Fórum Social das Américas: painel discute governos de esquerda na América Latina

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Por Fábio Palácio, Fundação Mauricio Grabois


Como parte de suas atividades no IV Fórum Social Américas – realizado de 11 a 15 de agosto na cidade de Assunção (Paraguai) a Fundação Maurício Grabois promoveu o painel “Governos de esquerda e progressistas e integração solidária na América Latina”. O debate, promovido em parceria com a Fundação Perseu Abramo (Partido dos Trabalhadores) e o Foro de São Paulo, aconteceu no último sábado (14) e contou com representantes de forças de esquerda de Brasil, Argentina, Cuba, Paraguai e Venezuela.
 
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Sem revoluções

A última exposição do painel foi feita por Valter Pomar, secretário de Relações Internacionais do Partido dos Trabalhadores e secretário-geral do Foro de São Paulo. Em sua instigante exposição, Pomar lembrou que todos os governos progressistas e de esquerda da América Latina têm proporcionado mais justiça social, mais crescimento econômico, mais soberania, democracia e integração. Apesar disso, “não tivemos nenhuma revolução no sentido clássico”.

Pomar externou seu descontentamento com “a situação que temos no Brasil, na Venezuela ou no Paraguai, dentre outros, onde temos processos eleitorais fortemente dependentes de lideranças carismáticas, o que revela as debilidades orgânicas e institucionais da esquerda e das forças progressistas nesses países”.

O dirigente petista falou também da importância da integração. “Sem integração não podemos avançar. Os países maiores e mais ricos podem conseguir até certo ponto, mas haverá sempre limites.” Para Pomar, o atual processo de integração ainda guarda em si muitos limites. “Nossa integração é ainda hoje muito mais política que econômica, social ou cultural.”

Referindo-se ao termo “integração solidária”, Pomar perguntou: “Que estamos fazendo de real na América Latina? Estamos fazendo uma integração entre economias capitalistas desiguais. E uma integração nesses marcos pode até mesmo aprofundar as desigualdades. Por isso é possível que o processo de integração esteja voltado fortemente para o combate às desigualdades.”

Pomar lembrou ainda que, se no Paraguai e na Bolívia diz-se que o Brasil está devolvendo hoje “parte do que roubou” desses países, a direita brasileira afirma que estamos fazendo “caridade”. Seja como for, completou Pomar, a verdade é que a bandeira da integração ainda não tem forte apoio político de massa. “Temos que convencer inclusive a burguesia de que a integração interessa também a ela, senão não teremos apoio. A integração não pode ser apenas um imperativo moral, ela tem uma dimensão de interesse que precisa ser considerada”, argumentou.

Fazendo referência ao futuro dos processos vividos atualmente na América Latina, o representante do Brasil afirmou que nenhum deles está livre da possibilidade de regressão. “Principalmente se considerarmos toda a contraofensiva da direita e do imperialismo e o fato de três importantes países – Peru, México e Colômbia – estarem nas mãos da direita.”

Ao contrário daqueles que afirmam estarmos vivendo algo como uma “crise terminal do capitalismo”, capaz de engendrar uma ofensiva geral da esquerda e uma situação pré-revolucionária, Pomar afirmou crer que o que temos é uma crise crônica do capitalismo e um processo avançado de mudanças. “Nossos governos são todos de esquerda e progressistas, não exatamente revolucionários, porque em todos, à exceção de Cuba, há expressão das camadas burguesas. Estamos administrando o capitalismo latino-americano. Melhor termos consciência disso que nos enganarmos”, disse Pomar ao final de sua exposição.


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