A derrota de Ana Júlia: Efeito King Kong

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FRANCISCO SIDOU


Napoleão Bonaparte, que desfrutou de todas as honras e glórias do poder, derrotado em Waterloo, nos brindou com uma frase lapidar: “A vitória tem muitos pais, mas a derrota é órfã de pai e mãe”. Essa reflexão me ocorreu ao ler nos jornais as explicações de doutos cientistas políticos para a derrota da governadora Ana Júlia


.Há teses para todos os gostos, uns mais, outros menos apurados. Há os que atribuem a derrota ao isolamento político da governadora, que teria ficado refém de um grupo de “ideólogos” (luas-pretas) de uma das alas petistas, a Democracia Socialista. Há ainda os que consideram que o governo cometeu erros crassos na comunicação de suas obras e serviços. Há outro analista político que atribui a derrota à abstenção de 1,2 milhão de eleitores, os quais, se tivessem comparecido e votado na governadora, evidentemente, ela teria ganho a eleição, pois perdeu "apenas" por 385 mil votos... Condena ainda a benevolência do governo em dispensar o ponto dos servidores estaduais, pois, na sua avaliação, o "tiro saiu pela culatra".

De todas as teses expostas, a mais original, sem dúvida, foi levantada pelo professor doutor Fábio Castro, primeiro secretário de Comunicação do governo Ana Júlia. Em sua exegese, ele considera "históricas" as condições que levaram Ana Júlia a ser a primeira mulher governadora do Pará, devido "a polarização das elites locais abrigadas em torno do PSDB e do PMDB". Admite, contudo, que se não fosse o apoio da "elite" do PMDB Ana Júlia não teria vencido a eleição. Lamenta que não tenha havido de parte do "núcleo estratégico" (os cinta-largas) uma leitura mais correta desse processo de alianças "incômodas" do ponto de vista programático e ideológico para garantir a governabilidade e reeleição da governadora”. Traduzindo: o “arco de alianças” com 14 partidos e mais algumas igrejas se revelou pífio em termos de votos. Os “caciques” e pastores não conseguiram que os “índios” e as “ovelhas” acompanhassem a orientação das lideranças partidárias ou religiosas. Coisas da democracia.

Curioso mesmo , na avaliação do professor, é listar como uma das causas da derrota uma certa "teoria King Kong", que consistiria em convencer a governadora de que ela era maior que o PT. Essa era "uma idéia indestrutível na mente do marqueteiro-mor, o gaúcho Paulo Heineck , bem como dos colaboradores mais próximos da governadora" , que, segundo o professor, acabou acreditando nisso também. Daí, explica, a "ação persistente de se afastar o publicitário Chico Cavalcante, militante histórico e reconhecido nacionalmente pela sua habilidade em campanhas petistas" para contratação da empresa baiana Link, que teria ajustado todo o marketing político da campanha a essa estranha teoria "King Kong".

Pelo visto, outros quadros importantes do PT, afastados do governo, também foram"atingidos" pelo efeito "King Kong", uma verdadeira máquina de triturar sonhos e vocações políticas no partido. Avaliando os estragos dessa “estratégia” na frustrada reeleição de Ana Júlia, pode-se concluir que melhores resultados teriam sido obtidos com o marketing político caseiro do Chiquinho (quem sabe uma “teoria do Carimbó” com a parceria do mestre Pinduca), inspirado nos valores e costumes da cultura paraense. Como fez o senador Flexa Ribeiro, eleito pela força do Açaí, o carro-chefe de sua retumbante vitória. A lição que fica: a importação de certos “talentos” tem sido uma política desastrosa não só para o futebol paraense...



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