Editorial
Acabou a lua-de-mel. O primeiro sinal disto foi a mudança no tratamento da mídia para com a presidenta Dilma Roussef. Todos lembram que na campanha eleitoral ela era tratada como “poste”, “pau mandado”, “radical” e “incapaz de controlar o Partido”. Depois da vitória, passou a ser elogiada como gestora eficiente, contida e muito melhor que Lula. E agora, pasmem, parte importante da mídia customizou o velho discurso e tenta apresentar Código Florestal, a presidenta como uma fraca, sujeita às interferências de Lula e às pressões do PT.
O segundo sinal de que acabou a luade-mel foi o resultado da votação do Código Florestal. Registre-se a esse respeito, antes de mais nada, o infeliz papel assumido pelo deputado federal Aldo Rebelo, cujo viés nacionalista o está levando a mascarar como “progressistas” medidas que são de interesse exclusivo do agronegócio e que, ao contrário da lenda, podem dificultar a defesa dos interesses nacionais, inclusive na Amazônia.
Mas, olhando de conjunto, o que a votação demonstrou é que a base do governo não é tão governista assim, quando se trata de votar temas que afetam os interesses das classes dominantes. E, como é óbvio, os principais governistas de ocasião estão no PMDB, que desta vez ocupa o estratégico posto da vice-presidência da República.
O terceiro sinal de que acabou a lua-de-mel está na economia. Claro que há várias maneiras de olhar os indicadores. Pode-se falar que a inflação está sob controle, que o governo está atingindo as metas de superávit, que o crescimento econômico previsto é bem razoável, que continuamos criando empregos, que estão sendo criados novos programas sociais.
Mas olhando de outra forma, o quadro é muito preocupante. A situação dos Estados Unidos e de alguns países da União Européia é para lá de delicada. O tema cambial continua pressionando e a taxa de juros continua absurdamente alta. E os gargalos estruturais do país seguem existindo e só terão solução se tivermos mais Estado, o que supõe mais recursos, que por sua vez dependem de uma reforma tributária progressiva que taxe as grandes fortunas, o que supõe aprovar a mãe de todas as reformas: a política.
É nesse contexto que a direita vai se movimentando para as eleições de 2012. A direita tradicional enfrenta problemas, é verdade. Mas a direita da coligação governista está se mexendo, o PSB também. E a direita social e midiática segue pautando o debate político no país. E aproveitando-se de nossos erros, públicos ou privados. Estes são os temas desta edição de Página 13.
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Página 13 nº 98 Jun 11 (1,6 MiB, 92 hits)
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