Mídia tenta conter queda de Marina

Mídia tenta conter queda de Marina

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Por Altamiro Borges

Os resultados das últimas pesquisas dispararam o sinal de alerta da direita nativa. O maior temor, neste momento, é que a eleição seja definida já no primeiro turno, em 5 de outubro, com a vitória de Dilma Rousseff. Diante deste perigo, que desmoralizaria a oposição midiático-política, já está em curso uma operação para garantir o segundo turno. Pouco importa quem será o candidato. O próprio PSDB já não acredita na reação do cambaleante Aécio Neves. Marina Silva tornou-se a salvação da direita tupiniquim. Tanto que a mídia oposicionista já faz esforços para estancar a sangria da ex-verde. As críticas que foram desferidas contra ela, ainda na esperança de salvar o tucano, já sumiram dos jornalões e dos noticiários da tevê.
No debate da Record, no domingo (28), ficou patente que Marina Silva sonegou a verdade – para não dizer mentiu, que é muito forte e pode até causar choros teatrais – sobre seu voto na CPMF. Nas quatro ocasiões em que esta proposta de contribuição para custear a saúde foi ao Senado, ela votou contra, inclusive se rebelando contra a orientação do seu ex-partido, o PT. A omissão da verdade, porém, não rendeu manchetes nos jornais e nem comentários ácidos nos telejornais. Pelo contrário. O esforço da mídia oposicionista, justamente apelidada de Partido da Imprensa Golpista (PIG), é para evitar expor as contradições e dissimulações desta velha representante da “nova política”.

A Folha desta terça-feira, por exemplo, apresenta a candidata-carona do PSB como vítima de ataques levianos e abre espaço para suas desculpas esfarrapadas: “Marina tenta explicar posição sobre CPMF”. Explicar o que? Já O Globo e o Estadão evitam dar destaque para o episódio em que a ex-verde foi pega na mentira. Nos telejornais, o assunto também já foi arquivado. Outros temas cabeludos também desapareceram do noticiário – como as fontes do jatinho fantasma em que ela viajou mais de dez vezes, ou as fontes dos rendimentos das suas palestras. Nesta terça-feira, o jornal O Globo até publicou uma reportagem reveladora sobre as ligações perigosas de Marina Silva. Mas sem dar o devido realce à revelação.

Os R$ 7 milhões do Itaú e da Natura 

Segundo o jornalista Thiago Herdy, dos R$ 7 milhões arrecadados desde 2010 pelo Instituto Democracia e Sustentabilidade (IDS), uma das ONGs de Marina Silva, 97,1% vieram de dois empresários que têm participação ativa em sua campanha: Neca Setubal, a herdeira do Itaú que coordena seu programa de governo, e Guilherme Leal, um dos sócios da indústria de cosméticos Natura. Cada um contribuiu com cerca de R$ 3,4 milhões. O jornal só evitou destacar que as duas poderosas empresas foram autuadas pela Receita Federal durante o governo Dilma. Elas foram acusadas de sonegação de impostos. O Itaú teria surrupiado R$ 18,7 bilhões no processo de incorporação do Unibanco; já a Natura deve R$ 628 milhões.

Para a mídia tupiniquim, que adora promover a escandalização da política, estes e outros fatos seriam suficientes para aprontar o maior escarcéu – com manchetes garrafais, capas tenebrosas da revista “Veja” e comentários hidrófobos dos “calunistas” dos telejornais. Mas a velha imprensa é bastante seletiva no seu denuncismo. Só faz quando lhe interesse politicamente. No caso de Marina Silva, qualquer novo ataque pode acelerar o seu derretimento eleitoral, já apontado nas pesquisas, e abortar o segundo turno. Este seria o pior dos mundos para os barões da mídia! Para a velha imprensa, a única coisa que importa nesta semana decisiva é bater duro e sujo em Dilma Rousseff.

Como afirmou Lula num comício em São Paulo, “essa semana será a semana das mentiras. Vocês vão ver quantas mentiras vão ser contadas na imprensa. Vocês não têm que acreditar porque todas as vezes que aparece um candidato que tenta fazer as coisas para o povo mais humilde, ele é achincalhado pela elite brasileira que não quer que a gente faça”. O alerta do ex-presidente é corretíssimo!



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Luiz Alberto de Vianna Moniz Bandeira, "Carta aberta ao Dr. Roberto Amaral, Presidente do PSB‏"

Luiz Alberto de Vianna Moniz Bandeira, "Carta aberta ao Dr. Roberto Amaral, Presidente do PSB‏"

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Estimado colega, Prof. Dr. Roberto Amaral
Presidente do PSB,
 
A Sra. Marina Silva tinha um percentual de intenções de voto bem maior do que o do governador Eduardo Campos, mas não conseguiu registrar seu partido  - Rede Sustentabilidade – e sair com sua própria candidatura à presidência da República.
 
O governador Eduardo Campos permitiu que ela entrasse no PSB e se tornasse candidata a vice na sua chapa. Imaginou que seu percentual de intenções de voto lhe seria transferido.
 
Nada lhe transferiu e ele não saiu de um percentual entre 8% e 10%. Trágico equívoco.
 
Para mim era evidente que Sra. Marina Silva não entrou no PSB, com maior percentual de intenções de voto que o candidato à presidência, para ser apenas vice.
 
A cabeça de chapa teria de ser ela própria. Era certamente seu objetivo e dos interesses que representa, como o demonstram as declarações que fez, contrárias às diretrizes ideológicas do PSB e às linhas da soberana política exterior do Brasil.
 
Agourei que algum revés poderia ocorrer e levá-la à cabeça da chapa, como candidata do PSB à Presidência.
 
Antes de que ela fosse admitida no PSB e se tornasse a candidata a vice, comentei essa premonição com grande advogado Durval de Noronha Goyos, meu querido amigo, e ele transmitiu ao governador Eduardo Campos minha advertência.
 
Seria um perigo se a Sra. Marina Silva, com percentual de intenções de voto bem maior do que o dele, fosse candidata a vice. Ela jamais se conformaria, nem os interesses que a produziram e lhe promoveram o nome, através da mídia, com uma posição subalterna, secundária, na chapa de um candidato com menor peso nas pesquisas.
 
O governador Eduardo Campos não acreditou. Mas infelizmente minha premonição se realizou, sob a forma de um desastre de avião. Pode, por favor, confirmar o que escrevo com o Dr. Durval de Noronha Goyos, que era amigo do governador Eduardo Campos.
 
Uma vez que há muitos anos estou a pesquisar sobre as shadow wars e seus métodos e técnicas de regime change, de nada duvido. E o fato foi que conveio um acidente e apagou a vida do governador Eduardo Campos. E assim se abriu o caminho para a Sra. Marina Silva tornar-se a candidata à presidência do Brasil.
 
Afigura-me bastante estranho que ela se recuse a revelar, como noticiou a Folha de São Paulo, o nome das entidades que pagaram conferências, num total (que foi, declarado) de R$1,6 milhão (um milhão e seiscentos mil reais), desde 2011, durante três anos em que não trabalhou. Alegou a exigência de confidencialidade. Por que a confidencialidade? É compreensível porque talvez sejam fontes escusas. O segredo pode significar confirmação.
 
Fui membro do PSB, antes de 1964, ao tempo do notável jurista João Mangabeira. Porém, agora, é triste assistir que a Sra. Marina Silva joga e afunda na lixeira a tradicional sigla, cuja história escrevi tanto em um prólogo à 8a. edição do meu livro O Governo João Goulart, publicado pela Editora UNESP, quanto em O Ano Vermelho, a ser reeditado (4a edição), pela Civilização Brasileira, no próximo ano.
 
As declarações da Sra. Marina Silva contra o Mercosul, a favor do subordinação e alinhamento com os Estados Unidos, contra o direito de Cuba à autodeterminação, e outras, feitas em vários lugares e na entrevista ao Latin Post, de 18 de setembro, enxovalham ainda mais a sigla do PSB, um respeitado partido que foi, mas do qual, desastrosamente, agora ela é candidata à presidência do Brasil.
 
Lamento muitíssimo expressar-lhe, aberta e francamente, o que sinto e penso a respeito da posição do PSB, ao aceitar e manter a Sra. Marina Silva comocandidata à Presidência do Brasil.
 
Aos 78 anos, não estou filiado ao PSB nem a qualquer outro partido. Sou apenas cientista político e historiador, um livre pensador, independente. Mas por ser o senhor um homem digno e honrado, e em função do respeito que lhe tenho, permita-me recomendar-lhe que renuncie à presidência do PSB, antes da reunião da Executiva, convocada para sexta-feira, 27 de setembro. Se não o fizer – mais uma vez, por favor, me perdoe dizer-lhe – estará imolando seu próprio nome juntamente com a sigla.
 
As declarações da Sra. Marina Silva são radicalmente incompatíveis com as linhas tradicionais do PSB. Revelam, desde já, que ela pretende voltar aos tempos da ditadura do general Humberto Castelo Branco e proclamar a dependência do Brasil, como o general Juracy Magalhães, embaixador em Washington, que declarou: “O que é bom para os Estados Unidos é bom para o Brasil.”

Cordialmente,
 
Prof. Dr. Dres. h.c. Luiz Alberto de Vianna Moniz Bandeira 


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CNT/MDA: MARINA DERRETE. DILMA E AÉCIO AVANÇAM

CNT/MDA: MARINA DERRETE. DILMA E AÉCIO AVANÇAM

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A Presidente Dilma Rousseff lidera a disputa ao Planalto com 36% das intenções de voto, revela pesquisa CNT/MDA divulgada nesta manhã; Marina Silva caiu 6,1 pontos percentuais, para 27,4%; o candidato do PSDB, Aécio Neves, manteve a linha de crescimento, subindo mais 2,9 pontos, com 17,6% das intenções de voto; em simulação de segundo turno, a petista teria 42% da preferência do eleitorado, em empate técnico com a candidata do PSB, com 41%; ou seja, mesmo em empate técnico, Dilma volta a aparecer na frente de Marina



:

A presidente Dilma Rousseff (PT) abriu 8,6 pontos de vantagem sobre Marina Silva no primeiro turno das eleições, revela pesquisa do instituto MDA. A candidata à reeleição pelo PT tem 36% das intenções de voto, contra 27,4% da adversária do PSB. O candidato do PSDB, Aécio Neves, manteve a linha de crescimento, subindo mais 2,9 pontos, com 17,6% das intenções de voto. Luciana Genro (PSol) pontuou 0,7%, Pastor Everaldo (PSC) aparece com 0,4% e os outros candidatos com 0,7%.

A mostra foi divulgada na manhã desta terça-feira 23 em Brasília pela Confederação Nacional dos Transportes (CNT). Em uma das simulações de segundo turno, Dilma teria 42% das intenções de voto, empatando tecnicamente com Marina, que teria 41%, mas diminuindo a distância entre as duas candidatas. Entre Dilma e Aécio, a candidata do PT seria reeleita com 45,5%, e Aécio registaria 36,5%, segundo a pesquisa. No cenário com Marina, ela aparece com 43,1% e Aécio com 32,9%.
No último levantamento CNT/MDA, divulgado há duas semanas, Dilma tinha 38,1% das intenções de voto (queda de 2,1 pontos), contra 33,5% de Marina (queda de 6,1 pontos) e 14,7% de Aécio Neves (que cresceu 2,9 pontos). Na simulação de segundo turno, Dilma e Marina estavam tecnicamente empatadas, mas com Marina quase três pontos à frente: 45,5% contra 42,7%.
Na pesquisa espontânea - quando os entrevistadores não apresentam placas com os nomes dos candidatos - Dilma subiu de 30,9% para 31,4%, enquanto Marina caiu de 25,8% para 23%. Aécio Neves mostrou um forte crescimento de 4,3 pontos percentuais, chegando a 14,4%. A maioria dos entrevistados (51,2%) acredita que a atual presidente será reeleita. Para 29,2%, Marina Silva vencerá e 7,7% consideram que Aécio Neves será eleito.
Para 37,4% dos entrevistados, o governo da presidente Dilma é 'ótimo' ou 'bom'. Para 25,1%, a avaliação é negativa. Os resultados variaram pouco se comparado com a pesquisa anterior, quando a avaliação era positiva para 37,5% e negativa para 23% dos eleitores.
A pesquisa divulgada nesta terça-feira foi realizada entre os dias 20 e 21, com 2.002 entrevistados de 137 municípios brasileiros. A margem de erro do levantamento é de 2,2 pontos.
Confira aqui ou abaixo a íntegra da 122ª rodada da pesquisa CNT/MDA: 


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Em longos monólogos, Aécio afirma: diálogo prioritário com mercados, se nega acabar com o FATOR PREVIDENCIÁRIO (de FHC) e pateticamente diz que vai "acabar com a Petrobrás"

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Na sua entrevista ao "Bom Dia Brasil" da Rede Globo, Aécio Neves afirmou categoricamente: 1) Meu diálogo é com o mercado (financeiro); 2) não acabarei com o FATOR PREVIDENCIÁRIO; 3) vou fazer o ajuste fiscal (demissões e arrocho salarial); 4) "vou reestatizar a Petrobras!" (kkkkkkkk! sem comentários!); 5) Segurança "Minas possui a maior taxa de homicídios do sudeste do País!" (Chico Pinheiro) "Onde foi parar o dinheiro da segurança pública" RESPOSTA "terei uma relação dura com os países que produzem drogas...".





Duas coisas ficaram claras, muito claras, claríssimas mesmo: 1°- o favorecimento histórico, escancarado e desrespeitoso dado aos candidatos apoiados pela Rede Globo, se não vejamos a seguir o tempo de interferência dos entrevistados comparativamente: os entrevistados tomaram aproximadamente 12 minutos da entrevista de Dilma, ontem, mas hoje com Aécio não passou de 5 minutos (menos da metade do que foi com Dilma), um verdadeiro escândalo o tratamento discriminatório dado à Presidente da República e a condescendência velhaca dada ao candidato da casa, que teve direito a longos monólogos, enquanto a Presidenta Dilma era a todo instante interrompida sistematicamente. 2°- Aécio é um néscio sobre o Brasil e a gestão pública, fim da linha!

PS: ontem para agravar ainda mais o descaramento a Globo, ainda se permitiu após a entrevista mais 1 min para tentar desmentir dados apresentados pela presidenta Dilma. Manipulação pura das regras do jogo!

Agora vejamos amanhã a entrevista de Marina, e desde já apostamos que a cara de pau dessa turma será maior do que hoje em "dar uma forcinha a mais uma candidatura da casa", duvida?!

fonte: https://www.facebook.com/articulacaodeesquerda.artesquerda/posts/1465810543699026?notif_t=like


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Dilma, uma aula de como enfrentar os cabos eleitorais da Marina e Aécio, no "Bom Dia Brasil" da Rede Globo

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 Dilma enfrentou dois cabos eleitorais da Marina e uma do Aécio, no "Bom Dia Brasil" da Rede Globo, que atuaram de maneira truculentíssima, tentando emparedar a Presidenta, que não se intimidou e deu um show, principalmente, explicando no que a proposta de independência do Banco Central e sucateamento dos bancos públicos (Caixa e Banco do Brasil) de Marina afeta para pior a vida dos trabalhadores, ou seja, essa proposta significa o fim do Minha Casa Minha Vida, que sem o subsídio dado pelo governo seria inviável pelo juros exorbitante cobrado pelos bancos privados...

Deu uma aula gratuita à Mirian Leitão que se quer sabia o percentual de crescimento da Alemanha e chutava ser de 1,5% e Dilma esclareceu que é de 0,8% (ou seja, Leitão acata a projeção do governo alemão e não o crescimento real comparado com o ano passado, como explicou Dilma) . Demonstrou de maneira inconteste que a taxa de desemprego do Brasil é uma das menores do mundo.

Por fim, Dilma esclareceu que os números da educação básica foram muito melhores do que as metas previstas. Lembrou ainda, que o Brasil saiu de 3 milhões de universitários para 7 milhões em menos 12 anos... São por essas e outras que Dilma 13 possui o apoio dos trabalhadores e estudantes. Parabéns Dilma, você foi grande e vamos à luta por um 2° mandato superior ao primeiro!


Fonte: https://www.facebook.com/articulacaodeesquerda.artesquerda


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Quem é a esquerda que a direita usa?

Quem é a esquerda que a direita usa?

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derecha-izquierda
Por Valter Pomar

Ao que me parece provocado principalmente por um artigo de Breno Altman, Valério Arcary escreveu novo texto com críticas a Dilma, ao PT e a esquerda petista.

O artigo de Breno Altman foi publicado em http://www.brasil247.com/pt/247/artigos/153194/Por-que-a-ultra-esquerda-brasileira-%C3%A9-residual.htm

O texto de Arcary é reproduzido ao final.

Arcary inicia perguntando: “quem é a esquerda que a direita gosta?”

A resposta mais adequada para esta pergunta é: a direita não “gosta” da esquerda, nunca.

Mas devemos perguntar: quem é a esquerda que a direita usa?

Para esta pergunta, minha sugestão de resposta é: no atual momento, a direita brasileira usa aquela esquerda que ajuda a debilitar Dilma e o PT.

A maior parte do que eu teria a dizer acerca deste tema, já foi dito em textos anteriores, entre os quais Ser de esquerda não é profissão de fé, nem serviços prestados: http://valterpomar.blogspot.com.br/2014/09/ser-de-esquerda-nao-e-profissao-de-fe.html

Tendo em vista o que diz Arcary em seu novo texto, quero acrescentar apenas o seguinte:

1) não concordo que a campanha eleitoral de 2014 seja a “mais imprevisível desde 1989″. Desde o final de 2012 já havíamos apontado quais seriam as características fundamentais da eleição presidencial deste ano. Por isto, ao menos no que nos diz respeito, não há “insegurança” nem “falta de serenidade”;

2) a violência (e não apenas a “rispidez”) desta eleição está vinculada a mudanças no comportamento das classes fundamentais da sociedade brasileira. Na classe trabalhadora, aumentou o contingente dos que encaram com crítica, desconfiança ou indiferença o PT e os governos que o PT encabeça. Na pequena burguesia, aumentou a influência daqueles que consideram o PT e seus governos como “a fonte de todos os males”. No grande empresariado capitalista, tornou-se hegemônica a decisão de derrotar o PT e eleger outro governo para o país;

3) as condições em que transcorre a eleição presidencial de 2014 tornam ainda mais necessário “demarcar o campo de classe”, seja com setores da esquerda moderada (que conciliam com a direita, com o oligopólio da mídia e com o grande capital, dificultando assim nossa vitória e um segundo mandato superior), seja com setores da “esquerda da esquerda” (que tratam o PT e Dilma como inimigos principais e, agindo assim, convertem-se em linha auxiliar da oposição de direita);

4) Arcary reclama que “não foram poucos os artigos dedicados a diminuir e desqualificar a oposição de esquerda e, em especial, o PSTU, durante o último mês”. Bom, ao menos no que me diz respeito, o primeiro texto que li nesta linha foi escrito pelo próprio Arcary, prevendo um baixo resultado eleitoral para o PSTU, para o PSOL e para o PCB. Maiores detalhes estão em http://valterpomar.blogspot.com.br/2014/09/sobre-resposta-de-valerio-arcary.html

5) ao menos em princípio, não considero “indigno” dizer que a “oposição de esquerda cumpre o papel de uma linha auxiliar da oposição de direita”. Indigno é ser linha auxiliar da direita.Indigno é acusar alguém de um crime que não cometeu. Assim, se deseja provar que se trata de algo indigno, Arcary precisaria demonstrar que a frase a seguir não é verdadeira: “no atual período histórico, quem acha possível derrotar ao mesmo tempo a direita e o PT, acaba geralmente virando linha auxiliar da direita”. Arcary não consegue provar isto. Com isto, sua reclamação se torna um muxoxo, que considero estranho vindo de alguém que não é propriamente tímido quando se trata de criticar Dilma, o PT e a esquerda do PT;

6) Arcary diz que “na luta política existem mais do que dois campos, situação e oposição. Existem as classes sociais, e elas se expressam através de vários partidos”. Isto é verdade. Mas também é verdade que existem alguns momentos em que a luta política se torna polarizada e a disputa envolve apenas dois campos. Um segundo turno presidencial em 2014, por exemplo;

7) Arcary tenta justificar as ações da esquerda da esquerda, hoje, apoiando-se nas ações do PT nos anos 1980. A comparação omite um detalhe fundamental: as circunstâncias históricas. O PT era minoritário em 1980, frente a quem e contra quem? O PT era mais forte (na classe trabalhadora) que os seus concorrentes à esquerda (PCB, PCdoB, MR8). E era minoritário (inclusive na classe trabalhadora) frente aos partidos da burguesia. Arcary sabe disso e lembra que o PT “surgiu desafiando a liderança do MDB e, portanto, dividindo a unidade das oposições à ditadura”. Mas Arcary não percebe que é nisto que reside uma diferença fundamental entre o PT dos anos 1980 e a “esquerda da esquerda” nos dias atuais: o PT dos anos 80 representava a maior parte da vanguarda da classe trabalhadora brasileira, contra a hegemonia da oposição burguesa na luta contra a ditaduraJá a “esquerda da esquerda” busca representar uma minoria da classe trabalhadora, contra um partido que reúne a maior parte da vanguarda da classe trabalhadora. Não é possível esquecer este “detalhe” –que classe e fração de classe cada partido representa e contra quem luta–  quando comparamos a esquerda dos anos 1980 com a esquerda em 2014;

8) o PCdoB, o MR8 (e também o PCB) acusavam o PT de “dividir as oposições”. Mas estes partidos diziam isto porque aceitavam que a liderança da oposição coubesse a burguesia. O PT não aceitava ficar, nem deixar a classe trabalhadora estar sob hegemonia da oposição burguesa. A postura do PT nos anos 1980 era baseada e também favorecida por um forte movimento ascensional de luta e organização da classe trabalhadora. É por isto que o segundo turno da eleição presidencial de 1989 foi Lula contra Collor, não Leonel Brizola, ou Roberto Freire, ou Ulysses Guimarães contra Collor. Já em 2014, a “esquerda da esquerda” não aceita a liderança do PT e tenta mimetizar, contra o Partido dos Trabalhadores, o combate que travamos contra a oposição liberal nos anos 1980. Como os alvos são distintos, mesmo quando ocorre um movimento ascensional de lutas, não é a “esquerda da esquerda” que capitaliza, como vimos nas jornadas de 2013;

9) eu não discuto a “legitimidade” das candidaturas de Mauro Iasi, Zé Maria, Luciana Genro e Rui Pimenta (do PCO, partido que Arcary sei lá por qual motivo exclui de seus comentários). No que me diz respeito, acho que a “esquerda da esquerda” tem o direito e o dever de ter candidatura própria no primeiro turno. O que eu pergunto é o que farão no segundo turno;

10) Arcary diz ser falsa a “premissa de que, quem não está conosco, objetivamente, é aliado dos nossos inimigos”. Mas Arcary não prova que esta premissa seja falsa. No que me diz respeito, não discuto a “honestidade subjetiva” da “esquerda da esquerda”. Nem afirmo que aquela premissa seja uma tese válida para todo e qualquer momento. Nem digo que valha para todos. O que eu disse e repito é que “no atual período histórico, quem acha possível derrotar ao mesmo tempo a direita e o PT, acaba geralmente virando linha auxiliar da direita”;

11) a classe trabalhadora possui várias frações. Achar que o PT representa a todas seria, de fato, uma tolice. Até porque uma parte da classe trabalhadora vota nas candidaturas da direita, da burguesia. A questão é outra: em que circunstâncias pode ser justo que um partido de esquerda, que representa um setor da classe trabalhadora, transforme outro partido, que também representa um setor da classe trabalhadora, em inimigo principal? Mais exatamente: nas circunstâncias de um segundo turno da eleição presidencial de 2014, é justo que a “esquerda da esquerda” transforme o PT em inimigo principal? Se a “esquerda da esquerda” fizer isto, ela não chamará o voto em Dilma num segundo turno de 2014. E isto ajudará, objetivamente, a candidatura da burguesia e prejudicará objetivamente a candidatura do Partido que, no atual momento histórico, expressa a posição majoritária na vanguarda da classe trabalhadora. O que, entre outras coisas, não é um caminho inteligente para quem deseja ganhar maioria na classe trabalhadora, o que suponho seja o desejo de qualquer pessoa de esquerda;

12) obviamente não sou contra determinada minoria, por ser minoria. A questão que discuto é: qual a política desta minoria? É uma política que ajuda a classe trabalhadora a derrotar a burguesia? No caso concreto da eleição de 2014, há setores da “esquerda da esquerda” que adotam uma política na minha opinião prejudicial aos interesses da classe trabalhadora. Traduzindo: é melhor, é mais fácil, defender os interesses da classe trabalhadora no contexto de um governo encabeçado pelo PT do que no contexto de um governo encabeçado pela direita, pela burguesia. A política de setores da “esquerda da esquerda” parte, geralmente, de outra premissa: a de que derrotar o PT é condição essencial para o avanço da classe trabalhadora. Quando age assim, a política desta minoria (presente nos partidos da “esquerda da esquerda”) é prejudicial para a classe trabalhadora e, aliás, é prejudicial para a própria minoria, que também por este motivo não consegue avançar além de certos limites;

13) ser maioria não dá razão para ninguém. Nem ser minoria tira a razão de ninguém. Mas a luta política não é uma disputa para saber quem tem razão. A luta política é uma disputa pelo poder. E para um partido de esquerda, uma premissa para conquistar o poder é conquistar a maioria na classe trabalhadora. Arcary fala dos bolcheviques, diz que “foram ínfima minoria na Segunda Internacional em 1914″ e “minoria na Rússia até Agosto de 1917, portanto, durante mais de vinte anos”. Mas deixa de citar o fundamental, do meu ponto de vista: qual foi a política desenvolvida pelos bolcheviques para ganhar maioria junto a classe operária russa e qual a política que eles adotaram para manter e ampliar esta influência, especialmente nos períodos não revolucionários. Quem conhece a história destes períodos sabe que os bolcheviques tinham uma admirável flexibilidade, que a “esquerda da esquerda” faria muito bem em estudar;

14) eu não acho relevante, neste debate, discutir se a “audiência” da “esquerda da esquerda” é ou não “residual”. Meu problema, volto mais uma vez ao ponto, não é discutir o tamanho de ninguém. Quero discutir a política. Pois quem tem a política certa, pode influenciar, pode crescer, pode até deixar de ser minoria. Mas quem tem a política errada, não importa se é maioria ou minoria, prejudica os interesses da classe trabalhadora. E, voltando ao meu tema preferido, a atitude frente a eleição presidencial de 2014 é muito importante;

15) Arcary diz que “a possível vitória de Dilma, que permanece incerta, se acontecer, significará uma derrota, não uma vitória da esquerda petista. Porque será para a esquerda petista uma vitória de Pirro”. Arcary erra. Se Dilma perdesse, seria uma derrota para toda a classe trabalhadora e para toda a esquerda, inclusive para a esquerda petista e, pasmem, até mesmo para os setores honestos da “esquerda da esquerda”. Já a vitória de Dilma será uma vitória para toda a classe trabalhadora, inclusive para a esquerda petista e, num certo sentido, até mesmo para os setores honestos da “esquerda da esquerda”. Entendo por honestos aqueles que tem efetivo compromisso com melhorar a vida e a influência política da classe trabalhadora. Agora, evidente que a história não termina no segundo turno de 2014. Por isto, não está em disputa apenas a vitória de Dilma, mas a natureza do segundo mandato Dilma. Quanto mais à esquerda formos na disputa eleitoral, melhores as chances de termos um segundo mandato superior do ponto de vista dos interesses da classe trabalhadora. Mas isto não está dado, como nunca nada está dado;

16) Arcary afirma que “o argumento de que os governos do PT foram um período de resistência ao neoliberalismo é uma fantasia exagerada, portanto, insustentável, em um debate sério. Em outras palavras, pensamento mágico. Expressão pura da força do desejo”. É claro que houve resistência ao neoliberalismo durante o período 2003-2014. A questão, portanto, é outra: em que medida a ação dos governos encabeçados pelo PT contribuiu para esta resistência. Para responder esta questão, é preciso discutir qual a responsabilidade dos governos Lula e Dilma no fato de que a classe trabalhadora vive melhor hoje do que no período de governos tucanos. Ou debater, hipoteticamente, se a classe trabalhadora viveria igual ou pior, caso o PSDB tivesse vencido as eleições de 2002, 2006 e 2010. Ou, ainda, responder se os governos Lula e Dilma não contribuíram para que o Brasil tivesse, hoje, um desemprego inferior ao que existe em várias metrópoles do capitalismo. Qualquer “debate sério” sobre isto concluirá que, apesar de todas as concessões e contradições, os governos Lula e Dilma contribuíram para a resistência ao neoliberalismo;

17) Arcary reconhece que houve uma “tentativa de redução da taxa de juros”, que houve “crescimento entre 2004 e 2008, com uma retomada em 2010″, que houve “uma redução do desemprego”, que houve uma “recuperação do salário médio para os níveis de 1990″, que houve “reformas progressivas durante os últimos doze anos”, que “houve aumento do salário mínimo acima da inflação”, que houve “elevação do crédito popular com os empréstimos consignados”, que houve “expansão do Bolsa Família como política de emergência assistencial”, que houve “sensação de alívio depois da degradação das condições de vida pela superinflação dos anos oitenta, e estagnação dos anos noventa”. Mas, segundo ele, “nada disso” é o bastante para definir os governos do PT como “reformistas. Porque foram muito mais numerosas as contra-reformas”. Infelizmente Arcary não cita a lista de contra-reformas. Mas convenhamos: qualquer que seja a lista, isto não vai alterar alguns dados básicos, citados por ele mesmo, a saber: o emprego, o salário e a sensação de alívio. Como Arcary mesmo diz, não importa o tamanho da montanha, ela não pode tapar o sol.

Finalmente: num segundo turno das eleições presidenciais, haverá duas alternativas. Então, quem não votar em Dilma, vai agir objetivamente como linha auxiliar da oposição de direita. Ou seja, uma “esquerda” que a direita usa.


Segue abaixo o texto de Valério Arcary, tal qual o autor me enviou.


Quem é a esquerda que a direita gosta?
                                              Valerio Arcary
Não importa o tamanho da montanha, ela não pode tapar o sol.
Sabedoria popular portuguesa

      A campanha eleitoral de 2014 é a mais imprevisível desde 1989. É natural, por isso, que seja a mais ríspida. A aspereza das reações polêmicas é proporcional à incerteza de quem vencerá as eleições presidenciais. A insegurança é inimiga da serenidade. Não foram poucos os artigos dedicados a diminuir e desqualificar a oposição de esquerda e, em especial, o PSTU, durante o último mês.
      Valter Pomar afirmou, por exemplo, concluindo um texto recente: “no atual período histórico, quem acha possível derrotar ao mesmo tempo a direita e o PT, acaba geralmente virando linha auxiliar da direita”. [1] Outros militantes da esquerda petista têm asseverado que o PSTU seria um partido irrelevante porque Zé Maria não superou 1% das preferências de voto nas pesquisas de opinião. Breno Altman, por exemplo: “Mas não é apenas a influência eleitoral desses partidos que é pífia. Também são forças de pouca envergadura no movimento sindical, estudantil e camponês. Não passam de franjas isoladas na intelectualidade (…) Ainda que se possa criticar os governos de Lula e Dilma pela eventual opção por um reformismo fraco, no dizer de André Singer, o fato é que se constituíram em ferramentas de resistência ao neoliberalismo em todos os terrenos.  (…) a insistência nessa política sectária faz da ultra-esquerda um aliado objetivo das forças reacionárias nos momentos de grande polarização e disputa.” [2]
      Os quatro argumentos podem impressionar, mas são falsos. Primeiro, a acusação de que a oposição de esquerda cumpre o papel de uma linha auxiliar da oposição de direita é indigna. Não vale tudo na luta política. Linha auxiliar da oposição burguesa é uma  denúncia pesada. Qualquer pessoa pode compreender que na luta política existem mais do que dois campos, situação e oposição. Existem as classes sociais, e elas se expressam através de vários partidos.
       Com esta insinuação absurda- “aliados objetivos de forças reacionárias”- os dirigentes da esquerda petista não estão ofendendo somente  a oposição de esquerda. Estão, também, desafiando a inteligência da sua própria militância, porque estão agredindo a historia do PT.
       O amálgama da oposição de esquerda com a de direita, pode parecer, politicamente, eficaz, mas é desonesto. Um mínimo de decência na polêmica de ideias exige reconhecer que os partidos da oposição de esquerda tem atacado, implacavelmente, a oposição de direita, seja Marina ou Aécio. Tanto, ou até mais do que a candidatura do governo. Zé Maria deu a palavra a Osmarino Amâncio para denunciar que Marina Silva não era herdeira dos ideais de Chico Mendes.
      Se este critério fosse para ser levado a sério, o PT não poderia ter nascido. Porque o PT surgiu desfiando a liderança do MDB e, portanto, dividindo a unidade das oposições à ditadura. Por este critério, a candidatura de Lula em 1982 contra Montoro e Reynaldo de Barros, homem de Maluf, era ilegítima, porque favorecia a vitória do partido da ditadura. Foi essa a acusação que o PCdB e o MR-8 fizeram durante quase uma década, nos anos oitenta, ao PT.
     A premissa de que, quem não está conosco, objetivamente, é aliado dos nossos inimigos é falsa. Mas o pior é que este raciocínio binário vem associado a outro mais perigoso. Realmente, ainda há quem pense que só o PT representa os trabalhadores e seus interesses? Não parece bizarra esta conclusão, se a esquerda petista não pode deixar de admitir que, durante doze anos, os grandes grupos capitalistas não pararam de ver os seus lucros crescerem? Alguém poderia explicar, por exemplo, se o PT é o único partido que defende os trabalhadores, por que o Ministro da Justiça do governo Dilma e dirigente do PT, José Eduardo Cardoso, quando da greve dos metroviários contra Alckmin em São Paulo declarou: “Seja para o que for, o governo do Estado pode contar com o apoio instrumental do governo federal”.[3]
       Em segundo lugar, ser maioria não é o bastante para demonstrar quem tem razão em uma polêmica política. Apenas evidencia qual é a proposta, ou o partido, ou a candidatura que tem maior apoio, em determinada circunstância. O apoio que uma proposta, um projeto, uma candidatura pode ter não prova nada, absolutamente nada, sobre a correção da política defendida.
      Os bolcheviques, uma referência que compartilhamos, foram ínfima minoria na Segunda Internacional em 1914. Foram, também, minoria na Rússia até Agosto de 1917, portanto, durante mais de vinte anos. Parece até um pouco cruel ter que recordar para lideranças da esquerda petista que são minoria, há pelo menos duas décadas dentro do PT, que o fato de terem sido, sistematicamente, derrotados, não invalida as propostas que defenderam.
     Um partido pode sair derrotado, eleitoralmente, e ainda assim obter uma vitória política. Ou o contrário, sair derrotado, politicamente, apesar de uma vitória eleitoral. O PT saiu derrotado das urnas, em 1989, mas fortalecido. Um partido que renuncia ao seu programa para surfar uma onda eleitoral, absorvendo as ideias de outros partidos, pode ter uma excelente votação, mas sairá das eleições, derrotado. Em outras palavras, uma avaliação séria com o objetivo de compreender se um partido foi ou não, politicamente, vitorioso deve ter como critério um exame da defesa ou não do seu programa. Não somente o sucesso eleitoral.
      A audiência do PSTU não é tão residual quanto pensa a esquerda do PT. Os trotskistas estiveram presentes e com um papel destacado em grande parte das lutas recentes mais importantes: construção pesada em Belo Monte no Pará, Comperj no Rio de Janeiro, petroleiros em mais de uma dezena de Estados, professores por todo o país, rodoviários de Porto alegre e Pernambuco, garis e bombeiros no Rio, metroviários e USP em São Paulo, etc. Ao defender uma saída socialista para o Brasil, ainda que tenha poucos votos, o PSTU será politicamente vitorioso, porque esta proposta corresponde às necessidades da revolução brasileira. Derrotados serão os socialistas cujos partidos não estiveram nas lutas, e nas eleições não defenderam o socialismo.
       É fácil compreender porque deve ser aconchegante para dirigentes da esquerda do PT saborearem a perspectiva de uma derrota eleitoral do PSTU como uma confirmação de sua estratégia de hibernação secular. Só que não é. Trata-se de mais um caso clássico de autoengano: uma alegria ilusória. A possível vitória de Dilma, que permanece incerta, se acontecer, significará uma derrota, não uma vitória da esquerda petista. Porque será para a esquerda petista uma vitória de Pirro.[4] Pomar, que é um observador mais lúcido já sentiu o cheiro do perigo.[5]
       Os primeiros cem dias de um possível segundo mandato de Dilma serão suficientes para que fique claro o tamanho do ajuste fiscal que vem por aí, entre outras medidas reacionárias. Claro que uma derrota de Dilma será uma irrevogável derrota da esquerda petista. Mas a dialética do processo é que uma possível vitória de Marina será, também, uma derrota dos trabalhadores, porque Marina fará um ajuste tão grande, senão maior, do que o de Dilma, com as trágicas consequências de aumento do desemprego e queda do salário médio. Em resumo, 2015 não parece nada prometedor.
      Em terceiro lugar, a explicação da provável pequena votação das candidaturas presidenciais do PSTU, PSOL e PCB não reside no seu posicionamento como oposição de esquerda. Aliás, é surpreendente que, um ano depois de Junho de 2013, ainda exista tanta teimosia em admitir que uma parcela majoritária da juventude assalariada urbana com escolaridade mais elevada tenha se deslocado para a oposição.
      Como ficou evidente em sucessivas pesquisas, é na faixa etária até 35 anos, nos setores sociais com renda entre dois e cinco salários mínimos, e entre aqueles com ensino médio completo e superior incompleto que a candidatura Marina Silva tem maior vantagem em relação a Dilma. Imaginar que essa votação corresponde à velha classe média reacionária é, simplesmente, cegueira indefensável. É obtuso. Não foi, portanto, pelo seu posicionamento como oposição ao governo de coalizão com o PMDB de Renan Calheiros, dirigido por Dilma, em nome do PT, que a oposição de esquerda tem poucos votos.
       A baixa votação remete a temas muito mais complexos, e que exigem diferentes níveis de análise para serem compreendidos, mas que o marxismo inspirado em Leon Trotsky caracterizou com a crise de direção do proletariado. Mas como este conceito é muito mal interpretado, para resumir, portanto, simplificando, repousam ainda, entre outros fatores: (a) na avalanche de votos que se dirigiram para Marina como uma mediação que, embora esteja em uma aliança com a oposição de direita, não é assim percebida por esta parcela da juventude trabalhadora que a vê como uma alternativa e, para não poucos, até à esquerda de Marina; (b) no estágio de imaturidade política desta geração de trabalhadores jovens, um processo no qual o PT, depois de 12 anos no poder, tem responsabilidades, como ficou mais uma vez escancarado com o novo escândalo da Petrobras e as “relações perigosas” com o PP de Maluf, o PMDB de Sarney, etc.; (c) na falta de confiança dos batalhões mais maduros dos trabalhadores em suas próprias forças, que leva a que as propostas da oposição de esquerda, ainda que indispensáveis, pareçam demasiado radicais, e o voto no PT, apesar do reformismo quase sem reformas, um mal menor; (d) no fenômeno mais amplo das ilusões no próprio processo eleitoral como via indolor para a transformação econômico-social do país, o que, evidentemente, não é possível. 
      Por último, em quarto lugar, o argumento de que os governos do PT foram um período de resistência ao neoliberalismo é uma fantasia exagerada, portanto, insustentável, em um debate sério. Em outras palavras, pensamento mágico. Expressão pura da força do desejo.
      Resistência ao neoliberalismo? O eixo central da estratégia neoliberal foi o tripé macroeconômico que Lula preservou dos governos de Fernando Henrique. Até as pedras das calçadas da Avenida Paulista sabem que a política de Palocci foi um sonho de consumo da burguesia brasileira. Que a preservação das metas inflacionárias, do superávit fiscal, e do câmbio flutuante, para garantir a segurança da rolagem da dívida pública na mão dos rentistas, foi a estratégia central para blindar a governabilidade dos governos de coalizão dirigidos pelo PT. Não por acaso o governo manteve relações amigáveis com o agronegócio, com as montadoras e a FIESP, com os banqueiros, etc.
      A tentativa de redução da taxa de juros, durante dois anos dos quatro do mandato de Dilma, foi o bastante para levar a esquerda petista, e até o MST, a sonhar com um novo curso desenvolvimentista. Foi, como o último ano demonstrou, só um ensaio, rapidamente, interrompido.
tarem se integrar às manifestações de junho do ano passado, não tiveram papel de relevo e tampouco se constituíram em referência para as massas juvenis que ocuparam as ruas.
Diversos motivos poderiam ser identificados para desempenho tão marginal. Há interpretações sociológicas e políticas de diversas matizes para ajudar a compreender essa fragilidade. Mas creio que existe, ao menos entre seus militantes de boa fé, uma razão de fundo para tamanho isolamento: a política de todas essas correntes é baseada na ideia de hipotética traição do PT ao programa de esquerda e aos interesses do proletariado.
De acordo com esta interpretação, teria ocorrido fenômeno semelhante ao que se passou com a social-democracia européia. O partido de Lula teria assumido o mesmo programa neoliberal do capital financeiro, transitado de armas e bagagens para o campo da burguesia rentista e renunciado à construção de um projeto independente dos trabalhadores. Segundo esse raciocínio, ainda que haja diferenças táticas, o PT e os demais partidos burgueses seriam farinha do mesmo saco.
Esta posição empurra facilmente setores da ultra-esquerda para assumir o discurso falsamente moralista da direita contra o PT e até se alinhar com o conservadorismo quando se trata de fazer oposição ao governo petista.
A absoluta falta de audiência popular à sua narrativa poderia levar estas correntes a refletir sobre a justeza ou não de sua política, mas não o fazem. Prevalecem o dogmatismo, o rancor de ex-petistas e a origem de classe: afinal, a maioria esmagadora de seus quadros tem origem nas camadas médias, onde viceja ambiente generalizado de ódio e desconfiança contra o PT.
O erro fundamental de sua análise consiste em não compreender que a natureza petista e seu papel concreto nada tem a ver com a social-democracia dos dias atuais. Ainda que se possa criticar os governos de Lula e Dilma pela eventual opção por um reformismo fraco, no dizer de André Singer, o fato é que se constituíram em ferramenta de resistência ao neoliberalismo em todos os terrenos.
Estes últimos doze anos foram marcados pela expansão dos gastos públicos, pela adoção de políticas distributivistas, pela ampliação de direitos sociais, pelo aumento do emprego e da renda dos trabalhadores. O Estado está sendo paulatinamente reconstruído como epicentro de um modelo econômico que associa desenvolvimento e criação de um mercado interno de massas, através de mecanismos para a inclusão social. No mais, o país impulsiona política internacional contra-hegemônica e de apoio à integração de blocos que se separam do campo de gravidade do imperialismo norte-americano.
Como se pode ver, pela realidade dos fatos, um caminho absolutamente distinto da social-democracia européia. Não apenas por questões programáticas, mas também pela posição na luta de classes: não é à toa o esforço beligerante do núcleo dirigente da burguesia para derrotar o PT a qualquer preço, aceitando até o risco de inflar uma candidatura de oportunidade como a de Marina Silva.
Há espaço, à esquerda do PT, para forças que pressionem pelo aprofundamento e a aceleração de reformas, buscando forjar um bloco histórico que mude a qualidade do processo de mudanças. Mas essa orientação é impossível para quem vê no PT o inimigo principal ou como integrante do campo político e classista da burguesia. Essa postura visceralmente antipetista não provoca apenas isolamento dentro da esquerda, mas também tornam inacessíveis os ouvidos das dezenas de milhões de trabalhadores, de pobres do campo e da cidade, cuja vida melhorou admiravelmente desde a posse de Lula em 2003.
Por fim, a insistência nessa política sectária faz da ultra-esquerda um aliado objetivo das forças reacionárias nos momentos de grande polarização e disputa. O caso mais emblemático foi o processo do chamado “mensalão”, mas muitos foram os episódios políticos e eleitorais nos quais essa lógica se reproduziu. Afinal, se o governo é do PT e esse partido passou para o outro lado, transformado em instrumento da dominação burguesa, contra essa administração deve ser a direção do golpe principal.
Trata-se da fórmula perfeita para a irrelevância e a residualidade      É verdade que o crescimento entre 2004 e 2008, com uma retomada em 2010, no contexto de uma recuperação do capitalismo mundial depois da crise de 2000/01, favoreceu uma redução do desemprego, e esta pressão permitiu uma recuperação do salário médio para os níveis de 1990, antes da posse de Collor. Não houve reformas progressivas durante os últimos doze anos? Sim, houve. Mas muito poucas. Reformismo fraco é uma conceituação muito benigna da parte de André Singer. O aumento do salário mínimo acima da inflação, a elevação do crédito popular com os empréstimos consignados, a expansão do Bolsa Família como política de emergência assistencial, explicam a sensação de alívio depois da degradação das condições de vida pela superinflação dos anos oitenta, e estagnação dos anos noventa. Mas não são o bastante para definir os governos do PT como reformistas. Porque foram muito mais numerosas as contra-reformas.
     Como dizem os portugueses, não importa o tamanho da montanha, ela não pode tapar o sol.
    

(1) ALTMAN, Breno. Por que a ultra-esquerda brasileira é residual? 11/09/2014. In https://www.facebook.com/breno.altman


 (1) POMAR, Valter. Ser de esquerda não é profissão de fé, nem serviços prestados. 10/09/2014, In http://valterpomar.blogspot.com.br/2014/09/ser-de-esquerda-nao-e-profissao-de-fe.html


[3] Fonte: CBN (09/06/2014)


[4] Trata-se de uma expressão que explica como há vitórias que se transformam em derrotas. Por exemplo, quando uma vitória é conquistada ao custo de prejuízos irreparáveis.


[5] POMAR, Valter. Eles têm um plano C. 12/09/2014. In  http://valterpomar.blogspot.com.br/2014/09/eles-tem-um-plano-c.html


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REITORES DAS UNIVERSIDADES FEDERAIS APOIAM DILMA

REITORES DAS UNIVERSIDADES FEDERAIS APOIAM DILMA

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NO ALVORADA, 54 REITORES FEDERAIS APOIAM DILMA


Grupo de reitores anunciou hoje, durante encontro no Palácio da Alvorada, apoio à candidatura à reeleição da presidente Dilma Rousseff; reitores reconhecem "todo o trabalho" desenvolvido pelo governo Dilma na área da educação, segundo a porta-voz Margareth Diniz, da Universidade Federal do Piauí, e acreditam que o Brasil está no "rumo certo"; grupo prevê ainda que o governo do PT ficará marcado como o que mais investiu na área; presidente Dilma defendeu a importância da transferência dos recursos do pré-sal para a educação e recebeu uma carta de reivindicações para o próximo governo

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Um grupo formado por 54 reitores de universidades federais se reuniram nesta quinta-feira 11 com a presidente Dilma Rousseff (PT), a quem declararam apoio à reeleição. No Palácio da Alvorada, onde Dilma discursou, os reitores também entregaram a Dilma uma carta com reivindicações para o ensino superiorpúblico em um eventual segundo governo da petista.
O encontro aconteceu no mesmo dia em que a campanha do candidato do PSDB, Aécio Neves, divulgou um site e uma lista com 100 nomes de especialistas em diversas áreas que declaram ser "100% Aécio". Estratégia é mostrar apoio qualificado ao tucano e passara mensagem de que fazem parte do time do candidato, e não aceitariam formar outro governo, como o de Marina Silva, que diz que governará com "os melhores".
Porta-voz dos reitores que foram hoje a Brasília, a reitora da Universidade Federal da Paraíba, Margareth Diniz, disse que o grupo reconhece "todo o trabalho" desenvolvido pelo governo da presidente na área da educação, e que o Brasil está no "rumo certo". O grupo acredita ainda, segundo ela, que o governo do PT ficará marcado como o que mais investiu em educação.
Segundo Margareth Diniz, 54 dos 58 reitores que compõem a Associação Nacional de Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) oficializaram o apoio à petista. Em maio, o grupo havia se reunido com Dilma para apresentar um plano para o ensino superior nos próximos dez anos. Nesta quinta-feira, os reitores pediram que Dilma reafirme seus compromissos com a expansão das universidades federais.
Durante o encontro, Dilma defendeu a importância da transferência dos recursos do pré-sal para a educação e "recebeu a carta com muita alegria", segundo o relato da reitora. "Porque sendo uma classe de reitores, que lida com a educação superior, considerando a importância que é tratar da educação superior no país, receber um manifesto de reitores é algo que ela achou muito importante", contou ela.




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Pesquisas do Ibope e Vox Populi contrastam com Datafolha

Pesquisas do Ibope e Vox Populi contrastam com Datafolha

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Uma tendência é certa nas últimas pesquisas eleitorais: Marina Silva (PSB) está em queda, Dilma Rousseff (PT) em ascensão e Aécio Neves estagnado

por  Helena Sthephanowitz

O que traz incertezas quanto à consistência dos levantamentos são diferenças entre alguns institutos, acima da margem de erro. Duas pesquisas, uma do Vox Populi e outra do Datafolha, foram feitas exatamente nos mesmos dias, entre 8 e 9 deste mês, e encontraram alguns números contrastantes além das faixas de tolerância. Quem estaria certo?

O tira-teima foi outra pesquisa, do Ibope, contratada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e divulgada nesta sexta-feira (12). Foi encerrada no dia 8, data bem próxima das outras, e registrou uma tendência mais parecida com o Vox Populi, o que deixa o Datafolha em saia justa.

Como se vê na tabela, sobre o primeiro turno, as intenções de votos em Aécio estão idênticas (15%) nos três institutos. Em Dilma estão dentro da margem de erro (36% e 39%), mas no caso de Marina, o Vox Populi registrou 28%, enquanto o Datafolha 33% para a candidata do PSB. São 5 pontos de diferença, acima do limite da margem da erro, que é de 2,2 pontos no Vox Populi e 2% no Datafolha. O Ibope registrou 31%, intermediário entre os dois institutos, mas foi a campo na véspera das outras pesquisas. Logo, se a tendência era de queda de Marina e oscilação para cima de Dilma, tende a coincidir mais com a apuração do Vox Populi.
Outra divergência foi nos indecisos. O Vox Populi destoou com 13%, enquanto o Datafolha registrou 7% e o Ibope 5%.

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Na sondagem de segundo turno, todos institutos registraram Dilma chegando ao empate técnico com Marina, mas com números diferentes. Dilma teve 41% no Vox Populi, 42% no Ibope e 43% no Datafolha, resultado idêntico dentro da margem de erro. Marina teve 42% no Vox Populi e 43% no Ibope, o que coloca os 47% no Datafolha em dúvida.

Apesar de alguns números divergirem acima da margem de erro, a diferença é pequena e pode de fato ocorrer dentro da probabilidade estatística.

Mas os números do Vox Populi e Ibope são ainda convergentes quando analisamos os votos inválidos e indecisos. No primeiro turno, o Vox Populi registra 7% de intenção de votos nulos/branco/ninguém. No segundo, esse número sobe para 10%. É um resultado esperado. Parte dos eleitores de Aécio Neves (PSDB) ou de Luciana Genro (Psol), por exemplo, pode dizer que anula o voto caso seu candidato não passe para o segundo turno. A mesma lógica acontece no Ibope. Nulos/Branco são 8% no primeiro turno e 10% no segundo. No caso do Datafolha, registram-se tanto no primeiro como segundo turno 6%. Possível, mas pouco provável.
O que mais coloca em dúvida a pesquisa do Datafolha são os números extremamente baixos de indecisos e nulos no segundo turno. Somados dão 10% em segundo turno, contra 17% do Vox Populi e 15% do Ibope.

Quando o candidato do PSB era Eduardo Campos, os votos nulos e indecisos eram maiores. Com a entrada de Marina Silva na disputa, ela capturou a maioria destes votos em um primeiro momento. Atraindo os holofotes para si, teve suas contradições expostas e passou a perder votos. É de se esperar que parte dos votos da “antipolítica”, que antes iria anular o voto, volte a fazê-lo.
E também é de se esperar que parte dos votos sem certeza que pendiam para Marina, migrem para outros candidatos à medida que o eleitor volúvel compare as propostas e conheça melhor a candidata. O que leva Marina a cair é ficar mais conhecida. Suas posições que agradam uns, desagradam outros. Inicialmente ambos viam nela a ideia de votar naquilo que julgavam se identificar, sem conhecê-la direito.

Quando Marina tenta neutralizar críticas de inexperiência, dizendo que foi vereadora, deputada, senadora duas vezes e ministra, essa longevidade política já espanta parte do eleitorado da chamada “nova política”. Marina não é tão novidade assim. Ela conviveu “com tudo isso que está aí” por mais de duas décadas ocupando cargos políticos.

Quando ela tenta neutralizar a falta de base de sustentação política, que levou à renúncia de Jânio Quadros e ao impeachment de Collor, dizendo que vai governar com todos os partidos, mesmo dizendo que com “os melhores”, o eleitor que gritava “sem partido” em junho de 2013, já não a vê como opção. E aquele consciente de que sem uma reforma política a governabilidade se faz obrigatoriamente com quem é eleito no Congresso Nacional, vê incapacidade ou falsidade.

Quando ela volta atrás no programa de governo depois de quatro tuitadas do Pastor Silas Malafaia, ela desagrada e perde a confiança de outros setores. Marina se complica tendo declarações do presente desmentidas por atos do passado, como na questão da votação na CPMF, dos transgênicos, do agronegócio, ou ao ter posição contraditória sobre o pré-sal, que ela trata como um mal que tem de ser aturado e combatido. Em vez de azucrinar o pré-sal brasileiro, deveria mirar no Canadá por extrair petróleo de areias betuminosas no Ártico, em um processo muito mais poluente.
Quando ela procura varrer para baixo do tapete o escândalo da compra por empresas laranjas do avião de campanha dela e de Eduardo Campos, perde a aura de paladina da ética. Também não combina com a tal “nova política” manter em segredo quem paga por suas palestras. Marina não é uma empresária que entrou na política. É uma política que virou empresária para se manter candidata desde 2010. Quer queira, quer não, o eleitor desconfiado sente cheiro de “velha política” quando políticos escondem de onde vem suas fontes de renda, mesmo em atividades privadas e mesmo que não tenha necessariamente nada ilegal. O próprio clima inquisicional criado na imprensa tradicional para fazer o eleitor odiar a política, em vez de reformá-la, estimula essa desconfiança. Clima este que a própria Marina estimulou.

Ela perde votos quando usa dois pesos e duas medidas no trato da corrupção. Uma medida para pré-condenar Dilma pelos atos de terceiros, no caso um ex-diretor da Petrobras, funcionário de carreira, e usa outra medida para pedir o benefício da dúvida para Eduardo Campos, supostamente envolvido pela delação premiada deste mesmo ex-diretor.

O eleitor fica com um pé atrás ao ver o excessivo vínculo ao banco Itaú, pela influência da banqueira Neca Setúbal, inclusive através de patrocínios financeiros para as atividades privadas da candidata. Piora o discurso de Marina repetir bordões lobistas do mercado financeiro, tal como ceder a propostas de independência do Banco Central.

Marina começou tentando agradar a todos, apelando para sentimentos que são unânimes tais como governar com os bons, ser a favor de tudo que é do bem, e um monte de simplismos que todo mundo, desde criança, concorda. Mas na hora de ser obrigada a deixar de discutir o sexo dos anjos, e se posicionar sobre problemas reais do Brasil, ela perde votos ou de um lado ou de outro. E ainda corre o risco de, ao tentar agradar a todos, não agradar ninguém.
Daí ser estranho o Datafolha ainda ostentar índices tão altos para Marina, como se ela ainda fosse unanimidade entre quem está contrariado com qualquer coisa que acontece no Brasil.

(Blog da Helena)

repostado do blog PT de Mosqueiro



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Escócia e Catalunha: semelhanças e diferenças no caminho para a independência

Escócia e Catalunha: semelhanças e diferenças no caminho para a independência

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 Raphael T. Garcia* 
Em ambos os casos, vale destacar o incentivo à democracia direta, mas um resultado deverá ter pouca influência no outro


 

Em 18 de setembro, milhões de escoceses irão às urnas votar em um referendo pela independência do país do Reino Unido da Grã Bretanha e Irlanda do Norte. Pelas pesquisas divulgadas até o momento é impossível saber qual será o resultado, mas há a certeza de que a mera existência de tal referendo é um marco.

Caso semelhante de grande repercussão, o da separação do Quebec do Canadá, acabou com a vitória dos unionistas por pequena margem nos anos 90 e desde então o nacionalismo "quebequense" encontra-se em banho-maria.

A Escócia de William Wallace, famoso guerreiro pela liberdade de seu povo nos séculos XIII e XIV e retratado no grande sucesso do cinema "Coração Valente", de Mel Gibson, em 1995, nunca aceitou totalmente os acordos e arranjos reais que acabaram por uni-la definitivamente ao resto do Reino Unido (na concepção escocesa, unidos à Inglaterra, real "cabeça" deste emaranhado de nações). Chegou o momento de medir forças e buscar um novo caminho.

Alex Salmond, primeiro ministro da Escócia e principal líder do Scottish Nacional Party (SNP), batalhou para conseguir um acordo com Londres e pelo referendo em marcha. Na visão dos ingleses, uma separação parecia improvável. Salmond propôs um referendo com três questões: Sim, pela independência; Não, pela manutenção da união; e uma terceira opção em que buscava mais autonomia.

Seguros da vitória do "não", lideranças inglesas impuseram um referendo com apenas duas alternativas, sim e não. Nas últimas semanas, porém, se viu um crescimento vertiginoso do "sim", que em ao menos uma pesquisa chegou a ultrapassar o "não" e por em perigo a união da Escócia com o resto do reino. Foi o momento de novas negociações e tentativas de convencer líderes escoceses de que, vejam, só, mais autonomia poderia ser garantida.

É muito tarde para recuar, no entanto.
A Catalunha, por sua vez, busca realizar uma consulta à população em 9 de novembro de 2014. Diferentemente da situação escocesa, a Espanha se nega a aceitar que os catalães exerçam este direito e a recusa tem acirrado os ânimos e explica em parte as previsões de uma vitória esmagadora da opção pela independência.

Unidos à força desde 1714, a relação da Espanha com a Catalunha sempre foi tumultuada, conflituosa. O castelhano nunca foi totalmente assimilado pela população catalã, cuja maioria absoluta emprega o catalão como língua veicular e o ensina nas escolas, pese históricas tentativas de suprimi-lo, em especial durante a ditadura de Franco. O "catalanismo" sempre foi um sentimento muito forte, mas a crise que abalou a Europa e que ainda permanece como uma nuvem negra no horizonte acabou por empurrar ainda mais os catalães em direção à rota da independência.

Há semelhanças entre as situações catalã e escocesa no que tange a questões econômicas e sociais. Recortes de benefícios sociais e o excesso de imposto pago por estas duas nações, respectivamente, a Londres e Madri fizeram crescer um sentimento de injustiça que, aliado a outras formas de opressão cultural e mesmo aliado à uma história larga de conflitos e conquista, acabaram por impulsionar o sentimento nacionalista.

Em ambos os casos há também semelhante o terrorismo praticado por bancos e grandes empresários que ameaçam mudar as sedes de suas empresas para Londres e Madri na tentativa de usar a pressão econômica para manipular e pressionar a vontade popular.

O fenômeno político do Podemos, partido de esquerda nascido dos movimentos de rua, dos Indignados e das mobilizações contra as políticas de austeridade durante o auge da crise econômica ajuda a explicar um pouco o que se passa com Escócia e Catalunha na questão da representação.

Tanto o Podemos quanto diversos movimentos pelo mundo, como os Occupy's iniciados nos EUA, a Primavera Árabe e mesmo os protestos de Junho de 2013 no Brasil demonstram uma guinada geral para um modelo mais participativo da e na política, por uma democracia (mais) direta e por menos poder nas mãos de políticos distantes.

Escócia e Catalunha têm o interesse de aproximar o centro de poder de seu povo, aproximar o centro de decisões traçando linhas étnicas e culturais e acentuando diferenças ao ponto de declarar que "os outros" não "nos" entendem como "nós" nos entendemos.

É curioso notar, porém, que este sentimento nacionalista destas nações (e aqui inclui também o forte nacionalismo basco) não tem nada de xenófobo ou excludente. Pelo contrário. São movimentos que, em geral, têm grande apreço pelo imigrante que busca integrar-se - e estes são buscados a integrar-se -, que busca compreender o que se passa. São movimentos nacionalistas, baseados em identidades culturais e étnicas que, ao mesmo tempo, são abertos ao diferente e ao que vem de fora aproveitando uma sinergia entre os diferentes. Pode parecer contraditório, mas faz todo sentido, pois parte da força destes movimentos hoje vêm exatamente da maior participação social e horizontal que converge em um sentimento de identidade local.

O direito de decidir é parte do processo democrático, é horizontal, é agregador, ao passo que busca corrigir erros históricos e imposições horizontais vindas de longe. Quanto mais proibição, maior se torna o movimento e mais inclusivo também. A intenção de catalães e escoceses é buscar um caminho próprio, mas não excludente.

Porém, Catalunha e Escócia sustentam diferenças significativas. A principal delas sendo o modelo de decisão. O referendo escocês é legal, irá acontecer com o apoio de Londres e seu resoltado será respeitado (acredita-se). No caso catalão uma consulta seria ilegal, feita na base da desobediência civil e seu resultado dificilmente seria respeitado pela Espanha, trazendo incertezas inúmeras.

Se por um lado é fato que a principal razão para que o referendo aconteça na Escócia seja ou tenha sido a certeza inglesa de que o "não" venceria (e não em si um respeito pela democracia), por outro o referendo sairá e a democracia foi respeitada - a decisão final cabe à população escocesa.

Já na Catalunha, partidos "espanholistas" como o PP catalão, setores do PSC (PSOE catalão) e Ciutadans apoiam a decisão de Mariano Rajoy, primeiro ministro espanhol, do PP, de se recusar a permitir a consulta, decisão respaldada também pelos tribunais. Apesar dos discursos de que tais partidos respeitam a democracia, não são capazes de aceitar que a população exerça livremente seu direito ao voto, ou seja, trata-se de uma democracia apenas em relação ao que o governo permite.

Para além das diferenças e semelhanças básicas, fica a questão sobre qual efeito terá a consulta escocesa sobre o eleitorado catalão e, mais além, se o governo catalão - Generalitat - capitaneado por Artur Mas, irá levar adiante uma consulta baseada no princípio da desobediência civil - opção apoiada por forças de esquerda nacionalista.

A vitória do "sim" na Escócia poderia ter junto à população catalã o mesmo efeito que jogar gasolina no fogo, mas ao mesmo tempo poderia tornar ainda mais intransigentes as lideranças espanholas em seu rechaço ao exercício democrático. Ao contrário da Escócia, onde o "não" é o favorito, a ampla maioria social catalã apoia a independência. Uma virada do "sim" na Escócia, baseado no princípio democrático, acenderia a luz vermelha na Espanha, demonstrando que a opção por impedir o processo democrático estaria "correta".

Por outro lado, uma vitória do "não" na Escócia teria pouco efeito tanto na Catalunha quanto na Espanha, dado que dificilmente o insucesso de um processo em que desde o começo o "não" liderava faria com que população catalã ou governo espanhol mudasse de posição.

O fato de um referendo ser legal e outro (no caso, uma consulta) ser ilegal acaba por, na prática, diminuir os efeitos - positivos ou negativos - de um sobre o outro. Em outras palavras, o referendo escocês teria a capacidade de traçar um caminho para muitas nações e minorias europeias, ao mesmo tempo em que também iria elevar os alertas de governos estatais que porventura sintam sua unidade ameaçada, mas teria pouco efeito prático sobre a vontade catalã e o rechaço espanhol.

* Raphael Tsavkko Garcia é jornalista. Mestre em Comunicação (Cásper Líbero) e Doutorando em Direitos Humanos (Universidad de Deusto)


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Um momento decisivo para a história do Brasil - Resolução Política do Diretório Nacional do PT

Um momento decisivo para a história do Brasil - Resolução Política do Diretório Nacional do PT

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Resolução Política do Diretório Nacional do PT
São Paulo, 05 de setembro de 2014
Um momento decisivo para a história do Brasil


O Diretório Nacional do Partido dos Trabalhadores, reunido no dia 5 de setembro de 2014, conclama a militância petista – e estende o convite aos aliados -- a intensificar os esforços nas ruas, nos locais de trabalho e em todo o País, para reeleger a companheira Dilma Rousseff presidenta da República e Michel Temer para vice.

O que está em questão não é apenas a continuidade do atual governo, com mais mudanças e mais futuro no próximo período. O que está em jogo é o projeto de transformações iniciado em 2002 com a vitória do presidente Lula. O que está em jogo, em ultima instância, é o futuro do Brasil. E o caminho que seguirmos terá enorme impacto sobre o processo de integração latino-americano e caribenho, bem como sobre a constituição dos BRICS e demais ações em favor de um mundo multipolar e de paz.

Ao longo dos últimos 12 anos, os governos Lula e Dilma deram passos firmes no sentido de melhorar a vida do povo brasileiro, garantir empregos e salários crescentes, expandir a oferta e a qualidade dos serviços públicos, ampliar a democracia, defender a soberania nacional, promover a integração regional e contribuir para a criação de uma nova ordem internacional.

Entretanto, cada avanço conquistado pelos governos Lula e Dilma sofreu uma dura oposição por parte dos setores sociais e políticos ligados ao grande capital e ao conservadorismo, cujos interesses barraram e dificultam a ampliação da democracia, da inclusão social e da redução das desigualdades.
Enfrentando estes setores, fizemos um segundo mandato Lula superior ao primeiro. E faremos um segundo mandato Dilma ainda melhor que o atual, sintonizado com o sentimento popular expresso em várias oportunidades, mas especialmente nas chamadas jornadas de junho de 2013, lideradas por expressivas parcelas da juventude brasileira. O que implica concretizar mais mudanças, mais democracia, mais bem-estar social, em mais soberania sobre nossas riquezas nacionais.

Os dois candidatos da oposição vestem a fantasia da mudança e de uma suposta nova política, mas seus programas de governo, semelhantes em muitos aspectos no conteúdo, revelam que a mudança propalada serve mais aos grupos que os apoiam do que àquela desejada pela maioria da população.
Contra o Projeto Democrático e Popular que representamos, alinham-se, em apoio às propostas dos candidatos da oposição, representantes do capital financeiro e bancário; aqueles que tentam colocar novamente o Brasil d joelhos perante o FMI; os mesmos que pretendem liquidar o Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e BNDES; que propõem subtrair, da Presidência da República e do Congresso, a condução da política econômica para entregá-la a um banqueiro de confiança dos rentistas e especuladores. Não satisfeitos, acenam para as multinacionais do petróleo ao colocarem em xeque o modelo de partilha em vigor para substitui-lo pelo regime de concessões. E, tão grave quanto, jogam para segundo plano a exploração do petróleo do pré-sal, esta imensa riqueza nacional, verdadeiro passaporte para o futuro do País.

O programa e as iniciativas dos candidatos da oposição representam um enorme retrocesso: menos soberania nacional e mais dependência externa; menos democracia e mais conservadorismo; a volta do desemprego e do arrocho salarial. Em resumo: o “ajuste conservador” de sempre, cujos custos, sabemos bem, recaem sobre a maioria da população, sobretudo os mais pobres.

Como já foi dito, destacam-se nos programas da oposição, sobretudo no da candidata adversária, algumas propostas radicais, que temos combatido com veemência desde a sua divulgação. Ortodoxo na economia, conservador no plano dos direitos individuais, regressivo nas propostas de reforma política, o plano de governo da candidata defende, entre tantas concessões : a “autonomia do Banco Central” e a redução do papel dos bancos públicos; a “mudança na política externa”; a “revisão das regras do Pré-Sal”. A proposta da reforma politica dessa candidatura da oposição é regressiva e antipopular. A nossa, ao contrario, é para dar a palavra ao povo, através de um plebiscito. A nova politica é Dilma.

O programa da nossa candidata Dilma Rousseff é o único caminho para que para que o Estado Brasileiro continue criando as condições para que a população, em especial a juventude, possa sonhar , planejar seu futuro e fazer suas escolhas com mais autonomia e mais liberdade para viver e conviver.

Ao longo das próximas semanas, nós que apoiamos Dilma Rousseff trabalharemos para politizar as eleições presidenciais, mostrando quais interesses estão por trás de cada candidatura, lembrando como era o país até 2002, falando das mudanças que fizemos a partir de 2003 e, principalmente, apontando as principais mudanças que faremos a partir de 2015.

Fincando raízes no fortalecimento das políticas sociais, na busca permanente do crescimento econômico inclusivo e sustentável, promovendo a competitividade produtiva e assumindo a garantia de acesso à educação de qualidade como grande motor da transformação, o novo ciclo histórico que propomos ao Brasil passa pelas reformas política, federativa, do sistema tributário, a reforma urbana e dos serviços públicos (sobretudo saúde, segurança pública e saneamento básico), assegurando mais democracia e melhor qualidade de vida.

Democracia e qualidade de vida supõem manter total soberania sobre as riquezas nacionais – entre as quais o Pré-Sal— e controle democrático sobre as instituições que administram a economia brasileira – entre as quais o Banco Central, a quem compete, entre outras missões, combater a especulação financeira.

Estes temas, tratados tanto no horário eleitoral quanto na mobilização militante, devem esclarecer o antagonismo entre os dois projetos de País: o da candidatura Dilma, a serviço do conjunto da população, e o da oposição, subordinado a interesses de grupos dominantes no País e no mundo.
É preciso também potencializar o diferencial da candidatura da companheira Dilma: a militância petista, cuja coragem, disposição e capacidade de convencimento sempre foram e são decisivas.

Vamos engajar, com o mesmo entusiasmo e entrega, as centenas de milhares que abraçaram a ideia do Plebiscito Popular pela Constituinte Exclusiva; o abaixo-assinado do PT pela Reforma Política; os militantes do movimento sindical, estudantil e sem-terra; os jovens que dinamizam as redes sociais e saíram as ruas em junho de 2013; os intelectuais e trabalhadores que fomentam a cultura em todos os rincões de nosso país; e todas as pessoas democráticas e progressistas envolvidas em causas justas, como a luta contra o sexismo, contra o racismo, contra a homofobia, em defesa dos direitos humanos e de um Brasil mais justo, livre e fraterno.

Cabe à Executiva Nacional do Partido, interagindo com os partidos aliados, com a direção da campanha e com as coordenações estaduais, converter estas diretrizes em ações concretas na campanha. Com a firme voz de comando do Partido, para, em parceria com as forças políticas e sociais aliadas, com Lula e Dilma, derrotarmos, politica e eleitoralmente, a oposição.

Há momentos na história que são decisivos para o futuro de um país. Estamos num desses momentos. E sob a liderança de Dilma Rousseff, uma mulher valente que nunca desistiu do Brasil e do povo brasileiro, venceremos e continuaremos fazendo do Brasil a terra onde a esperança e a verdade vencem o medo, a mentira e a desilusão.
Dilma de novo, com a força do povo!

São Paulo, 05 de setembro de 2014
Diretório Nacional do Partido dos Trabalhadores


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MARINA SILVA e a NOVA POLÍTICA: uma reforma sem povo!

MARINA SILVA e a NOVA POLÍTICA: uma reforma sem povo!

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Plano para Desistir do Brasil II
(A Reforma sem Reforma e sem Povo)
Marcelo Zero



O ponto nevrálgico da candidatura Marina Silva tange à crítica à “velha política” e à necessidade da implementação de uma “nova política”, da qual ele se julga portadora privilegiada por uma espécie de direito divino.

Assim sendo, era de se esperar que, no plano divulgado recentemente, houvesse uma proposta concreta e exequível de mudança do nosso sistema de representação política.

Contudo, a leitura atenta do plano revela que não há proposta efetiva alguma para tal mudança. Aparentemente, a proposta parecer ser a de que a nova política surja por geração espontânea ou caia como maná do céu.

No campo da reforma política, o texto do plano começa com o diagnóstico da situação atual. Assim afirma-se que “as instituições políticas estão envelhecidas e tomadas de práticas de clientelismo, nepotismo, populismo e outras formas de patrimonialismo e de perpetuação no poder a qualquer custo. Sob o pretexto de buscar condições estáveis para a governabilidade e a gestão da máquina pública, desde a redemocratização o presidencialismo de coalizão esconde uma lógica viciosa de acordos de bastidores e distribuição de cargos e vantagens. Pratica-se o loteamento do Estado em troca de apoio parlamentar e tempo de propaganda eleitoral”.

Aí há um claro erro de diagnóstico. A governabilidade, e o consequente “presidencialismo de coalizão” que dela surge, não é um mero “pretexto” para a prática do fisiologismo e do loteamento do Estado, mas um dado da realidade e uma consequência inevitável de um quadro de extrema fragmentação e fragilização dos partidos políticos.

Nesse quadro atual, o governante eleito se vê forçado a formar coalizões para poder tocar o seu programa e sobreviver politicamente. A distribuição de cargos e as práticas condenáveis que isso acarreta são meras consequências dessa necessidade fundamental. Não se trata, portanto, de uma questão moral, que pode ser resolvida com a união dos homens de bem contra os agentes da “velha política”, como a candidatura Marina parece propor. Se eleita, Marina será também forçada a formar tais coalizões, com distribuição de cargos e tudo mais.

Mas, coerentemente com essa visão moralista e maniqueísta da política, tão a gosto do neoudenismo conservador que reina no país, o plano da candidatura Marina afirma que “o primeiro passo de uma reforma implica exigir comportamento republicano de todos os agentes políticos e dos demais ocupantes de cargos públicos. O presidente da República não pode ser mero distribuidor de recursos públicos. Deve ser um representante da vontade popular. As instituições públicas não podem se afastar dos princípios constitucionais de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência”.

Que alívio! Estamos salvos!  O primeiro e fundamental passo para a reforma política consiste simplesmente em “exigir comportamento republicano dos agentes públicos”.  Pena que ninguém tenha pensado nisso antes.

Entretanto, o plano prossegue reconhecendo que “para além da busca de melhor qualidade individual e ética do governante, é preciso desfazer uma série de nós antidemocráticos. Um deles é a falta de isonomia, transparência e controle na competição entre os partidos políticos, notadamente em razão dos modos de financiamento de campanhas. A crise política atual é, em boa parte, uma crise dos instrumentos de mediação entre eleitos e eleitores, principalmente os partidos”.

Sim, o Brasil tem, de fato, uma série de nós “antidemocráticos”. Sim, há uma crise nos partidos e na representação partidária. Não há novidade nenhuma nessas afirmações vagas. A questão é como desatá-los.

O texto do plano sugere que a via fundamental para o que ele denomina de “democratizar a democracia” é aumentar os mecanismos de democracia participativa, o que é outra obviedade que não produzirá resultado algum, se não for calcada em propostas concretas e exequíveis.

O plano mantém esse diapasão diáfano e moralista quando afirma que “o caminho certamente é o diálogo, que se efetiva em espaços concretos de articulação entre Estado e sociedade civil. Processos de debate, entendimento e deliberação política são essenciais para compreender e absorver novas linguagens quando se mostrarem legítimas. Os canais existentes devem ser fortalecidos, mas novos instrumentos precisam ser desenvolvidos, mediante o uso de tecnologias da informação e comunicação, para que o cidadão participe mais ativamente das decisões. Como verdadeiros aplicativos (sic) para a democracia colaborativa, esses instrumentos permitirão que se formem redes capazes de promover a convergência na diversidade e desenvolver consciência política e valores democráticos".

O caminho é, assim, o caminho dado pelos homens de bem que se unem em redes digitais expandidas e criam, dessa forma, novos instrumentos para a implantação de uma democracia colaborativa e para a promoção dos valores democráticos.

Nesse ponto, a candidatura Marina revela o desconhecimento que tem sobre o que são realmente as redes. Elas não são, como as suas propostas deixam entrever, um objetivo em si, mas somente instrumentos, formas de organização que existem em todos os setores da atividade humana, cujos conteúdos e objetivos são dados por sociedades e grupos. Por conseguinte, as redes não são uma solução, mas apenas instrumentos para soluções previamente definidas.

A questão essencial é: quem são os atores sociais e políticos que promoverão a reforma política?
Parece claro que não serão os eleitos pelo sistema que se pretende reformar. Mas também é evidente que tais atores não serão, como insinua o plano, os homens e cidadãos de bem articulados em redes digitais.

Na realidade, o único ator viável para a promoção dessa reforma tão profunda e importante é o povo brasileiro como um todo. Por isso, a presidenta Dilma propôs a reforma política com ampla participação popular, mediante a convocação de um plebiscito.

O plano da candidatura Marina simplesmente ignora essa proposta concreta e viável e insiste num discurso vazio e dúbio, que não apresenta nada de específico, mas que promete o suposto nirvana da política em redes.

Mas além de não propor nada de concreto, o plano, ao propor a mudança da política simplesmente e fundamentalmente com novos mecanismos de democracia participativa, desconsidera a importância do fortalecimento dos mecanismos da democracia representativa. Com efeito, tão ou mais importante que propor novas formas de democracia direta, é fortalecer as instituições democráticas existentes. O plano da candidatura, entretanto, não avança nessas questões, o que é algo preocupante para futuro da democracia brasileira.

O cerne de uma proposta viável de reforma política é o fortalecimento do sistema de representação e das instituições democráticas, não a sua impossível e inviável substituição por uma democracia direta e digital.

Apesar desse discurso vago, que não avança em medidas específicas e concretas, o plano tem, destacado do texto principal, um “Box” com algumas “medidas de impacto”, claramente definidas às pressas, com o intuito de marketing de ter algo a apresentar, além do texto cuidadosamente escorregadio.

São elas:

Propor a unificação do calendário geral das eleições, o fim da reeleição e a adoção do mandato de cinco anos.
Ora, a população é hoje consultada a cada dois anos. Com essa proposta, a população só será consultada, em eleições efetivas, a cada 5 anos. Ressalte-se que não há menção a um possível referendo revogatório. Evidentemente, isso em nada aprimorará a democracia brasileira. Uma medida como essa só se justificaria em nome de contenção de despesas. Será essa a motivação?

• Propor a adoção de novos critérios (quais?) na definição da ordem dos eleitos para cargos proporcionais buscando aproximação da Verdade Eleitoral (sic), conceito segundo o qual os candidatos mais votados são os eleitos
O que significa isso exatamente? Se for a implantação do voto distrital, ela é altamente questionável. Nos países em que há o voto distrital, há uma tendência a formação de um bipartidarismo que alija forças políticas menos expressivas. Para quem quer “democratizar a democracia”, não parece uma medida adequada.

• Propor a inscrição de candidaturas avulsas aos cargos proporcionais mediante atendimento de requisitos a definir (muito conveniente).
Trata-se de medida que tende a enfraquecer os partidos. Parece que a candidatura Marina não gosta muito de partidos.

• Propor a redefinição da distribuição do tempo de propaganda eleitoral gratuita com base em novos critérios visando a melhorar a representatividade da sociedade brasileira nos parlamentos.
Os desiguais serão tratados igualmente?  Os partidos terão o mesmo tempo de propaganda, independentemente de sua representação na Câmara dos Deputados? Como será feita essa redefinição? Com base em quais critérios? Ninguém sabe.

• Permitir a convocação de plebiscitos e referendos pelo povo e facilitar a iniciativa popular de leis, mediante redução das assinaturas necessárias e da possibilidade de registro de assinaturas eletrônicas.
Isso o PT já propõe há muito tempo.

• Propor o fortalecimento dos mecanismos de transparência nas doações para campanhas eleitorais.
Como? Quais mecanismos? Isso pode ser somente um eufemismo para manter a doação de empresas privadas às campanhas. O PSB, em seu programa anterior era contrário ao financiamento público de campanhas, como propõe o PT. Será essa a proposta?

Em resumo, o plano da candidatura Marina não avança nenhuma medida nova, clara e concreta sobre tema tão relevante. Restringe-se a platitudes e a propostas vagas e dúbias.

Desse modo, ele deixa no ar, como convém a uma candidatura tão etérea, as respostas para as questões principais que envolvem uma reforma política concreta e viável.

A candidatura é favorável ou não à reforma política com participação popular?  É a favor ou não de um plebiscito para sua convocação? Voto distrital, sistema misto ou proporcional? Fim ou não das coligações nas eleições proporcionais? Financiamento público ou privado das campanhas? Lista fechada, lista aberta ou sistema belga? Referendo revogatório ou não? Que novos mecanismos de democracia participativa implantar? Como?

Essas e outras questões vitais não são respondidas.

Assim sendo, o plano da candidatura Marina comete a dúbia façanha de prometer uma reforma política máxima sem apresentar uma mínima proposta concreta.

Parece que as propostas só serão acessíveis a quem ingressar nas redes dos homens de bem. É uma reforma para iniciados. Uma reforma sem povo.



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