Morre aos 79 anos ex-vice-presidente José Alencar

Morre aos 79 anos ex-vice-presidente José Alencar

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O vice-presidente lutava contra um câncer desde 1997. Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil O ex-vice-presidente morreu em São Paulo e lutava há anos contra tumores no abdome
Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil


Vagner Magalhães
Direto de São Paulo
Morreu nesta terça-feira, aos 79 anos, o empresário mineiro e ex-vice-presidente da República José Alencar (PRB), no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. Alencar lutava contra o câncer desde 1997.
O ex-vice foi internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) na segunda-feira, com um quadro de suboclusão intestinal, em "condições críticas". Ele havia recebido alta em 15 de março, após uma internação de mais de um mês na instituição devido a uma peritonite (inflamação da membrana que reveste a cavidade abdominal) por perfuração intestinal.
Nascido em 17 de outubro de 1931, José Alencar foi o 11º filho de um total de 15 do casal Antônio Gomes da Silva e Dolores Peres Gomes da Silva. O ex-vice-presidente nasceu em um povoado às margens de Muriaé, cidade de 100.063 mil habitantes no interior de Minas Gerais. José Alencar era casado com Mariza Campos Gomes da Silva e deixou três filhos reconhecidos: Josué Christiano, Maria da Graça e Patrícia.
Ele começou a trabalhar aos 7 anos, no balcão da loja do pai. Em 1946, aos 15, deixou a casa da família, na zona rural, para trabalhar como balconista em uma loja de tecidos da cidade. Dois anos depois, em maio de 1948, José Alencar mudou-se para Caratinga, onde conseguiu emprego como vendedor. Ao completar 18, em 1950, Alencar abriu seu próprio negócio, com a ajuda de um dos irmãos. Em 1967, em parceria com o empresário e deputado Luiz de Paula Ferreira, fundou, em Montes Claros (MG), a Companhia de Tecidos Norte de Minas (Coteminas), hoje um dos maiores grupos industriais têxteis do País.
Nos anos seguintes, José Alencar foi presidente da Associação Comercial de Ubá, diretor da Associação Comercial de Minas, presidente do Sistema Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais e vice-presidente da Confederação Nacional da Indústria.
Estabelecido no setor empresarial, candidatou-se para o governo de Minas em 1994 e, em 1998, disputou uma vaga no Senado Federal, elegendo-se por Minas Gerais com quase 3 milhões de votos. No Senado, foi presidente da Comissão Permanente de Serviço de Infraestrutura, membro da Comissão Permanente de Assuntos Econômicos e membro da Comissão Permanente de Assuntos Sociais.
Embora tenha se caracterizado como a principal voz dissonante do governo Lula em relação à política de juros ao longo dos oito anos de mandato, sua inclusão na chapa de Luiz Inácio Lula da Silva em 2002 foi decisiva para que o petista conquistasse o apoio do empresariado e, pela primeira vez, a Presidência do País.
A presença de Alencar foi decisiva na vitória de Lula ao angariar o apoio do empresariado, desconfiado com a possibilidade de um presidente da República sindicalista. Em 2004, Alencar passou a acumular a vice-presidência com o cargo de ministro da Defesa, função que exerceu até março de 2006. Em 2007, assumiu o segundo mandato como vice-presidente após ser reeleito, novamente, ao lado de Lula.
Alencar se desligou do Partido Liberal (PL) em 29 de setembro de 2005, após a crise envolvendo o nome de seu sobrinho Daniel Freitas, um dos fundadores da DNA Publicidade e falecido em 2002. A DNA, que tem como sócio o empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, foi investigada por suposto envolvimento no escândalo do mensalão. Ainda em 2005, juntamente com outros ex-membros do PL, Alencar participou da fundação de um novo partido: o Partido Republicano Brasileiro (PRB).
No tempo em que ocupou o cargo de vice-presidente, José Alencar ganhou os títulos de cidadão honorário dos Estados do Rio Grande do Norte, Paraíba, Sergipe, do Distrito Federal e de 53 municípios brasileiros, sendo 51 deles em Minas Gerais.

Juros
Desde o início do primeiro mandato, o empresário foi voz discordante da política econômica do governo Lula, comandada então pelo ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci. Mudou o titular da pasta, assumiu Guido Mantega, mas não o discurso de Alencar. Ao longo de oito anos, sua posição pela queda na taxa de juros foi tão ferrenha que se tornou uma marca registrada.


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Em defesa do Código Florestal, pelo direito dos camponeses e camponesas ao uso sustentável das florestas

Em defesa do Código Florestal, pelo direito dos camponeses e camponesas ao uso sustentável das florestas

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Em defesa do Código Florestal, pelo direito dos camponeses e camponesas ao uso sustentável das florestas
A agricultura familiar e camponesa, assentados de reforma agrária, povos indígenas, povos e comunidades tradicionais, articulada na Via Campesina por meio dos movimentos abaixo relacionados, declaram sua ampla defesa do meio ambiente brasileiro e da obrigação constitucional de que cada propriedade rural cumpra sua função socioambiental.  A cruzada criada pela bancada ruralista contra o Código Florestal, representada pelo relatório do deputado Aldo Rebelo, é mais uma ação do que hoje conhecemos como agronegócio, o qual continua amplamente alicerçado no latifúndio, no monocultivo, no uso indiscriminado de agrotóxicos, no trabalho …

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Chávez e a ação militar na Líbia, pelo próprio Chávez

Chávez e a ação militar na Líbia, pelo próprio Chávez

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Chávez e a ação militar na Líbia, pelo próprio Chávez
Por Brizola Neto

Posto aí em cima uma fala do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, sobre a ação militar na Líbia.
Clara, precisa, inquestionável.
Embora seja apresentado quase como um louco, um “periférico”, Chávez se expressa de uma maneira simples, lúcida, didática e direta.
Hoje mesmo a mídia tenta ridicularizá-lo porque, num programa de televisão, pediu que homens e mulheres de seu país evitem a obesidade – considerada pela Organização Mundial de Saúde um dos dez principais problemas, e que atinge meio bilhão de pessoas no mundo. Um presidente falar disso, claro, é “folclórico”.

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Nota do Partido dos Trabalhadores sobre a intervenção militar estrangeira na Líbia

Nota do Partido dos Trabalhadores sobre a intervenção militar estrangeira na Líbia

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O Partido dos Trabalhadores manifesta seu repúdio e condenação aos ataques militares estrangeiros que estão sendo perpretados contra o território líbio, considerando-os uma verdadeira afronta aos princípios da soberania nacional e da autodeterminação dos povos.
Tais ataques, supostamente respaldados pela resolução 1973 do Conselho de Segurança da ONU — que não contou com o apoio do Brasil –, só poderão resultar em mais perdas de vidas e mais destruição naquele Estado.
A garantia dos Direitos Humanos é fundamental, mas não pode servir de pretexto para o uso da força militar e para ações intervencionistas, que tendem a tornar ainda mais penosas as condições de vida das populações locais.
O PT soma-se assim aos que exigem a interrupção imediata da intervenção armada na Líbia, e reitera seu apoio às iniciativas que visam construir uma saída política pacífica e negociada para o conflito ali instalado.
O PT expressa ainda sua solidariedade ao povo líbio, convicto de que somente a ele deve caber o direito de decidir autonomamente sobre o futuro político daquele país.

Rui Falcão
Presidente nacional (em exercício) do PT


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Senado: Comissão da Reforma Política aprova fim das coligações proporcionais

Senado: Comissão da Reforma Política aprova fim das coligações proporcionais

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A Comissão de Reforma Política do Senado realizou reunião na terça-feira (22), em que foi aprovado o fim das coligações partidárias, para os cargos na Câmara Federal, Câmara legislativa, Câmara de vereadores e assembléias. Para eleições majoritárias, ou seja, Senado, governos estaduais, prefeituras e presidência da República, ficou mantida a aliança entre partidos. Segundo o líder da bancada petista no Senado, Humberto Costa, as definições desta reunião são as mesmas defendidas pelo PT. O processo ainda é longo, até que a Reforma seja definitivamente aprovada. Outra comissão na Câmara dos Deputados, também discute o assunto.

“Nós tivemos uma vitória por maioria simples, da proposta que nós defendemos que é o voto proporcional com lista fechada, ou seja, nós teríamos um voto no partido e isso sem dúvida fortalece o sistema partidário, ao mesmo tempo em que cria as condições para uma proposta que, para nós, é fundamental que é o financiamento público de campanhas. Além disso, garante a representação das minorias, em que o povo seria efetivamente representado na Câmara Federal e demais casas” explicou o senador.

De acordo com o parlamentar, o PT tem posicionamento sobre a Reforma Política desde o último Congresso do partido em que defende o voto proporcional em lista fechada com financiamento público de campanha e fidelidade partidária. A próxima reunião da Comissão está marcada para quinta-feira (24), quando será discutido o financiamento das campanhas eleitorais. (Janary Damacena – Portal PT)




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Marinha ordenou a morte de militantes no Araguaia em 1972

Marinha ordenou a morte de militantes no Araguaia em 1972

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 MARIA CLARA CABRAL
RANIER BRAGON
JOÃO CARLOS MAGALHÃES
MATHEUS LEITÃO
Folha de SP, Sucursal BRASÍLIA

Documentos escritos pelo Comando da Marinha revelam que havia a determinação prévia de matar os integrantes da Guerrilha do Araguaia, e não apenas derrotar o maior foco da luta armada contra a ditadura militar. Os papéis, de setembro de 1972, relatam a preparação da Operação Papagaio, uma das principais ofensivas das Forças Armadas contra o grupo criado pelo PC do B entre Pará, Maranhão e a região norte de Goiás, que hoje é o Estado do Tocantins.

A documentação a que a Folha teve acesso faz parte do acervo da Câmara dos Deputados. Era confidencial até 2010, mas foi liberado para consulta pública."A FFE [Força dos Fuzileiros da Esquadra] empenhará um grupamento operativo na região entre Marabá e Araguaína para, em ação conjunta com as demais forças amigas, eliminar os terroristas que atuam naquela região", afirmam duas "diretivas de planejamento".

Uma delas é assinada por Edmundo Drummond Bittencourt, comandante-geral do Corpo de Fuzileiros Navais. A outra foi escrita pelo contra-almirante Paulo Gonçalves Paiva. Nas duas, a ordem de "eliminar" os guerrilheiros surge no item "conceito das operações". Os textos também dizem que seriam feitas ações para "impedir os terroristas que atuam na margem daquele rio de transporem-no para a margem leste, eliminando-os ou aprisionando-os". A oposição entre "eliminar" e "aprisionar" confirma que o primeiro se refere à morte dos militantes, disse o historiador Jean Rodrigues Sales, autor de "A Luta Armada Contra a Ditadura Militar" (ed. Perseu Abramo). "No episódio de repressão à militância armada, a política deliberada de assassinatos jamais foi admitida de forma oficial", disse Sales.Segundo Criméia Schmidt de Almeida, ex-guerrilheira e estudiosa do conflito, "realmente [ainda] não havia registro disso [determinação prévia para matar]".

Relatório do Exército de 1974, quando quase todos os militantes do PC do B na região haviam sido mortos, fala na "eliminação" das "forças guerrilheiras", mas não de seus integrantes.Para Taís Morais, coautora com Eumano Silva de "Operação Araguaia" (Geração Editorial), "militar não escreve ordem que não deve ser cumprida".As "diretivas" corroboram relatos de testemunhas do conflito, segundo as quais, nos anos seguintes, comunistas foram mortos mesmo depois de serem presos.

Em um dos papéis a que a Folha teve acesso, a Marinha fala em oito guerrilheiros mortos "em combate" durante a Operação Papagaio --argumento que sempre foi usado pelas Forças Armadas para justificar mortes de resistentes na região.Ainda não foi produzida uma narrativa oficial sobre a luta armada durante a ditadura --um dos objetivos da Comissão da Verdade, que o governo quer instituir. Procurado na terça-feira, o Ministério da Defesa afirmou que, por não ter tempo de encontrar os documentos, não os comentaria.


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Os 35 anos do golpe argentino

Os 35 anos do golpe argentino

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O golpe militar na Argentina fechou o cerco dos regimes de terror no cone sul latino-americano, que havia sido iniciado com o golpe brasileiro de 1964. Diante do governo nacionalista de Velasco Alvarado no Peru e do socialismo cubano, o Brasil era a expressão mais clara da Doutrina de Segurança Nacional, que combinava “ordem” – quando “desordem” era identificado com grupos guerrilheiros – com expansão econômica – mesmo se concentrada de renda e marginalizadora socialmente.
A atração do modelo brasileiro era potencializado pela ação desestabilizadora dos EUA. Henri Kissinger tinha declarado que eles tinham “que salvar o povo chileno das suas próprias loucuras”, quando Allende recém havia sido eleito. Socialismo era questão de “loucura” e devia ser extirpado como uma infecção, na concepção da Doutrina de Segurança Nacional, para a qual as divergências, os conflitos, eram quistos que tinham que ser extirpados.
Depois do Chile e do Uruguai em 1973, a Argentina – onde o primeiro golpe, de 1966, tinha fracassado – se somou ao circulo de ferro do terror, em 24 de março de 1976 – há 35 anos. Da mesma forma que os outros golpes, com o espantalho de que a democracia estava em perigo, que se tratava de movimentos organizados do exterior, que se dava um golpe para salvar a democracia, mas instalaram brutais ditaduras militares.
Como o campo popular era mais forte que no Brasil, a repressão foi também muito mais forte. Se apropriou das experiências acumuladas especialmente no Brasil e no Chile, para a tortura e o fuzilamento dos detidos. Não houve Estádio Nacional, como no Chile, mas desaparecimentos e fuzilamentos maciços. Saíam, às quartas e aos sábados, os vôos da morte, com presos, que eram sedados, acompanhados de capelães do Exército e os corpos eram jogados no mar e no Rio da Prata. As vitimas são calculadas em várias de dezenas de milhares.
Também para a Argentina se fechava um ciclo, aquele iniciado em 1955, com o golpe que derrubou a Perón (que criou o nome “gorila”), o fracassado de 1966 e, finalmente, o de 1976, que implantou as políticas liberais de desregulamentação e de financeirização (época chamada de “plata Dulce”), destruindo o movimento popular e preparando o campo para a década neoliberal de Menem.
Só na década passada a Argentina foi se recuperando, lentamente, dos traumas que sofreu. Um país traumatizado pelo regime de terror, por duas crises de hiperinflação e pela implosão da paridade, que fez com que a Argentina tivesse um brutal retrocesso. (Hobsbawn disse que o maior retrocesso civilizatório da década de 90 se deu na Rússia; em seguida, se deu na Argentina).
O governo dos Kirchner teve uma politica clara de resgate da memória das vitimas e dos desaparecidos, de processos contra os responsáveis e de construção de espaços de memória para tudo o que tinha passado. O dia 24 de março ficou reservado para a reflexão sobre o que o país tinha vivido, para que nunca mais volte a ocorrer. Hoje, há 35 anos.
Postado por Emir Sader às 10:27


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Celso Lacerda será o novo presidente do Incra

Celso Lacerda será o novo presidente do Incra

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por JOÃO CARLOS MAGALHÃES
Folha São Paulo (desde Brasília)
 
O governo decidiu na noite de ontem que o engenheiro agrônomo Celso Lacerda será o novo presidente do Incra (Instituto Nacional da Colonização e Reforma Agrária). Ele substituirá Rolf Hackbart, desde setembro de 2003 à frente do órgão.
Considerado um nome técnico, Lacerda é hoje diretor de Obtenção de Terras e Implantação de Projetos de Assentamento do Incra.
Sua nomeação, cogitada pela cúpula do governo desde janeiro, deve ser publicada no "Diário Oficial" da União na próxima segunda-feira. A posse pode ocorrer já na terça.
Ligado ao PT do Paraná, Estado em que foi superintendente do Incra antes de chegar a Brasília, Lacerda tem a chancela do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra).
No espectro ideológico, está mais à esquerda do que Hackbart, afirmaram à Folha funcionários do órgão.
A expectativa é que ele possa ampliar a reforma agrária, cujos resultados durante os oito anos de governo Lula foram criticados por movimentos sociais agrários.
Lacerda terá de lidar também com planos do governo para mudar a atual estrutura administrativa do Incra, concentrando poder e dinheiro em Brasília e esvaziando as superintendências regionais.
Uma minuta de decreto prevê a criação de uma "diretoria-geral" para o órgão, para "coordenar e supervisionar as superintendências regionais na execução das suas atividades finalísticas", além de "coordenar e monitorar a programação orçamentária e financeira".
Outra novidade, segundo a minuta, será a "corregedoria-geral", que acompanhará "o desempenho dos servidores e dirigentes das unidades do Incra, fiscalizando e avaliando sua conduta funcional".


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Week-end em Pindorama

Week-end em Pindorama

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  Por Alipio Freire*  
 


A visita do Soba Barack Obama primou pela humilhação contra o nosso povo.
Deixemos as alegrias e esperanças cartesianas e contábeis do economicismo a cargo dos economi(ci)stas.
Vamos à política internacional.
É preciso ficar claro: não houve gafe, deslize ou simples quebra de protocolo no fato do senhor Obama ter anunciado a invasão da Líbia, em território brasileiro.
O Brasil se absteve de votar essa matéria na reunião da ONU. Assim, anunciar sua nova guerra estando em nosso território, é mais que uma provocação do senhor Soba. É uma grave ameaça que exige manifestação pública do Itamaraty, junto à Embaixada dos EUA em Brasília – o que provavelmente não acontecerá: certamente, o ministro das Relações Exteriores, Antonio Aguiar Patriota, foi entronizado entre os cisnes, para cumprir esse papel.

Juntemos peças:

1. Nos últimos meses do Governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, seu ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, encaminhou gestões junto a Ânkara e Teerã, visando uma saída negociada e pacífica para a questão Irã.
2. A Casa Branca protesta. A chefa do Departamento de Estado, Hillary Clinton, faz duras críticas à articulação em curso.
3. Com o endosso do senhor Obama, a iniciativa brasileira é abortada.
4. O presidente Luiz Inácio denuncia publicamente o senhor Obama, como sendo a pessoa que lhe pediu que tomasse a iniciativa sobre o Irã.
5. Fim de Governo, mantêm-se as aparências: fique tudo por conta das mudanças “naturais” da transição.
6. O ministro Celso Amorim não cai. Apenas foi substituído no novo governo pelo diplomata Antonio Aguiar Patriota.
7. Uma das primeiras e mais importantes mudanças anunciadas pela presidenta Dilma Rousseff, depois de sua posse: a mudança da política internacional com relação ao Irã.
8. Na reunião da ONU para autorizar a invasão da Líbia, o Brasil se abstém.
9. O senhor Obama vem ao Brasil. O ex-presidente Luiz Inácio não vai recebê-lo: é aniversário de um dos seus filhos.
10. Em território brasileiro, o chefe da Casa Branca, anuncia a invasão da Líbia.

Fonte: Brasil de Fato


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A Comuna dos Trabalhadores

A Comuna dos Trabalhadores

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Por Armando Boito Jr.
 


A Comuna de Paris de 1871 foi o poder revolucionário que governou aquela cidade durante o curto período de 18 de março a 28 de maio daquele ano. Apesar de ter durado apenas 72 dias, a Comuna é um episódio muito importante e discutido. No simpósio que o Cemarx (Centro de Estudos Marxistas do Ifch), e a CDC (Coordenadoria de Desenvolvimento Cultural) realizaram no mês de maio, em comemoração aos 130 anos da Comuna de Paris, diversos aspectos relativos àquele episódio e às suas conseqüências foram discutidos. Um tema, contudo, interessou sobremaneira os participantes. Refiro-me à discussão mais geral sobre a natureza da Comuna de Paris, discussão que é, ao mesmo tempo, teórica, historiográfica e política.

Eco do século XVIII ou prenúncio do século XX?


A tradição socialista apresentou a Comuna de Paris como o primeiro governo operário da história. Essa caracterização fora feita pelo próprio Karl Marx no calor dos acontecimentos, em textos reunidos posteriormente num livro que se tornou célebre intitulado A Guerra Civil na França. Marx era teórico e dirigente da Associação Internacional dos Trabalhadores (AIT), cuja seção francesa teve papel destacado na revolução e no governo da Comuna de Paris. Não se pode ignorar o fato de que a caracterização da Comuna como um governo operário tem conseqüências políticas. Nas ciências humanas, é possível ser objetivo, mas não é possível ser neutro. As conseqüências da tese de Marx são claras. Se a Comuna foi o primeiro governo operário, isso pode significar que, no final do século XIX, a classe operária  seria uma “classe social ascendente”, teria demonstrado ter condições de elaborar um programa político próprio, organizar-se em torno dele, e assumir o governo da “capital do mundo”. É compreensível que essa análise viesse a receber boa acolhida no movimento socialista.
Deixando de lado a literatura panfletária, podemos dizer que apenas um século depois, na década de 1960, começou a se desenvolver uma outra caracterização da Comuna de Paris. O historiador francês Jacques Roguerie, pesquisando os processos movidos pelas forças vitoriosas contra os communards sobreviventes, passou a sustentar a tese de que a revolução e o governo da Comuna teriam sido o último capítulo das revoluções burguesas dos séculos XVIII e XIX, e não o primeiro capítulo de um processo emergente de revolução operária. Essa tese empolgou o meio acadêmico; ela indicava o caminho para “desconstruir” o “mito socialista” da Comuna. Surgiu o debate: “Comuna-crepúsculo” ou “Comuna-aurora”? Negar a natureza operária da Comuna de Paris também tem conseqüências políticas, embora distintas, é claro, das conseqüências políticas da tese anterior. Essa negação significa diminuir, e muito, a presença política da classe operária na Europa do século XIX e lançar dúvidas sobre a capacidade política do operariado. Não há nada de estranho, portanto, no fato de a tese da “revolução-crepúsculo” ter sido muito bem aceita entre os liberais.
Estamos sugerindo que cada qual deve escolher, de acordo com suas preferências políticas, a tese que mais lhe convém? Seguramente esse não seria um bom procedimento para os historiadores e cientistas sociais. É necessário ter consciência das conseqüências políticas de cada tese em presença, dentre outras razões, para poder controlar os efeitos de nossas preferências políticas na discussão de um tema que é historiográfico. Pois bem, nós entendemos que a Comuna de Paris foi sim a primeira experiência de um governo operário e, como tal, uma “revolução-aurora”, anunciadora do movimento operário e das revoluções que iriam mudar a história dos século XX. Por que pensamos assim? Por que consideramos que a análise de Marx resistiu à pesquisa historiográfica contemporânea?

Insurreição e governo operário
Os homens e mulheres que fizeram a Comuna de Paris eram de extração social operária e vinham se organizando em torno de idéias que tendiam ao socialismo.
Os trabalhadores de Paris da década de 1870 não podem ser assimilados aos artesãos, lojistas e companheiros que compunham o movimento sans-culottes da grande Revolução Francesa de 1789. Dois terços da população economicamente ativa da cidade eram compostos de assalariados e mais da metade dessa mesma população trabalhava na indústria. Grande parte  desses assalariados trabalhava em pequenas empresas,  mas um contingente significativo já era o típico trabalhador assalariado moderno produzido pela revolução industrial – a construção civil e a metalurgia cresceram muito sob o II Império e funcionavam em padrões capitalistas modernos para a época.
Em 1870, a classe operária parisiense já possuía organizações de massa e idéias próprias. Estava organizada sindicalmente na Federação das Associações Operárias de Paris que reunia então cerca de 40.000 membros. Essa massa operária realizou grandes greves nos anos de 1868, 1869 e 1870. A greve é um método de luta que, por definição, não pode ser usado pelos pequenos proprietários ou pela “plebe urbana”. Ademais, essa massa operária teve, no ocaso do II Império, a sua “escola de socialismo”.
Os historiadores Alain Dalotel, Alain Faure e Jean-Claude Freiermuth, no trabalho conjunto Aux origines de la Commune – le mouvement desenvolvimento réunions publiques à Paris 1868-1870, usando uma documentação inédita formada por copiosos relatórios policiais, fizeram um estudo importante e detalhado das reuniões públicas do período de crise do regime político imperial. Esse estudo mostra que a oposição operária e popular ao II Império já era forte antes do desastre da Guerra Franco-Prussiana de 1870. Mostra também que o conteúdo político e ideológico dessa oposição iam muito além do republicanismo democrático-burguês. A igualdade sócio-econômica, a eliminação da propriedade privada dos meios de produção, a instauração da propriedade coletiva e a utilização da ação revolucionária para alcançar esses objetivos eram temas dominantes nos salões de reuniões dos bairros populares de Paris. Vê-se que se trata de um programa coletivista, que deixou para trás o igualitarismo de pequeno proprietário (= dividir a propriedade privada) típico dos sans-culottes do século XVIII. Esses salões de reuniões públicas iriam, logo após a queda do II Império em setembro de 1870, dar origem aos clubes operários e populares, que formariam uma rede de organizações de massa dos trabalhadores de Paris. Foi essa massa operária que fez a revolução de 1871.
O perfil sócio-econômico dos dirigentes de organismos de base da Comuna, dos militantes e dos combatentes prova a afirmação acima. A presença do trabalhador manual é amplamente majoritária, sendo que os novos setores tipicamente operários (construção civil, metalurgia, diaristas sem especialização) têm uma presença bem superior ao seu peso na população ativa de Paris. Foram presos pelas tropas de Versalhes mais de 35.000 parisienses que participaram da Comuna. Dentre esses, mais de 5.000 eram operários da construção civil, mais de 4.000 eram diaristas sem especialização, outros 4.000 eram operários metalúrgicos, e milhares de outros eram operários de diferentes setores econômicos. Ao todo, cerca de 90% dos prisioneiros eram de origem operária e popular. Chama atenção a participação dos trabalhadores que compunham o moderno operariado de então. Os operários da construção civil, metalúrgicos e diaristas sem especialização representam 39% dos prisioneiros e 45% do contingente de condenados à deportação. Esse levantamento foi feito pelo próprio Jacques Rougerie, o historiador que iniciara a “desconstrução” do “mito socialista” da Comuna, quinze anos após ter lançado seu primeiro livro sobre o tema. Após essa nova pesquisa, Rougerie reviu, sem o dizer, sua análise anterior da Comuna de Paris. Afirmou, após o exame dos dados, que a Comuna foi a “revolução da Paris do trabalho” ((Jacques Rougerie, La Comunne de 1871, Paris, PUF, 1997, p.102).
Além da predominância nas organizações de massa e nos combates da Comuna, os operários parisienses tiveram um papel de destaque na insurreição e no governo de Paris.
O órgão que comandou a insurreição de 18 de março de 1871, dando origem à Comuna de Paris, foi o Comitê Central da Guarda Nacional. Esse comitê era composto por 38 delegados eleitos nos bairros de Paris, sendo que 21 desses delegados eram operários; cerca vinte deles eram filiados à seção francesa da Associação Internacional de Trabalhadores (AIT) e às Câmaras Sindicais de Paris. O órgão político maior da Comuna de Paris, o Conselho da Comuna, eleito em 26 de março, oito dias após a insurreição, também era composto por uma maioria de operários e de filiados à Associação Internacional dos Trabalhadores e às Câmaras Sindicais. Esse Conselho contava, nominalmente, com 79 membros, dos quais apenas cerca de 50 compareciam às sessões. Nada menos que 33 dos conselheiros eleitos eram operários; o restante eram intelectuais, pequenos proprietários e profissionais liberais. Jacques Roguerie, na obra citada mais acima, calcula que a maioria do Conselho da Comuna – cerca de 40 de seus membros – pertencia à AIT e às Câmaras Sindicais. O Conselho da Comuna era um conselho de trabalhadores. Ao lado do Conselho da Comuna, a assembléia eleita pelos habitantes de Paris, operava o “braço executivo” da revolução, as “comissões ministeriais”. Nesse organismo, a componente proletária, se não domina como nos demais, pelo menos é marcante. Logo abaixo das “comissões ministeriais”, estão os grandes serviços públicos e de infraestrutura, onde os operários de Paris também tiveram atuação destacada.

Um governo socialista?

Podemos afirmar, portanto, que a composição social dos combatentes de base e dos dirigentes da Comuna de Paris foi marcadamente operária. Não eram apenas operários. Os profissionais liberais,  pequenos proprietários, lojistas e artesãos, que eram muito numerosos na população de Paris, tiveram, como indicamos de passagem, participação importante nos órgãos de governo da Comuna. Aliás, Marx fala em “governo essencialmente operário” e não em governo operário sem mais. Continuando. Pelos dados apresentados, também é legítimo dizer que os operários estavam forjando uma concepção de mundo anticapitalista na conjuntura da crise do II Império e se valendo da extraordinária experiência revolucionária dos trabalhadores de Paris. Essas duas constatações são fundamentais, tendo em vista a atual operação de “desconstrução” do “mito socialista” da Comuna. Mas elas não encerram a questão. Pois resta saber o que foi a política implementada pela Comuna de Paris. Ela foi simplesmente uma política republicana burguesa? Uma política de reformas sociais? Uma política socialista?
Os communiards lutaram pela “república social”, tomaram diversas medidas de proteção ao trabalho e à população pobre, mas apenas uma que prenunciava uma economia de tipo socialista: decretaram que toda fábrica abandonada pelo proprietário – fenômeno comum em tempo de revolução – ficaria sob controle dos seus operários. Mas isso é pouco para afirmar que o governo da Comuna foi socialista. O grande historiador Ernest Labrousse insistiu, num debate entre os historiadores franceses por ocasião do centenário da Comuna de Paris, num ponto importante: nenhum documento da Comuna apresenta o socialismo como objetivo de governo. Karl Marx, cuja tese sobre a natureza operária da Comuna é o motivo de toda essa discussão historiográfica, escrevendo cerca de dez anos após a Comuna de Paris, observou, em carta a um correspondente, que a maioria dos dirigentes da Comuna de Paris não era socialista. Alguns autores afirmam que Marx estaria, nessa observação, revendo a análise que fizera no já citado Guerra Civil na França, obra que teria sido escrita num momento de entusiasmo e com objetivos políticos. Nós pensamos que não se trata disso. Marx afirmou em Guerra Civil na França que a Comuna foi a primeira experiência de um governo operário, mas não disse que ela foi um governo socialista. Isso ela não foi – e dificilmente poderia sê-lo.
Não se pode perder de vista um fato elementar: o objetivo imediato da Comuna de Paris foi depor um governo considerado de traição nacional. Por temor ao proletariado de Paris, esse governo aceitara uma paz forçada com a Prússia, paz que restringia a soberania da França e mutilava o seu território. A Comuna tinha pela frente, então, uma tarefa nacional e democrática, que é tarefa típica das revoluções burguesas. Ademais, outras tarefas burguesas contidas como promessa na Revolução de 1789 não tinham sido cumpridas. Exemplos mais importantes são a separação da Igreja e do Estado e a implantação do ensino público, gratuito, obrigatório e laico. O desenvolvimento do princípio da cidadania, criatura típica da revolução burguesa, depende da implementação de medidas como essas. A Comuna tratou de realizar essas duas tarefas. Em resumo, a Comuna tinha de levar adiante as transformações burguesas inacabadas para, como disse Engels, “aplainar o terreno” para a transformação socialista da velha sociedade. Para essa tarefa de “aplainar o terreno” foi possível contar com grande parte da pequena burguesia de Paris, dos artistas, dos profissionais liberais e de alguns setores radicalizados do republicanismo burguês. É por isso que, quando Marx apresenta sua caracterização da Comuna de Paris, ele usa a expressão um “governo essencialmente operário”, indicando a existência de uma frente popular dominantemente operária no governo da Comuna.
Mas há uma componente socialista presente na política da Comuna de Paris que é menosprezada pelos historiadores, inclusive pelos historiadores socialistas. Isso não decorre da ignorância dos fatos históricos, mas da concepção economicista de socialismo que ainda vigora entre os analistas. Refiro-me ao tipo de democracia que a Comuna de Paris estabeleceu: mandato imperativo, revogável pelos eleitores, eleição para os cargos administrativos do Estado, transferência de tarefas do Estado para a população trabalhadora organizada, dissolução do Exército permanente e criação de uma milícia operária, salário dos funcionários públicos igual ao salário médio dos operários (a Comuna foi o “governo mais barato” da história) etc. Essa democracia de tipo novo, que combina democracia representativa com democracia direta, representa o início de um processo de extinção do aparelho de Estado, enquanto aparelho especial colocado acima da sociedade. Ou seja, essa política da Comuna de Paris representa uma socialização do poder político. Pois bem, essa socialização do poder político é parte integrante e imprescindível do socialismo, do mesmo modo que a socialização dos meios de produção. A política da Comuna para a organização do poder era uma política socialista, embora seus dirigentes não o tivessem declarado e muitos deles, talvez, não tivessem  consciência desse fato.Vejamos como Marx resume sua tese sobre a Comuna de Paris no livro Guerra Civil na França.

“A Comuna era, essencialmente, um governo da classe operária, fruto da luta da classe produtora contra a classe apropriadora, a forma política enfim descoberta para levar adiante, dentro de si própria, a emancipação econômica do trabalho. (….) A dominação política dos produtores é incompatível com a perpetuação de sua escravidão social. Portanto, a Comuna teria de servir de alavanca para extirpar o cimento econômico sobre o qual descansa a existência das classes e, por consegüinte, a dominação de classe.”

Lendo o texto acima, observa-se que se trata de uma forma política que traz “dentro de si própria” a “emancipação econômica do trabalho”. Ou seja, a socialização do poder induz a socialização dos meios de produção. Com o movimento operário exercendo democraticamente o poder (mandato imperativo, dissolução do exército permanente etc.) pode-se afirmar que se cria um desajuste – ou desequilíbrio, ou contradição – entre o poder socializado, de um lado, e a economia capitalista baseada na propriedade privada, de outro. Retomando os termos de Marx, a “dominação política dos trabalhadores” é “incompatível” com sua “escravidão social”. Daí ser possível fundamentar teoricamente a análise prospectiva que se segue no raciocínio de Marx: a Comuna (realidade política) “teria de servir” (tempo futuro) de “alavanca” para a eliminação da exploração de classe (realidade econômica).
É por isso, e apenas por isso, que é correto repetir, 130 anos depois, a idéia de Marx, segundo a qual a Comuna de Paris, embora não fosse socialista, continha, por ser um governo operário, “em si mesma” o socialismo. Foi só isso que Marx afirmou. E, visto os debates que essa afirmação ensejou, podemos dizer que só isso já foi afirmar muito.

[1][*] Prof. do Departamento de Ciência Política da Unicamp e Diretor do Cemarx – Centro de Estudos Marxistas (Ifch-Unicamp)


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O socialismo está morto. Viva o socialismo!

O socialismo está morto. Viva o socialismo!

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Por José Carlos Ruy*




A questão da democracia é tema central na avaliação teórica da Comuna de Paris. Os próprios communards já haviam enfrentado este problema na prática e as soluções que encontraram permitiram à teoria política do proletariado uma compreensão mais precisa e avançada da necessidade de extinção do Estado e do caráter histórico e classista da democracia.

A Comuna de Paris tentou levar às últimas conseqüências as idéias de igualdade, liberdade e fraternidade herdadas da Revolução Francesa de 1789, e provou de forma dramática os limites além dos quais o exercício dessas idéias não pode ir sob o domínio burguês. Não foi só a meta final que o socialismo deve perseguir que a Comuna de Paris desvendou ¾ um governo popular realmente democratizado, onde o Estado se resumiria à administração das coisas e não das pessoas, numa sociedade sem classes. Esse foi o legado que a Comuna deixou aos trabalhadores revolucionários.

A burguesia também tirou lições da Comuna de Paris. Foi depois dela que a burguesia francesa encontrou também, finalmente, sua forma estável de governo, a república parlamentar. Os limites da democracia burguesa também forma definidos, com clareza, após a Comuna de Paris.

A Comuna foi, pode-se dizer, a tentativa mais destaca de se colocar em prática os postulados teóricos da própria teoria política da democracia burguesa: o governo baseado na livre manifestação da vontade dos cidadãos. A burguesia produz, na teoria, inúmeras declarações de intenção que, na prática, não cumpre, ao criar obstáculos institucionais que limitam o exercício dessas boas intenções. E a Comuna de Paris desmascarou o mito da democracia burguesa. Num comunicado ao povo, dizia inspirar-se na República revolucionária de 1792, para realizar a  “liberdade política pela igualdade social”. Era demais para a burguesia, e a repressão feroz e sanguinária mostrou que, para ela, aqueles ideais invocados não passavam de retórica.

O socialismo está morto proclamou Thiers depois do massacre da Comuna. Engano. Poucos anos depois, o movimento socialista renascia na França e crescia em toda a Europa. Era já um movimento operário novo, mais forte, melhor armado teórico e praticamente, confirmando o que Marx havia escrito anos antes, em O Dezoito Brumário (de 1852): “As revoluções proletárias como as do século dezenove, se criticam constantemente a si próprias, interrompem continuamente seu curso, voltam ao que parecia resolvido para recomeçá-lo outra vez, escarnecem com impiedosa consciência as deficiências, fraquezas e misérias dos seus primeiros esforços, parecem derrubar seu adversário apenas para que este possa retirar da terra novas forças e erguer-se novamente, agigantado diante delas, recuam constantemente ante a magnitude infinita de seus próprios objetivos até que se cria uma situação que torna impossível qualquer retrocesso.”

Em nossos dias, o movimento revolucionário e socialista vive uma derrota muitas vezes mais dramática e dura do que a da Comuna de Paris. Os Thiers contemporâneos apregoam que o socialismo está morto, e insistem que a democracia burguesa é a etapa final do desenvolvimento político da humanidade. Muitos progressistas juntam-se a eles nessa cantilena.

Aparentemente, entretanto, vivemos como nos dias da Comuna a superação de uma etapa histórica da luta pelo socialismo. Uma etapa que, apesar dos enormes esforços, das energias despendidas, volta-se “ao que parecia resolvido” para recomeçar outra vez. Esse recomeço, entretanto, não parte do zero, mas da experiência acumulada em todas estas décadas, uma experiência que enfatiza dramaticamente que a construção do socialismo não se limita somente às transformações econômicas na sociedade, mas liga-se à democratização do Estado, sua crescente submissão à sociedade, à definição de novas relações entre os homens, de uma nova cultura que aponte para a liberdade e para o desenvolvimento das infinitas capacidades do gênero humano, a uma nova e mais avançada concepção do que sejam as forças produtivas e de sua submissão às necessidades do homem e não ao contrário, como no capitalismo.

(*) . José Carlos Ruy é jornalista. Pertenceu ao jornal Movimento. Membro do Conselho Editorial das revistas Princípios e Debate Sindical. É do Conselho de Colaboradores da revista Crítica Marxista e colaborador de diversas outras publicações.

Fonte: Revista Princípios. São Paulo : Anita Garibaldi, mai.-jun./1991. n.21)


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CAMINHANDO PARA A CONSTRUÇÃO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO SUL-SUDESTE DO PARÁ

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Comitiva do sul-sudeste do Pará; (Marabá, Parauapebas, Xinguara e Rondon) reuniu em Brasília, dia 22 de março de 2011 no Ministério da Educação, na qual o ministro Fernando Hadad confirmou sua posição favorável à criação da UNIFESSPA com nosso campus de Parauapebas,  já pra 2012. A Prefeitura  (Leônidas Mendes Filho, em nome do prefeito), assumiu o compromisso com a implantação do campus em Parauapebas, assegurando a doação da área, e a parceria com a Fundação Vale, para a construção da estrutura física.
 
A bancada parlamentar paraense esteve presente em peso e reafirmou a disposição de pleitear junto às várias comissões do Congresso Nacional a aprovação do projeto, cujo parecer técnico será concluído até a segunda quinzena de abril, segundo confirmou Luiz Cláudio Costa (titular da Secretaria de Ensino Superior do MEC).
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Esquerda latino-americana condena intervenção militar na Líbia

Esquerda latino-americana condena intervenção militar na Líbia

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Esquerda latino-americana condena intervenção militar na Líbia
Por Thassio Borges 

Em reunião realizada no último domingo (20/3), na Cidade do México, o Grupo de Trabalho do Foro de São Paulo (FSP) condenou a intervenção na Líbia, realizada por EUA, Reino Unido, França, Canadá e Itália. A organização que reúne os principais partidos de esquerda da América Latina, incluindo dois brasileiros (PT e PC do B), destacou princípios como a soberania nacional e a autodeterminação dos povos.


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‘Retórica de Obama contrasta com intervenção militar na Líbia’, diz nova secretária de Relações Internacionais do PT

‘Retórica de Obama contrasta com intervenção militar na Líbia’, diz nova secretária de Relações Internacionais do PT

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‘Retórica de Obama contrasta com intervenção militar na Líbia’, diz nova secretária de Relações Internacionais do PT  
Iole Ilíada Lopes

Por Daniella Cambaúva (22/03/11)

O discurso proferido pelo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro arrancou gargalhadas da plateia. Apesar de não ter transmitido nenhuma mensagem concreta de interesse dos brasileiros, foi esse o tom de sua primeira visita ao Brasil. A simpatia do norte-americano, contudo, contrastou com o fato de ele ter autorizado, de Brasília, o início da intervenção de seu país na Líbia, avaliou a nova secretária de Relações Internacionais do PT (Partido dos Trabalhadores) Iole Ilíada Lopes.
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Líbia: O maior empreendimento militar desde a invasão do Iraque – Rumo a uma operação militar prolongada

Líbia: O maior empreendimento militar desde a invasão do Iraque – Rumo a uma operação militar prolongada

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  Por Michel Chossudovsky


Mentiras rematadas dos media internacionais: Bombas e mísseis são apresentados como instrumentos de paz e de democratização. Isto não é uma operação humanitária. O ataque à Líbia abre um novo teatro de guerra regional.
Há três diferentes teatros de guerra no Médio Oriente – região da Ásia Central: Palestina, Afeganistão e Iraque.  O que está a desdobrar-se é um quarto Teatro de Guerra EUA-NATO no Norte de África, com risco de escalada.
Estes quatro teatros de guerra estão funcionalmente relacionados, fazem parte de uma agenda militar integrada EUA-NATO. O bombardeamento da Líbia esteve no estirador do Pentágono durante vários anos...

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Volta de Jader deixa sem cadeira senadora do PSOL

Volta de Jader deixa sem cadeira senadora do PSOL

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 Folha de São Paulo
 Moreira Mariz/Ag.Senado 

Poucas pessoas acompanharam a sessão do STF com mais atenção do que a senadora Marinor Brito (PSOL-PA).
Olhos grudados na TV Justiça, ela engoliu a seco as palavra do voto lido pelo ministro Luiz Fux, recém-chegado ao Supremo.
Ao decidir que a Lei da Ficha Limpa é “uma lei do futuro”, Fux fulminou o presente de Marinor. Um presente que ela mal teve tempo de viver.
Empossada em fevereiro, Marinor terá de entregar o assento que ocupa no Senado a um velho inimigo: Jader Barbalho (PMDB-PA).
A quase ex-senadora não se conteve. Escalou a tribuna. Deu voz às vísceras: “Nós queremos ver fortalecida a democracia direta neste país...”
“...Nós queremos ter um Judiciário transparente, nós queremos ver varridos da política brasileira os corruptos como Jader Barbalho...”
“...Queremos ver varridos da política brasileira os Roriz da vida, os Malufs e muitos outros que contribuíram para matar o sonho de milhares e milhares de crianças”.
O discurso de Marinor foi prestigiado por uma tróica de deputados federais do PSOL: Jean Wyllys (RJ), Ivan Valente (SP) e Chico Alencar (RJ).
Ela recebeu, em apartes, a solidariedade de outros senadores. Entre eles Randolfe Rodrigues (AP), agora condenado a ser representante único do PSOL na Casa.
Aparteou-a também, entre outros, Pedro Taques (PDT-MT). A exemplo de Marinor, Taques é senador de primeiro mandato.
Vem de uma carreira no Ministério Público Federal. Na pele de procurador da República, Taques tornou-se um algoz de Jader Barbalho.
Esquadrinhou os malfeitos do futuro “companheiro” de Senado na Sudam, durante o governo tucano de Fernando Henrique Cardoso.
Sitiado pelas descobertas da Procuradoria, Jader chegou a ser algemado e preso. Amargou 24 horas de cana.
O monturo de irregularidades praticadas na Sudam ajudou a compor o quadro que levou Jader a renunciar, em 2001, à presidência do Senado e ao mandato.
Bateu em retirada para fugir da cassação. Foi essa renúncia que serviu de pretexto para o enquadramento de Jader na Lei da Ficha Limpa.
Ele foi às urnas de 2010 apoiado num recurso judicial. Amealhou 1,77 milhão de votos. Votos que a decisão do STF tornou válidos.
As vísceras de Marinor espernearam: “Queria ver o senhor Jader conquistar votos sem a concessão pública dada por este governo”.
Acusou o rival de fazer, “diuturnamente, autoprogranda” nas emissoras de rádio e TV que controla no Pará.
Além de Marinor, a decisão do Supremo desalojou outros dois senadores: Gilvan Borges (PMDB-AP) e Wilson Santiago (PMDB-PB).
Aliado do tetrapresidente José Sarney, Gilvan será substituído por João Capiberibe (PSB-AP), que fora alcançado pela Ficha Limpa por suposta compra de votos.
Quanto a Santiago, terá de ceder o assento ao ex-governador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), que havia sido barrado por abuso do poder econômico.
Haverá dança de cadeiras também na Câmara e nas Assembléias Legislativas. A fila de fichas-sujas à espera da recontagem dos votos inclui cerca de 30 políticos.


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Jader: "STF repôs respeito à Constituição"

Jader: "STF repôs respeito à Constituição"

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por Carlos Mendes

O ex-deputado Jader Barbalho (PMDB) afirmou que o Supremo Tribunal Federal (STF) "repôs juridicamente, o respeito à Constituição Federal, reconhecendo a soberania popular manifestada em outubro nas urnas", ao derrubar, por 6 votos a 5 a aplicação da Lei da Ficha Limpa para a eleição do ano passado. Ele foi declarado inelegível, em dezembro passado, por norma interna do STF, após empate na votação dos ministros.
"O povo do Pará já havia feito justiça nas urnas. Agora, o Supremo fez a justiça de mostrar que a Constituição Federal tem de ser respeitada. Eu nunca imaginei outro desfecho que não fosse este", declarou Barbalho. Ele lembrou que sua votação no Estado (1,8 milhão de votos) superou "com folga" as assinaturas colhidas a favor da Lei da Ficha Limpa.
A retroatividade da lei da Ficha Limpa, segundo Barbalho, era um problema que o próprio presidente do STF, o ministro Cezar Peluso definiu como "absurdo" imaginado sequer pela ditadura militar de 1964. Depois de dizer ter sido eleito duas vezes seguidas deputado federal, embora em dezembro tenha sido impedido de assumir o Senado, ele criticou a "lei casuística que violava as regras do jogo eleitoral com o jogo em pleno andamento". 

Agência Estado.


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Luiz Fux, o novo ministro do STF,  vota contra validade da Ficha Limpa para eleições de 2010

Luiz Fux, o novo ministro do STF, vota contra validade da Ficha Limpa para eleições de 2010

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Para Luiz Fux, a aplicação da Lei da Ficha Limpa em 2010 desrespeita o artigo 16 da Constituição Federal

MÁRCIO FALCÃO
DE BRASÍLIA Folha de São Paulo

O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Luiz Fux votou nesta quarta-feira pela validade da Lei da Ficha Limpa a partir das eleições de 2012. Fux, empossado no início do mês, era o único ministro da Corte que ainda não tinha se posicionado sobre o tema.
Se os outros ministros do Supremo mantiverem os votos anteriores, como esperado, Fux formará maioria para que a lei só tenha efeitos em eleições futuras, revisando o atual entendimento.
Sérgio Lima/Folhapress

Para Luiz Fux, a aplicação da Lei da Ficha Limpa em 2010 desrespeita o artigo 16 da Constituição Federal
Caso essa maioria se confirme, os candidatos que tiveram os registros negados pela Justiça Eleitoral poderão tomar posse. Pelo menos 30 candidatos foram barrados com base na lei e recorreram ao Supremo.
Para Fux, a aplicação da Lei em 2010 desrespeita o artigo 16 da Constituição Federal que determina que qualquer mudança no processo eleitoral deve respeitar o princípio da anualidade, ou seja, só pode acontecer se for editada um ano antes do pleito. A norma foi sancionada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em junho do ano passado.
"Não resta a menor dúvida que a criação de inelegibilidades no ano da eleição inaugura regra nova no processo eleitoral. O princípio da anterioridade é uma garantia constitucional das minorias que não se verão surpreendidas com mudanças", disse,
Para o ministro, apesar do apelo social para a manutenção da lei no último pleito, a Constituição precisa prevalecer. "O melhor dos direitos não pode ser aplicado contra a Constituição. O intuito da moralidade é de todo louvável, mas estamos diante de uma questão técnica e jurídica de que se aplicar no ano da eleição fere a Constituição".
O ministro, no entanto, ainda fez elogios à norma. "A Lei da Ficha Limpa, no meu modo de ver, é um dos mais belos espetáculos democráticos, posto que é uma lei de iniciativa com escopo de purificação do mundo político a gritar que os representantes do povo, que são aqueles que expressam a vontade popular", disse.
Fux disse que a Ficha Limpa é a lei do futuro.
A posição de Fux foi anunciada durante análise de um recurso do candidato a deputado estadual Leonídio Bouças (PMDB-MG). Ele foi condenado pela Justiça Eleitoral por improbidade administrativa em 2002. 

ENTENDIMENTO
Além de Fux, o ministro Gilmar Mendes, relator do caso do peemedebista, também já votou. Mendes, mais uma vez, defendeu que fosse derrubada a aplicação da lei em 2010.
No ano passado, os ministros analisaram dois recursos que questionavam os efeitos da norma nas eleições de 2010 e também no caso de renúncia para escapar da cassação.
Ficou definido que se enquadram na lei candidatos que renunciaram para fugir de uma cassação. Os dois julgamentos, no entanto, terminaram empatados em 5 a 5 quanto ao uso da lei na última eleição.
Com isso, os ministros decidiram seguir entendimento da Justiça Eleitoral e validar a norma no último pleito. 

DECISÕES INDIVIDUAIS
Se o STF invalidar a aplicação da lei em 2010, a decisão terá efeito até mesmo no caso de Jader Barbalho (PMDB-PA), já analisado na Corte. O STF manteve decisão do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) que barrou o peemedebista e o considerou "ficha-suja" por ter renunciado ao cargo, em 2001, para escapar de processo de cassação. Jader teve no ano passado 1,79 milhão de votos para o Senado.
O ministro Ricardo Lewandowski, também presidente do TSE, disse ontem que caso o Supremo determine a irregularidade da lei na disputa do ano passado, os recursos que pedem a revisão dos registros negados podem ser analisados em decisões individuais pelos ministros. "Uma decisão do plenário vai ser aplicada a todos os casos. Se o STF decidir que o artigo 16 da Constituição se aplica, os ministros podem julgar monocraticamente", disse.
A defesa de Jader disse que pretende entrar com um recurso pedindo esclarecimentos sobre a decisão da Corte. Nesse caso, poderá caber ainda uma ações rescisória, quando o tribunal muda sua jurisprudência.


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A Líbia e a Esquerda

A Líbia e a Esquerda

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Por Immanuel Wallerstein 

Tradução: Daniela Frabasile (20/03/11)


Exite tanta hipocrisia e tanta análise confusa sobre o que está acontecendo na Líbia que é difícil saber por onde começar. O aspecto mais negligenciado da situação é a grande divisão da esquerda mundial. Muitos Estados governados pela esquerda na América Latina, principalmente a Venezuela, apoiam decididamente o Coronel Gaddafi. Mas movimentos e personalidades da esquerda no Oriente Médio, Ásia, África, Europa e América do Norte, definitivamente não concordam.
A análise de Hugo Chávez parece focada principalmente – ou apenas – no fato de que os Estados Unidos e a Europa Ocidental têm ameaçado e condenado o regime de Gaddafi. Gaddafi, Chávez, e alguns outros insistem em que o mundo ocidental quer invadir a Líbia e “roubar” seu petróleo. Toda esta análise esquece completamente os fatos, e repercute mal no julgamento de Chávez e em sua reputação junto ao resto da esquerda mundial.
Primeiro, desde a última década e até há algumas semanas, Gaddafi tinha ótima imagem na mídia ocidental. Ele tentava provar, a cada dia, que não apoiava o “terrorismo” e que queria estar completamente integrado ao mainstream geopolítico e econômico. A Líbia e o mundo ocidental estavam firmando um acordo lucrativo após o outro. É difícil para mim ver Gaddafi como um herói do movimento anti-imperialista mundial, pelo menos na última década.
O segundo ponto esquecido pela análise de Hugo Chávez é que não haverá um envolvimento militar significativo do Ocidente na Líbia. As declarações oficiais são blablablá para impressionar a opinião pública doméstica. Não haverá uma resolução do Conselho de Segurança1, pois a Rússia e a China não irão concordar. Não haverá uma decisão do NATO, porque a Alemanha e alguns outros países não aceitarão. Até mesmo a posição anti-Gaddafi de Sarkozy encontra resistência na França.
E, além disso tudo, a oposição nos Estados Unidos à ação militar vem tanto do público quanto, mais importante, dos militares. O secretário da Defesa, Robert Gates, e o presidente do Estado-Maior Conjunto, almirante Mullen, são publicamente contrários à instituição de uma zona anti-aérea. De fato, Gates foi além. Em 25 de fevereiro, ele dirigiu-se a cadetes à Academia Militar de West Point, dizendo-lhes: “na minha opinião, seria preciso examinar a sanidade de qualquer futuro secretário de Defesa que aconselhe o presidente a enviar de novo uma grande parte do exército americano para a Ásia, o Oriente Médio ou a África.”
Para ressaltar essa visão dos militares, o general aposentado Wesley Clark, antigo comandante das forças da NATO, escreveu um artigo para o Washington Post em 11 de março, com a manchete, “Líbia não cumpre os requisitos para ação militar dos EUA.”. Então, apesar do apelo dos falcões para um envolvimento norte-americano, o presidente Obama irá resistir.
O problema, portanto, não gira em torno uma eventual intervenção militar do Ocidente. São, sim, os esforços de Gaddafi para suprimir toda a oposição, na forma mais brutal de repressão usada contra a segunda revolta árabe. A Líbia está agitada com o êxito das insurreições na Tunísia e Egito. E se houver qualquer conspiração, é entre Gaddafi e o Ocidente – para diminuir, ou quase anular, o vendaval popular. À medida em que Gaddafi obtém sucesso, ele sugere a todos os outros déspotas ameaçados da região que a repressão violenta é um caminho melhor que as concessões.
É isso que a esquerda do resto do mundo vê, ao contrário de alguns governos da América Latina. Como aponta Samir Amin em sua análise da revolta egípcia, existiam quatro grupos distintos entre os manifestantes – os jovens, a esquerda radical, os democratas da classe média e os muçulmanos. A esquerda radical é composta por partidos de esquerda reprimidos e movimentos sindicais revitalizados. Não há dúvida de que a esquerda radical líbia é muito menor; e que o exército nacional é muito mais fraco (devido à política cautelosa de Gaddafi). Lá, o resultado do processo é, portanto, muito incerto.
Os líderes da Liga Árabe podem condenar Gaddafi publicamente. Mas muitos, e até mesmo a maior parte, deve aplaudi-lo em privado – e copiá-lo. Esta constatação pode ser útil para esclarecer a esquerda mundial.
Helena Sheeham, uma ativista irlandesa marxista, muito conhecida na África por seu trabalho solidário com muitos movimentos radicais, foi convidada pelo regime de Gaddafi para palestrar na universidade líbia. Ela chegou assim que o tumulto eclodiu. As conferências na universidade foram canceladas. Ela foi simplesmente deixada por seus anfitriões, e teve que descobrir sozinha como sair do país. Escreveu um diário no qual, em seu último dia no país, 8 de março, ela registra: “qualquer ambivalência sobre aquele regime se acabou. É brutal, corrupto, enganoso, ilusório”.
Também podemos observar a declaração da maior federação sindical da África do Sul e voz da esquerda, a Cosatu. Após louvar as realizações sociais do regime líbio, a Cosatu afirma: ”não aceitamos de modo algum, porém, que essas realizações sirvam como pretexto para a selvageria contra aqueles que protestam contra a ditadura opressiva do coronel Gaddafi e reafirmamos nosso apoio à democracia e aos direitos humanos na Líbia e em todo o continente.”
Vamos manter o foco. Hoje, a luta fundamental, no mundo inteiro é a segunda revolta árabe. Já será difícil o bastante obter um resultado radical nessa luta. Gaddafi é um grande obstáculo para a esquerda árabe, e também do resto do mundo. Talvez devêssemos nos lembrar da máxima de Simone de Beauvoir: “querer libertar-se significa querer também a liberdade dos outros”.


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