Federalismo capenga: Norte concentra 4,26% dos cursos de doutorados e mestrados do país

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postado por Edir Veiga: http://bilhetim.blogspot.com/

É o que afirma o Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação da UFPA Emanuel Tourinho. A pesquisa científica e tecnológica é mais uma amostragem de nosso federalismo desequilibrado. Estados ricos são aquinhoados com mais recursos, enquanto nenhuma política que reconheça a necessidade de investimento diferenciado para o norte do Brasil é executado.

 

Pesquisa na Amazônia necessita de novas políticas de incentivo


Mesmo com todos os olhares voltados para a Amazônia e o consenso sobre a importância de se investir em conhecimento científico para o desenvolvimento, o fomento à pesquisa ainda permanece desigual e insuficiente para mudar a realidade da região. Esse cenário se confirma com a distribuição de recursos para a produção científica e com o número de doutores presentes nas universidades do norte do Brasil.

Embora o número de cursos de pós-graduação tenha dobrado na última década – atualmente são ofertados 4.722 em todo o país, entre cursos de mestrado, doutorado e mestrado profissional - o percentual ainda é pequeno nos Estados da Região Norte, os quais possuem 203 cursos de pós-graduação stricto sensu, o que corresponde a 4,26% dos cursos no País. Considerados apenas os de doutorado, esse percentual cai para 3,16%. O Sudeste concentra o maior número, com 2.396; em seguida, está a Região Sul, com 956; o Nordeste detém 830 e o Centro-Oeste, 337 cursos.

Necessidade - Os recursos de fomento e bolsas do CNPq destinados às Instituições de Ensino Superior do Norte também são reduzidos e não chegam a 5%. “Vivemos, na Amazônia, um momento de necessidade de criação de um novo modelo de desenvolvimento baseado na exploração com sustentabilidade de nossos recursos naturais, e isso exige conhecimento científico de ponta. Nós precisamos dominar, pelo conhecimento, essa riqueza natural da Amazônia e, para isso, precisamos de recursos humanos (pesquisadores doutores) que possam fazer as pesquisas necessárias e formar novos doutores para também se dedicarem a essa atividade na região”, observa o pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação da Universidade Federal do Pará, Emmanuel Tourinho.

Mais investimentos - Segundo o pró-reitor, é importante reconhecer os avanços alcançados, nos últimos anos, com a criação de novas universidades, a abertura de cursos de doutorado e mestrado e a incorporação de algumas centenas de doutores às instituições da região. Porém a necessidade de maior investimento na formação de novos doutores e de fixação destes na Amazônia permanece entre os principais desafios apontados pelos pró-reitores de Pesquisa e Pós-Graduação das Instituições de Ensino Superior e de Pesquisa da Região Norte (IES/IP-N).

O assunto fez parte das discussões do Fórum Regional de Pró-Reitores de Pesquisa e Pós-Graduação das IES Brasileiras realizado este mês, em Boa Vista, Roraima. “A preocupação é com a definição de políticas para o desenvolvimento científico e tecnológico na Amazônia para os próximos dez anos e o papel de lideranças na região é fundamental para que isso aconteça na direção desejada”, enfatiza Emmanuel Tourinho. “Isso nos impõe a tarefa de pensar políticas novas, que permitam, num prazo de no máximo uma década, se alcançar respostas mais efetivas para essas necessidades”, acrescenta.

Fórum – Durante o Fórum Regional, os pró-reitores elaboraram a Carta de Boa Vista, na qual constam informações sobre as diferenças regionais em relação ao desenvolvimento da ciência e da pós-graduação e propostas para superar tais diferenças, como a qualificação dos docentes das instituições de ensino superior que estão na Amazônia para que venham a atuar mais fortemente na pesquisa. Outra proposta é criar incentivos à formação de novos grupos de pesquisas na região, os quais possam atuar nas várias áreas do conhecimento. Um terceiro conjunto de ações está voltado à expansão do sistema de pós-graduação na Região Norte, com a abertura de cursos de mestrado e doutorado.

Esse documento será encaminhado para as agências de fomento à pesquisa e à pós-graduação, como Capes e CNPq, e para os Ministérios da Educação e o da Ciência e Tecnologia, além de Fundações Estaduais de Apoio à Pesquisa, secretários estaduais da região, sociedades científicas nacionais e lideranças políticas. “Queremos sensibilizar esse conjunto de agentes para a necessidade de uma ação mais consistente e articulada, voltada ao desenvolvimento científico e tecnológico na região”, afirmou Emmanuel Tourinho.

Incentivos – No Estado do Pará, são cerca de 1.800 doutores trabalhando em universidades. A UFPA possui, em seu quadro, cerca de 1.100 professores com doutorado, o que corresponde a um pouco menos da metade dos professores da instituição.
Para incentivar a formação de novos grupos de pesquisa na região, a UFPA desenvolveu ações estratégicas, como a mudança na resolução para contratação de docentes. Todos os concursos públicos são abertos, inicialmente, para doutor e, em alguns casos, se não houver doutor inscrito, o concurso reabre para mestre.

A Universidade também mantém o Programa de Apoio ao Recém-Doutor e criou o Programa de Apoio ao Doutor Recém-Contratado, como forma de estimular a vinda de doutores para a região, para, aqui, desenvolverem sua atividade de pesquisa. Esse programa foi formulado em cooperação com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Pará (Fapespa) e com apoio da Capes.

Outros programas da Propesp/UFPA também oferecem benefícios, como o custeio de despesas com a publicação de artigos científicos em revistas estrangeiras e o financiamento de reuniões técnicas de pesquisadores da Instituição com pesquisadores estrangeiros, para o estabelecimento de cooperações novas de pesquisa.

Apesar dos incentivos, ainda é difícil fixar doutores na região e os principais entraves são a infraestrutura de pesquisa e a distância geográfica em relação à maioria dos centros de pesquisa. “É difícil uma universidade na Amazônia competir com um centro de pesquisas em outras regiões. As condições de trabalho nos outros centros acabam sendo mais favoráveis, por isso é preciso ter políticas adicionais que tornem a vinda e a permanência mais atrativas”, pontuou.

Clique aqui para acessar a Carta de Boa Vista.

Texto: Ericka Pinto - Assessoria de Comunicação da UFPA


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