Uma tarefa de gigantes.
Mas não inglória ou destinada ao fracasso, antecipadamente.
Mas uma tarefa necessária.
Tão necessária quanto foi impedirmos que as pessoas morressem de inanição, de doenças, de décadas de subnutrição, mesmo sendo chamados de “assistencialistas” pela “pseudo-esquerda”.
Tão necessárias quanto garantirmos por meio de cotas, que estudantes brancos pobres, ou de descendência africana ou indígena, tivessem um percentual de vagas assegurado, para disputarem entre si, no injusto cassino do vestibular e mesmo do ENEM. Mesmo sendo xingados de “racistas ao contrário”, por nossos detratores.
Tão necessárias quanto estruturarmos, partindo de uma simples secretaria especial da Presidência, um futuro Ministério que garanta a perenidade de verdadeiras políticas que reduzam a desigualdade entre homens e mulheres, mesmo sendo cobertos de epítetos e palavras de ordem por quem vê “sinal de machismo” em qualquer charuto.
Os brasileiros esperam que suas forças armadas, através da inteligência e da dissuasão, cumpram seu dever de defender a soberania nacional e o povo brasileiro daqueles países e governos que, durante séculos, manipularam nossas defesas contra nós mesmos.
E daqueles países e governos que esperam só uma oportunidade para usá-los para franquear-lhes o Pré-Sal, as riquezas da Amazônia, o mar subterrâneo de água doce do Aqüífero Guarani e principalmente, para acabar com o perigoso exemplo político, econômico e social que vem do Brasil para o resto do continente e para a Europa Mediterrânea, África e Caribe.
Os brasileiros sabem que os nossos soldados são filhos do povo e que viveram, na ultima década, duas formas de ver a vida, duas épocas: uma sob o governo FHC e outra sob o governo do PT. Uma época como pré-candidatos ao desemprego, outra como atores do pleno emprego. Uma época como gente de segunda classe, outra como pessoas indispensáveis ao crescimento do país.
Os brasileiros sabem que seus oficiais são bem preparados profissionalmente, que sua dedicação à sua tarefa excede talvez sua remuneração e as condições técnicas que lhes são oferecidas. Os brasileiros sabem que a maioria de seus oficiais generais não mais assinam embaixo as barbaridades e atos impatrióticos cometidos no passado pelos que trocaram o comando do povo pelo comando vindo de outro Exército, de outro país. E se locupletaram com isso.
Boa gestão ao novo ministro da Defesa Celso Amorim.
0 Response to "Amorim na Defesa, internacionalismo no Ataque"
Postar um comentário