O porquê da minha paciência com o PSOL

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Flávio Loureiro

É sempre saudável a critica pela esquerda, desde que seja pela esquerda

Por Flávio Loureiro

(Resposta a uma companheira petista, com acréscimo de novos argumentos)

O meu antes melhor amigo, agora se torna o meu maior inimigo. Essa é uma máxima de toda dissidência pela esquerda, desde que comecei a ler sobre teoria política e a participar da política. E lá se vão muitos anos.
Logo, as atitudes que você relata sobre o comportamento de militantes do Psol, no segundo turno da eleição presidencial, não me surpreende. Aliás o Psol funciona tal qual o PT na sua primeira fase. Esquerdista, arrogante e achando que a esquerda socialista no Brasil começou a partir dele.

A relação de superioridade intelectual e de coerência política e moral que o Psol guarda em relação ao PT, é semelhante a que PT guardava em relação ao PCB e ao PCdoB. Hoje eles nos chamam de pelegos, na época chamávamos os partidos comunistas de pelegos, por motivações parecidas a que eles nos chamam, goste-se ou não de admitir.

No PT ainda havia ainda um forte basismo, por conta da influência dos movimentos de base católicos e sindicais na fundação do partido e pelo fato do partido ser a resultante da retomadas dos movimentos sociais no Brasil, lá pela década de 70.

O Psol já não tem isso porque é formado em sua maioria por organizações vanguardistas, intelectuais de esquerda e com uma base social precária, já que o PT permanece sendo a referência da grande maioria dos trabalhadores (as) brasileiros (as) e dos movimentos sociais organizados. Daí o encantamento do Psol com votos que não guardam coerência com os objetivos estratégicos que busca conformar em seu programa, de uma parcela significativa do eleitorado conservador, aqui no Rio, como mostra os mapas eleitorais de votação dos seus principais candidatos. Igualzinho ao PT no passado, onde, em alguns casos, os mesmos personagens que naquela época se beneficiavam com tal embocadura, ora se beneficiam, só que agora pela sigla do Psol.

Enfim, o Psol é resultado de uma análise equivocada da forma de superar o excesso de moderação do PT. Agora, eu acho positivo que no cenário político brasileiro haja organizações políticas que critiquem o PT pela a esquerda, desde que obtenham a capacidade de se fazerem ouvidas e assimiladas pelo distinto público.
Quando o Psol conseguir assumir este papel dará uma importante contribuição para a esquerda brasileira, já que até agora apenas brande um udenismo mal disfarçado que muitas vezes o confunde com o discurso dos partidos de direita.

Aliás ( da série recordar é viver que inspira esta mensagem), não custa lembrar que Brizola dizia que o PT
era a UDN de tamancos, porque o nosso discurso na primeira fase era semelhante ao que o Psol faz agora – e só foi retirado à forceps da embocadura petista a custa do suposto mensalão. Alguns, para os quais tal discurso era razão da própria existência política, sairam do PT. Outros não, sairam porque diagnosticam o declínio e o abandono do PT a causa socialista.

É natural, inclusive aos jovens psolistas que entraram na política com o advento do Psol, ou mesmo na fase final dos seus fundadores no PT, ostentem tal arrogância. Como é natural que petistas de hoje que não viveram os primeiros tempos do PT (ou viveram, mas têm memória fraca) , não consigam ver as semelhanças entre aquela primeira fase petista e a atual do Psol. E, de forma arrogante, digam que o Psol é um equívoco.
Quando o Psol é o resultado – infelizmente para eles e este é o drama deles – de um movimento de cisão com o PT, deflagrado num período histórico de baixa e defensiva da luta socialista e social – daí o potencial de ampliação dele ser limitado -, motivado por mudanças operadas no interior do PT, semelhantes a inúmeras operadas em partidos socialistas pelo mundo afora, algumas mais drásticas e nocivas do que as do PT, rumo ao excessivo pragmatismo e institucionalização.


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