“Estamos devendo muito ao povo brasileiro”, afirma Olívio Dutra

“Estamos devendo muito ao povo brasileiro”, afirma Olívio Dutra

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“Não mexemos na estrutura deste Estado, que continua sendo uma cidadela dos grandes interesses econômicos e culturais”, afirma Olívio Dutra em entrevista à Daniel Cassol do jornal Brasil de Fato





Desde quando criticou as “más companhias” que teriam levado o PT a enveredar pelos caminhos ortodoxos da política, Olívio Dutra vem sendo uma das vozes internas críticas ao processo de inflexão conservadora do próprio partido. Fundador do partido, primeiro prefeito petista em Porto Alegre, governador do Rio Grande do Sul entre 1999 e 2002 e ministro das Cidades no primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Olívio Dutra faz um balanço realista dos dez anos de PT no governo federal.

“Não mexemos na estrutura deste Estado, que continua sendo uma cidadela dos grandes interesses econômicos e culturais”, afirma. Em entrevista ao Brasil de Fato, Olívio, que esteve presente no lançamento do jornal durante o Fórum Social Mundial em janeiro de 2003, em Porto Alegre, reconhece os limites da gestão petista, que começou naquele mesmo mês. “Temos uma grande dívida pela frente, mesmo que tenhamos conquistado melhores condições de vida e de protagonismo político de milhões de brasileiros“, reconhece, defendendo que o partido e a esquerda retomem o debate sobre as transformações necessárias na sociedade brasileira.

Além de um balanço dos últimos dez anos, o ex-governador gaúcho apontou os limites da experiência petista, os desafios da esquerda e não deixou de reforçar sua posição sobre a postura do partido em relação ao “mensalão”: “O PT jamais poderia ter feito isso mas pode, daqui para frente, se assumir como partido da transformação e não da conciliação”.

Eis a entrevista.

O Brasil de Fato foi lançado em janeiro de 2003, logo após a posse de Lula, durante o Fórum Social Mundial. O primeiro número do jornal trazia uma entrevista com o economista Celso Furtado e a manchete: “É preciso coragem para mudar o Brasil”. Passados dez anos do projeto do PT no poder, houve necessária coragem para as mudanças profundas no Brasil?

Lembro de um cidadão da Bossoroca (cidade gaúcha das Missões, terra natal de Olívio) que tinha 90 e tantos anos e dizia: “Coragem não me falta, me falta ar”. Não faltou coragem nos dois mandatos do Lula e neste que está se desenrolando com a Dilma. Mas é bem verdade que não rompemos com conjunturas adversas. Acabamos contemporizando sob a alegação da governabilidade, tendo que construir uma maioria não programática no Congresso, tanto no primeiro quanto no segundo governo do Lula, e até mesmo agora. Mesmo havendo coragem para enfrentar os desafios de um país tão grande e com desigualdades imensas, esta maioria não programática sempre puxou para baixo a execução de um programa que enfrentasse com radicalidade situações de desigualdade que penalizam milhões de brasileiros. Então, penso que coragem não faltou.

E política evidentemente se faz com coragem, mas também com clareza dos objetivos. Por isso, penso que ainda há muito o que fazer. Estamos devendo muito ao povo brasileiro, mesmo que tenhamos conquistados direitos sociais, melhor distribuição da renda, oportunidade de emprego e trabalho regular. Mas não fizemos, por exemplo, a reforma agrária com a radicalidade necessária. Com a maioria que constituímos, não fizemos nenhuma das reformas fundamentais do Estado. Temos uma grande dívida pela frente, mesmo que tenhamos conquistado melhores condições de vida e de protagonismo político de milhões de brasileiros.
Como o senhor mesmo diz, apesar dos avanços nas áreas econômica e social, os governos Lula e Dilma não enfrentaram questões estruturais. Foi por causa da governabilidade ou o projeto do PT no poder acabou sendo não enfrentar estes temas?
Sou um dos fundadores do PT e até hoje não vi nenhuma instância do partido se decidir por um projeto que fique estacionário ou que se condicione às conjunturas. Se isso está andando, é por conta de alguns setores que estão se contemplando com o que já se conquistou. Se pensamos que dialogar com amplos setores da sociedade brasileira é suficiente, que isso abre espaços e reduz pressões, o projeto vai ficando, na sua realização, cada vez mais longe. O horizonte vai ficando mais distante. E isso sem ter tido uma discussão.
Qual é o papel de um partido de esquerda e do socialismo democrático em sendo governo e tendo representação política para enfrentar um Estado que não é o que acolhe um projeto de transformação social? Não mexemos na estrutura deste Estado, que continua sendo uma cidadela dos grandes interesses econômicos e culturais. As elites se sentem muito contrariadas em terem tido a fraqueza de deixar o povo brasileiro eleger um metalúrgico para a Presidência da República, e agora uma mulher que vem de uma luta que não é a luta que eles sempre patrocinaram. Mas isso não os impede de continuar tendo poder. Porque poder não é apenas estar no governo. O protagonismo do povo brasileiro ainda precisa ser estimulado, provocado. Nós chegamos no governo e de certa forma contemporizamos com as coisas.
Os movimentos sociais têm presença nos conselhos aqui e acolá, mas isso garante força para os movimentos sociais e mobilização ampla que um governo de transformação precisa ter na base da sociedade para poder avançar? Isso não temos respondido como partido. Aliás, qual o projeto que a esquerda brasileira tem para o país, não apenas para ganhar eleições? Como a esquerda vê o Brasil e a possibiidade de transformá-lo? E estabelecer entre si compromissos e poder alternar-se por dentro da esquerda, e não a esquerda disputar esta ou aquela eleição e depois ter que fazer negociações em que o seu projeto se estilhaça e o horizonte da transformação fica cada vez mais distante.

O PT é o maior partido de esquerda do país e não nasceu de gabinetes, mas está cada vez mais dependente destes nichos de poder dentro de um Estado que está longe de ter esse controle público e popular efetivo. E estamos gerindo esse Estado. É uma discussão séria que precisamos nos debruçar sobre ela. O PT tem que fazer a obrigação de fazer isso. Não esgotou este projeto na medida em que não se tornar um partido da acomodação e se mantiver como partido da transformação.

O senhor defende a necessidade de a esquerda, não só o PT, discutir o que quer para o Brasil.

O PT aceitou o jogo democrático, mas a democracia não é estática, é um processo. Temos que estabelecer formas de ir desmontando a lógica do Estado que funciona bem para poucos e mal para a maioria. Temos que discutir como agir por dentro do Estado, em um processo democrático, mas não perdendo o objetivo estratégico de ganhar força na base da sociedade, semear transformações. Não temos que sair com um tijolo em cada mão, ou dando murro em ponta de faca, mas temos que ter consciência que o partido tem de ser uma escola política. Pode haver uma alternância entre as figuras dos diferentes partidos de esquerda, desde que haja um compromisso de sequência do projeto de transformação, e não de acomodação. Nosso partido tem que tirar lições dos governos que já exercemos, mas não ficar se autoelogiando e nem se remoendo. Há uma realidade a ser enfrentada. E é preciso ter povo mobilizado constantemente, não como massa de manobra, mas para formar uma base de sustentação.

O senhor acredita que ainda haja espaço para isso no PT? O senhor e outros dirigentes vêm defendo uma retomada de velhas tradições do PT, mas não é ilusório imaginar que o partido voltar a ser algo que já não é mais?

Eu não prego este retorno, mas também afirmo que, sem raízes, uma árvore não tem tronco com seiva suficiente para sustentar a galharia lá em cima. E essas raízes são as lutas sociais e populares, de um período histórico importante do país, no qual se originou esse ambiente de fundação do PT. A conjuntura mundial é desafiadora. Vamos buscar apenas nos adaptar? Não é uma oportunidade de darmos um salto? O PT tem que debater isso.

As instâncias partidárias afrouxaram-se de tal maneira que inclusive tivemos pessoas importantes do PT que cometeram políticas que não se diferenciam das políticas tradicionais que sempre condenamos, sob alegação da governabilidade e essas coisas todas. Isso não pode ser culpa apenas desta ou daquela figura, mas as estruturas partidárias não estavam suficientemente atentas ou atuantes, e se criaram essas situações em que as pessoas pensavam que podiam fazer ou desfazer coisas que depois se justificariam pelos objetivos. E isso levou a essa situação que estamos sofrendo, que é a Ação Penal 470, o chamado mensalão, que não pode ser o objetivo do nosso debate ficar remoendo, acusando aqui ou ali, mas se superando.

Achar que podemos comprar e vender opinião, comprar e vender posições, comprar e vender votos, isso é o pior da política, que tem desgraçado o povo brasileiro e desqualificado as instituições políticas. O PT jamais poderia ter feito isso mas pode, daqui para frente, se assumir como partido da transformação e não da conciliação.

Apesar das críticas ao julgamento do mensalão, o governador gaúcho Tarso Genro vem afirmando em artigos que o partido deve mudar de agenda. É o que o senhor está dizendo também?

O partido não deve ficar se justificando, mas não deve também colocar a cabeça no chão como avestruz. Tem que assumir que houve erros de conduta política. Não é condenar Fulano ou Beltrano, mas assumir que em uma situação tal, as instâncias do partido não foram capazes de não se deixar aprovar por condutas assim. E ir adiante, evidentemente. Penso que a política para nós tem que ser a construção do bem comum, com protagonismo das pessoas. O Estado, para funcionar bem, tem que estar sob controle público efetivo. Esse é um objetivo, colocar o Estado sob controle da sociedade. E para isso é preciso ter espaço para os movimentos sociais, instigálos dentro da sua autonomia. Um governo tem limites para executar coisas, mas não pode submeter os movimentos sociais a esses limites que tem na institucionalidade.

O Brasil de Fato foi lançado durante o Fórum Social Mundial. O balanço que o senhor faz do FSM e das coisas que aconteceram no Brasil e na América Latina nestes dez anos é otimista ou pessimista?

É realista. Há avanços importantes, que não fossem as edições doFSM não teriam acontecido. Agora, há coisas que poderiam ter ido mais longe. O FSM também não pode ficar atrelado e dependente de governos, mesmo que sejam governos sérios e comprometidos com as lutas sociais. O Fórum tem que ter formas de fazer com que suas deliberações ecoem nas instâncias supranacionais, nos organismos internacionais. O fato de o FSM ter perdido um pouco do foco, porque se mundializou, passou a acontecer em diferentes locais e depois ter encontros maiores, continentais, para depois ter um encontro global, tem que ser revisto, para não se perder.

E qual o balanço realista que o senhor faz da imprensa alternativa brasileira neste período?

Cresceu muito, eu penso. Temos muitos veículos alternativos, mas qual é o conteúdo, o que estão provocando? Penso que esse florescimento de uma imprensa alternativa é um caminho importante para enfrentar os grandes grupos econômicos que lidam com a informação. É preciso ter uma miríade de fontes alternativas de informação e comunicação. Mas precisam ter uma visão, não é cada uma no seu território, na sua categoria, é preciso ter uma visão de como as coisas se relacionam, se interligam. E isso também é papel dos partidos políticos, instigar essas relações e a qualificação da intervenção. Temos um governo com problemas sérios na relação com os grandes grupos econômicos e a grande mídia. A grande mídia se alimenta das contas de publicidade do governo e das empresas públicas. Enquanto isso, para jornais e veículos alternativos sobram migalhas. São questões políticas e precisam ser encaradas. Isto é uma dívida que ainda não saldamos.



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LIBERDADE DE EXPRESSÃO AMEAÇADA NO PARÁ

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Descrição: : OLYMPUS DIGITAL CAMERA


Desde os anos 1990, foram movidos contra jornalista paraense Lúcio Flávio Pinto mais de 30 processos judiciais, que representam uma tentativa de inviabilizar a produção de um jornal alternativo que denuncia fraudes e desmandos de empresários e grupos de poder locais
25 DE JANEIRO DE 2013 ÀS 21:42
Brenda Taketa e Rose Silveira *
Reconhecido no final do ano passado com o Prêmio Especial Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos, entre as várias homenagens recebidas por seu trabalho nos últimos anos, o jornalista paraense Lúcio Flávio Pinto, que edita há 25 anos o Jornal Pessoal, foi novamente condenado pelo Judiciário paraense.
Desta vez, ele deverá pagar quantia próxima a R$ 410 mil (ou 600 salários mínimos) ao empresário Romulo Maiorana Júnior e à empresa Delta Publicidade S/A, de propriedade da família Maiorana, também detentora de um dos maiores grupos de comunicação das regiões Norte e Nordeste, as Organizações Romulo Maiorana.
A decisão da desembargadora Eliana Abufaiad, que negou o recurso interposto pelo jornalista no primeiro semestre de 2012, data de 21 de novembro de 2012, mas foi publicada apenas em 22 de janeiro com uma incorreção e, por causa disso, republicada na última quarta-feira, dia 23. O jornalista vai recorrer da decisão, tentando levar o caso ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), mas teme que a condenação seja confirmada.
Romulo Maiorana Júnior alega ter sofrido danos morais e materiais devido à publicação, em 2005, do artigo "O rei da quitanda", no qual o jornalista abordava a origem e a conduta do empresário à frente de sua organização. Por causa desse texto, em 12 de janeiro do mesmo ano, Lúcio Flávio foi agredido fisicamente pelo irmão do empresário, Ronaldo Maiorana, junto com dois seguranças deste em um restaurante de Belém.
Depois da agressão, o jornalista também se tornou alvo de 15 processos judiciais, penais e cíveis, movidos pelos irmãos. Chegou a ser condenado em 2010 a pagar uma quantia de R$ 30 mil, mas recorreu da decisão do juiz Francisco das Chagas. A recente decisão da desembargadora Eliana Abufaiad, se confirmada, significará um duro golpe às atividades desempenhadas por Lúcio Flávio, que não dispõe de recursos financeiros para arcar com as indenizações.
Desde os anos 1990 foram movidos contra ele mais de 30 processos judiciais, que representam uma tentativa de inviabilizar a produção de um jornal alternativo que denuncia fraudes e desmandos de empresários e grupos de poder locais.
Lúcio Flávio Pinto, que perdeu todas as vezes em que recorreu das condenações judiciais e vê nesses processos uma clara tentativa de impedir a realização do seu trabalho jornalístico, lamenta o fato de juízes e o próprio Tribunal de Justiça do Pará não terem avaliado o mérito dos recursos por ele apresentados.
"Os tribunais se transformaram em instâncias finais. Não examinam nada, não existe mais o devido processo legal. E isso não acontece só comigo. São milhares de pessoas em todo o Brasil, todos os dias, que não têm direito ao devido processo legal. Em 95% dos casos julgados no país, rejeitam-se os recursos. Não tem jeito", afirma, novamente temeroso diante da situação, por não acreditar que o STJ acolha o seu recurso. Ele informa que há outra ação judicial em curso, ainda a ser julgada, na qual Romulo Júnior pede R$ 360 mil de indenização também por danos morais e materiais.
Lúcio ficou ainda mais conhecido no início de 2012 quando foi alvo de uma condenação judicial que mobilizou pessoas e organizações, nacionais e estrangeiras, para levantar os recursos necessários para indenizar a família do falecido empresário Cecílio do Rego Almeida, que o processou por ser chamado de "pirata fundiário" em reportagem que denunciou a tentativa de fraude e de apropriação indevida de quase 5 milhões de terras públicas na Amazônia, fato depois confirmado pelo próprio poder público local.
* Jornalistas de Belém (PA), integram o Movimento Somos Todos Lúcio Flávio Pinto.


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FÉ EM DEUS!!! Bispo Edir Macedo é o pastor mais rico do Brasil com uma fortuna de US$ 950 milhões - Líder da Universal do Reino de Deus está a frente de Valdemiro Santiago e Silas Malafaia

FÉ EM DEUS!!! Bispo Edir Macedo é o pastor mais rico do Brasil com uma fortuna de US$ 950 milhões - Líder da Universal do Reino de Deus está a frente de Valdemiro Santiago e Silas Malafaia

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A religião sempre foi um negócio lucrativo. E, se você for um pastor brasileiro, a chance de chegar à mina de ouro são grandes atualmente. Mesmo que o Brasil ainda seja o maior país católico do mundo, com cerca de 123,3 milhões de adeptos, o último censo mostra queda na porcentagem, que hoje é de 64,6%, comparado aos 92% de 1970.

Enquanto isso, o número de protestantes subiu de 15,4% para 22,2%, ou 42,3 milhões de pessoas. É possível que essa tendência de queda do catolicismo seja contínua e que, em 2030, menos de 50% da população brasileira siga o Vaticano.

Mas por que os evangélicos estão ganhando a cena religiosa no Brasil? Uma das qualidades mais marcantes é que o progresso material vêm sobre a influência de Deus, enquanto o catolicismo ainda prega um olhar conservador sobre a vida após a morte em vez de pregações, especialmente neopentecostais, de que é certo ser próspero. Essa doutrina, conhecida como “teologia da prosperidade”, é a fundação de uma das igrejas evangélicas mais populares no país.

O valor do progresso material em parte das igrejas evangélicas é explícito e ativamente promovido. Aline Barros, ganhadora do Grammy que se tornou pastora e tem mais de 900.000 seguidores no Twitter, afirma: “O que você fez para o Reino de Deus? O que você produziu para Deus? Se você está vivo, tem o ar da vida – produza!”.

Parece funcionar. O Brasil vive um crescimento econômico nos últimos anos. O sucesso da economia não tirou milhões de brasileiros da pobreza, mas elevou as expectativas da classe C. Como estima-se que os muito ricos e os muito pobres permaneceram católicos, a maioria dos protestantes está nessa classe e encontraram na religião um modo de ser grato por seu dinheiro, como uma desculpa para curtir o seu novo patamar na sociedade sem se sentir culpado.

Em outras palavras, eles estão dispostos a dar de volta para a igreja. Isso tornou algumas religiões em um negócio altamente lucrativo e alguns de seus líderes multimilionários. É a chamada “indústria da fé”.

Veja o Bispo Edir Macedo, por exemplo. O fundador e líder da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), que tem templos até em outros países, é de longe o pastor mais rico do país, com uma renda estimada* em US$ 950 milhões. O bispo está constantemente envolvido em polêmicas, geralmente por acusações de que sua organização sugou bilhões de reais de doações que deveriam ir para a caridade. Há também denúncias oficiais de fraudes e lavagem de dinheiro. Ainda sim, Macedo pretende liderar seus seguidores por muitos anos.
Um dos pais da Teologia da Prosperidade moderna, o bispo da Universal passou onze dias na cadeia em 1992 graças a acusações de charlatanismo. Macedo negou tudo no Brasil, mas continua a ser investigado nos Estados Unidos e na Venezuela.

Como escritor, ele tem mais de 10 milhões de livros vendidos, alguns deles muitos críticos à Igreja Católica e a religiões afrodescendentes. Seu maior passo foi dado no final dos anos 80, quando comprou a Rede Record. Suas outras propriedades incluem o jornal “Folha Universal”, empresas de música, propriedades e um jatinho particular Bombardier Global Express XRS, de US$ 45 milhões. A assessoria de Macedo afirmou que ele não comentaria o assunto.

Seguidor dos passos de Macedo, Valdemiro Santiago é um ex-bispo da Igreja Universal, expulso da instituição após desentendimentos com o chefe. Foi o bastante para ele fundar a sua própria igreja, a Mundial do Poder de Deus, que tem mais de 900.000 fies e 4.000 templos, muitos dos quais com a sua imagem nas paredes. Ele foi destaque na imprensa no ano passado quando comprou um jatinho igual ao do ex-mestre. Diversas revistas brasileiras estimam que a sua renda chegue a US$ 220 milhões. Ligações e e-mails para a igreja não foram respondidos.

Em terceiro lugar, está o líder da Assembleia de Deus, maior igreja Pentecostal do Brasil, Silas Malafaia. O mais desbocado do ranking, o pastor se envolve em polêmicas constantes com a comunidade homossexual, da qual ele orgulhosamente se intitula o maior inimigo. Entusiasta da lei que considera homossexualismo uma doença, Malafaia é uma figura presente no Twitter, com mais de 440.000 seguidores. Em 2011, o pastor – que tem uma renda estimada em US$ 150 milhões – lançou a campanha Clube de 1 Milhão de Almas, que pretende levantar R$ 1 bilhão para a sua igreja com intuito de criar uma rede de televisão global que possa ser transmitida em 137 países. Os interessados podem doar valores que começam em R$ 1.000 e podem ser pagos em parcelas. Em troca, ganham um livro.

Possivelmente o mais ativo na mídia no Brasil, R.R. Soares é o fundador da Igreja Internacional da Graça de Deus. Também ex-pastor da IURD e cunhado de Macedo, o missionário é considerado o mais humilde entre eles. Seu jatinho privado, um King Air 350, custa apenas US$ 5 milhões. A sua fortuna é estimada, também por diversas publicações, em US$ 125 milhões. Seus representantes não responderam às ligações ou e-mails da reportagem.

O casal fundador da Igreja Renascer em Cristo, o apóstolo Estevam Hernandes Filho e a bispa Sônia, têm mais de 1.000 templos no Brasil e até alguns na Flórida. Com uma fortuna estimada em US$ 65 milhões por diversas revistas brasileiras, o casal chamou a atenção do mundo quando foi preso em Miami, acusado em carregar mais de US$ 56 mil não declarados. Parte desse dinheiro estava escondido dentro de bíblias, segundo agentes norte-americanos que os barraram no aeroporto. Eles voltaram para o Brasil um ano depois, mas continuam com uma série de processos por diferentes crimes, como a queda do teto de um de seus templos que matou nove pessoas.

As prisões por fraudes fizeram barulho. Em dezembro de 2010, o jogador Kaká, então amigo do casal Hernandes e membro da igreja, largou a instituição, alegando o mal uso do dinheiro pelos donos. O jogador já havia doado R$ 2 milhões na época que era o seu membro mais famoso. Os representantes de Hernandes também não responderam à ligações ou e-mails da reportagem.

Tornar-se um pastor evangélico no Brasil é o sonho de muitos jovens. Ao contrário das igrejas protestantes mais tradicionais no país, que requerem que seus pastores tenham algum diploma, as neopentecostais, como a IURD, promovem cursos intensivos para criar pastores por R$ 700 por alguns dias de aula. Mas virar pastor não é apenas uma questão de dinheiro (Malafaia paga até R$ 22.000 para os seus pastores mais bensucedidos, segundo a revista “Veja São Paulo”), é também sobre poder.

Muitos dos pastores brasileiros ganharam passaportes diplomáticos nos últimos anos, especialmente os que lideram grandes igrejas. Eles também são cortejados por políticos e têm isenção de impostos, o que pode trazer um futuro muito conveniente.
Como diz a Bíblia, a fé move montanhas. E o dinheiro também.

*A estimativa das fortunas vieram de números apresentados pelo Ministério Público brasileiro e pela Polícia Federal, assim como a estimativa dos bens privados de cada pastor, publicados pela mídia brasileira, incluindo as revistas “Veja”, “IstoÉ”, “IstoÉ Dinheiro” e “Exame”, e os jornais “Folha de S.Paulo”, “O Globo” e “O Estado de S.Paulo”.

 FORBES Brasil no Twitter (@forbesbr


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Caravanas: há uma pedra no meio do caminho

Caravanas: há uma pedra no meio do caminho

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Antes que o PT esboçasse o roteiro das caravanas que Lula planeja realizar este ano o dispositivo midiático iniciou a sua.

Reportagens publicadas nos últimos dias pelo 'Estadão' e 'O Globo' revisitaram marcos do governo petista.

Alguns títulos pinçados desse primeiro arranque :

'Dez anos depois, população pobre do Brasil permanece refém de programas de renda';

'Berço’ do Fome Zero não muda com programas sociais';

'Em Guaribas, 87% da população vive do Bolsa Família';

'PT tira milhões da pobreza, mas abandona responsabilidade fiscal'

Vai por aí a coisa.

As referências de partida às cidades pobres de Guaribas (PI) e Itinga (BA), recheiam o propósito de alvejar por antecipação os símbolos previsíveis de um roteiro petista.

Ambas estão associadas ao Fome Zero, o primeiro programa lançado por Lula no primeiro ato, do primeiro dia, do seu primeiro governo, em 3 de janeiro de 2003.

Emerge dos textos a ordem unida que deve afinar a desconstrução desse ciclo incômodo.

Na superfície, benevolência: milhões deixaram a pobreza, mas...

Na costura, a lógica desidrata a dinâmica social negando a emergência de qualquer sujeito histórico capaz de afrontar o veredito do fracasso irremediável.

'O modelo é insustentável' , arremata em pedra e cal o sociólogo tucano Bolívar Lamounier, na última linha do texto do O Globo.

Foi nisso que deu a luta contra a miséria.

Para todos os efeitos, o Brasil é reduzido a uma fila de seres vegetativos alimentados pela sonda infatigável do populismo.

O fato de a demanda colecionar 16 trimestres seguidos de expansão, num momento em que o planeta estrebucha em anemia, é um acidente de percurso.

A caravana conservadora tira isso de letra. Literalmente

É só ouvir 'especialistas ' especializados em alvejar o PT.

No atacado ou no varejo? O cliente é quem manda.

A varredura atinge por extensão o 13 de fevereiro próximo, quando o partido comemora 33 anos de fundação, ademais de acumular munição para 2014 e cumprir a missão imediata: colocar uma pedra no meio do caminho da mobilização de resistência acenada pelos dirigentes .

Não qualquer pedra.

Mas aquela capaz de suscitar a dúvida: de que adianta Lula afrontar a pauta da criminalização e da desqualificação se a narrativa da nova caravana da cidadania caberá ao monopólio midiático?

Nos anos 90, as redações foram pegas de surpresa pela iniciativa original. Num primeiro momento, cederam à repercussão diante do efeito contagiante por onde comitiva petista passava.

Organizadas entre 1993 e 1996, as Caravanas da Cidadania percorreriam mais de 40 mil quilômetros. Ao todo, foram seis expedições que vasculharam os quatro cantos do território nacional.

A primeira, de 24 dias, partiu de Garanhuns, interior pernambucano; finalizou em Vicente de Carvalho (SP).

Reeditou o percurso de um pau de arara que em 1951 levaria Lula, a mãe e irmãos até São Paulo e daí para o litoral, fugindo da seca, da fome e da pobreza.

A imagem de um novo 'cavaleiro da esperança' a escancarar a realidade do país como o seu melhor argumento, rapidamente acendeu o farol vermelho nas redações.

A tolerância inicial cedeu lugar então às cobranças. Duras. Repórteres escalados para cobrir as viagens eram intimados a entregar a encomenda.
Às favas com fatos, pessoas e paisagens.

O jornalista Ricardo Kotscho acompanhou de perto aquela aventura como assessor de imprensa de Lula.

Em depoimento à Fundação Perseu Abramo, em 2006, revela detalhes da operação desmonte acionada pelas chefias de redação para sufocar o comício ambulante do líder metalúrgico.

Telefonemas irados chegavam do Rio e de São Paulo cobrando recheio para manchetes prontas.

Lembra Kotscho:

"Vocês têm que dar pau, é demagogia, é populismo do Lula, não sei o quê"-, o mais jovem repórter que estava lá foi cobrado também. Aí ele falou no telefone na frente de todo mundo, porque só tinha um telefone na portaria do hotel, era uma promiscuidade telefônica, todo mundo sabia de tudo. Ele disse para o chefe dele o seguinte: "Olha, eu vou continuar mandando as matérias com aquilo que eu vejo, eu não vou mentir, eu não vou entrar nessa, se vocês quiserem, vocês me demitam (...)" O Mário Rosa (da Veja) me disse, com todas as letras: "Eu escrevo para 3 mil leitores da Veja". "Como 3 mil? São 700 mil", eu perguntei. "O resto não interessa", ele falou. "Escrevo para o top, o top da elite. Vim aqui fazer uma análise psicológica do Lula." Depois que saiu a matéria sobre a caravana na Veja, o Lula ligou para o Roberto Civita, apontou as mentiras que a revista tinha publicado e pediu informalmente um espaço para resposta. O Civita negou, dizendo que isso não era um hábito da publicação..."

Dezesseis anos e três governos petistas depois, chega a ser desconcertante que o gargalo da comunicação permaneça intacto --no partido e no país (leia a análise irretocável de Venício Lima nesta pág. ; leia também o texto do blog dp Emir sobre o mesmo assunto).

A caravana preventiva do dispositivo conservador mostra o quanto a batalha da comunicação continua atual, decisiva e mal resolvida pelo PT.

Não por acaso, os adversários creditam à mídia a tarefa de desqualificar a maior conquista progressista deste ciclo, sem o quê tudo o mais fica um tanto difícil: a redução superlativa da fome, da miséria e da pobreza.

É um osso duro de roer.

Os avanços acumulados desde 2003 são inegáveis. Em certa medida, épicos.

A desigualdade brasileira ainda grita alto em qualquer competição mundial.
Mas, exceto no caso da China, foi a que registrou o maior queda em plena crise do capitalismo, quando dois terços das nações viram crescer a distancia entre ricos e pobres.

No Brasil deu-se o inverso.

A linha da exclusão que antes figurava como o eletrocardiograma de um morto passou a se mexer.

Inquieta, alterou o metabolismo de toda a nação.

Chega a ser paradoxal. A narrativa conservadora desconsidera a dinâmica vigorosa embutida nesse degelo social.

Mas incendeia as manchetes com o esgotamento (real) da infra-estrutura, a saturação dos aeroportos, a pressão da demanda sobre a oferta elétrica.

Ou isso, ou aquilo. Ou se reconhece os novos aceleradores do desenvolvimento ou o alarde dos gargalos é descabido.

Ambos são reais.

A década do PT tirou da miséria e propiciou a ascensão na pirâmide de renda a uma população equivalente a da Argentina.

Dados do IPEA ignorados pelo jornalismo conservador fornecem detalhes preciosos de um país em mutação inconclusa, mas dificilmente reversível a frio.É em torno do passo seguinte desse processo que se trava a guerra politica atual.

Fatos:

a) de 2003 a 2011, a economia brasileira cresceu a uma taxa acumulada de 40,7%; o PIB per capita aumentou 27,7%; mas a renda nos domicílios cresceu mais de 40%. A diferença evidencia o peso das transferências sociais -Bolsa Família, aposentadorias e benefício de prestação continuada, como a aposentadoria rural;

b) a renda per capita dos 10% mais pobres avançou 91,2% em termos reais nesse período --e 16,6% entre os 10% mais ricos;

c) a dos 10% mais pobres cresceu 550% mais rápido que a dos 10% mais ricos.

d) os 20% mais ricos tiveram um aumento de renda inferior ao de seus pares dos BRICS.

e) mas o crescimento da renda dos 20% mais pobres superou o dos BRICs, exceto China.

f) a renda do Nordeste cresceu 72,8% entre 2003 e 2011 -- variou 45,8% no Sudeste.

g ) similarmente, cresceu mais nas áreas rurais pobres, 85,5%, contra 40,5% nas metrópoles e 57,5% nas demais cidades.

g) a dos pretos e pardos teve um salto de 66,3% e 85,5%, respectivamente -- ficou em 47,6% no caso dos brancos.

h) a renda das crianças de 0 a 4 anos avançou mais de 60%.

i) sem as políticas redistributivas do Estado, a desigualdade teria caído 36% menos que os 57% efetivamente registrados.

j) a renda média precisaria ter aumentado quase 89%, em vez dos 32%, para que a pobreza tivesse a mesma evolução, sem a intervenção direta do Estado.

Ao contrário do que assevera o balanço da mídia isenta, portanto, o modelo não é insustentável.

Ele é avassalador por conta das massas de forças que despertou, sacudiu, agregou e conflitou.

Seu principal impulso, ao contrário do que pontifica a tese do assistencialismo insustentável, decorre predominantemente da renda do trabalho.

Ela representa mais de três quartos da renda total que lubrifica a economia -- e é preciso impedir que o seu efeito multiplicador vaze para fora, nutrindo-se de importações que geram empregos e investimentos de qualidade lá e não aqui.

A constatação não altera a essência política do jogo em andamento: o Brasil foi o país que melhor utilizou o crescimento econômico dos últimos anos para elevar o padrão de vida e o bem-estar da população. Isso, graças às políticas públicas deliberadamente voltadas ao mais pobres, entre elas a decisão de elevar o poder de compra do salário mímimo em 60% em termos reais.

Não é propaganda eleitoral do PT.

É o que afirma um levantamento feito pela consultoria Boston Consulting Group (BCG), que comparou indicadores econômicos e sociais de 150 países, nos últimos cinco anos.

Sua conclusão :

"Se o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro cresceu a um ritmo médio anual de 5,1% entre 2006 e 2011, os ganhos sociais obtidos no período são equivalentes aos de um país que tivesse registrado expansão anual de 13%. O desempenho brasileiro deve ser creditado principalmente à distribuição de renda. O Brasil diminuiu consideravelmente as diferenças de rendimento entre ricos e pobres na década passada, o que permitiu reduzir a pobreza extrema pela metade."

Não é algo que se despreze,como teimam as manchetes conservadoras. Mas há uma pedra no meio do caminho.

Ela infantiliza o debate dos desafios reais --que não são pequenos-- inscritos nas escolhas que devem orientar o passo seguinte da história do desenvolvimento brasileiro.

Emergências e alarmes soam para avisar que um tempo se esgotou; outro range, ruge e pede para nascer.

A inexistência de uma estrutura de comunicação progressista, capaz de substituir o monólogo conservador por uma discussão plural das escolhas intrínsecas a esse parto, ameaça abortar o novo.

Se algo se tornou insustentável foi isso.

Fortuitamente, o PT está prestes a renovar um cargo cujo ocupante pode --deve-- ter uma participação significativa na tarefa de afastar essa pedra do caminho.

Ao novo secretário de comunicação do PT caberá em alguma medida a tarefa de criar condições que pavimentem vias e abram clareiras por onde devem circular a caravana de Lula e os projetos que ela catalisa.

Um dos nomes cogitados para essa tarefa é o do deputado Emiliano José (PT-BA).

Doutor em Comunicação e Cultura Contemporânea pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), professor aposentado da Faculdade de Comunicação, onde lecionou por 25 anos, Emiliano é jornalista de carreira e escritor com nove livros publicados.

Paulista de nascimento, mas baiano de coração,lutou contra a ditadura militar em São Paulo, como vice-presidente da União Brasileira dos Estudantes (UBES). Perseguido, viveu clandestino na Bahia até ser preso, torturado e condenado a quatro anos de prisão.

Sua a carreira jornalística começou na Tribuna da Bahia; depois, passou pelo Jornal da Bahia, O Estado de S. Paulo, O Globo e pelas revistas Afinal e Visão. Escreveu para os alternativos Opinião, Movimento e Em Tempo. Tem peso e medida para sacudir a omissão histórica do PT numa questão que ameaça agora devorá-lo.

fonte: Carta Maior


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A introdução do ensaio sobre o fordismo lulista, de Ruda Ricci

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Venho publicando partes de um ensaio que estou redigindo sobre o fordismo lulista. Já publiquei os dois primeiros capítulos e hoje publico a apresentação do ensaio. Aguardo críticas, sugestões e, principalmente, elogios.

1. A motivação deste ensaio
Este ensaio procura aprofundar o impacto político e social do lulismo no Brasil, em especial, após 2006, quando se estrutura um modelo de gestão e de organização social que aqui é compreendido como uma modalidade do fordismo. O fordismo como organização social a partir do Estado central como vértice do pacto de desenvolvimento foi formulado originalmente pela Escola da Regulação francesa.
Vários autores demonstraram que esta formulação original, inaugurada pelo New Deal rooseveltiano, sofreu adaptações na Europa e até mesmo no Japão. O fordismo brasileiro é tardio e, como tal, articula várias formas de organização social e política que aparentemente são contraditórias entre si, atualizando práticas e estruturas patrimonialista e clientelistas, mas também se insinuando sobre a cultura política cínica e intimista que emerge com a consolidação de um potente mercado consumidor de massas, baseado nas classes menos abastadas e trabalhadoras. Nestor Canclini já havia sugerido esta cultura de Fênix em que as tradições permanecem ao lado de um acelerado processo de modernização da América Latina, processo eternamente inacabado[1].
O peculiar é que o fordismo tardio brasileiro forjou-se sob a liderança política emergente dos anos 1980, que sustentava um vigoroso discurso inovador, confrontando com as práticas clientelistas. Os anos 1980, com efeito, são hoje, a partir do olhar em perspectiva das últimas três décadas, um interregno na lógica política e social do país.
Movimentos sociais, sindicatos e organizações não governamentais foram paulatinamente convergindo e se submetendo ao estatismo-desenvolvimentismo da lógica fordista.
O fordismo tardio brasileiro constrói assim, uma ponte entre o velho clientelismo e um arranjo de elites que moderniza de maneira muito particular o Estado, agora altamente centralizado, na contramão do desejado federalismo que inspirou nossa última Constituição Federal.
Nasce daí uma sociedade política dual, conceito que diz respeito ao sistema de funcionamento de legitimação ou sobrevivência das lideranças políticas e não necessariamente à logica societal. Utilizo aqui esta muleta conceitual inspirado nas análises gramscianas que distinguem esferas de organização da sociedade moderna. A sociedade civil brasileira é, hoje, nesta perspectiva, fragmentada em múltiplos interesses cuja origem é familiar (tema que será analisado mais adiante). Já a sociedade política brasileira se divide entre estruturas superiores, altamente centralizadas, que participam dos arranjos e arenas de formulação de políticas públicas estatais; e estruturas regionais e/ou locais, onde os parlamentares se sobressaem no atendimento de tipo cartorial às localidades, comunidades e arranjos familiares. Nesta segunda esfera, o atendimento pulverizado adota contornos nitidamente clientelistas. Contudo, a intersecção entre as duas esferas se dá nos gabinetes dos deputados federais e, em alguns casos, deputados estaduais. 

Nesses gabinetes ocorrem as filtragens de demandas locais, ou processo seletivo de adensamento de demandas que são remetidas aos ministérios ou secretarias estaduais de governo, traduzindo-as em programas previamente confeccionados. Como as demandas locais nem sempre são plenamente ajustadas aos programas intermediados pelos deputados, os parlamentares municipais passam a assumir um importante papel de acabamento: atendem famílias e entidades cuja jurisdição é circunscrita a pequenos territórios, se inserindo numa sociabilidade territorial muitas vezes envolvida com troca de favores nem sempre legítimos. O neoclientelismo que emerge desta trama tem na relação entre vereadores e deputados seu centro nevrálgico, criando uma poderosa rede de lealdades.
O fordismo tardio brasileiro é, assim, uma formulação (ou formatação) original. E se assenta numa sociedade civil pulverizada em múltiplos interesses comunitários e familiares que tomam consciência política a partir das políticas de transferência de renda e crédito popular. A “nova Classe C”, que efetivamente não é uma classe, mas a melhoria de renda das classes trabalhadoras[2], é resultado da “inclusão pelo consumo”, o reflexo invertido da propalada “inclusão pelos direitos” que se tornou base do discurso das lideranças sociais dos anos 1980.
Se a inclusão pelos direitos vinha acompanhada da noção de ação coletiva autônoma, a inclusão pelo consumo alimentou um ideário justamente oposto: a crença no esforço pessoal, no consumo de produtos top de linha como demonstração de sucesso, na gratidão à família e núcleo de relacionamento íntimo (por estarem juntos nos momentos de penúria que marcaram toda sua trajetória familiar), no pragmatismo e cinismo político, na desconfiança da política como espaço de profissionais da artimanha e não da representação social.
Os emergentes do consumo de massas são conservadores. Dentre tantas demonstrações do ideário conservador que se consolida no país a partir do fordismo tardio brasileiro, reproduzo nesta apresentação a pesquisa recente elaborada pelo DATAFOLHA que indica a leitura autoindulgente da maioria dos brasileiros nesta quadra da vida nacional. A maioria dos brasileiros (a FGV-RJ sustenta que 54% da população brasileira é, hoje, Classe C) sugere que a pobreza é fruto da falta de oportunidades iguais. A partir daí, a agenda de direitos civis é claramente abandonada: punição severa aos adolescentes que cometem crimes, proibição do uso de drogas, ensino religioso para tornar “as pessoas melhores”. Quase metade dos entrevistados (46%) sugerem que os sindicatos fazem mais política que defender trabalhadores.

Trata-se de ideário conservador[3] que se articula com o discurso hegemônico das igrejas evangélicas. Pesquisa encomendada pela Confederação Nacional das Indústrias[4] revela, significativamente, que a igreja é a principal instituição confiável para os brasileiros (66% das respostas), muito superior à televisão (26%), empresários (16%) e partidos políticos (8%). 57% dos brasileiros afirmaram não participar de qualquer organização social, sendo que este índice aumenta quando menor a renda, chegando a 63% no caso da Classe E. Nas classes menos abastadas, as organizações religiosas são as mais citadas (52%), dentre a exceção que afirmou que participa de organizações sociais, seguida por entidades estudantis (apenas 8%) e de bairro (outros 8%).
O fordismo tardio brasileiro é uma ponte entre dois mundos da estrutura de poder – um arranjo de elites na estrutura superior e um sistema de atendimento de demandas pulverizadas administradas por deputados e vereadores - que se encontram no atendimento desta ampla base social popular, voraz por consumir produtos de alta tecnologia, que usufruem da renda superior sustentada pelas políticas anticíclicas adotadas pelo governo central.
Estamos analisando, portanto, um sistema político que altera profundamente nosso sempre débil federalismo, aumentando sobremaneira o poder do governo central do país que sustenta um corpo de lealdades administrada por parlamentares. A independência entre executivos e legislativos torna-se uma ficção jurídica, assim como a autonomia dos municípios.
O fordismo tardio brasileiro atualiza o estatal patrimonialismo de sempre.

[1] Ver CANCLINI, Nestor. Culturas Híbridas: estratégias para entrar e sair da modernidade, São Paulo, Editora EDUSP, 1997.
[2] Ver POCHMANN, Márcio. Nova classe média? O trabalho na base da pirâmide social brasileira, São Paulo, Editora Boitempo,2012. O autor critica o conceito de Classe C a partir do argumento que se confunde o conceito de classe social com o de estrato de renda. No caso, teria havido melhoria de renda da classe trabalhadora e não emergência de uma nova classe média. Pochamann sustenta que as ocupações formais cresceram fortemente durante a primeira década de 2000, especialmente nos setores que têm uma remuneração muito próxima ao salário mínimo: 94% das vagas criadas entre 2004 e 2010 foram de até 1,5 salário mínimo. Juntamente com as políticas de apoio às rendas na base da pirâmide social brasileira, como elevação do valor real do salário mínimo e massificação da transferência de renda, houve o fortalecimento das classes populares assentadas no trabalho. “O adicional de ocupados na base da pirâmide social reforçou o contingente da classe trabalhadora, equivocadamente identificada como uma nova classe média. Talvez não seja bem um mero equívoco conceitual, mas expressão da disputa que se instala em torno da concepção e condução das políticas públicas atuais”. O mercado consumidor de massas, apoiado nas classes trabalhadoras, estimula a aquisição de planos privados de saúde, educação, assistência e previdência, entre outros, como consequência de uma reorientação das políticas públicas para a perspectiva fundamentalmente mercantil.
[3] Há outros estudos que indicam o que Richard Sennett denominou de “ideologia da intimidade”, ou seja, a crença nos círculos íntimos de relacionamento e total desconfiança em todas ações públicas e órgãos de representação de interesses coletivos. Lamounier e Souza publicaram uma interessante análise que revela que 85% dos brasileiros confiam em sua família como principal organismo social e apenas 43% confiam em amigos, descartando instituições de representação social ampla. Ver LAMOUNIER, Bolívar & SOUZA, Amaury. A Classe Média Brasileira: ambições, valores e projetos de sociedade. Rio de Janeiro, Elsevier/Brasília, CNI, 2010, páginas 106 a 108.
[4] LAMOUNIER, Bolívar & SOUZA, Amaury. A Classe Média Brasileira, op. Cit.

Rudá Ricci é Doutor em Ciências Sociais

fonte: http://rudaricci.blogspot.com.br/ 


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Belém 397 anos, saudade dos bons tempos...

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Em 2004, Belém fez 388 anos e havia muitos motivos a serem comemorados, era também o último ano do PT no comando da "cidade das mangueiras" e recebia a visita de importantes Ministros de Estado e investimento em URBANIZAÇÃO E REFORMA DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO DA CIDADE de milhões de reais, que de uma só vez acabariam com as palafitas da Vila da Barca, abririam uma nova janela para o rio e garantiriam mais espaços culturais à Belém.

Passados 8 anos de governo do nefasto, preguiçoso e trambiqueiro Duciomar Costa (uma criação política dos tucanos Jatene e Zenaldo, com ajuda de Almir Gabriel) , o famigerado DUDU, tudo está inacabado, ainda há palafitas, os espaços culturais não vieram e ainda temos que aguentar um governador potoqueiro/preguiçoso e um prefeito que nunca trabalhou na vida e vive, como dizem jornalistas da cidade, como um "gigolô do erário público", tal qual outro famoso e conhecido gigolô e ficha suja Senador, Jáder Barbalho.

Hoje Belém faz 397 anos e para "comemorar" o aniversário da "cidade morena" há somente BOLO e MEDALHAS distribuídas entre ilustres personagens da terrinha, entre eles destacam-se Alam Fonteles, Lyoto Machida e Mestre Curica (das guitarradas), se não acreditam leias o folhetim da famiglia Maiorana (aqui) e o da famiglia Barbalho (aqui).

Consideramos pouco, muito pouco pra uma cidade economicamente pujante, cultural e historicamente rica, socialmente diversa e ambientalmente privilegiada. Os belemenses merecem mais, muito mais, e pelo visto vão ter que arrancar na unha e na luta se quiserem ter um futuro melhor, pois se depender dos (des)governantes de plantão está sem chance, "100% sem chance", basta comparar o ontem e hoje, para ajudar nessa tarefa reproduzimos abaixo matéria da folha dos Maioranas de 2004, feliz aniversário e boa leitura.

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Rita Soares
Belém, 11/01/2004
fonte (http://201.59.48.71/oliberal/arquivo/noticia/atualidade/n11012004default4.asp)

Os ministros da Cultura, Gilberto Gil, e das Cidades, Olívio Dutra, participam amanhã de parte da programação pelo aniversário de Belém e anunciam a liberação de recursos que, juntos, chegam a R$ 13 milhões para investimentos em urbanização e reforma do patrimônio histórico da cidade.

Do Ministério das Cidades, serão liberados R$ 8,6 milhões para a construção de casas e da rede de saneamento que vai atender às 541 famílias que moram na Vila da Barca - lugar que ficou conhecido por ser uma das áreas com as piores condições de vida da capital paraense.

A meta do projeto é acabar com as estivas, criar rede de esgoto, abastecimento de água e espaços culturais. A área será aterrada e parte do espaço vai ser destinado para a abertura de mais uma janela para o rio em Belém. O projeto deverá ser concluído ainda neste ano e o valor total das obras é de R$ 11 milhões porque haverá contrapartida da prefeitura.

Os recursos federais fazem parte do programa “Morar Bem” criado pelo Ministério das Cidades para realizar o que seria um dos sonhos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva: acabar com as palafitas no Brasil.

Para iniciar as obras, a Secretaria Municipal de Habitação de Belém fez um estudo sobre as condições de vida dos moradores da Vila da Barca. O resultado mostra famílias formadas por, em média, cinco pessoas e renda mensal inferior a dois salários mínimos. A pesquisa mostrou também que 80% dos moradores da área querem as mudanças que serão levadas pelo projeto.

Na Vila da Barca, boa parte das casas está sobre estivas. As casas sob as águas são feitas em madeira e lá, não há rede de esgoto. Muitas famílias jogam o lixo em baixo das próprias residênciass, lugar que também costuma ser usado como área de lazer das crianças.

A secretária municipal de Habitação, Aclemilda Ferreira, explica que, na implantação do projeto, serão preservadas as características culturais da Vila. Um dos cuidados é manter as novas vias exatamente onde estão as estivas para que não seja alterada a distribuição atual do espaço. 

Outro cuidado será o de não separar as famílias. Na Vila da Barca é comum encontrar vários integrantes de uma família morando na mesma rua. São mães, filhos, sobrinhos e irmãos que optaram por ser vizinhos. “Essa vizinhança vai ser preservada”, diz a secretária. A riqueza cultural da Vila, onde brotam eventos religiosos e grupos artísticos, será reunida em uma espécie de centro cultural. Além disso, as obras vão consistir na drenagem e aterramento da área, construção da rede de esgoto e de um porto. “Os moradores da Vila têm uma relação muito intensa com as ilhas próximas a Belém. Quase todos têm parentes nessas ilhas e nós queremos preservar isso”, explica Aclemilda Ferreira. Na janela para o rio, serão montadas cabanas para a venda de comidas típicas.

Monumenta - A pasta de Gilberto Gil vai oficializar amanhã a liberação da primeira parte dos recursos do projeto Monumenta. De um total de R$ 8,6 milhões para investimentos em três anos, serão liberados pouco mais de R$ 4 milhões para as primeiras duas obras do projeto: o mercado Bolonha, mais conhecido como o mercado de carne do Ver-o-Peso e a Praça Frei Caetano Brandão que fica em frente à Catedral Metropolitana.

Para o Mercado de Carne serão R$ 3,6 milhões e as obras estão previstas para durar 14 meses. Na praça, serão investidos R$ 543 mil e as obras devem terminar ainda em 2004. O coordenador da Unidade Excutora do Projeto em Belém, Antônio Carlos Lobo Soares, diz que a prefeitura ainda está reunindo a documentação exigida pelo Banco Mundial para liberação do dinheiro e a previsão é de que até o início de março seja lançada a licitação para as obras.

Além do Mercado de Carne e da Praça da Sé, o Monumenta prevê a recuperação da fachada e do altar-mor da igreja de Santana, da Praça Maranhão que fica em frente à igreja e ainda do prédio do Instituto Histórico e Geográfico do Pará. Haverá também recursos destinados para o financiamento de restaurações de imóveis privados.

Os investimentos no Monumenta são distribuídos entre a Prefeitura de Belém que terá que arcar com 20% do recursos; da União que entrará com 30% e do Banco Mundial que vai liberar os 50% restantes. Apenas a primeira parte do projeto que vai até dezembro de 2004 já foi aprovada. As outras parcelas que vão até 2006 estão em fase de análise.

O coordenador do projeto em Belém diz que o trabalho feito com recursos do Monumenta será “de primeiríssima”. No Mercado de Carne, será feita a drenagem, construção de novo piso e banheiros, mudança da rede elétrica e restauração dos gradis de ferro. De acordo com Antônio, o projeto é demorado porque envolve muitas pessoas. Hoje o mercado abriga vendedores, consumidores e tem a frente tomada por ambulantes.

Agendas - A assinatura da liberação dos recursos para a Vila da Barca será feita na própria Vila e está prevista para ocorrer às 14h30 na presença do prefeito de Belém e do ministro Olívio Dutra. Gilberto Gil assina a liberação dos recursos do projeto Moumenta às 16 horas mo Mercado Bolonha.

À noite, os dois ministros participam da comemorações pelo aniversário de Belém no Palácio Antônio Lemos. Gilberto Gil e Olívio Dutra receberão a medalha do mérito “Francisco Caldeira Castelo Branco”.


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Influência 2.0

Influência 2.0

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O fenômeno foi detectado acima da linha do Equador. Em abril de 2012, a revista Wired publicou matéria a respeito. No fim de novembro, um texto no website da Harvard Business Review lhe fez eco e, em seguida, uma colunista do Financial Times orientou sua ironia britânica ao assunto. O centro da polêmica é o Índice Klout, criação de Joe Fernandez, um empreendedor de São Francisco, a mesma cidade na qual Alfred Hitchcock filmou Vertigo. A cria gerou polêmica, e alguma vertigem, porque o tal índice foi desenvolvido para medir o grau de influência de qualquer indivíduo (eu, tu, ele, nós, vós e eles) nas redes sociais, ou pseudossociais.


A onipresença das redes sociais, a ansiedade por status e o culto à celebridade levam à criação de índices de influência

O Índice Klout, como outros similares, é calculado a partir de uma base de variáveis que inclui o número de seguidores no Twitter, a frequência de atualizações, o número de recomendações, o Índice Klout de amigos e seguidores etc. A escala varia de 1 a 100: 1 equivale a um atestado de inexistência digital; valores próximos de 20 indicam a insignificância social do indivíduo; valores próximos de 100 são atribuídos aos luminares do nosso tempo, como, por exemplo, a celebridade pop Justin Bieber.

Para ter um Índice Klout decente é necessário frequentar as redes sociais, dedicar tempo e energia a indicar os mais incríveis restaurantes japoneses no Facebook e a inserir aforismos filosóficos em até 140 caracteres no Twitter. Entretanto, isso não basta: é preciso também que as pérolas, em fatos e fotos, viajem pelas redes sociais e sejam reproduzidas por outros usuários.

Agora, reportam os cronistas do Norte, o fenômeno chega às empresas. De fato, no mundo corporativo, o fetiche da influência não é novo. Há duas décadas, em um estudo científico, pesquisadores fizeram ao corpo gerencial de uma empresa três singelas perguntas: Primeira, quem é o seu líder? Segunda, em quem você confia? E, terceira, quem você procura quando tem um problema? Da compilação das respostas surgiram, respectivamente, o organograma da empresa e suas redes de confiança e expertise. Significativamente, os diagramas gerados eram diferentes. Alguns gestores, de alta patente, apareceram solitários nas redes de confiança e expertise. Outros, apesar da baixa patente, mostraram-se influentes.

De lá para cá, multiplicaram-se os cursos e livros de autoajuda corporativa, para treinar candidatos a Maquiavel na arte de fazer amigos e influenciar pessoas. Hoje, reza o credo, explícito ou implícito, nas empresas: não basta ser honesto, inteligente e trabalhador; o que importa é ter influência ou parecer ter influência.

A novidade agora é a onipresença das redes sociais, inclusive nas empresas. Com a base montada, era questão de tempo até um empreendedor californiano, anabolizado por um investidor, criar um obscuro algoritmo matemático e inventar um índice de influência.

Gestores de recursos humanos, sempre ávidos por novidades de baixa densidade, começam a adotar os índices de influência para definir contratações, promoções e demissões: “Prezado, todos aqui o respeitamos e reconhecemos sua contribuição, mas seu índice de influência caiu 20% no ano passado e não poderemos mais mantê-lo em nossos quadros”. Se a moda pega, logo surgirão assessores especializados, capazes de alavancar o Índice Klout de qualquer um disposto a pagar pelo serviço. E pode ser um negócio lucrativo, porque um patamar duramente conquistado pode despencar se o personagem tirar duas semanas de férias, distante das redes sociais.

Empresas mencionadas pela Wired estão também utilizando o Índice Klout de clientes para decidir a quem dar maior atenção. Talvez num futuro próximo tenhamos celebridades Klout sendo convidadas a furar filas, ganhar descontos especiais em hotéis e restaurantes, e obter upgrades instantâneos em viagens aéreas.

Com a novidade vieram as críticas. A ideia de ter a vida profissional ou pessoal afetada por algoritmos obscuros criados por pós-adolescentes recém-egressos de Stanford pode ser detestável. Lucy Kellaway, do Financial Times, afirma não fazer sentido sintetizar em um número algo tão subjetivo quanto o grau de influência. Simplista, o Índice Klout iguala celebridades pop a chefes de Estado.

Joe Fernandez, o criador, declarou à Wired que vê o Índice Klout como uma forma de dar mais poder às pessoas comuns, de democratizar a influência. Parece ter boas intenções. No entanto, em um mundo obcecado com a aparência e o status, os índices de influência podem também constituir mais um componente para alimentar a estratificação social, a ansiedade e o comportamento de manada, características já marcantes, e irritantes, do nosso tempo.


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O discurso extremista da mídia brasileira

O discurso extremista da mídia brasileira

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Por Gilberto de Souza, no jornal Correio do Brasil:

O ano de 2013 tende a ser uma prova de fogo para a democracia brasileira. O governo da presidenta Dilma Rousseff, que ensaia reformas de base como o fim da miséria no país em plena crise na estrutura do sistema capitalista mundial; o Legislativo, no qual os partidos de esquerda vêem as legendas conservadoras submergir em uma série de derrotas históricas nas últimas eleições municipais; e o crescimento da mídia alternativa aos diários conservadores que, dia após dia, perdem mais leitores, assinantes e se debatem com a falta de apoio publicitário dos tradicionais parceiros, ligados a um capital internacional em via falimentar, são fatores que tensionam e tendem a radicalizar o processo político brasileiro.

Ao perceber a aceitação do discurso voltado à justiça social, ao fim da concentração de renda no país e ao abandono sistemático das fórmulas econômicas ortodoxas, os brasileiros têm mostrado, nas urnas, que o fio condutor da economia brasileira mudou e a transformação foi aprovada. No Estado de São Paulo, de longe o mais conservador do país, a proposta das esquerdas foi consagrada na eleição do ex-ministro Fernando Haddad, após uma costura de bastidores entre legendas de tendências que vão do comunismo ao obscurantismo religioso. Mas todos voltados para a derrota do então líder da legião conservadora, José Serra, ora de partida para o ostracismo. O pragmatismo político do novo centro de poder da capital paulista assegurou mais um passo na direção da realidade pretendida pelo governo da presidenta Dilma.

No Supremo Tribunal Federal (STF), um processo no qual escutas transcritas pela Justiça lançam graves suspeitas sobre os principais líderes da direita no país, entre eles o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, seu então ministro da Saúde, José Serra, o ex-governador do Estado de Minas Gerais, Aécio Neves, senadores e líderes da direita mais extremada, é o próximo na fila de julgamentos e, na nova configuração da Corte, tende a cruzar os meses do segundo semestre de 2013 até meados do ano eleitoral. A Ação Penal (AP) 536 tende a abraçar, ainda, as denúncias contidas no best seller do jornalista Amaury Ribeiro Jr., A Privataria Tucana, que esmiúça o processo de privatização realizado no governo de FHC, sobre o qual pesa uma avalanche de ações na Justiça.

Percebe-se, assim, o gradual distanciamento da maioria do eleitorado brasileiro das velhas estruturas oligárquicas que, até hoje, mantêm-se aferroadas à máquina estatal como forma de garantir os interesses das grandes corporações na economia brasileira, apesar dos esforços cada vez maiores da mídia conservadora para minar a credibilidade da proposta vitoriosa nas urnas. O nível de convencimento do eleitorado permanece em queda para os principais líderes de audiência, entre eles o Jornal Nacional, da Rede Globo de Televisão, flagrado em um movimento escancarado de apoio ao candidato derrotado em São Paulo, durante o período do último horário eleitoral gratuito. O caso gerou uma representação contra a emissora, subscrita por Eduardo Guimarães, coordenador do Movimento dos Sem-Mídia, que segue seu curso na Justiça paulista.

Empurrados para o corner da sociedade, os velhos defensores do Estado autocrático, da mídia que apoiou a ditadura militar, da manutenção dos privilégios às castas mais ricas do país em detrimento à distribuição da riqueza nacional, estes se voltam cada vez mais raivosos contra os defensores do Estado justo, social e economicamente, em curso no Brasil desde a eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2002. Diante das transformações inexoráveis, a mobilização dos líderes da direita em defesa de seus interesses também aumenta. Os canais de TV, os principais jornais e revistas impressos do país, as concessões de rádio que estes grupos empresariais detêm passam a transmitir mensagens cada vez mais claras aos seus aliados para que se levantem contra uma outra espécie de ‘perigo vermelho’, a exemplo do que ocorreu no golpe de 1964.

Desta vez, porém, tanto fatores externos quanto internos formam um caldo de cultura completamente toxico às quarteladas do século passado ou aos golpes patrocinados por setores ínfimos, e riquíssimos, da sociedade brasileira, com apoio de uns Estados Unidos de outrora que, hoje, lutam para se manter acima da linha d’água no panorama geopolítico mundial. O capitalismo em crise, por sua vez, também deixa a ver navios os segmentos mais reacionários em atividade no Brasil, como o da mídia, embora instituições como o Instituto Millennium, destinadas à sobrevivência do ideário capitalista a qualquer preço, monitorem as reações ao surgimento de um novo modelo social no Brasil e na América Latina, onde países como Argentina, Bolívia, Equador, Peru, Uruguai e Venezuela caminham a passos largos na direção do socialismo.

Tais reações, espelhadas nas páginas dos meios conservadores de comunicação ou nas telas das redes de TV ligadas aos setores mais retrógrados do pensamento brasileiro, no entanto, têm o poder de esticar a corda da paciência de cada cidadão, a ponto de levar a sérias rupturas nos meios familiares e mesmo em certas relações de trabalho ou de amizade. O radicalismo da mídia conservadora se exacerba, por exemplo, em um dos programas do canal fechado de jornalismo Globonews, no qual o ex-ministro da Fazenda Maílson da Nóbrega explica porque é importante pagar uma conta de luz mais cara e de que forma uma medida de alto impacto econômico, como a redução no preço da energia elétrica, seria quase um ato terrorista praticado pela presidenta do país.

Em certas circunstâncias, a agenda da direita brasileira volta-se muito mais à queda do modelo social em curso do que para o fim de uma gestão, em certos aspectos, simpática ao empresariado, como é o caso da atual. Assim, o discurso pseudo-moralista que vigora nas principais colunas dos diários ou nos programas da TV ligados aos conservadores espraia-se para a sociedade de forma a provocar reações cada vez mais extremadas. É o próprio Eduardo Guimarães que relata, a seguir, ser vítima de ameaças por conta de suas posições políticas de apoio ao presidente Lula e à presidenta Dilma.

Segundo Guimarães, há um processo que se materializa no país e que ele já viu “ocorrer em países sul-americanos (…) com destaque para a Venezuela”.

“Não foi uma só vez em que fui ameaçado de espancamento ou de morte tanto via comentários aqui no Blog (da Cidadania) quanto no Twitter”, relata Guimarães.

“Nunca dei maior importância a esses psicopatas. Apesar de achar que só fazem tais bravatas por trás de um computador, um deles foi munido de cartazes me caluniando ao encontro de blogueiros em Brasília, em 2010, e, em dado momento, fez menção de me agredir. O mais grave é que um maluco é uma coisa, mas, naquela oportunidade, o pirado estava com um irmão tão pirado quanto ele. Ou seja, se eram doentes, a doença atingiu a ambos. Claro que, tanto quanto as outras ameaças que recebi, esta também será enviada às autoridades devido à gravidade, pois o indivíduo, obviamente que oculto sob um pseudônimo, ameaçou me matar a tiros”, afirma.

Em uma das ameaças, devidamente comunicada à polícia, o leitor identificado apenas como Galeão Cumbica, em comentário a um de seus artigos, promete atirar no redator

“Só de pensar que esse tipo de animal com nome de gente, Eduardo Guimarães, financiado com dinheiro publico escreve um lixo desse calibre, dá vontade de encontrar o sujeito e meter-lhe um balaço no meio da cara!!! (…)”, afirma o comentarista. Para Guimarães, a afirmativa não passa de “uma bravata”.

“Nem acho que quis me intimidar. Apenas externou seu ódio, um ódio que não nasceu em si, mas que foi instilado pela mídia, pelos Reinaldos Azevedos, Augustos Nunes, Elianes Cantanhêdes e congêneres. O problema, portanto, não sou eu ou esse pirado – nem os outros tantos que há por aí. O problema é que a direita midiática está desencadeando, no Brasil, um processo que vi, recentemente, em países vizinhos. Até alguns poucos anos atrás eu viajava bastante à Venezuela e, lá, vi várias cenas de batalha campal. Certa vez, chavistas e antichavistas quebraram uma lanchonete em que eu estava. Cheguei a levar um murro no estômago ao tentar proteger uma moça empurrada por um dos brigões. Vi essas coisas acontecerem, também, na Bolívia e no Equador. No Brasil, tudo tem se resumido, salvo exceções, à internet, com os valentões bem escondidinhos por trás do computador, inclusive usando codinomes”, escreveu Guimarães.


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Saiu do forno o Página 13, de 2013

Saiu do forno o Página 13, de 2013

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Noutro momento, já dissemos que não queremos ser aquele Partido com um grande passado pela frente; neste, queremos dizer que o PT não pode se limitar a ser um partido de anos pares.

Há vida, há luta de classes, também nos anos ímpares. E 2013 será um destes anos, como se pode ler em detalhes nos textos de Wladimir Pomar e Iriny Lopes, bem como na resolução da executiva nacional da CUT e na convocatória do Quinto Congresso do PT.

Muitas serão os desafios que enfrentaremos em 2013 e, a depender de como o PT se comporte, chegaremos mais fortes à batalha que os antigos chamariam de “centro da tática”: a eleição presidencial de 2014.

O centro da tática deve vincular-se à estratégia: não nos basta ganhar as eleições 2014, sendo necessário ganhar de forma que nos permita, mais que administrar, reformar estruturalmente o país. Não conseguiremos isso se o Partido não sair da letargia de anos pares em que se encontra atualmente.

Não é a primeira, nem será a última vez que falamos disto: o PT precisa retomar as reflexões e a prática que o levaram a formular um programa democrático e popular, articulado com a luta pelo socialismo. E lembrar por qual motivo chama-se “partido dos trabalhadores”, não “trabalhista”, nem “da classe média”.

A isto nos dedicamos desde 1993 e seguiremos nos dedicando, nos debates da eleição das novas direções partidárias. Onde precisaremos enfrentar, simultânea e articuladamente, a direita externa e os adversários internos.

Sobre a primeira, os textos desta edição falam bastante: o grande capital, a grande mídia e os partidos da oposição neoliberal, tríade que possui aliados dentro do governo e até mesmo dentro do PT.

Quanto aos adversários internos, vamos tratar diferenciadamente os social-liberais, os desenvolvimentistas, os social-democratas e os simplesmente oportunistas.

Contra os três primeiros grupos, travaremos um debate programático. Contra o oportunismo, uma batalha pela sobrevivência do Partido enquanto tal.

A partir de 2003, o PT viveu em escala nacional algo que já era visível em estados e municípios em que ganhamos eleições: a filiação de arrivistas, de políticos tradicionais, de filiados clientelares. Ao mesmo tempo, a nossa presença no governo nacional fez crescer o número de filiados envolvidos em casos de mandonismo burocrático, tráfico de influência e corrupção. Finalmente, há que se falar da relação com o grande empresariado, com o objetivo de financiar as campanhas eleitorais e até mesmo a atividade cotidiana do Partido; a relação com os partidos de direita, na busca de apoios para eleger e governar; e a relação com a grande mídia, na busca de um afago, de uma nota favorável, de um espaço-migalha.

Todas as variáveis citadas no parágrafo anterior compõem o caldo de cultura no qual se alimenta e cresce o oportunismo que ameaça a sobrevivência do Partido. Não há como retomar a estratégia e o programa democrático-popular e socialista, sem ao mesmo tempo enfrentar e eliminar as causas do oportunismo. Trata-se, como sabemos, de uma operação complexa, que envolve reformas internas e externas ao Partido.

Mas não há que esperar a reforma política, para adotar medidas que libertem as atividades cotidianas do partido da dependência frente a recursos empresariais. Não há que esperar a democratização da mídia, para criar meios de comunicação de massa controlados pelo Partido. Não há que esperar o controle social da justiça, para detectar e punir internamente quem use o PT para praticar atos de corrupção. Não há que esperar que restaure-se a moralidade: no PT ninguém deve nem pode locupletar-se.

Em 2005 defendemos comissão de ética para os envolvidos na crise de então. Mas apenas Delúbio foi julgado e punido: votamos pela expulsão e contra a posterior reintegração.

Não se pode expor impunemente o Partido aos ataques da direita; a impunidade interna estimula oportunismos e malfeitos. Não podemos deixar prosperar a idéia de que todo mundo é “farinha do mesmo saco”.

A mesma certeza nos leva, hoje, a não confundir a denúncia do julgamento ilegal promovido pelo STF, das penas absurdas imputadas a alguns arrolados na Ação Penal 470, e mesmo a solidariedade pessoal com militantes probos, com a mais dura crítica contra todos os que deram intimidade a este

criminoso chamado Marcos Valério.

Aliás, a ausência de autocrítica por parte de alguns dos envolvidos, combinada com a tentativa de fazer da defesa dos condenados o centro da tática partidária, nos fizera manter distância de certos atos convocados durante o ano de 2012.

Uma parcela importante do povo brasileiro confia no PT. Confia sem fanatismos, sem ilusões, sem messianismos. Esta confiança se baseia na experiência de que o PT defende os interesses da classe trabalhadora.

Reconhecer os erros e as insuficiências do Partido não enfraquecerá estes laços. Os fortalecerá. E, feitas as contas, o que mais importa é o PT, não este ou aquele dirigente, por mais importante que ele seja.

Em 2013 e sempre, cada um de nós deve sustentar o bordão: o PT é meu partido, mexeu com ele, mexeu comigo.

Os editores


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PT adotou práticas equivocadas, diz Rui Falcão

PT adotou práticas equivocadas, diz Rui Falcão

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por JOSÉ ERNESTO CREDENDIO e DANIELA LIMA


FOLHA DE SÃO PAULO
Sem citar diretamente o caso do mensalão, o presidente do PT, Rui Falcão, disse ontem que em alguns momentos dos últimos dez anos o partido adotou práticas que não deveria ter adotado.
Falcão, que é deputado estadual em São Paulo, participou da posse de Fernando Haddad (PT) na prefeitura da capital paulista.
A declaração foi dada em resposta à pergunta sobre quais foram os erros e acertos do PT após 10 anos no comando do Executivo federal.
Silva Junior - 14.nov.2012/Folhapress
Rui Falcão, presidente nacional do PT
Rui Falcão, presidente nacional do PT
"O principal [erro] foi, em alguns momentos, termos enveredado por práticas comuns a outros partidos, mas que o PT não deveria ter se enveredado por elas", disse.
Em seguida, acrescentou que o maior desafio do partido é acabar com o financiamento privado da campanha, o que, no discurso de petistas, teria levado ao escândalo do mensalão.
"Vamos fazer uma iniciativa forte, quem sabe até com a coleta de assinaturas nas ruas, para realizarmos a reforma política, principalmente com o financiamento público exclusivo das campanhas [eleitorais]", afirmou.
Essas questões, de acordo com o dirigente petista, estarão no centro dos debates do 5º congresso do PT, que vai ocorrer no segundo semestre.
O PT argumenta que o escândalo do mensalão se resumiu à movimentação de recursos eleitorais não declarados à Justiça, o chamado caixa dois.
Já o Supremo Tribunal Federal condenou 25 réus, entre eles a ex-cúpula do PT, sob o argumento de que eles participaram de esquema de desvio de recursos públicos para a compra de apoio legislativo ao governo Lula.
REVISÃO
Ainda fazendo um balanço dos anos no poder, quando segundo ele houve mais acertos do que erros, o presidente do PT afirmou que o partido "demorou" em fazer alianças com outras siglas.
No encontro partidário, a legenda fará uma revisão programática e também vai avaliar as mudanças ocorridas no país desde 2003, quando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva assumiu o primeiro mandato.
Segundo ele, é necessário verificar quais são os novos estratos sociais do país e de onde partem as camadas que apoiam o projeto petista, além de identificar quais são os adversários do PT.
Hoje, na avaliação do deputado, mesmo os grandes grupos empresariais que vêm ganhando incentivos maciços do governo federal não se veem dentro do mesmo espectro petista.
"Ideologicamente, eles não se se sentem representados. Por isso precisamos conhecer melhor a estrutura de classes da sociedade. Vamos atualizar todo o programas desses 33 anos [que o partido completa neste ano] e abrir caminhos para o futuro."
O dirigente petista voltou a criticar o Judiciário, que estaria extrapolando seus poderes, mas não citou o Supremo Tribunal Federal.


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