Eleições na Espanha: derrota histórica do PSOE

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O primeiro ministro José Zapatero do PSOE

Por Emilio Font


Com 90% dos votos apurados das eleições municipais e regionais (comunidades autonomas) realizadas neste domingo o PSOE aparece como o grande derrotado, incluíndo  a cidade de Barcelona onde governava há 32 anos e Sevilha, um de seus maiores bsatiões.
Trata-se de um recado inequívoco dos eleitores ao governo dito socialista de José Zapatero. Frente a uma crise que entre outros efeitos provoca o desemprego de até 40% da juventude o governo Zapatero insiste na adoção de medidas econômicas de cunho neoliberal incluindo a redução de gastos sociais, a flexibilização dos contratos de trabalho, cortes nas aposentadorias e seguro desemprego entre outras medidas; por outro lado garante os benefícios dos bancos e cria incentivos às grandes empresas.
Ironicamente o grande vencedor parece ser o partido de direita PP – Partido Popular, ironicamente pois caso estivesse no poder provavelmente adotaria as mesmas medidas adotada pelo PSOE.
Essa suposta contradição decorre em parte de um sistema eleitoral que favorece de forma desmedida somente o PP e o PSOE, sistema recentemente reformado e previamente acordado entre ambos os partidos, diga-se de passagem foi um dos únicos grandes acordos entre os dois partidos no governo Zapatero.

O movimento dos indignados ou o 15-M
Uma das respostas a essa situação são os acampamentos que se espalham pelas praças do país, que tem em suas principais bandeiras justamente a mudança do sistemas econômico e político. Para alguns o sistema político espanhol aproxima-se de uma ditadura bipartidarista, perpetuando no poder somente o PSOE e o PP.
Trata-se porém de um movimento ainda extremamente fragmentado e seus efeitos são ainda uma incógnita. Em aprte porque os dois maiores partidos, em especial o PP, se mostram impermeavéis a essas mobilizações, mesmo o PSOE parece preferir perder com uma política de direita a girar para a esquerda e atender, que seja pelo menos em parte, às reivindicações do movimento. A única força que se dispõe a acatar as bandeiras do movimento é a Izquierda Unida, porém cujo resultado eleitoral, em que pese seu crescimento, ainda não lhe garante força suficiente para alterar os rumos da politica economica do país.
Por fim o próprio movimento parce carecer de uma certa unidade e objetividade de propósitos, o que dificulta um avanço em conquistar algum resultado significativo.

A Izquierda Unida cresce
Em que pese o quadro sombrio o resultado das eleições revelam o crescimento da IU – Izquierda Unida que se mantém como a terceira força política do país, porém com uma votação (algo em torno de 6,5% dos votos) muito aquém do necessário para torna-lá uma alternativa real de poder. Ao que tudo indica a IU ainda não foi capaz de encontrar um discurso e uma estratégia na qual o povo espanhol consiga enxerga-lá como a única esperança concreta de alternativa frente às políticas econômicas do PP e do PSOE que nada mais são do que variações do mesmo tema.

A força da Izquierda Abertzale no País Vasco

Apurações parciais indicam que Bildu emerge destas eleições como a segunda força política do País Vasco, atrás somente do centrista PNV – Patido Nacionalista Vasco, com vitórias significativas em toda a região e cidades importantes como Gipuzkoa e Donostia além ser o partido que elegeu o maior número de “consejales” (equivalente aos nossos vereadores), mais de 1.000 em Hego Euskal Herria.
Esta vitória representa um fortalecimento significativo da Izquierda Abertzale (Esquerda Patriótica – Independentista) cabe lembrar que Bildu esteve, até praticamente um mês antes das eleições, sob ameaça de impugnação por parte da justiça espanhola sob a “acusação” de manter vínculos com o grupo separatista ETA, os resultados eleitorais demonstram porém que a Izquierda Abertzale possui um significativo enraizamento social e que qualquer  solução sobre o País Vasco passa necessariamente pelo reconhecimento dessa força política como interlocutora relevante do povo Vasco, e que não há solução para o conflito sem sua participação.


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