Andréia Sadi e Adriano Ceolin, iG Brasília
30/11/2010 07:01
Apesar de ser motivo de piada na maior parte da base aliada no Congresso, o Ministério da Pesca tem sido objeto de disputa entre duas alas diferentes do PT. A corrente minoritária Articulação de Esquerda tenta manter o atual ministro Altemir Gregolin, enquanto a majoritária Construindo um Novo Brasil (CNB) deseja emplacar a senadora Ideli Salvatti. Os dois são integrantes do PT de Santa Catarina.
Nas negociações para a formação do governo Dilma Rousseff, políticos da base governistas não querem nem ouvir falar em comandar a Pesca. Isso porque a presidenta eleita sinalizou com a possibilidade de promover uma dança das cadeiras na Esplanada. Liderados pelo PMDB, políticos da base impõe uma condição: "Aceitamos troca. Só não pode ser uma com a Pesca".
Criada como secretaria por Lula em 2003, a pasta ganhou status de ministério em 2008. No entanto, sempre um petista de Santa Catarina esteve no comando. O primeiro a ocupar o cargo foi José Fristh, candidato derrotado ao governo catarinense em 2002. Em 2006, ele saiu do ministério para disputar o governo de novo. Acabou derrotado mais uma vez.
Em 2007, tentou voltar para o Ministério da Pesca. Em vão. A cadeira de ministro já estava ocupada por Altemir Gregolin. Com o apoio de Lula, lá ele permaneceu. Curiosamente, os dois são da mesma corrente interna do PT, a Articulação de Esquerda. Agora, em 2010, Gregolin tenta permanecer no cargo no futuro governo Dilma.
Durante a campanha eleitoral, Gregolin procurou marcar presença em eventos. Entre os petistas, causou a participação do ministro na linha de frente do discurso do fim do primeiro turno. Ele próprio já disse que tem intenção de ficar no cargo. Por isso, mantém uma agenda intensa, com inauguração e viagens.
Na segunda-feira, Gregolin estava em Roma (Itália) como um dos coordenadores da reunião da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). Na quarta-feira, participa da inauguração de um terminal pesqueiro público, na Bahia. Na semana que vem, irá entregar "caminhões-feira" a 50 prefeitos em Brasília.
Partilha
Apesar de ter sido cotada em princípio para ocupar a Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, aliados de Ideli tentam colocá-la como opção para a Pesca. Além de ser integrante da ala majoritária CNB, ela ganhou prestígio com Lula ao atuar em defesa do governo durante os oito anos que exerceu seu mandato no Senado. Líder do governo no Congresso até abril deste ano, Ideli concorreu o governo catarinense, mas acabou ficando em terceiro lugar.
"Eu não sei de nada. Nessas horas é melhor não saber de nada. Estou quieta no meu canto", desconversa Ideli em conversa com o iG por telefone. A senadora também não se arrisca a falar sobre o futuro de Gregolin, seu companheiro de partido no Estado. Ela, no entanto, disse que é importante a pasta ficar com algum representante de Santa Catarina
"Somos a maior indústria pesqueira do País. Somos o maior produtor de aqüicultura. Por isso é relevante para Santa Catarina (a pasta)", disse Ideli. "No início do governo Lula, o ministério foi reivindicado pelo Estado. Foi um compromisso que o presidente assumiu ainda na campanha de 2002", completou a senadora.
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