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Decisão do STF garante constitucionalidade de cotas raciais em universidades públicas

"É uma decisão histórica para o movimento negro”. É assim que Alexandre Braga, diretor nacional de comunicação da Unegro – União de Negros pela Igualdade, considera a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) do Brasil em relação às cotas raciais em universidades públicas. Após dois dias de debate, os/as ministros/as da Corte decidiram, na noite da última quinta-feira (26), por unanimidade, que a reserva de vagas raciais em universidades públicas é constitucional.

A votação foi realizada a partir de julgamento e análise da ação ajuizada no Supremo pelo Partido Democratas (DEM) em 2009. Na Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 186, o partido político questionava o sistema de cotas raciais adotado pela Universidade de Brasília (UnB) desde 2004. Para o DEM, a reserva de vagas iria de encontro a vários pontos da Constituição Federal de 1988, como o princípio da dignidade da pessoa humana e o direito universal à educação. Mas, não foi isso o que consideraram os/as ministros do Supremo nessa semana. Por unanimidade, os/as dez representantes que votaram foram favoráveis às cotas. O relator do caso, ministro Ricardo Lewandowski, destacou que as ações afirmativas adotadas pela UnB seguem os princípios da proporcionalidade e razoabilidade, além de serem políticas transitórias que garantem a pluralidade e a diversidade na instituição de ensino.

Apesar de algumas ressalvas – como a destacada pelo ministro Gilmar Mendes, para quem as cotas deveriam estar relacionadas também a critérios socioeconômicos -, os/as ministros/as seguiram o voto do relator, destacando a importância de ações afirmativas para minimizar as desigualdades do país. Dos/as 11 ministros/as, apenas Dias Toffoli não participou do julgamento por se declarar impedido, porque, na condição de advogado-geral da União, já se pronunciou sobre o assunto.

Decisão histórica com muita luta
A decisão do STF foi considerada "histórica” por integrantes de movimentos negros do país. Alexandre Braga, diretor nacional de comunicação da Unegro, destaca que a constitucionalidade do sistema de cotas em universidades públicas é uma vitória para a população negra. A decisão foi tomada no dia 26 de abril de 2012, mas a luta do povo negro não é de agora.

De acordo com Braga, desde a década de 1970 que o movimento negro luta por ações afirmativas oficiais. Para ele, a decisão "abre espaço para a implementação de ações afirmativas nas universidades”, mas aponta que é preciso dar continuidade à inclusão social com mais investimento em educação (incluindo o ensino básico) e mais oportunidade de emprego para os/as jovens negros/as.

A vitória desta semana destaca a importância de políticas afirmativas na educação, mas o integrante da Unegro reforça que a luta continua também em outras áreas. "Queremos políticas afirmativas não só na educação, mas também na saúde, na comunicação, na cultura e no desenvolvimento social. O negro está numa escala inferior em todos os pontos. O desemprego é maior entre a população negra, a violência também é maior e, na saúde, muitos médicos não conhecem as especificidades da população negra”, afirma.



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Simpósio Internacional discute a esquerda na América Latina

Simpósio Internacional discute a esquerda na América Latina

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Entre os dias 11 e 13 de setembro deste ano a Universidade de São Paulo (USP) sediará o simpósio internacional A esquerda na América Latina: História, Presente, Perspectivas. Organizado pelo Departamento de História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, o evento contará com a participação de nomes importantes da esquerda mundial. A entrada é franca. Confira aqui a programação completa deste interessante evento.

História, Presente, Perspectivas
Simpósio Internacional
Universidade de São Paulo – FFLCH – Departamento de História
11, 12 e 13 de setembro de 2012 (9 às 22 horas)

Programação Completa

3ª. feira 11 de setembro
ABERTURA: Emília Viotti da Costa
09:00 h. (AH): DO PETISMO AO LULISMO: O PT ONTEM E HOJE: André Singer – Lincoln Secco – Tales Ab´Sáber – Cyro Garcia
09:00 h. (AG): ESQUERDA, DITADURAS E DIREITOS HUMANOS: Pedro Pomar – Jorge Souto Maior – Olgária Matos – Sergio Adorno
09:00 h. (CPJ): INTELECTUAIS E MARXISMO NA AMÉRICA LATINA: Bernardo Ricupero – Lidiane Soares Rodrigues – Marcos Napolitano – Maurício Cardoso
14:00 h. (AH): O COMUNISMO NA HISTÓRIA DO BRASIL: Milton Pinheiro – Apoena Cosenza – Frederico Falcão – Marly Vianna
14:00 h. (AG): CHINA E A AMÉRICA LATINA: Wilson N. Barbosa – Marcos Cordeiro Pires – Luis Antonio Paulino – Vladimir Milton Pomar
14:00 h. (CPJ): CUBA: PASSADO E PRESENTE DA REVOLUÇÃO: Luiz E. Simões de Souza – Joana Salém – Silvia Miskulin – José R. Máo Jr.
17:00 h. (AH): RECURSOS NATURAIS, ENERGIA E INTEGRAÇÃO CONTINENTAL: Ildo Sauer – Ariovaldo U. de Oliveira – Mónica Arroyo – Raimundo Rodrigues Pereira
17:00 h. (AG): PROGRAMAS SOCIAIS COMPENSATÓRIOS: SAÍDA DA POBREZA?: Ruy Braga – Eduardo Januario – Maria Cristina Cacciamali – Fúlvia Rosenberg
17:00 h. (CPJ):  PERU, EQUADOR, BOLÍVIA: INDIANISMO E COSMOVISÃO ANDINA: Vivian Urquidi – Enrique Amayo – Tadeu Breda – Mónica Bruckmann
17:00 h. (RXCP): LÍNGUAS E LITERATURAS: DISCURSOS DE RESISTÊNCIA: Elvira Narvaja de Arnoux – Graciela Foglia – Adrián Fanjul – Pablo Gasparini
19:30 h. (AH): A LUTA DOS ESTUDANTES NA AMÉRICA LATINA: Clara Saraiva – Alejandro Lipcovich – Lucia Sioli – Mario Costa
19:30 h. (AG): AMÉRICA LATINA NA GEOPOLÍTICA INTERNACIONAL: André Martin – Leonel Itaussu A. Mello – Rodrigo Medina Zagni – Manoel Fernandes
19:30 h. (CPJ): O COMUNISMO NA AMÉRICA LATINA: Antonio C. Mazzeo – Marcos Del Roio – Victor Vigneron – Kennedy Ferreira

4ª. feira 12 de setembro
09:00 h. (AH): VENEZUELA E A REVOLUÇÃO BOLIVARIANA: Rafael Duarte Villa – Gilberto Maringoni – Flávio Benedito – Flavio Mendes
09:00 h. (AG): REDES SOCIAIS, AÇÃO DIGITAL E ATIVISMO POLÍTICO: Sergio Amadeu – Raphael Tsavkko – Rodrigo Vianna – Luiz Carlos Azenha
09:00 h. (CPJ): BOLÍVIA: DA ASSEMBLÉIA POPULAR A EVO MORALES: Everaldo Andrade – Diego Siqueira – Cristian Henkel – Igor Ojeda
14:00 h. (AH): O MARXISMO NA AMÉRICA LATINA: Michael Löwy – Osvaldo Coggiola – Luiz Bernardo Pericás – Carlos Guilherme Mota
14:00 h. (AG): MÉXICO: DE ZAPATA AO ZAPATISMO: Waldo Lao Sánchez – Igor Fuser – Jorge Grespan – Azucena Jaso
14:00 h. (CPJ): EDITORAS DE ESQUERDA NA AMÉRICA LATINA: Marisa Midori – Flamarion Maués – Rogerio Chaves  – Sandra Reimão
14:00 h. (RXCP): CIÊNCIA E TECNOLOGIA: UMA PERSPECTIVA DE ESQUERDA: Renato Dagnino – Carlos Sanches – Ciro Teixeira Correa – Marcos Barbosa de Oliveira
17:00 h. (AH): O ANARQUISMO NA AMÉRICA LATINA: Edson Passetti – Marcos A. Silva – Ricardo Rugai – Margareth Rago

19:30 h. (CPJ): A TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO NO SÉCULO XXI: Fernando Torres Londoño – Lucelmo Lacerda – Valéria Melki Busin – Jung Mo Sung

AH: Anfiteatro de História / AG: Anfiteatro de Geografia/ CPJ: Sala Caio Prado Júnior / RXCP: Sala Reinaldo Carneiro Pessoa

Inscrições On-Line: www.esquerdaamlatina.fflch.usp.br     
Apoio: GMarx – NEPHE – CEMOP – Mouro      

Entrada Franca   Serão fornecidos certificados de freqüência
Comissão Organizadora: Lincoln Secco – Osvaldo Coggiola – Rodrigo Ricupero – Jorge Grespan – Marcos A. Silva – Francisco Alambert

Co-Organização: PROLAM (Programa de Pós-Graduação em Integração da América Latina) – USP


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Hollande ressuscita PS francês, e Sarkozy a extrema-direita

Hollande ressuscita PS francês, e Sarkozy a extrema-direita

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Neste domingo, François Hollande conquistou uma das maiores votações conseguidas até hoje por um candidato socialista no primeiro turno das eleições na França. A partir de agora, as chaves da vitória estão, para Sarkozy, nas mãos da extrema-direita, e, para Hollande, nas de Jean-Luc Mélenchon e sua Frente de Esquerda, além dos votos de centro. Os 20% de Marine Le Pen representam quase um terremoto político. Esse resultado deve muito a Sarkozy e ao racismo de Estado que o próprio presidente encarnou. O artigo é de Eduardo Febbro, direto de Paris.


por Eduardo Febbro 


Paris - “As pétalas da rosa de abril são mais numerosas que os cravos azuis de maio”. As redes sociais repercutiram essa mensagem para burlar a proibição de difundir resultados antes das 8 horas da noite e anunciar assim a vitória do candidato socialista François Hollande no primeiro turno das eleições presidenciais francesas. Mas a celebração não levou em conta a flor negra, o terremoto político que representa o resultado da extrema direita da Frente nacional, cuja candidata, Marine Le Pen, obteve um resultado histórico de 20%. Nicolas Sarkozy perdeu sua aposta e François Hollande ganhou a sua. Com 28,5% dos votos, o candidato do PS supera o presidente francês (26,6%) do primeiro posto e o impede de cumprir o objetivo que ele mesmo fixou: sair deste domingo na liderança da consulta, “ainda que seja por um fio de cabelo”, para, a partir daí, redinamizar a direita e ganhar o segundo turno no próximo dia 6 de maio.

A sanção para Sarkozy é indiscutível: o presidente obteve 5 pontos menos que na eleição de 2007. Ao contrário, François Hollande entrou na história não só porque se converteu em uma carta sólida para a socialdemocracia europeia, mas também porque conquistou uma das maiores votações conseguidas até hoje por um candidato socialista no primeiro turno da eleição. Só é superado por François Miterrand, que obteve 34% em 1988.

No entanto, o poderoso percentual da extrema-direita e o baixo volume de votos obtido pelo candidato da esquerda radical, Jean-Luc Mélenchon (11,5%), convidam à moderação. Hoje começa uma nova campanha e como já demonstrou ao longo de seus cinco anos de mandato, Nicolas Sarkozy não terá nenhuma dúvida em sair a tentar conquistar os votos dessa França que vê na xenofobia, no ódio ao próximo e à imigração, na segurança máxima, no rechaço à Europa e no desprezo aos franceses filhos de pais estrangeiros uma alternativa política.

Essa eleição representa um marco em muitas coisas: é a primeira vez que um presidente que concorre à reeleição não sai na frente no primeiro turno; Marine Le Pen pulverizou o recorde de votos que seu pai e fundador da Frente Nacional, Jean Marie Le Pen, havia obtido em 2002, mais de 16,9%. Ao mesmo tempo, quase duplicou o volume de eleitores que seu pai obteve em 2007 (10,44%).

Neste domingo, os eleitores deram à social democracia francesa um forte respaldo que permite aos seus partidários sonhar sim que o pesadelo se afaste por completo das regiões do sonho. A partir de agora, as chaves da vitória estão, para Sarkozy, nas mãos da extrema-direita, e, para Hollande, nas de Jean-Luc Mélenchon e sua Frente de Esquerda. A guerra para o segundo turno entre Sarkozy e Hollande começou apenas algumas horas depois ao anúncio dos primeiros prognósticos sobre o segundo turno. Estes, mais uma vez, colocaram Hollande quase nove pontos acima de Sarkozy. Este propôs que sejam realizados três debates de hoje até o dia 6 de maio. Hollande respondeu: “não é porque um candidato tenha tido um mal resultado que vamos mudar as regras”. Em seu discurso á noite, Sarkozy disse: “o momento crucial chegou, o da confrontação de projetos e o da escolha das personalidades”. Em sua aparição ante os militantes, Hollande pronunciou um discurso equilibrado e otimista. “Temos todas as condições de obter uma vitória. Esta noite, com o voto dos franceses, converto-me no candidato de quem quer abrir uma nova página”.

Com um centro que diminuiu em relação a 2007 (caiu de 18,57% para os 8,9% atuais), uma candidata ecologista sem peso (2,3%), e uma extrema-esquerda periférica, a reserva de votos está na dupla Marie Le Pen-Mélenchon. Sarkozy perdeu a equação eleitoral que havia fixado para sua campanha: sair em primeiro para relançar uma “dinâmica” e mudar a correlação de forças para o segundo turno. No entanto, nem por isso, já perdeu a eleição. Somados, os votos da extrema-direita e os de Sarkozy chegam quase a 47%. Resta a ambiguidade do centro e as consignas para o seis de maio de cada candidatura.

A candidata ecologista Eva Joly já chamou ou voto para Hollande. Fim a seus compromissos e sem enrolações, Jean-Luc Mélenchon fez o mesmo em um aceso discurso no qual pediu a seus militantes para não se fixarem em comentários e detalhes: “convido-os a nos reencontrarmos no dia 6 de maio sem pedir nada em troca para derrotar Sarkozy”, disse Mélenchon. O candidato centrista François Bayrou não fez declarações de apoio e Marine Le Pen disse que só fará isso no dia 1º de maio.

“A batalha da França acaba de começar (...) Nada será como antes. Contra o que se esperava, os franceses se convidaram para sentar na mesa das elites”, disse neste domingo à noite a líder da FN. Esses resultados constituem uma indiscutível vitória da linha política que adotou e que consistiu em tirar o manto do diabo com o qual seu pai havia envolvido a Frente Nacional. A extrema direita é hoje uma corrente política totalmente normalizada, massivamente aceita e cuja pujança eleitoral influenciará na definição do destino político do país.

Nicolas Sarkozy saiu derrotado, mas com um salva-vidas ao alcance. O resultado da Frente Nacional deve muito a sua política, ao racismo de Estado que o próprio presidente encarnou, aos incontáveis ataques contra os estrangeiros e aos muçulmanos, à permanente raiva com que tratou aos homens e mulheres que vieram para a França, por uma ou outra razão, de todos os cantos do planeta. Não foi ele quem tirou proveito disso por enquanto, mas sim Marine Le Pen. A estratégia sarkozista foi derrotada duas vezes: ele ficou em segundo e não obteve o respaldo dos votos da Frente nacional. Em 2007, Sarkozy recuperou os votos da extrema-direita e com eles e suas promessas garantiu sua vitória. Cinco anos mais tarde, esses eleitores voltaram à fonte original.

O presidente candidato tem uma dupla missão para ser reeleito: seduzir o centro e voltar à pesca de votos na extrema-direita. A tarefa do Partido Socialista será trabalhosa de hoje até o dia 6 de maio. François Hollande obteve um dos resultados mais amplos de um candidato socialista no primeiro turno. O total de votos das listas de esquerda no primeiro turno de 2007 chegou a 36,4%, bem menos do que os quase 44% deste domingo. A perspectiva é alentadora. A meta do PS são os eleitores do centro e alguns votos da extrema-direita. Estes, mais do que um voto de adesão às teses de Marine Le Pen, constituem uma manifestação de rechaço ao sistema político e de medo frente à crise.

A Frente Nacional conta entre seus eleitores com operários que foram da CGT e até mesmo do Partido Comunista. A crise acentuou o fenômeno da “transfrontalização” entre os partidos, o que beneficiou amplamente a extrema-direita. As pesquisas assinalam hoje que cerca de 48% dos eleitores frentistas votariam em Hollande no próximo dia seis de maio. Os socialistas franceses renasceram com um candidato pelo qual ninguém apostava um centavo. Milagre rosa. A direção do partido já colocou em marcha a estratégia discursiva para as próximas duas semanas. Repetir, como fez o ex-ministro socialista da Cultura, Jacques Lang: “Sarkozy contribuiu para legitimar as ideias da Frente nacional e não fez mais do que aumentar a xenofobia e a divisão”.

O domingo teve um momento de sublime revelação na rua Solferino, onde está a sede do PS, um desses instantes no qual se pressente que o destino passa com corpo e alma. Quando Jean-Luc Mélenchon apareceu nas telas das televisões, os militantes socialistas ficaram mudos. O futuro dependia do que ele iria dizer. A televisão pública transmitiu o discurso e dividiu a tela em duas partes: à direita estava Mélanchon, à esquerda, o porta-voz de François Hollande, Manuel Vals, e a candidata de 2007 e ex-companheira de Hollande, Ségolène Royal. Estavam pálidos e tensos enquanto escutavam Mélenchon lançar seus dardos. Um silêncio sepulcral envolveu a sede do PS, onde os militantes escutavam o discurso, hipnotizados pelo temor. Até que chegou a frase liberadora, os gritos e os aplausos quando o candidato da Frente de Esquerda convocou a todos, sem ambiguidade e com uma enorme nobreza, a derrotar Sarkozy.

Outra campanha começa. Outro país pode surgir dentro de duas semanas. É preciso atravessar ainda um campo semeado de medo, de populismo e de um liberalismo cheio de ajustes recessivos. Este domingo deixa duas lições: François Hollande ressuscitou o socialismo, e Sarkozy a extrema-direita.

Tradução: Katarina Peixoto


http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=20010&boletim_id=1173&componente_id=18789


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Dilma tem a maior aprovação desde o início do mandato

Dilma tem a maior aprovação desde o início do mandato

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O desempenho da presidente Dilma Rousseff é considerado ótimo ou bom por 64% dos brasileiros. Em janeiro, quando completou um ano de governo, esse número era 59%. A parcela de eleitores que considera o governo regular caiu de 33%, em janeiro, para 29% em abril.

Os dados são de pesquisa Datafolha divulgada pelo jornal Folha de S. Paulo neste domingo (22). Foram entrevistadas 2.588 pessoas em 161 municípios nos dias 18 e 19 de abril. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para cima ou para baixo. A pesquisa foi realizada em 18 e 19 de abril, depois que os bancos públicos e alguns privados anunciaram redução das taxas de juros seguindo a pressão do governo.

Dilma tem a maior aprovação em um ano e três meses de mandato em comparação com os dois últimos presidentes. Lula era bem avaliado por 55% da população no segundo mandato e por 38% no primeiro. Já o desempenho de Fernando Henrique Cardoso era aprovado por 18% dos brasileiros no segundo mandato.

Para 57% da população, o governo Dilma é igual ao de Lula, enquanto 21% avalia que Dilma é pior que seu antecessor, 20% considera o atual governo melhor e 2% não sabe responder.
2014. Lula é o candidato petista favorito para concorrer à Presidência em 2014, escolha de 57% dos pesquisados. Dilma aparece com 32% da preferência. Um candidato do PT diferente na próxima corrida presidencial é a opção de 6% dos pesquisados e 5% não souberam responder.

Considerando um suposto segundo turno das eleições presidenciais na atualidade - repetindo o pleito de 2010 - Dilma seria escolhida por 69% do eleitorado e Serra por 21%. Outros 6% não votariam em nenhum dos dois e 4% estariam indecisos.

Parte dos eleitores (26%) que dizem ter votado em Serra em 2010 mudariam o voto para Dilma hoje e 8% fariam o contrário. Para lembrar, em 2010 a petista Dilma venceu o segundo turno com 56,05% dos votos válidos e o tucano Serra ficou com 43,95% da escolha.


Economia.

A pesquisa Data Folha também revelou que 49% dos brasileiros acreditam que a situação econômica do País vai melhorar. Já a porcentagem da população que avalia que a economia vai piorar se manteve estável, com 13% na pesquisa de abril e janeiro; 34% acredita que o quadro ficará como estável (37% em janeiro) e 5% não sabe responder (4% em janeiro).

O otimismo dos brasileiros aparece em outros dados. Menos pessoas têm a expectativa de aumento da inflação em abril (41%) do que em janeiro deste ano (46%). Já 37% acredita que a inflação vai ficar como está (dado de abril) contra 35% em janeiro. Outros 15% avaliam que o índice vai diminuir (14% em janeiro) e 6% não sabe responder (5% em janeiro).


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Entrevista a Valter Pomar

Entrevista a Valter Pomar

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Secretário-executivo do Foro de São Paulo, o historiador Valter Pomar diz que a crise econômica já atingiu o Brasil


“China ultrapassará EUA até 2020”


Historiador e dirigente nacional do PT diz que Lula não volta em 2014, quer que a Comissão da Verdade puna torturadores e traz revelações sobre a Chacina da Lapa , ocorrida em 1976

Fernando leite/Jornal Opção

Renato Dias

Especial para o Jornal Opção

A crise econômica que atingiu os EUA e contaminou a Europa já chegou ao Brasil, informa ao Jornal Opção o doutor em História e secretário-executivo do Foro de São Paulo, Valter Pomar (SP). Segundo ele, o que há é um esgotamento do modelo neoliberal e uma crise cíclica do capitalismo. Pomar avalia que a China poderá ultrapassar os EUA até o ano de 2020 e se tornar a maior potência econômica mundial. O historiador não acredita que o vendaval da economia mundial, os escândalos de corrupção na Esplanada dos Ministérios e a rebelião da base aliada ameacem a reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT). Mais: aposta que Luiz Inácio Lula da Silva não retornará em 2014. Ele diz querer que a Comissão da Verdade puna acusados de violar os direitos humanos à época da ditadura civil e militar (1964-1985), traz revelações sobre a Chacina da Lapa (1976) e lembra que Pedro Pomar, morto em 1976, apontou que a guerrilha do Araguaia (1972-1975), organizada pelo PCdoB, com inspiração maoísta, ocorrida no Norte de Goiás (atual Tocantins) e Sul do Pará, foi um erro estratégico. Aos 46 anos de idade, anuncia a realização de mais uma edição do Foro de São Paulo, lembra que as Farc (da Colômbia) não integram a instância e analisa que existe possibilidade real de a guerrilha colombiana depor as armas, celebrar armistício e integrar-se à vida política institucional do País.


A crise iniciada nos EUA em 2008 e que afetou a Europa em 2012 pode atingir o Brasil?
A crise já atingiu. Ela afeta a capacidade de compra dos EUA e da Europa. Com isso, eles compram menos produtos brasileiros. Os EUA para atacarem a crise imprimem dólar, para baratear as suas exportações.  O que faz com que entrem mais produtos dos EUA aqui. O Brasil tem mais dificuldade para vender lá fora seus produtos porque eles passam a ficar mais caros em dólar. Mais: empresas brasileiras começam a tomar empréstimos lá fora, já que os juros estão muito baixos e muitas empresas estrangeiras que operam no Brasil ampliam as suas remessas de lucros para fora, para compensar os prejuízos que as matrizes estão tomando. A crise já bateu no Brasil. Mas como Lula e Dilma adotaram medidas de proteção da economia brasileira ela não pegou com tanta intensidade. A tendência é de EUA e Europa tentarem descarregar a crise nas costas das periferias do mundo e, inclusive, nas costas do Brasil.


O que motivou a crise na Europa?
Nas décadas de 50, 60 e 70, eles tinham economias poderosas, com elevado grau de industrialização. Com o Estado do Bem-Estar Social consolidado, muito forte. Ao longo dos anos, a taxa de crescimento acabou diminuindo. Cada vez mais. Com Margareth Thatcher (1979-1991), eles descobriram a fórmula mágica neoliberal: reduziram o Estado do Bem-Estar Social, hipertrofiaram o poder do setor financeiro, expandiram empresas para o resto do mundo. O resultado, num primeiro momento, foi positivo. Depois, esse crescimento fundado no endividamento, no setor financeiro e na desregulamentação, esse modelo entrou em crise e mostrou seu lado perverso. Os países mais pobres são os primeiros a quebrar. Os governos conservadores jogam a crise nas costas dos trabalhadores. Cortam salários, destroem conquistas. A Grécia está, por exemplo, à beira da explosão social.


A crise é do modelo econômico ou do modo de produção capitalista?
As duas coisas. O capitalismo que existe no mundo desde os anos 70 é neoliberal. Com o setor financeiro dominante, liberdade total dos capitais e com um peso reduzido da intervenção do Estado na área social. O circuito não fecha. Com baixos salários não há consumo dos produtos. Esse modelo está em crise. Por isso, a crise é tão profunda.


Até quando a China continuará sendo o motor da economia mundial?
A China ultrapassará o PIB dos EUA até 2020, 2025. Isso começou com o acordo entre Mao-Tsé-Tung e Nixon, há 40 anos. De 1972. Desde que seja mantido o ritmo de crescimento atual. Graças a esse acordo, a China recebeu investimentos externos que ela colocou em zonas protegidas. Nos anos 80 houve mudanças na economia, com abertura seletiva e controlada para o capital estrangeiro. Há 30 anos a China cresce a uma média de até 11% ao ano. A tendência é de que a China continue sendo a fábrica do mundo. Mas os EUA ameaçam reagir: com armas e dólares.


Cuba tende a adotar o modelo chinês: economia de mercado, abertura ao capital estrangeiro e monopólio do poder político pelo PC?
Eles dizem que não. Os comunistas de Cuba e do Vietnan dizem que os seus respectivos modelos têm diferenças importantes em relação ao modelo chinês. Mas a inspiração é a mesma.  A de que nessa etapa de construção do socialismo é necessário  contar em algum nível com as empresas privadas e com cooperativas de trabalhadores. O Estado deveria controlar o que é geral.


Fernando Haddad ameaça a hegemonia do PSDB em São Paulo?
Espero que sim. O PT administra o Brasil desde 2003 e obteve indicadores econômicos e sociais relevantes: redução da pobreza, ampliação da classe média, participação da renda na riqueza nacional. Mas em São Paulo essas alterações acontecem num patamar inferior ao restante do Brasil.


A crise econômica mundial, os escândalos de corrupção na Esplanada dos Ministérios e a rebelião da base aliada ameaçam o projeto de reeleição de Dilma Rousseff?
Não. Esse quadro é muito complexo. Primeiro, uma situação internacional que exige medidas extraordinárias. Medidas de proteção do câmbio, de fortalecimento da indústria nacional, que o governo federal tomará, que criará problemas com a base, em um ano de eleições municipais. Não vejo que esses fatores chegarão a atrapalhar a popularidade de Dilma, Lula e de aprovação do PT


Lula volta em 2014?
Nenhuma chance. Lula será o primeiro cabo eleitoral de Dilma Rousseff. Ela será a candidata do PT em 2014.


A Comissão da Verdade deveria punir torturadores?
Acredito que sim. Mas a lei é controversa. A Anistia de 1979 era de uma anistia recíproca. O problema é de que essa versão, pelo Direito Internacional, hoje, é de que tortura é crime imprescritível e que desaparecimento forçado é crime de sequestro continuado. As leis de anistia não cobrem crime continuado. A Comissão da Verdade poderá fornecer elementos para o julgamento e condenação dos acusados de violações dos direitos humanos à época da ditadura civil e militar no Brasil.


Qual sua leitura sobre a atual inquietação nos quartéis?
Indecente.


Há algo a ser revelado na Chacina da Lapa?
Duas informações fundamentais já foram reveladas: a de como a casa onde ocorria a reunião do comitê central do PC do B, em dezembro de 1976, foi descoberta: um militante, Jover Telles, teria sido preso e informou à repressão do local e data do encontro. Quando o Exército cerca a casa, em dezembro de 1976, eles esperam a saída de algumas pessoas e quando imaginavam que estavam na casa apenas os sobreviventes da guerrilha do Araguaia — Ângelo Arroyo, Pedro Pomar, João Amazonas — eles a invadem para matar. É preciso dizer que um dos presos, João Batista Drummond, foi morto sob tortura. A sua fuga e morte por atropelamento foi um farsa que precisa ser desmascarada. É preciso encontrar essa documentação. Mesmo que a Comissão da Verdade não resulte em punição é preciso que a verdade venha à tona.


Qual a posição de Pedro Pomar sobre a guerrilha do Araguaia?
Pedro Pomar tinha uma posição, que ficou relatada em documento apresentado ao Comitê Central do PCdoB, que considerava a guerrilha do Araguaia um erro do ponto de vista estratégico. Primeiro porque a guerrilha do Araguaia não foi uma guerra popular prolongada, não era como os chineses tinham feito, mas um foco. Essa experiência cometeu um equívoco, em um país de maioria urbana, sem apoio de massas, no campo, onde a classe operária tinha um peso significativo. Ele tinha uma posição muito crítica. Ele disse isso em 1976, dois anos antes das greves do ABC, que acelerou o fim da ditadura militar. Mas acabou prevalecendo no partido uma posição distinta defendida por João Amazonas, que à época estava fora do Brasil.


Qual o destino do Foro de São Paulo?
Criado por iniciativa de Lula e de Fidel Castro, pelo PT e pelo PC Cubano, o Foro de São Paulo nasceu em 1990. Com a participação de partidos de esquerda, socialistas, comunistas, nacionalistas... Um leque ideológico variado. Já está em sua 18ª edição. Em seu 23º ano. Ele possui uma estrutura simples, enxuta: grupo de trabalho formado por 32 pessoas, de 16 partidos políticos. Ele funciona com uma secretaria-executiva. O Foro de São Paulo encarregou o PT de gerenciar a secretaria-executiva. Desde 2005 o PT me indicou. O próximo encontro ocorrerá dias 4, 5 e 6 de julho, em Caracas, Venezuela.

As Farc integram o Foro de São Paulo?
As Farc não fazem parte do Foro de São Paulo. Da Colômbia, quem o integra é o Polo Demo­crático Alternativo.


Há possibilidade de celebração do fim da guerrilha e de assinatura de um acordo de paz na Colômbia?
Nós trabalhamos por isso. Por uma paz justa, negociada, na Colômbia. A reintegração da guerrilha à vida política e social. Com reformas estruturais no País. Para acabar com as desigualdades econômicas e sociais. A guerrilha emitiu um sinal de que está disposta a negociar uma posição de paz. Agora, para a ultradireita colombiana é útil, interessante, para receber apoio, financiamentos norte-americanos. Agora, quem mais morre na Colômbia é sindicalista.


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Nós e a Argentina

Nós e a Argentina

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Paulo Kliass

Merece destaque o elemento pedagógico de várias decisões adotadas pelo governo argentino nos últimos anos, em geral recebidas com desconfiança e surpresa pela grande imprensa, por caminharem na contracorrente de tudo aquilo que recomenda a “boa norma” ditada pelas elites locais e internacionais.


A divulgação da decisão da presidenta Cristina Kirchner, a respeito da nacionalização da empresa petroleira YPF, reacendeu ódios e paixões sobre um tema bastante sensível. As famosas relações entre o setor público e o setor privado, as supostas vocações naturais de um e de outro ente para atuar em áreas estratégicas. E, de quebra, ainda contribuiu para acirrar a polarização das posições no debate sobre desenvolvimento nacional e economia.

Antes de mais nada, é importante registrar o papel decisivo que tem sido desempenhado pelos últimos governos da Argentina em termos de opções de políticas públicas. Entre outros aspectos, destaca-se o elemento pedagógico das decisões adotadas, em geral recebidas com desconfiança e surpresa pela grande imprensa, por estarem justamente indo na contracorrente de tudo aquilo que recomendaria a “boa norma” ditada pelas elites locais e internacionais.

Moratória por lá e nada por aqui

Logo no início do mandato do presidente Nestor Kirchner (2003 a 2007), aquele país estava com suas atividades econômicas bastante comprometidas e uma das razões era o enorme peso representado pelas obrigações financeiras de sua dívida externa. Muito antes de tombarem por terra os pressupostos do neoliberalismo, Kirchner aprofundou a postura mais rigorosa no processo de negociação em curso com os credores e decretou a moratória. Como solução conciliadora, apresentou uma proposta de redução de 70% no valor total devido.

Mas do lado de cá do Rio Paraná, o comando da política econômica

A divulgação da decisão da presidenta Cristina Kirchner, a respeito da nacionalização da empresa petroleira YPF, reacendeu ódios e paixões sobre um tema bastante sensível. As famosas relações entre o setor público e o setor privado, as supostas vocações naturais de um e de outro ente para atuar em áreas estratégicas. E, de quebra, ainda contribuiu para acirrar a polarização das posições no debate sobre desenvolvimento nacional e economia.

Antes de mais nada, é importante registrar o papel decisivo que tem sido desempenhado pelos últimos governos da Argentina em termos de opções de políticas públicas. Entre outros aspectos, destaca-se o elemento pedagógico das decisões adotadas, em geral recebidas com desconfiança e surpresa pela grande imprensa, por estarem justamente indo na contracorrente de tudo aquilo que recomendaria a “boa norma” ditada pelas elites locais e internacionais.

Esse difícil momento foi superado e a Argentina ofereceu aos países em desenvolvimento e ao mundo em geral uma verdadeira lição de como a economia e a política podem e devem andar juntas. E de como, em alguns momentos, é necessário ao Chefe de Estado ousar para implementar mudanças efetivas. O clima de catastrofismo reinante na imprensa local e internacional era pautado, como sempre, pelos interesses do capital financeiro internacional. Decisão jurássica, postura inconseqente, calote irresponsável e outros qualificativos asseguravam que a Argentina sairia isolada no cenário internacional, caso insistisse na estratégia da renegociação mais dura, que era apresentada como um verdadeiro suicídio econômico, político e diplomático.

Kirchner dizia que “toda negociação pressupõe um grau de transgressão das regras”. Aliás, nada mais do que uma grande verdade. E assim o país vizinho não desisti u, aleg ando possuir a legitimidade necessária para tomar a decisão. Chegou até a vencer em todas as instâncias jurídicas internacionais, ao argumentar que as altas taxas de juros presentes nos contratos firmados com os credores eram a contraface do alto risco das operações especulativas. E que, infelizmente, havia chegado o momento do não pagamento. Quem quisesse continuar credor, portanto, deveria aceitar as condições do chamado “canje” - a troca oficial de papéis, com o desconto de 70% sobre o valor de face de cada título da dívida externa.

A grande lição foi que a negociação terminou finalmente por ser aceita pelo mundo financeiro, depois – é claro ! - de muita gritaria, chantagem e ameaça. E, ao contrário do clima artificialmente construído pelos cavaleiros do apocalipse, os investimentos estrangeiros continuaram a fluir para a Argentina ao longo dos anos. Afinal, a economia saía de anos de recessão, o emprego crescia, a produção e atividade em geral foram retomadas. E, como bem sabemos, o capital está sempre à procura de alternativas de rentabilidade. Acusado o golpe e registrada a perda eventual, vamos em frente que os negócios continuam.

No nosso caso, as promessas históricas de auditoria da dívida pública brasileira ficaram como mais uma irresponsável omissão e esquecimento. Ao contrário de Kirchner, nossos dirigentes recém chegados ao poder optaram por seguir a cartilha de adesão ao establishment neoliberal, em que “toda negociação pressupõe um grau completo de submissão”. Reinava o fetichismo de respeito às regras e aos contratos. A dívida externa foi transformada em dívida interna, mas a drenagem bilionária de recursos para pagamento de juros e serviços da mesma manteve-se inalterada. Manteve-se a continuidade do reinado das finanças sobre as demais atividades produtivas.


As relações com os meios de comunicação

As relações com os meios de comunicação. Na relação com os poderosos meios de comunicação, deu-se algo semelhante. O governo da Argentina percebeu a necessidade primordial de democratizar esse que é conhecido como o quarto poder na sociedade contemporânea. Ao invés de seguir empurrando com a barriga essa relação de submissão aos interesses de um setor altamente concentrado e umbilicalmente ligado aos interesses econômicos, encaminhou um projeto ao Congresso, que ficou conhecido como “Ley de los Médios”. Enfrentou os interesses contrariados e teve a ousadia de sair para a disputa no interior da sociedade. Mais uma vez saiu vencedor e o futuro mostrará os acertos de tal opção política pública na área de comunicações.

Por aqui, todos sabemos que o setor de comunicações continua firme e forte, recebendo todas as benesses dos sucessivos governos. E, o pior, fazendo todo tipo de chantagem política contra o próprio governo, sempre que lhes for interessante. O grau de oligopolização avança a cada dia, os cruzamentos de oligarquias regionais e grupos familiares não foram tocados. Acuado pela pressão dos interesses dos meios de comunicação, o governo se restringe a tocar o barco e se esquece da importância política de um projeto democrático e nacional para o setor. Ao invés da ousadia para mudar, o que fica é a marca da submissão pelo receio.

Agronegócios e criminosos das ditaduras: lá e cá

Outro momento marcante na política argentina, foi o enfrentamento dos setores ligados à agricultura, pecuária e o agronegócio de forma geral. Como resposta a uma medida de aumento da tributação sobre suas atividades exportadoras, os representantes da agropecuária deram início a um movimento de contestação aberta e de enfrentamento ao governo. Mais uma vez, Cristina Kirchner manteve-se firme na defesa de seu projeto durante o ano de 2008, mas acabou terminando com a derrota do governo no Senado e a necessidade de recu ar em sua intenção inicial. De qualquer forma, marca também uma diferença de postura em relação aos nossos dirigentes. Por aqui, a avaliação da importância do agronegócio para o desempenho da pauta exportadora tem levado os sucessivos governos a uma conduta de sujeição aos interesses desse setor, que tende a representar práticas e relações sociais atrasadas e de profunda injustiça social e econômica. A ponto de Lula ter declarado que os usineiros de cana eram os “verdadeiros heróis nacionais” e de empresas denunciadas por trabalho escravo continuarem a receber as benesses de crédito do BNDES e de outras fontes públicas de recursos. Ou então, basta ver a líder ruralista, Senadora Kátia Abreu, agora integrante da base aliada e dando a linha para o governo na votação do Código Florestal.

O julgamento e a condenação dos assassinos e torturadores do período da ditadura militar também marcam uma brutal diferença, a respeito da forma como as sociedades argentina e brasileira optaram por restabelecer a verdade. Ali, o caminho adotado não foi pautado pelo medo de enfrentar os algozes e apurar os crimes cometidos. Muito pelo contrário! Ao invés da impunidade e de homenagens sob a forma de pontes, estradas e viadutos, a Justiça foi acionada e os responsáveis estão presos ou cumpriram as penas devidas. Por aqui, em nossas terras, os sucessivos governos conformam-se com a interpretação restritiva da “anistia recíproca” de 1979, quando a própria Constituição soberana de 1988 abriu espaço para refazer a história desse período. Nem mesmo a nossa Comissão da Verdade foi ainda implantada e sua eficácia jurídica é quase nula, pois não tem poder de fazer justiça.


YPF e a Vale

E para fechar, a comparação que não quer calar é entre a YPF e a Vale. Antes dos gritinhos histéricos do “mas não dá prá comparar!”, já adianto que também acho que são processos bastan te distintos. Mas a observação das semelhanças e das diferenças serve também para ilustrar as distintas posturas que os dois países adotaram para tema semelhante e crucial. Cristina optou por voltar ao processo de privatização da empresa estatal argentina, levada a cabo pelo governo Menem em 1993 – contemporâneo de nosso Collor. A avaliação foi que o setor é estratégico para a economia do país vizinho e que a empresa, controlada pela Repsol espanhola, não estaria cumprindo a contento com as necessidades da Argentina, em termos de investimento e de produção. A gritaria local e internacional também foi a mesma, como se poderia imaginar. Os interesses afetados tentam criar o clima generalizado do pré-catástrofe, com todo o apoio dos órgãos de comunicação, inclusive os do nosso lado da fronteira.

Já a nossa Vale foi privatizada, a preço de banana, sob a época de FHC. Leiloada em 1997, o seu valor da compra foi de US$ 3 bilhões , com a poss ibilidade de utilização de moedas podres e outras facilidades concedidas aos futuros proprietários. Uma verdadeira negociata, em nome da comemoração do “fim da era Vargas” e da supremacia da eficiência do privado sobre o público. Afinal, tudo valia pois Francis Fukuyama, um dos ideólogos do conservadorismo da época do neoliberalismo, já havia decretado o fim da História. Mas, como dizia o vizinho da minha tia, nada como um dia após o outro. As receitas liberalóides não se mostraram assim tão perenes, a crise de 2008 derrubou os alicerces daquele mundo artificial e o novo modelo ainda está por se moldar. Mas nem por isso, desse lado do continente sulamericano, o governo resolveu tomar alguma iniciativa. As antigas propostas do PT e o plebiscito a respeito da venda da Vale foram condenados ao esquecimento.

Apenas para se ter uma idéia, desde a posse de Lula até o final de 2011, a empresa privatizada já acumulou e distribuiu entre seus acionistas lucros no valor de US$ 70 bilhões! Isso sem falar do modelo espoliador das nossas reservas minerais e de exportação de renda e emprego para os países, onde a mão-de-obra e outros custos baixos justificam a ação de lesa pátria. Basta lembrarmos a política de exportação de minério de ferro bruto e a importação de manufaturados para o grupo, a exemplo dos trilhos para as ferrovias e a encomenda dos supercargueiros junto aos estaleiros chineses. E não se fique com a impressão de que tal eficiência no desempenho da empresa se deva ao gênio empreendedor de figuras como Agnelli e outros. Basta ver o caso da Petrobrás, ainda pública e batendo todos os recordes de desempenho, para se ter a noção de que se a Vale voltar a ser pública, não deverá ficar muito atrás em sua performance.

Como sempre, basta vontade política. A decisão de reestatizá-la, em termos de eficiência econômica e empresarial, só faria aumentar a auto-estima de nosso povo e poderia, eventualmente, contribuir para um modelo futuro de desenvolvimento nacional menos desigual e mais sustentável. A Argentina deu o pontapé inicial.

Paulo Kliass é Especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental, carreira do governo federal e doutor em Economia pela Universidade de Paris 10.


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Valmir, um pequeno grande homem.

Valmir, um pequeno grande homem.

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Belém amanheceu de luto. Belém amanheceu mais madura e a cultura popular perdeu um grande lutador, um grande pequeno homem. Belém amanheceu sem Valmir, sem sua alegria, sem sua ousadia, sem sua maneira alegre de saber a dor e a delicia de ser o que é.

Conheci Valmir ainda jovem, estudante do colégio Nazaré, onde junto com seus irmão Valdir, Vânia, Valcir e Joice todas as manhãs saímos na brasília laranjada para o colégio. Eu estudava o cientifico, junto com a Vânia e os outros irmãs estavam no ensino fundamental. Morávamos na 25 de setembro entre Mauriti e Estrela, Valmir na casa de seus pais, na casa que hoje é o juizado de pequenas causas e eu com os meus na Vila Raimundo Nonato.

Valmir passou no vestibular com 16 anos, para o curso de Medicina. Logo que entrou na Faculdade participou do movimento estudantil. Foi diretor do DAM, depois deixou o curso de Medicina (NO QUARTO SEMESTRE) e foi para História. Um dia eu lhe preguntei o porquê da troca. Ele me confessou que no dia que ele entrou na sala de cirurgia, ele percebeu que não era aquele trabalho que ele queria. Não aguentou ver o sangue sair e o cheiro da anestesia.

Foi para história. Eu já era aluna do curso. No centro acadêmico de história, fundado em 1980 (eu fui a primeira presidente), Valmir brilhou, foi seu presidente, depois presidente do DCE da UFPA na gestão Aroeira, e depois presidente da UNE. Presidente nacional. Um paraense petista. Era a primeira vez que um petista e paraense assumia a entidade.

Valmir foi militante do PT, que junto com muitos companheiros do PRC, que foram para o PT para construir um partido diferente e de massas.

Valmir foi do Partido Comunista Revolucionário, uma dissidência do PCdo B, que se organizou no inicio dos anos 80, e que em Belém tinha nas suas fileiras jovens sonhadores, democratas e lutadores por um pais melhor. Nós eramos da caminhando, uma tendencia do ME que era afrente legal de atuação do PRC.

Nós nos pensávamos comunistas. Nós ainda sonhávamos com uma revolução socialista e dedicamos nossa juventude lutando por direitos básicos da população. Sempre tínhamos uma trincheira de lutas. Valmir lutou contra a explosão dos bancas de jornais de Belém, pelo ensino público e gratuito, pela meia passagens, pela direito humanos, denunciou perseguições aos homossexuais, e dedicou-se a cultura, tornou-se um militante das causas dos direitos dos indígenas, quilombolas e ribeirinhos da nossa Amazônia.

Lembro de Valmir lutando e enfrentado a repressão dos dono de ônibus e a PM nas ruas, para garantir a meia passagem sem democracia. Lembro de Valmir nas assembléias lutando pela eleições diretas para reitor. Lembro de Valmir comandando greves nacionais pela UNE contra o ensino pago. Lembro de Valmir lutando pela anistia, pelas diretas Já, por uma politica de inclusão dos povos da floresta, e principalmente lutando por Belém e pelo Pará.

Lembro de Valmir dançando carimbó, organizando as Buxixiatas, os cortejos, organizando conferência s de cultura, participando dos debates sobre educação indígena. Tenho muitas lembranças..., lembranças de uma vida forte, brilhante e feliz. Tenho muitas lembranças de você que souber ser um homem solidário, cativante, amigo e doce. Um homem de seu tempo.

Mais Valmir sempre teve posição, era inteligente, sabia o que queria, e sua vida toda pensou na cultura dos Amazônidas, e dos excluídos. Valmir sempre foi um dirigente . Quando foi diretor do Bosque Rodrigues Alves transformou o bosque em parque ambiental, quando foi diretor do departamento de cultura da FUMBEL organizou belos carnavais, mostra de teatro. Pensou sempre politicas culturais de inclusão. Quando assumiu o curro Velho ampliou suas ações para grande parte do Estado, fez politica com editais e trabalhou com os mestres de cultura.

Valmir fez um discursos maravilhoso sobre o custo amazônico na conferência de cultura nacional em 2010 em Brasília. Foi a estrela da festa.

Eu indiquei o Valmir para o Curro Velho e defendi seu nome, no momento da composição de governo, da Ana Júlia, por saber do seu com promisso com a cultura do Pará. Um certo tipo de cultura mas que fazia seus olhos brilharem e seu coração bater forte.

Valmir viveu o que quis viver. Fez suas opções de vida, mas tenho certeza que viveu feliz, de bem com sua consciência e com seu coração.

Aqueles anos 80 forjaram uma geração de sonhadores, de lutadores que construíram suas lideranças. Valmir foi um líder, uma pessoa maravilhosa que nos fazia pensar nos nossos preconceitos, nos nossos limites.

Valmir sua vida foi sempre para pessoas além de você. Você terá sempre um lugar nos nossos corações. Eu tive o privilégio de te conhecer, de te abraçar e de compartilhar contigo muitos sonhos. Fique em paz e que todos saibam que a cultura do Pará perde um pequeno grande homem.


Edilza Fontes


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NOTA OFICIAL DA UNE E DA UAP SOBRE A MORTE DO EX-PRESIDENTE DA ENTIDADE VALMIR BISPO

NOTA OFICIAL DA UNE E DA UAP SOBRE A MORTE DO EX-PRESIDENTE DA ENTIDADE VALMIR BISPO

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Valmir presidiu a União Nacional dos Estudantes entre os anos de 1987 e 1988


É com imenso pesar que a UNE se despede de uma de suas grandes lideranças estudantis, Valmir Bispo, que presidiu a entidade entre os anos de 87 e 88. Em meio às comemorações do dia do índio, o Brasil infelizmente perde esse importante militante,  primeiro presidente paraense da entidade,  grande defensor do direito dos estudantes em seu estado e no país, homem que durante toda sua vida pregou o respeito e a inclusão dos povos indígenas.

O corpo de Valmir foi encontrado na manhã desta quinta-feira (19), em sua residência no bairro da Campina em Belém do Pará. A causa da morte ainda aguarda laudo pericial para ser esclarecida.
Para o atual presidente da UNE, Daniel Iliescu, essa é uma grande perda. “Dois dias após a passagem da Caravana da UNE pelo Pará, onde o assunto da violência foi muito debatido, tivemos essa triste notícia.  Prestamos nossas condolências à família e reconhecemos o legado deixado por Valmir para o movimento estudantil e para o país. Com certeza a vida dele não foi em vão’’, declarou.

Valmir Bispo tinha 50 anos e atuava como diretor do núcleo de arte e cultura da Universidade do Estado do Pará (UEPA). Como primeiro paraense a presidir a União Nacional dos Estudantes, sua gestão contribuiu com inúmeras conquistas importantes para o movimento estudantil brasileiro como a meia-passagem, em Belém, entre o final dos anos 80 e início dos anos 90.

Para a vice-presidente da UNE, Clarissa Cunha, a trajetóriade Valmir foi inspiradora. “Estamos num momento de muita atuação política do movimento estudantil no Pará, no meio das eleições do DCE da UFPA. Dessa forma, a notícia do falecimento de um companheiro que tem toda uma importância pros estudantes, nos deixa um sentimento de tristeza muito grande. Ao mesmo tempo em que o legado deixado por ele e sua história de militância nos inspira a seguir em frente’’, lamentou.

Ferrenho defensor da cultura brasileira, Valmir foi também superintendente da Fundação Curro Velho, além de um grande incentivador dos debates sobre a inclusão social de povos indígenas e quilombolas.
Segundo a diretora da UNE, Marcela Rodrigues,  também paraense, Valmir trabalhou ativamente em defesa da cultura de seu estado e do nordeste como um todo. ‘’Para nós paraenses, Valmir foi uma grande inspiração de luta pelos direitos das minorias.  Ele dedicou a vida toda, desde o movimento estudantil até os dias de hoje em defesa da cultura brasileira.  Pensar que sua morte ocorreu na data em que comemoramos justamente o dia dos índios, esses que foram tanto defendidos por ele, torna-se até simbólico’’, declarou.

NOTA OFICIAL DA UNE E DA UAP SOBRE A MORTE DO EX-PRESIDENTE DA ENTIDADE VALMIR BISPO

É com muito pesar que a União Nacional dos Estudantes (UNE) e a União Acadêmica Paraense (UAP) vêm declarar condolências e prestar a devida solidariedade aos familiares e amigos de Valmir Bispo, ex-presidente da UNE, morto no dia 19 de abril de 2012, por causas ainda          desconhecidas.
Valmir teve uma trajetória política muito importante e valorosa. Foi o primeiro paraense a presidir a União Nacional dos Estudantes, tendo contribuído por inúmeras conquistas importantes para a construção do movimento estudantil  brasileiro e paraense, onde atuou de forma decisiva na conquista da meia-passagem, em Belém do Pará, entre o final dos anos 80 e  início dos anos  90.

O amigo Valmir Bispo também será lembrado como militante do movimento cultural no Pará, a partir de sua atuação do governo estadual e em outras esferas, tendo contribuído para o fortalecimento dos debates sobre a inclusão social de povos indígenas, quilombolas, povos e formas de expressão cultural tradicionais da cidade e do interior estado. No último período, atuava como Diretor do Núcleo de Arte e Cultura da Universidade do Estado do Pará (Uepa).

Na semana em que a Caravana UNE Brasil+10 passou pelo estado do Pará, no dia 17 de Abril do corrente ano, foi notória a herança de lutas e conquistas  deixadas por Valmir Santos. Sua lembrança fica ainda mais viva no coração de cada estudante deste estado e de todo o Brasil.
União Nacional dos Estudantes
União Acadêmica Paraense
19 de abril de 2012



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Por que o Massacre de Eldorado dos Carajás permanecerá impune?

Por que o Massacre de Eldorado dos Carajás permanecerá impune?

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No Blog do Sakamoto

O Massacre de Eldorado dos Carajás, que matou 19 sem-terra e deixou mais de 60 feridos após uma ação violenta da Polícia Militar para desbloquear a rodovia PA-150, no Sudeste do Pará, completa 16 anos nesta terça. Duas pessoas foram condenadas por reprimir com morte a manifestação: o coronel Mario Colares Pantoja (a 228 anos) e o major José Maria Pereira Oliveira (a 154 anos), que estavam à frente dos policiais.
Eles recorreram em liberdade. No final do mês passado, o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, negou o direito de continuarem nessa condição. Agora, não há impedimento para que sejam presos.
Alguns vêm na prisão de ambos o fim da impunidade do caso – o que, para dizer o mínimo, é uma visão muito limitada da realidade. Pois, pergunto a vocês:

Um massacre se faz com duas pessoas?
Os responsáveis políticos na época, o então governador Almir Gabriel (que ordenou a desobstrução da rodovia) e o secretário de Segurança Pública, Paulo Câmara (que autorizou o uso da força policial), nunca foram processados. Outros 142 policiais militares que participaram da matança foram absolvidos. Isso sem contar que as denúncias de fazendeiros locais que teriam dado apoio para a ação policial ficaram por isso mesmo.

Um massacre se faz da noite para o dia?
Se fossemos contar todos os casos anteriores de sindicalistas, trabalhadores rurais, camponeses, indígenas cujos carrascos nunca foram punidos no Pará, teríamos o maior post de todos os tempos. Por exemplo, na década de 80 e 90, os fazendeiros resolveram acabar com o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Rio Maria, no Sul do Pará, e assassinaram uma série de lideranças. Foram a julgamentos, houve condenações, fuga de pistoleiros, mandantes que viveram em paz até a sua morte natural. A certeza da impunidade pavimenta a tortura e a violência contra trabalhadores e populações tradicionais no Pará.

Um massacre solucionado gera filhos?
A Justiça, quando se refere ao Pará, tem servido para proteger o direito de alguns mais ricos em detrimento dos que nada têm. Mudanças positivas têm acontecido, graças à sociedade civil, à imprensa e a promotores, procuradores e juízes que têm a coragem de fazer o seu trabalho, mesmo com o risco de uma bala atravessar o seu caminho. Mas tudo isso é muito pouco diante do notório fracasso em garantir a dignidade daqueles que lutam com melhores condições de vida até o presente momento. Praticamente toda a semana, uma liderança social é morta na Amazônia. Algumas são mais conhecidas e ganham mídia nacional e internacional, mas a esmagadora maioria passa como anônimos e são velados apenas por seus companheiros. Além da importância do trabalho de Maria e Zé Cláudio, lideranças extrativistas de Nova Ipixuna assassinadas no ano passado, a morte deles ocorreu no dia de votação do novo Código Florestal na Câmara dos Deputados, o que contribuiu em dar visibilidade ao crime. E aqueles que morrem em dias de jogos da Copa do Mundo em que não há ninguém prestando atenção?

Um massacre ocorre aleatoriamente?
As mortes no campo são resultado de um modelo de desenvolvimento concentrador, excludente, que privilegia o grande produtor e a monocultura, em decorrência ao pequeno e o médio. Que explora mão-de-obra de uma forma não-contratual, chegando ao limite da escravidão contemporânea, a fim de facilitar a concorrência em cadeias produtivas cada vez mais globalizadas. Que fomenta a grilagem de terras e a especulação fundiária, até porque tem muita gente graúda e de sangue azul que se beneficia com as terras esquentadas e prontas para o uso. Que muito antes da época dos verde-oliva já considerava a região como um “imenso deserto verde” a ser conquistado – como se o pessoal que lá morasse e de lá dependesse fossem meros fantasmas. Que está pouco se importando com o respeito às leis ambientais, porque o país tem que crescer rápido, passando por cima do que for. Tudo com a nossa anuência, uma vez que consumimos os produtos de lá alegres e felizes com nossa ignorância, elogiando algumas marcas e empresas que – ao contrário de nós – não estão imersas em ignorância.

Um massacre é um fato isolado?
De acordo com a Comissão Pastoral da Terra, apenas nas regiões Sul e Sudeste do Pará, há cerca de 50 pessoas marcadas para morrer devido a conflitos rurais. Aliás, se tivesse sido aprovado no plebiscito, o Estado de Carajás – onde fica Eldorado – nasceria como o mais violento da nação – um título edificante. Entre 1971 e 2007, foram 819 pessoas mortas em função de disputas por terra no Estado. Conta-se nos dedos de uma mão os punidos após condenação.

Um massacre, como um raio, não cai duas vezes no mesmo lugar?
Em novembro de 2009, quase ocorreu uma tragédia na “Curva do S”, local onde 19 trabalhadores rurais sem-terra foram assassinados. Policiais ameaçaram ir para cima de mais de mil trabalhadores ligados ao MST durante uma manifestação pacífica. Faltou pouco, muito pouco. À frente, o delegado Raimundo Benassuly, que ficou conhecido nacionalmente por tentar justificar que uma adolescente de 15 anos colocada em uma cela cheia de presos no Pará era a culpada pelo episódio. Relembrando: segundo ele, a menina “certamente tem alguma debilidade mental porque em nenhum momento informou ser menor de idade”. Foi afastado, mas depois voltou ao cargo. Como disse o ultrapassado Marx, “a história se repete, a primeira vez como tragédia e a segunda como farsa”.

Um massacre por policiais é responsabilidade do poder público?
A pergunta é: quem comanda o quê? Há uma relação carnal que se estabelece entre o público e o privado na região amazônica. O detentor da terra exerce o poder político, através de influência econômica e da coerção física. É freqüente, por exemplo, encontrar policiais que fazem bicos como jagunços de fazendas. Em outros casos, as tropas públicas estiveram diretamente a serviço de particulares. Sabe qual a chance de trabalhadores rurais que solicitam a destinação de terras griladas para a reforma agrária ou de comunidades tradicionais que exijam a devolução de terras roubadas terem o mesmo sucesso que grandes proprietários que pedirem a desocupação de terras? Anos atrás, grandes proprietários rurais e suas entidade patronais chegaram a demandar intervenção federal no Pará uma vez que o poder público local não estava sendo célere – em sua opinião, claro – para garantir reintegrações de posse de terras (muitas das quais, com sérios indícios de grilagem). Se fossem trabalhadores pedindo isso, o ato seria encarado como um levante comunista.

Pegue matérias sobre assassinatos no campo no Pará e no Brasil. Verá que é só trocar o nome dos mortos, do município (às vezes, nem isso) e onde foi a emboscada para serem a mesma matéria de antes. As mesmas desculpas do governo, os mesmos planos de ação parecidos, as mesmas reclamações da Comissão Pastoral da Terra, os mesmos grupos sendo criados para debater e encontrar soluções.

Pode-se prender um ou dois. Mas as condições que fizeram Eldorado dos Carajás estão aí produzindo vítimas. De novo. E de novo. E de novo…

Quando alguém conseguir dar uma resposta decente a essas indagações, considerarei que o massacre não acabou impune. Até lá, vou vendo a história feito carrossel, conduzida pelo giro dos tambores de revólveres, acompanhada pelo barulho seco de corpos caindo na terra batida ou no asfalto.


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Valmir Bispo, ex-superintendente da FCV e ex-presidente da UNE, é achado morto em casa

Valmir Bispo, ex-superintendente da FCV e ex-presidente da UNE, é achado morto em casa

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Valmir foi encontrado enforcado, a hipótese de suicídio foi descartada pela família.


Ex-superintendente da FCV é achado morto em casa (Foto: David Alves/Arquivo AgPa)


O ex-superintendente da Fundação Curro Velho, Valmir Bispo, de 50 anos, foi encontrado morto hoje (19), em sua residência, no bairro da Campina, em Belém. Seu corpo está sendo levado para o Instituto Médico Legal (IML). Segundo informações preliminares, Valmir foi encontrado com um lençol enrolado no pescoço, o que levanta a hipótese de suicídio. Mas, só o laudo pericial poderá confirmar a causa da morte.


Valmir era Diretor do Núcleo de Arte e Cultura da Universidade do Estado do Pará (Uepa), que enviou à imprensa uma nota de pesar pelo falecimento. Ele também atuou como presidente UNE (União Nacional dos Estudantes).


A Uepa informa que "está em contato com a família do servidor e aguarda informações sobre o velório e o sepultamento para divulgá-las". Dois funcionários da universidade dão assistência à família de Bispo.
(DOL)


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Belém 2012: as opções eleitorais e as demandas politicas do Distrito Administrativo da Sacramenta

Belém 2012: as opções eleitorais e as demandas politicas do Distrito Administrativo da Sacramenta

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por Edir Veiga 

Composição do distrito: Barreiro, Fátima, Maracangalha, Miramar, Pedreira, Sacramenta, Telégrafo e Val de Cães.
Principais demandas: Segurança, Saneamento básico e Saúde.

Dudu tem rejeição superior a 60%

Jatene e Dilma bem na foto.

Intenção estimulada de votos na ordem: Edmilson, Jordy, Jefferson Lima, Zenaldo, Almir, Priante e Alfredo Costa.

Os mais rejeitados , na ordem: Pinduca, Almir e Edmilson.

Quase 50% ainda pode mudar a opção eleitoral.

Mais de 40% rejeita candidato indicado por Dudu.

Mais de 60% não repetirá voto em vereador que votou em 2008.

Nomes mais lembrados para vereador: Alan Navegantes, Alfredo Costa, Ana Catarina, Arnaldo Jordy, Aziel Neves, Dilma, Edmilson, Fernando Correio, Gilson Mácola, Jefferson Lima, Júlio, Kleiton Baêta, Morgado, Nadir Neves, Pastor Raul, Pastor paulo Queiroz, Raimundo Santos, Sérgio Pimentel, Vandick, Zé Francisco e Zeca Pirão.

http://www.bilhetim.com.br/entry/1479-belem-2012-as-opcoes-eleitorais-e-as-demandas-politicas-do-distrito-administrativo-da-sacramenta.html


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Belém: intenções de voto distrito de Icoaraci

Belém: intenções de voto distrito de Icoaraci

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por Edir Veiga


Bairros: Águas Negras, Agulha, Campina de Icoaracy, Cruzeiro, Maracaquera, Paracuri, Parque Guajará, Ponta Grossa e Tenoné.


Principais problemas: 1-Saneamento básico, 2- Violência, 3- Saúde.


Candidatos a prefeito: Priante, Edmilson, Jordy e Jefferson Lima estão absolutamente empatados.


Mudança de opção para prefeito: quase 60% pode ainda mudar.


Vereador: Quase 70% não lembra o nome do vereador que votou em 2008.


Vereador: Quase 90% não pretende votar no candidato que votou em 2008.


PT é o partido preferido com quase 30%, em segundo vem o PSDB com pouco mais de 5% e o PMDB com pouco mais de 4%.


Candidatos a vereador mais lembrados: Anaice, Jefferson Lima, Ladislau Sampaio, Mário Correa, Marquinho, Mike, Pinduca e Tavares.


http://www.bilhetim.com.br/


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Nota do PT sobre as eleições francesas

Nota do PT sobre as eleições francesas

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No próximo dia 22 de abril, o povo francês irá às urnas para o primeiro turno das eleições presidenciais.

O Partido dos Trabalhadores acompanha com atenção esse processo naquele importante país europeu, no qual mantém relações políticas consolidadas tanto com o Partido Socialista, que lançou a candidatura de Françoise Hollande, como com o Partido Comunista e o Parti de Gauche, que junto a outras forças políticas constituíram a Frente de Esquerda e lançaram a candidatura de Jean-Luc Mélenchon.

Consideramos de extrema importância a eleição de um candidato de esquerda na França, visto o papel que poderá jogar na necessária transformação política e econômica da União Européia, principalmente se esse candidato assumir um programa de oposição às políticas neoliberais impostas por Bruxelas.


Brasília, 12 de abril de 2012
Comissão Executiva Nacional do PT


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PESQUISA CANDIDATOS A PREFEITO DE BELÉM - 2012

PESQUISA CANDIDATOS A PREFEITO DE BELÉM - 2012

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PESQUISA REALIZADA POR BILHETIN CONSULTORIA E PESQUISA

Tendências gerais para Belém:

1- Edmilson está em primeiro com pouco mais de 30%., ou seja, aquela informação de 40% de intenção de votos não se confirma.

2- Jordy está claramente em segundo, mas se "toca", na margem de erro, com Priante que está em terceiro.

3- Almir Gabriel está em quarto e Zenaldo em quinto.

4- Do segundo ao quinto, todos se tocam na margem de erro, mas existe clara tendência para Jordy em segundo e Priante em terceiro.

5- Ducimar ostenta rejeição próxima acima de 50%.

6- O PT é o partido preferido em Belém por mais de 1/3 do eleitorado e o PMDB é o segundo com a metade do percentual petista.

7-Mais de um terço do eleitorado rejeitam candidato que seja de oposição a Dilma e a jatene.

8- Jatene e Dilma estão bem na foto.

9- Almir Gabriel é o mais rejeitado.

A pesquisa está à disposição de partidos e candidatos. É uma pesquisa riquíssima uma vez que pode ser segmentada por distrito administrativo e pelos maiores bairros da cidade, por religião, por faixa etária, por renda, por escolaridade.

E.mail de contato: edir@ufpa.br


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Passados 48 anos do golpe contra João Goulart, resta algo de ditadura

Passados 48 anos do golpe contra João Goulart, resta algo de ditadura

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Educação elitizada, saúde privatizada, projetos de cultura abortados: o Brasil de 2012 não se livrou das heranças do golpe contra João Goulart em 1º de abril de 1964



"Onde estão os mortos e desaparecidos?", questiona o rapaz a um antigo militar, no Rio. Pergunta pertinente. E atual (©Fernando Rabelo/Folhapress)

São Paulo – A instalação da Comissão da Verdade, as ações contra agentes do Estado envolvidos em torturas e sequestros, manifestações pró e contra a punição de militares: o Brasil de 2012 não tem as manifestações de massa das nações vizinhas quando se trata de direitos humanos, mas não se pode afirmar que impere o marasmo de outrora.

Passados 48 anos do golpe contra o presidente constitucional João Goulart, a transição lenta, gradual e segura proposta pelos militares segue o curso do rio, com águas não tão mansas. É bem verdade que o regime autoritário que vigorou durante mais de duas décadas é um ilustre desconhecido para boa parte da população, ou um fato distante, mas quem desconhece os efeitos de uma educação de nível vexatório? Ou a dificuldade em contar com o serviço público de saúde?

Leia especial sobre os 48 anos do golpe de 1964:
A recente movimentação em torno do legado da ditadura ajuda a que o 1º de abril, data em que os militares deixaram a caserna – com apoio de parte da sociedade civil –, sirva à reflexão sobre os rumos do país, da mesma maneira que ocorre no 24 de março argentino. Enquanto saudosos defendem que se vire essa página da história, é razoável propor que, antes de virá-la, possamos lê-la.

A educação que se recebe atualmente tem, e muito, ligação com aquilo que foi feito lá atrás, nos anos seguintes ao golpe. A filósofa Marilena Chauí, professora aposentada da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (USP), considera que o acesso exclusivo ao ensino superior, deixando de fora as classes baixas, foi o prêmio garantido a setores da classe média que formaram um certo esquadrão ideológico do regime.

A transformação no currículo escolar e a orientação dos cursos universitários a uma formação técnica foram, para a professora, o caminho encontrado para a formação rápida de uma mão de obra “dócil”. "Além disso, eles criaram a disciplina de educação moral e cívica, para todos os graus do ensino. Na universidade, havia professores que eram escalados para dar essa matéria, em todos os cursos, nas ciências duras, biológicas e humanas. A universidade que nós conhecemos hoje ainda é a universidade que a ditadura produziu", relembra.

Nada mais exemplar neste sentido que a atual situação da USP, outrora de Chauí, Antonio Cândido, Aziz Ab'Saber, e que hoje tem um reitor que se vale de um Estatuto anacrônico, aprovado há 40 anos, para impor dificuldades à circulação do livre pensamento, tão caro ao ensino superior. João Grandino Rodas, persona non grata na Faculdade de Direito do Largo São Francisco, transformou a Polícia Militar em frequentadora do campus, com o acúmulo de episódios de abuso de autoridade e de repressões gratuitas.

Por falar em gratuita, na saúde o regime abriu caminho ao ingresso das empresas privadas e criaram-se novas formas de mau uso do dinheiro público. A unificação dos Institutos de Aposentadorias e Pensões no Instituto Nacional de Previdência Social (INPS) foi a maneira de dizer que o serviço, até então prestado pelos hospitais ligados a essas entidades, não tinha mais condições de ser ofertado a todos os segurados. Era necessário que o Estado repassasse recursos ao setor particular, que passaria a cuidar da administração das unidades de saúde.

“Naquele momento, tudo o que é do Estado é visto como burocrático, lento, de baixa qualidade”, lamenta Sarah Escorel, pesquisadora titular da Escola Nacional de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). “É uma lógica financeira revestida do que seria um aspecto de modernização. Apresenta-se um cálculo de custo-benefício e argumenta-se que os países avançados, em especial os Estados Unidos, não têm serviço público.”

E o que dizer das transformações no setor de cultura? O golpe dá cabo, de imediato, de uma série de iniciativas populares no teatro, no cinema, na literatura. É difícil mensurar aquilo que foi perdido, o que jamais foi retomado e o que deixou de ocorrer em termos de inovação e de difusão de novas ideias. Para o cineasta Silvio Tendler, acompanhado de perto pela censura, a arte incomodou muito o regime porque era a grande forma de contestação. “Jornais tinham de ser reescritos, piadas refeitas, porque imbecis determinavam o que a gente poderia falar ou não”, diz o diretor de Jango, que lamenta o estágio atual do Brasil na tarefa de passar a limpo sua história. “O Brasil é um dos poucos países no mundo onde não houve uma Comissão da Verdade e torturadores e canalhas continuam em liberdade. Cometeram os crimes e ficou por isso mesmo.”

Até agora. Crescem as ações do Ministério Público Federal (MPF) contestando a validade da leitura proferida em 2010 pelo Supremo Tribunal Federal (STF) de que a Lei de Anistia, aprovada em 1979, impede a punição penal de torturadores e sequestradores com base em um suposto processo de “reconciliação nacional”. Tomando como referência a condenação do Brasil na Corte Interamericana de Direitos Humanos, também em 2010, procuradores têm lembrado que os corpos não apareceram – ou seja, os crimes ainda estão por aí.

O resumo da ópera está nas palavras de Aldo Corrêa, que perdeu irmão, irmã e cunhada entre 1973 e 1974 no episódio conhecido como “Guerrilha do Araguaia”. Elmo Corrêa, Telma Regina Cordeira Corrêa e Maria Célia Corrêa são três das pessoas apontadas pelo MPF no Pará como vítimas do coronel da reserva Sebastião Rodrigues de Moura, o major Curió, responsável pela repressão aos grupos de resistência à ditadura. “Não sei o que passa na cabeça deles de alegar que a Lei de Anistia considerou os desaparecidos como mortos. Isso é para eles. Para nós, familiares, não estão mortos. Se estão mortos, cadê o corpo? Como pode chegar a essa conclusão por mim?”, questiona.

No momento em que este texto é publicado, 237 repressores já foram condenados pelo Judiciário argentino, número que pode aumentar a qualquer momento porque há 778 processados. No Brasil, a esperança de abrir caminho para a punição reside novamente no STF, que tem nas mãos recurso da OAB contra a decisão tomada em 2010. O caso deveria ter ido a julgamento ontem (29), mas não foi. Aguarda-se agora nova data. Para quem quer que continue tudo como agora, é animador o resultado de levantamento divulgado em fevereiro pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Entre 924 entrevistados, 74,8% desconhecem a Lei de Anistia. Se a educação não tivesse sido desmontada durante a ditadura, quem sabe seria mais fácil lê-la.

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