A derrota de Ana Júlia e a esquerda no Pará II.

COMPARTILHEM !!!



por Edilza Fontes

Ontem, foi dia de preparar os últimos detalhes da prestação de contas para o TRE e eu fiquei muito ocupada com esta tarefa, acabei por não terminar minha avaliação.

Hoje é dia de finados, vou visitar minha avó, dona Rosa que morreu em 14 de novembro passado, e vou tentar fazer mais uma parte da avaliação. 

Conversei com o presidente do PT, e ele me disse que o processo de avaliação vai começar, que todos devem participar. Perguntei também sobre o pedido de novas eleições para o senado, e ele me informou que agora, passado o segundo turno, o PT vai analisar a questão e tomará uma posição rápida.

Continuando a avaliação iniciada ontem, quero dizer que o PT no Pará fecha um ciclo de ascensão e inicia um período de refluxo. Hoje, a perda do governo do Estado fecha uma acumulo de forças, e o PT no Pará terá de repensar seus rumos e suas estratégias. 

Vamos à avaliação. 

A pergunta que devemos responder é múltipla, tem varias respostas. A pergunta da perda, é de fácil resposta, e de difícil publicidade. Pretendo dar minha opinião no que posso responder.

Não sou daquelas que avalia que é um grupo de militantes ou a DS, os culpados pela perda. Muitos erraram e o PT também. Não me sinto vitoriosa, e não me sinto feliz pela perda do governo do estado. Houve uma derrota e temos que encarar o fato, do povo do Pará não ter referendado a permanência no governo da governadora Ana Júlia.

Se o povo não conseguiu perceber as mudanças estruturas que o governo fez - segundo entrevista da governador -  o erro é do governo e do PT, por não ter se comunicado com o povo. Eleição é um momento de avaliação, onde os atos do governo são postos para analise do eleitorado.

Todos são unânimes em afirmar que a comunicação do governo foi ruim, e que não dava para reverter no momento de eleição tanta informação não dada, tanta mentira criada e não respondida.

O que não podemos aceitar, é que a comunicação seja vista como algo fora do governo. É verdade a comunicação foi ruim, muito ruim, só de secretários tivemos três e, o que mais ficou no cargo foi o professor Fabio Castro, uma indicação do hoje deputado Cláudio Puty, e que não fez um trabalho de comunicação relacionado com as bases comunitárias e seus instrumentos de comunicação, não regionalizou a comunicação. 

O exemplo mais grave, foi o caso dos bebes da Santa Casa, que o governo não fez uma campanha esclarecedora para o povo do Pará, explicando inclusive, que os números de mortes de bebes, era menor dos que haviam falecidos em 2006. Em plena campanha dava-se resposta para um caso que deveria estar bem respondido.

Ainda sobre a comunicação, não se mostrou todas as reformas feitas na Santa Casa durante todo o governo. Foi o momento em que a Santa casa recebeu mais recursos. Não se mostrou a construção da nova Santa Casa, ou seja, não se comunicou.

Não houve um combate na mídia, contra cada mentira criada. A governadora custou a trocar de secretário e a troca não surtiu o efeito desejado. Até onde eu sei, as verbas para comunicação durante o governo foram escassas, e a TV cultura aparecia desconectada do que estava acontecendo no governo. Eu sei que vão dizer que a TV é do estado, não do governo, mas há coisas no governo que são ações de estado e estas deveriam ter uma maior cobertura.

Alias, as mudanças estruturais feitas na Funtelpa não foram divulgadas, as mudanças de equipamentos, que permitiram uma melhor imagem, os concursos para funcionários, a tentativa de transformar a Funtelpa em uma OS no governo Jatene, a ampliação das torres de retransmissão e a retomada dos equipamentos da Funtelpa da rede ORM. Tudo isto muito mal explicado, e a tentativa de explicar tudo só no momento eleitoral.

No campo da educação, avalio que a não conclusão da reforma das escolas foi muito impressionante. Não conseguimos conversar com o povo, que as escolas estavam sem reformas, há mais de doze anos. Não se mostrou cada escola reformada, não se fez uma campanha durante todo processo. Este é só um exemplo. Mas sem dúvida as reformas feitas foram muitas e melhores que as anteriores e, o novo governador eleito vai encontra um ambiente melhor na educação.

Ainda na educação, os concursos feitos foram fundamentais, estruturantes e não foi capitalizado politicamente. O governo Ana Júlia estruturou o funcionalismo publico. O Jatene não fez concurso público, não organizou o quadro de servidores, não havia política para o servidor. Ana Júlia fez mais que doze anos de governo e não soube capitalizar politicamente. A relação com os servidores foi muito ruim. Parecia que primeiro aperta para depois ceder. As greves foram muito mal conduzidas, e o governo, apesar de ter dado aumentos maiores que a inflação, ter feito plano de cargos e salários, foi muito infeliz em greves como a da Sefa, Sema, Detran e da Seduc.

Sobre a Seduc, avalio que a questão dos Kits escolares foi muito mal respondida pelo governo, deixando a imagem dele ser bastante quebrado em relação a probidade administrativa, demora na troca da secretária, e muitas mudanças de secretários, passou um a postura de não controle da situação.

Não se mostrou para sociedade a real situação, que foi encontrada a Seduc, se gastou muito tempo sem foco no que seria prioritário na secretária.

A questão do ensino técnico não foi resolvida, e na campanha se deixou passar a idéia que o Jatene tinha resolvido com as escolas de produção. Estas escolas que foram no governo Jatene administradas por uma OS, criada para administrar o dinheiro federal, só oferecia cursos rápidos, os cursos de pouca duração. O governo Jatene, não apostou em ensino médio técnico integrado, como os feitos nas escolas técnicas federais. Foi o governo Ana Júlia, que acabou com a separação, apesar de não ter construídos novas escolas técnicas no estado. O governo Jatene adotou a política do FHC, que proibia o uso de recursos federais para construção de escolas técnicas nos estados. Inclusive não fez sequer um concurso para professor de disciplinas técnicas, não criou o cargo. 


Ocorre, que o governo da Ana Júlia conseguiu a verba para construção de 11 escolas técnicas no Pará e não deu conta de construí-las. O edital das licitações deverá sair agora. Mas fez nesta área, o acerto de rumos, ou seja, colocar o dinheiro público na rede e acabar com OS que serviram muito a um determinado deputado federal.

O governo Ana Júlia fez eleições nas escolas e implantou o PCCR, e porque foi tão rechaçado pelos professores? Pela forma de conduzir o debate das greves e pela gestão de secretários, que não estabeleciam relações de diálogos com a categoria.

Vou para o cemitério e depois termino. De sua opinião.



COMPARTILHEM !!!


0 Response to "A derrota de Ana Júlia e a esquerda no Pará II."

Postar um comentário

Postagem mais recente Postagem mais antiga Página inicial

Revista

Revista

Seguidores