Serra ficou com 50% dos votos de Marina

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Segundo o Ibope, metade dos eleitores que votaram em Marina Silva (PV) mudou seu voto para José Serra (PSDB) no segundo turno, um terço migrou para Dilma Rousseff (PT) e os demais 15% anularam ou votaram em branco (quase o triplo da média do total do eleitorado).

Serra se beneficiou do voto da terceira colocada do primeiro turno na proporção de 1,5 para 1 em relação a Dilma. Cooptou 50% de eleitores a mais do que a rival direta. Dilma foi eleita porque partiu de um patamar de votos, obtidos em 3 de outubro, 44% maior que o tucano.
Aplicando-se os porcentuais do Ibope sobre a votação da candidata verde no primeiro turno, estima-se que Serra incorporou 9,8 milhões de votos do eleitorado de Marina, contra 6,5 milhões que foram para Dilma e pouco menos de 3 milhões que anularam ou votaram em branco.

Há uma diferença notável no perfil dos eleitores de Marina que migraram para um lado e para outro. As marinistas mulheres, os brancos, quem estudou até o fundamental ou médio, os cristãos (católicos ou evangélicos) e os mais ricos optaram majoritariamente por Serra.

Os homens, os que fizeram faculdade, os que se auto-declaram pardos (critério IBGE) e os de renda intermediária racharam meio a meio. Já os ateus, agnósticos e seguidores de outras religiões, os pobres e os que se auto-declaram pretos votaram mais em Dilma.
Os marinistas tiveram um impacto maior no crescimento de Serra no segundo turno. Seu peso foi de quase 95% dos novos votos do tucano. O restante é um misto de ex-eleitores de Dilma, de Plínio Sampaio (PSOL) e dos que haviam anulado ou votado em branco no primeiro turno.

Para Dilma, os marinistas tiveram peso um pouco menor, mas ainda grande: 85% do seu crescimento. Os outros 1,2 milhão de votos incorporados pela petista vieram, principalmente, da redução dos votos nulos e brancos de um turno para outro.

Contando-se a votação total dos dois candidatos finalistas, os eleitores de Marina foram responsáveis por 20% dos 44 milhões de votos de Serra no segundo turno, e apenas 10% dos 56 milhões votos de Dilma.

A pesquisa Ibope foi feita no dia do segundo turno, na casa dos entrevistados, tanto com eleitores que já haviam votado quanto com quem ainda iria votar. Foi uma pesquisa diferente da boca de urna, que é realizada apenas nos locais de votação.

O Ibope perguntou em quem os eleitores haviam votado no primeiro turno e em quem votaram ou pretendiam votar no turno final (para aqueles que ainda não tinham votado). Os poucos indecisos foram redistribuídos na mesma proporção das intenções de voto dos já decididos.

Serra cresceu mais do que Dilma no segundo turno em quase todas as regiões: de Norte (70% a mais do que ela) a Sul (198%), passando por Sudeste (28%) e Centro-Oeste (55%). A exceção foi o Nordeste, onde a petista aumentou 15% mais sua votação.
Teto. Na média do Brasil, os ganhos de eleitorado de Serra foram 30% maiores do que os de Dilma. O tucano ganhou mais onde Marina foi proporcionalmente pior. E os ganhos foram mais significativos onde sua votação, no primeiro turno, ficou abaixo da média. Ou seja, inversamente proporcionais.

Uma hipótese para explicar isso é que Dilma já havia chegado muito perto de seu teto de votação nas cidades menores, onde o eleitorado de Marina foi pequeno. Portanto, Serra poderia crescer mais nelas. Dilma tinha mais chance de crescer nas cidades grandes, onde Marina lhe 'roubara' votos.

Considerando-se apenas as cidades onde a verde teve pelo menos 15% dos votos válidos do primeiro turno, os ganhos de Serra caem para 23% além dos de Dilma. Já entre os municípios onde Marina teve mais de 25%, o porcentual cai para 3%. E vira negativo (-6%) nas cidades onde ela obteve mais de 30%. No Sudeste, é o contrário. Há uma forte correlação positiva entre o crescimento da votação de Serra e o tamanho do eleitorado marinista.



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